Antes de irmos propriamente ao assunto, precisaríamos definir o que significa "latitudinarismo". A "Enciclopédia Histórico Teológica da Igreja Cristã" a um grupo que expressava "um temperamento tolerante e antidogmático"(p.412), ao mesmo tempo que ressaltava que os latitudinaristas "reagiram contra o calvinismo dos puritanos e eram arminianos em seus pontos de vista. Alinhavam-se com os movimentos progressistas e liberais do mundo intelectual"(Ibidem, p.412), e que sua missão seria "harmonizar as Escrituras e os Pais com a luz da razão"(Ibidem, p.412), e que "sua ênfase na racionalidade prenunciava o ceticismo..."(Ibidem, pp.412-413). Em outras palavras, "latitudinarismo", significava literalmente:
(a)Tolerância com vários pontos de vista
(b)Aversão a rigidez doutrinária
(c)Aversão ao calvinismo dos puritanos
(d)Liberalismo Teológico
(e)Harmonizar Bíblia com 'Tradição'[Pais da Igreja] e a razão humana
(f)Ceticismo
Quem seria os primeiros expoentes do latitudinarismo? Arminio e os seus discípulos, após a sua morte, os Remonstrantes, que foram condenados em Dort.
(i)Arminio foi um latitudinarista.
A história oculta de Arminio, mostra que ele foi um latitudinariano [ou latituninarista]. Enquanto Arminio não tinha ainda apostado da fé reformada, enquanto estava sob a supervisão de Beza, ele foi encarregado pela Igreja Reformada Holandesa para refutar o teólogo católico romano Dirk Coornhert. A “Enciclopédia e Dicionário Internacional”(Volume II):
“Um burguês de Amsterdam, Koornhert, que reclamava a tolerância para todos os cultos, publicou um livro contra as doutrinas de Teodoro de Beza sobre a predestinação, que Armínio foi encarregado de refutar. Mas depois de um exame profundo, adotou e desenvolveu as teorias que tinha por missão combater”(p.803).
Note. Armínio passou a defender as teoria de Dirk Coornhert. Isso não envolvia meramente apenas a rejeição a visão bíblica-reformada da soteriologia, mas uma gama de conhecimento e prática reformadas. Daí, segundo autoridades arminianas, o latitudinarismo [avessão a rigidez doutrinária; em outras palavras, à confessionalidade], era uma posição de Coornhert, como admite a "The Mennonite Encyclopedia"(Volume 1), afirmando:
"Dirk Volkertsz Coornhert[1522-1590], em Gouda, era um estudioso holandês versado em muitos campos da ciência e da arte, uma figura destacada do Renascimento na Holanda, versátil e talentoso. Embora ele nunca tenha realmente abandonado a Igreja Católica, ele se opôs a ela e seguiu seu próprio caminho independente... Coornhert era um individualista típico. Nenhuma igreja pode ser a verdadeira igreja. A reforma da Igreja, o dogma e as confissões de fé são obra de homens; se alguém tem Cristo no coração, não precisa dessas coisas"(p.709)
Koornerth tinha aversão ao apego firma a uma doutrina bíblica e o endossamento de uma posição doutrinária ofical, por parte da Igreja, através de um símbolo de fé, um catecismo ou uma confissão de fé, porque uma vez estabelecida oficialmente a fé da Igreja, através de documentos que eram vistos como exposições verdadeiras do ensino das Escrituras, não tinha mais como mudar a doutrina daquela igreja. A perseverança na fé era algo que o incomodava. Por isso, sua aversão ao apego a uma doutrina e a uma exposição das Escrituras, eram patentes. Seu veneno contagiou o Armínio recém apóstata. Como Arminio não tinha como refutar biblicamente a telogia reformada, apelava para que o Estado Holandês fizesse uma revisão dos símbolos confessionais da Igreja Reformada Holandesa - A Confissão Belga e o Catecismo de Heidelberg(Declaração de Sentimentos, X - Sobre a Revisão da Confissão Holandesa e o Catecismo de Heidelberg)(As Obras de Armínio, volume 1. [CPAD], pp.241-250). Os remonstrantes seguiram o mesmo caminho de seu pai Armínio, conforme denuncia o historiador cristão Philip Schaff [1819-1893], afirmando:
"Este corpo data sua existência e seu nome do início do século XVII, quando vários ministros da Igreja Reformada, em um documento chamado Remonstrância, exigiram uma revisão da Confissão Belga e do Catecismo de Heidelberg"(Uma Enciclopédia Religiosa, Ou Dicionário de Teologia Bíblica, Histórica, Doutrinária e Prática, Volume 1, p.1006)
Robert Benedetto e Donald K. McKim, historiadores reformados, em sua obra "Dicionário Histórico das Igrejas Reformadas", tambem admitem:
"Preparado por Johannes Wtenbogaert e assinado por 44 seguidores de Armínio, o documento resumia os pontos em que o grupo diferia da Ortodoxia Reformada, com seu objetivo principal de preservar algum livre-arbítrio dentro da doutrina da predestinação. No entanto, essa revisão também significaria revisar o Catecismo de Heidelberg e a Confissão Belga, os principais padrões do Calvinismo holandês"(p.582)
Peter Sammons, teólogo batista calvinista, diz:
"A Remonstrância foi assinada por mais de quarenta apoiadores. Os Remonstrantes, como eram chamados, solicitaram um sínodo para revisar a Confissão Belga e o Catecismo de Heidelberg"(Reprovação: de Agostinho ao Sínodo de Dort, p.103)
Então, qualquer tipo de grupo religioso que é avesso a uma forma de confessionalidade da Igreja, mantém traços heréticos, que o influenciam, como no caso de Armínio, influenciado pelo católico romano Dirk Volkertsz Coornhert. Aliás, isso é praxe entre todos os hereges. Por exemplo, o "apóstolo" mórmon James Talmage diz:
"No Concílio de Nicéia, convocado pelo imperador Constantino, em 325 A.D., foi adotada uma declaração formal de crença, concernente à Divindade. Mais tarde, foi publicada uma modificação, conhecida como ‘Credo de Atanásio’, e embora a autoria seja questionada, o credo tem o seu lugar no ritual de algumas Igrejas protestantes. Nenhuma evidência mais conclusiva necessita ser acrescentada para mostrar que os homens haviam cessado de conhecer a Deus, além do credo atanasiano"(Jesus, o Cristo, p.733)
McGregor Wright, teólogo reformado, definindo esta prática ímpia e malígna [latitudinarismo, isto é, aversão ao endossamento de credos, catecismos ou confissões de fé], diz:
"A mentalidadde que insiste que as opiniões teológicas não são importantes e não deveriam ser exigidas de um pastor ou mestre na Igreja estatal. Extrema confiança na tolerância universsal como uma solução para as divisões religiosas. Falta de confiança nos credos ou outras formulações doutrinárias"(A Soberania Banida.p.244)
Ele ainda diz:
"Na Holanda... um espírito liberal estava se mostrando numa inquietude geral sob a opressão dos documentos simbólicos, que obtiveram benevolência especial os arminianos"(Ibidem, p.97)
E mais outra vez, ainda diz:
"Ele [Spurgeon] viu claramente que o liberalismo teológico foi captalizado pelo pedido arminiano de uma tolerância doutrinária mais ampla entre os evangélicos, o que ocasionou um cativeiro babilônico ao Iluminismo. O ideal deles era um Cristianismo sem formulações de credo de sustentação de qualquer tipo"(Ibidem,p.97)
Outra forma de latitudinarismo é o continuísmo. Ao ensinar que Deus ainda está falando autoritativa e canonicamente, o continuísta não pode endossar um símbolo de fé[catecismo, confissão ou artigos de fé], por crer que a revelação não foi dada de forma completa, mas é progressiva e ainda continua sendo dada através de línguas, profecias, sonhos, visões e visitas angelicais, etc.
Então, qualquer um que quiser trazer uma idéia de revisão ou de releitura e reinterpretação dos documentos confessionionais holandeses, é um latitudinarista ou latitudinariano. É nesse sentido, que lembramos que nessas últimas semanas, um vídeo do "Pr" Nickolas Borges [genro de Marcos Granconato], nos chamou atenção para este tema, onde o mesmo diz:
"Independente da versão calvinista; independente da visão arminiana; porque também existes subtipos dentro do arminianismo. Eh, de fato, o arminianismo está dentro das linhas da ortodoxia, bem como o calvinismo também está dentro das linhas da ortodoxia. E é importante dizer isso, porque, tem se levantando um movimento, Eh, já não é de hoje, mas ele tem se fortalecido, especialmente na internet, de colocar o arminianismo como uma heresia como base no Sínodo de Dort, que foi justamente a reunião que aconteceu para avaliar as posições teológicas dos remonstrantes, que eram arminianos.E ali você tem então os cinco pontos do arminianismo elencados, que foram rejeitados pelo Sínodo de Dort e produziram então um documento que é chamado Cânones de Dort, que colocam o arminianismo como algo reprovado, inclusive implicou em expulsão dos ministros; teve uma série de medidas políticas, sociais, tudo mais. E por causa disso, muitas pessoas falam: 'Ah, o arminianismo é uma heresia, como era o pelagianismo; como é o semipelagianismo'. E isso não tem que ser, não pode ser encarado de uma maneira tão simplista, por vários motivos: Eh, em primeiro lugar, eh, o Sínodo de Dort, os Cânones de Dort, ainda que tenham, eh, ainda que o conteúdo ali, eu concorde com a parte soteriológica em sua maioria, eu não concordo com tudo. Os Canônes de Dort não são infalíveis. Tem coisa ali que pra mim é pior do que, pior do que a pior versão do arminianismo. Ah, como por exemplo, a questão da salvação por tabela, dos filhos dos crentes fazendo parte da aliança, porque os pais fazem parte disso. Isso pra mim, é terrível ali, nos Cânones de Dort. Eu acho que é pior do que a pior versão do arminianismo. Então, nós não sacralizamos este documento. Nós não canonizamos este documento. E muitos infelizmente tem colocado isso acima de tudo. Então, é, são o que eu chamo neo-dortianos, porque eles colocam Dort como se fosse inerrante e infalível, e não é. E também existe um movimento hipercalvinista, que eh, faz parte desse grupo, outro nome pra esse grupo, eh, que defende que se a pessoa é arminiana convicta, ela nem crente é.Isso eu acho de um absurdo sem tamanho. Ah, claro que existem arminianos, que, pessoas que defendem o arminianismo logicamente, mas que não entenderam o Evangelho, então, não são crentes; do mesmo modo como tem muitos calvinistas, que entenderam o calvinismo, mas não tem o Evangelho, e também, não são crentes. Então, não é se você é arminiano ou calvinista, que define se você é crente ou incrédulo, porque a gente tá falando de uma discussão dentro das linhas da ortodoxia. É importante destacar isso. Nós estamos aqui dentro da ortodoxia, como o Pr. Gabriel falou, pelagianismo e semipelaganismo do lado. É claro que dentro das igrejas existe muita confusão, muitas vezes. As pessoas falam: 'Eu sou arminiano', mas na verdade a pessoa é semipelagiana, muitas vezes. Quando ela fala: 'Eu sou calvinista', mas na verdade ela é hipercalvinista, muitas vezes. E, a gente tem que ter discernimento pra falar: 'Não, pera aí, isso aqui tá errado. Isso daqui não é arminianismo; isso aqui não é calvinismo. Calvinismo não é fatalismo, como muitas pessoas gostam de creditar. Arminianismo não é pelagianismo, como muitas pessoas defendem. Então, a gente tem que colocar tudo isso dentro desse campo da ortodoxia".
As bobagens que esse menino diz beiram ao cúmulo do desconhecimento bíblico e histórico-reformado. Examinemos algumas de suas frases dos pontos de vista bíblico e histórico-reformado:
(1)"Eh, de fato, o arminianismo está dentro das linhas da ortodoxia, bem como o calvinismo também está dentro das linhas da ortodoxia".
Resposta: (a)Como é? Quando lemos as Escrituras, passamos a entender que se há uma coisa que não agrada a Satanás e aos homens caídos é a ideia de que "do Senhor vem a salvação"(Jn 2:9). Quando nossos primeiros pais pecaram no Éden, tentaram, por suas obras, buscar um meio de esconder a sua vergonha diante do Senhor(Gn 3:6-7), sendo reprovados por Ele, não só diante da promessa da salvação através de Cristo(Gn 3:15), mas pelo ato de terem sido cobertos por peles, pelo Senhor(Gn 3:21), mostrando que Deus havia derramado sangue de um animal no Éden, apontando para a morte de Cristo como o único meio de salvação. Da mesma forma, quando o homem achou que podia chegar aos céus por suas próprias obras, pela força de seu braço mortal, criando a Torre de Babel, o Senhor o confundiu(Gn 11:6-9).
No NT, quando os apóstolos vêm com uma visão equivocada de possibilidade de salvação pelas obras('Quem poderá, pois, salvar-se?' - Mt 19:25), são repreendidos pelo Senhor Jesus Cristo, que lhes diz: "Aos homens é isso impossível"(Mt 19:26). Da mesma forma, quando membros apóstatas da igreja ventilaram a ideia da salvação pelas obras, por meio da observância da circuncisão(At 15:1), Paulo vai chamá-los de "falsos irmãos"(Gl 2:4), e vai equipará-los e cães e maus obreiros: "Guardai-vos dos cães, guardai-vos dos maus obreiros, guardai-vos da ciruncisão"(Fl 3:2). Paulo, mais adiante, ainda falando daqueles que defendiam a salvação pelas obras, diz: "Ao homem hereje, depois de uma e outra admoestação, evita-o, sabendo que esse tal está pervertido, e peca, estando já em si mesmo condenado”(Tt 3:10-11 ACF). Na mesma carta, Paulo confirmar o perfil desses hereges, destes falsos mestres, que são descritos por ele como “principalmente os da circuncisão”(Tt 1:10)
Veja, que para Paulo, qualquer um que ventilar qualquer ideia de salvação pelas obras, é um "falso irmão", "cão", "mau obreiro", "herege", "pervertido", "condenado". E ele estende essa visão também aos que discordam do ensino que ele repassava aos crentes romanos, dizendo que todos aqueles que discordavam desse ensino, devem ser evitados: "desviai-vos deles"(Rm 16:17), porque "os tais não servem a nosso Senhor Jesus Cristo"(Rm 16:18). E que tipo de ensino soteriológico Paulo ensinava? A TULIP crida, defendida e ensinada pelos reformados(Rm 3:9-18; Rm 8:29-30,33-34). Portanto, todos aqueles que sustentam um sistema de salvação pelas obras e que negam a TULIP de Paulo, estão incluídos no rol de "falso irmão", "cão", "mau obreiro", "herege", "pervertido", "condenado".
Não podemos negar que o sistema religioso do arminianismo está inserido nesse grupo dos apregoadores de um sistema de salvação pelas obras, e temos provas documentais disso. Primeiro, o próprio Armínio, não conseguiu manter sua dissimulação por muito tempo, mostrando-se um verdadeiro defensor da salvação pelas obras. Ele mesmo, em sua "Declaração de Sentimentos I"[Sobre a Predestinação], disse:
"Deus, portanto, não atribui a vida eterna a qualquer ser humano a partir de seu próprio decreto absoluto, sem considerar a fé e a obediência”(As Obras de Armínio, Volume 1, p.208)
Segundo, seus próprios seguidores, os Remonstrantes, seguiram fielmente seu 'mestre', defendendo o mesmo sistema de salvação pelas obras:
"O primeiro decreto é o decreto da predestinação para a salvação, ou eleição para a glória, pelo qual se estabelece a verdadeira necessidade e, simultaneamente, a utilidade da nossa fé e obediência para alcançarmos a salvação e a glória"(Confissão de Fé Arminana [1621], IX:3)
Severino Pedro da Silva, falecido líder arminiano, não deixa de reconhecer e ensinar que os arminianos crêem em salvação pelas obras, quando diz:
“E assim, de acordo com os arminianos, a salvação não depende somente de Deus, mas também da fé, da obediência e da perseverança do homem”(A Doutrina da Predestinação, [CPAD], p.27).
E o Rev. José Gonçalves Salvador, ministro metodista[arminano] também não deixa de reconhecer que o armnianismo ensina salvação pelas obras, quando diz:
"A salvação é obra divino-humana”(Arminianismo e Metodismo, p.106).
Sob esse ponto de vista arminiano de salvação não somente pela fé, mas também pelas obras['obediência'] repousa o mormonismo, como ensina o "profeta" mórmon Joseph F. Smith:
"A salvação é obtida pela fé somada a obediência"(Doutrinas da Salvação,Volume 2, p.138)
(b)Do ponto de vista histórico, a situação permanece a mesma, pois o ponto de vista dos primitivos reformadores, batistas, puritanos é o mesmo: - Arminianismo não é ortodoxo, como o Calvinismo, mas é heresia. Ouçamos o testemunho histórico da Igreja:
(i)Os Pais da Igreja
- Agostinho diz que a doutrina da eleição condicional é ensino dos "pelagianos"(A Predestinação dos Santos, 18:36)
- O Venerável Beda(672-735), teólogo do 8º século, em sua obra “Uma Exposição sobre as Epístolas Católicas”, declara que o dogma do livre arbítrio em esferas espirituais é doutrina de "Pelágio".
(ii)Pré-reformadores
- John Wycliff(1324-1384), a estrela da alva da Reforma, em sua obra “Da Causa de Deus Contra Pelágio"”, declara:
“Estas multidões, Oh Senhor, neste dia juntam suas mãos com Pelágio em defesa do livre arbítrio e na luta contra tua livre e absoluta graça. A vontade de Deus é universal, eficaz e invencível. Ela não pode ser impedida, muito menos derrotada”.
- Jerônimo Savonarola(1452-1598), negando a eleição condicional e sinergismo, chama os defensores do livre arbítrio em esferas espitituais de "hereges", dizendo:
"Os Pelagianos declararam-na a depender de nossas boas ações nesta vida; pois, de acordo com esses hereges, o princípio de fazer o bem está em nós mesmos, sua consumação e perfeição vem de Deus"('Sermão IV').
(iii)Reformadores
- Martinho Lutero[1483-1546], o pai da Reforma Protestante, chega a dizer que os que ensinam o livre arbítrio são "sofistas ímpios"('Da Vontade Cativa'[1525 d.C], 'Martinho Lutero, Obras Selecionadas', Volume 4, p.205)
- John Knox[1514-1572], aludindo as crenças dos arminianos do século XVI [osanabatistas], diz que a crença do livre arbítrio deles era "uma instigação de Satanás"(Sobre a Predestinação, p.74). Ele ainda diz mais. Falando sobre todos aqueles que negam a doutrina bíblica da predestinação, os chama de "blasfemadores", "encarnações do diabo", "diabos" e "filhos do diabo"(Ibidem, pp.407-409)
(iv)Símbolos de Fé Reformados
- A Confissão de Fé da Congregação de Glastonbury[1551] diz que todos os que ensinam "livre arbítrio" pertencem "as assembléias falsamente chamadas de igrejas, que seguem doutrina ou religião diferente...e quaisquer outras heresias semelhantes que existam"(Reformed Confessions of The 16º and 17º Centuries In English Translation, Volume 1, pp.660-661)
- E a "Confissão de Fé da Congregação Inglesa em Genebra"(1556), diz que todos aqueles que pregam o livre arbítrio são "hereges" e seguidores de doutrinas de demônios e homens"(IV, 'A Santa Igreja Católica, A Comunhão dos Santos')(Reformed Confessions of The 16º and 17º Centuries In English Translation, Volume 2, p.101).
(v)Os primitivos batistas
Vale a pena lembrar que os primitivos batistas tem a sua origem no calvinismo.
Por estas e outras razões mencionadas, é que o historiador batista Justo Anderson, trazendo evidências documentais, afirma que os pais das primitivas igrejas batistas, são os calvinistas:
"Primeiro, porque os 'particulares' foram os pais históricos dos batistas modernos"(História dos Batistas, Volume 2, p.77)
"Os batistas desejam ser mais coerentes que os mesmos protestantes na prática de seus princípios. Se consideram a ponta de lança da Reforma. Encontram sua orígem denominacional no puritanismo inglês que era, na realidade, outra forma de calvinismo"(História dos Batistas, Volume I, p.152).
Roger Williams(1603-1684), foi o primeiro e o mais importante vulto entre todos os batistas da América do Norte. O historiador batista P. E. Burroughs afirma que Williams “em 1639 estabeleceu em Providence (EUA) uma organização que tem sido considerada a primeira igreja batista do Novo Continente”(O Povo Batista, p.97). Pois bem, o pai dos batistas norte-americanos, fazendo alusão ao dogma do livre arbítrio, em sua obra "A Perseguição do Tenente Sanguinário"(XCIV), condena o dogma do livre arbítrio como "a doutrina arminiana e papista do livre arbítrio"(Robert Selph, Os Batistas e a Doutrina da Eleição, p.24). Notem bem. O pai dos batistas norte americanos diz que a doutrina arminiana é a doutrina do papa de Roma. Se o arminianismo é doutrina do papa de Roma, então, confessionalmente, segundo os primitivos batistas, é doutrina do Anticristo, pois a Confissão de Fé Batista de 1689 diz:
"O papa de Roma não pode, em qualquer sentido, ser o cabeça da Igreja; ele é o anticristo, o homem da iniquidade e filho da perdição, o qual se opõe e se levanta contra Cristo e contra tudo que se chama Deus, a ponto de assentar-se no santuário de Deus, como se fosse o próprio Deus. O Senhor Jesus o matará com o sopro da sua boca"(21:6)
Pessoas que seguem uma doutrina do Anticristo, podem ser considerada nossos irmãos?
Charles H. Spurgeon[1834-1892], o grande líder batista, tinha um conceito do arminianismo, como a de um sistema herético de salvação pelas obras:
"A tendência do Arminianismo é para o legalismo; não é nada senão o legalismo que jaz na raiz do Arminianismo. Não vês de uma vez que isto é legalismo - que isto é fazer nossa salvação dependente de nossa obra - que isto é fazer nossa vida eterna depender de algo que nós fazemos?. Além disso, a mesma doutrina da justificação, tal como é pregado por um Arminiano, não é outra senão a doutrina da salvação pelas obras"(Efeitos do Tom da Doutrina, 22.04.1860, Sermão nº 324[Sermão sobre Mt 24:24]).
Ademais, ele deixou bem claro nunca ter adorado o deus dos arminianos, quando declarou:
"Não sirvo ao deus dos arminianos de modo algum; não tenho nada com ele, e não me inclino diante do Baal que eles têm erigido; ele não é meu Deus, nem jamais o será; não o temo, não tremo em sua presença...O Deus que diz hoje e que nega o dito amanhã, que justifica hoje e que condena no dia seguinte..,não tem nenhuma relação com meu Deus, nem no mínimo grau possível. Ele pode ter uma relação com Astarote ou Baal, porém Jeová nunca foi ou pode ser seu nome”(Sermão Nº 2681['Bençãos da Aliança])
Um curioso, mas macabro detalhe. Anton Szandor Lavey, papa do satanismo, disse que "Baal" e "Astarote" são "nomes infernais"(A Bíblia Satânica, p.163)
Spurgeon diz que os arminianos tem um outro deus, na realidade, segundo ele, eles adoram demônios, ao invés do verdadeiro Deus. Pessoas que adoram um outro deus, ou demônios, podem ser consideradas regeneradas e salvas?
E em sua obra “Uma Defesa do Calvinismo”, declara:
“Frequentemente é dito que as doutrinas que cremos têm uma tendência de nos levar ao pecado...Pergunto ao homem que se atreve a dizer que o Calvinismo é uma religião licenciosa: o que pensa do caráter de Agostinho, ou de Calvino, ou de Whitefield, os quais nas idades sucessivas foram os grandes expoentes dos sistemas da graça?; ou o que dirá dos Puritanos, cujas obras estão cheias delas? Se um homem tivesse sido um Arminiano naqueles dias, teria sido considerado como o mais vil dos hereges, mas agora nós somos vistos como os hereges, e eles como ortodoxos. Nós temos voltado à velha escola; nós podemos traçar nossa descendência desde os apóstolos”.
E é nesse mesmo sentido, que Spurgeon, em seu sermão "Verdades Chamadas Calvinistas", considera o arminianismo um sistema de salvaçao pelas obras:
"Se alguém me perguntasse o que eu quero dizer com ser um calvinista, eu lhe responderia: 'É alguém que diz que a salvação é do Senhor'. Eu não consigo achar nas Escrituras outra doutrina além desta. É a essência da Bíblia. 'Somente Ele é a minha rocha e a minha salvação'. Mostre-me alguma coisa contrária a essa verdade e ela será uma heresia; mostre-me uma heresia e eu encontrarei a essência dela no fato de ter abandonado esta grande e fundamental verdade: 'Deus é a minha rocha e a minha salvação'. Qual é a heresia da igreja de Roma senão o fato dela ter acrescentado alguma coisa aos méritos perfeitos de Jesus Cristo - o acréscimo das obras da carne para ajudar em nossa justificação? E o que é a heresia do arminianismo senão o acréscimo de algo à obra do Redentor? Toda heresia, quando examinada em profundidade, revelará seu ponto fraco nesse aspecto. Eu pessoalmente acredito que não seja possível pregar a Cristo e Ele crucificado, a menos que estejamos pregando o que hoje é conhecido como calvinismo. O calvinismo é apenas um apelido; o calvinismo é o evangelho e nada mais".
Thomas Armitage(1819-1896), historiador batista, diz:
"Depois disso, os batistas galeses, que eram principalmente firmes, hiper-calvinistas sustentando os cinco pontos dos particulares, tiveram uma calorosa controvérsia entre si sobre o arminianismo. A 'heresia arminiana', como era chamada, estava entrando, no entanto, e pelo menos três ministros foram afetados por isso"(História dos Batistas, p.536)
(vi)Vários teólogos antigos de modernos, defendem que arminianismo é heresia, como se segue:
- Peter Y. De Jong[1915-2005], teólogo reformado, em seu livro "Crise nas Igrejas Reformadas; Ensaios em Comemoração ao Grande Sínodo de Dort[1618-1619]", diz que arminianismo "é heresia"(p.30)
- François Turrentini[1623-1687], teólogo reformado, diz que os arminianos são "descendentes dos pelagianos e semipelagianos"(Compêndio de Teologia Apologética, Volume 2, p.650)
- Cornélius Van Til[1895-1987], ministro presbiteriano, em sua obra "A Soberania da Graça; Uma Avaliação da Visão de G. C Berkouwer Sobre Dordt", diz que arminianismo é "a velha heresia da autonomia humana"(p.10)
- Os eruditos reformados Joel R. Beeke, Martin I. Klauber; Herman J. Selderhuis, Christopher B. Brown; Günter Frank; Bruce Gordon; Barbara Mahlmann-Bauer; Tarald Rasmussen; Violet Soen; Zsombor Tóth; David W. Hall; W. Robert Godfrey; , Greg A. Salazar; R. Scott Clark; Michael Horton; Donald Sinnema; David B. McWilliams; Charles K. Telfer; Dolf te Velde; Joel E. Kim; Matthew Scott Harding, em seu livro "O Sínodo de Dort - Perspectivas Históricas, Teológicas e Experienciais", dizem que o arminianismo é "o renascimento da antiga heresia pelagiana"(p.78)
- William Twisse[1578-1646], Presidente da Assembléia de Westminster, em seu livro "A Doutrina do Sínodo de Dort e Arles", diz que o ensino do arminianismo é "puro pelagianismo, condenado como heresia na Igreja ao logo da história"(p.43)
- Jonathan Warne, teólogo anglicano, em seu livro "A Queda do Arminianismo: ou Arminio [que falsamente se autodenomina filho da Igreja da Inglaterra], Julgado e lançado, ... diante do honorável senhor chefe da justiça e verdade"(1742), diz que "Pelágio, Armínio e seus seguidores são os inimigos professos da graça e do Evangelho de Cristo, como sectários ateus, sim, hereges pestilentos e blasfemos"(pp.19-20)
- Augusto Toplady(1749-1778), um dos mais ferrenhos advogados do calvinismo, na igreja inglesa, em seu artigo "O deus do arminianismo", afirma que o arminianismo é uma religião diferente da religião cristã:
"Uma grande controvérsia entre a religião do Arminianismo, e a religião de Cristo é: a quem será conferido o louvor e glória na salvação de um pecador?".
(2)"Eh, já não é de hoje, mas ele tem se fortalecido, especialmente na internet, de colocar o arminianismo como uma heresia como base no Sínodo de Dort".
O Sinodo de Dort condenou o arminianismo como heresia, não citando pais da Igreja, Reformadores ou outros concílios, mas usando as Escrituras Sagradas. Portanto, isso já basta, para refutar esse argumento pueril, senil e canhestro. E mais, mesmo antes de Dort, Agostinho[354-430](A Predestinação dos Santos, 18:36); O Venerável Beda(672-735)(Super Epistolas Catholicas Expositio), John Wycliff(1324-1384)(De Causa Dei Adversus Pelagium); Jerônimo Savonarola(1452-1598)(Sermão IV); Martinho Lutero[1483-1546](Da Vontade Cativa); a a Confissão de Fé da Congregação de Glastonbury[1551](4ª Parte, 'Concernente a Igreja'); a "Confissão de Fé da Congregação Inglesa em Genebra"(1556)(IV, 'A Santa Igreja Católica, A Comunhão dos Santos'); William Prinne[1600-1669](A Antiga Oposição da Igreja da Inglaterra ao Novo Arminianismo); Robert Baille[1602-1662], um dos puritanos que participou da Confissão de Fé de Westiminster(O Antídoto Contra o Arminianismo); Chirsthopher Nees(1621-1705)(Um Antídoto Contra o Arminianismo); Jonathan Edwards[1703-1758](The Jonathan Edwards Encyclopedia); todos já haviam atestado, durante séculos, que o ensino do arminianismo era uma heresia e seus mestres hereges. Isso não foi uma inovação criada por Dort. Isso não foi novidade. Não há nada novo debaixo do céu. O Sínodo de Dort só confirmou a Igreja durante séculos ensinou - arminianismo é heresia e seus mestres hereges.
(3)"Eh, em primeiro lugar, eh, o Sínodo de Dort, os Cânones de Dort, ainda que tenham, eh, ainda que o conteúdo ali, eu concorde com a parte soteriológica em sua maioria, eu não concordo com tudo. Os Canônes de Dort não são infalíveis"
Resposta: Os livros e pregações do Marcos Granconato também não são infalíveis. Quando o Granconato, seguindo o Texto Crítico, disse que Mc 16:9-20 não são canônicos[contrariando os próprios defensores do Texto Crítico, que disseram o texto é apoiado em 99% dos manuscritos gregos], mas acréscimos à Palavra de Deus, ele foi infalível? Quando ele, comentando Mc 13:32, disse que nem Deus Filho nem Deus Espírito Santo [contrariando as Escrituras - Jo 16:30; 21:17; Cl 2:2-3; 1 Co 2:10] sabem o dia da vinda de Jesus Cristo, ele foi infalível? Nesse caso, por que você [Nikolas] os aceita como coerentes com as Escrituras? Quando ele[MG] no debate com o Pr. Jamierson de Oliveira, no programa 'Vejam Só'('O Arrependimento é Reação Humana à Graça Divina?', de 14/10/2016), disse que "o deus arminiano é um mordomo meio efeminado"(Minuto 39), sua declaração é infalível, verdadeira ou falsa? Se a Bíblia diz que efeminados não podem ser salvos(1 Co 6:9-10), adoradores de uma divindade efeminada, podem ser consideradas regeneradas e salvas? E mais... Tuas pregações também não são infalíveis, Nikolas. Então, por qual razão as pessoas poderiam e deveriam acreditar nelas?
(4)"Os Canônes de Dort não são infalíveis. Tem coisa ali que pra mim é pior do que, pior do que a pior versão do arminianismo. Ah, como por exemplo, a questão da salvação por tabela, dos filhos dos crentes fazendo parte da aliança, porque os pais fazem parte disso. Isso pra mim, é terrível ali, nos Cânones de Dort. Eu acho que é pior do que a pior versão do arminianismo".
Resposta: (a)Os Cânones de Dort não ensinam que crianças, filhas de pais crentes, são ou serão salvas, simplesmente por terem nascido de pais crentes. Muito pelo contrário. Os Cânones de Dort ensinam que no tocante a sua salvação, quando morrem em tenra idade, na infância, essa sua salvação está atrelada a sua eleição:
"Devemos julgar a respeito da vontade de Deus com base na sua Palavra. Ela testifica que os filhos de crentes são santos, não por natureza mas em virtude da aliança da graça, na qual estão incluídos com seus pais. Por isso os pais que temem a Deus não devem ter dúvida da eleição e salvação de seus filhos, que Deus chama desta vida ainda na infância"(I:17)
(b)Alias, a própria Confissão de Fé Batista de 1677[posteriormente publicada em 1689] defende o mesmo pensamento, quando diz:
"As crianças que morrem na infância, se eleitas, são regeneradas e salvas por Cristo, através do Espírito, que obra quando, onde e como lhe agrada. Do mesmo modo são salvas todas as outras pessoas incapazes de serem chamadas exteriormente, pelo ministério da Palavra"(X:3)(Reformed Confessions of the 16º and 17º Centuries in English Centuries, Volume 4, p.546).
O Dr. Samuel Waldron, teólogo batista norte americano, em sua obra "Uma Exposição Moderna da Confissão de Fé Batista de 1689", comentando sobre essa parte da CFB, diz:
"Ela [a CFB] assume que pelo menos algumas crianças que morrem na infância são eleitas. E isso é tudo o que póde ser devidamente deduzido a partir dessa frase ambígua"(p.203)
Detalhe. A CFB de 1689 segue aqui o texto original da CFW, que cita Gn 17:17; Lc 18:15-16 e At 2:39, que justamente incluem os pais e seus filhos como membros da família da aliança feita com Deus e os patriarcas. Portanto, o argumento do 'menino' pastor é demagógico.
Charles H. Spurgeon[1834-1894], líder batista calvinista, conhecido como "o príncipe dos pregadores", em seu "Prefácio" de 1855 da Confissão de Fé Batista de 1677(posteriormente publicada em 1689 como "Confissão de Fé Batista de 1689"), diz:
"Este pequeno volume não é emitido como uma regra autoritativa, ou código de fé, pelo qual você deve ser acorrentado, Mas como uma assistência a você em controvérsias, uma confirmação na fé e um meio de edificação na retidão. Aqui, os membros mais jovens de nossa de nossa Igreja terão um corpo de teologia em pequena escala, e por meio de provas bíblicas, estarão prontos para dar uma razão para a esperança que está neles. Não se envergonhe de sua fé; lembre-se de que é o antigo evangelho dos mártires, confessores, reformadores e santos. Acima de tudo, é a verdade de Deus, contra a qual todas as portas do Inferno não podem prevalecer. que suas vidas adornem sua fé, que seu exemplo adorne seu credo. Acima de tudo, viva em Cristo Jesus e ande nele, não dando crédito a nenhum ensinamento, exceto aquele que é manifestamente aprovado por Ele e possuído pelo Espírito Santo. Apegue-se firmemente à Palavra de Deus, que está aqui mapeada para você"(The Baptist Confession, Spurgeon Edition, 'Trinta e Dois Artigos de Fé e Práticas Cristãs; ou, Confissão de Fé Batista , Com Provas das Escrituras, Adotada pelos Ministros e Mensageiros da Assembleia Geral que se reuniu em Londres, Em 1689, Com Um Prefácio do Rev. Charles H. Spurgeon’, Londres: Alabaster e Passmore, Wilson Street, Finsbury Saquare; E James Paul, Chapter-House Court, Paternoster Row, 1855)
(5)"E ali você tem então os cinco pontos do arminianismo elencados, que foram rejeitados pelo Sínodo de Dort e produziram então um documento que é chamado Cânones de Dort, que colocam o arminianismo como algo reprovado, inclusive implicou em expulsão dos ministros; teve uma série de medidas políticas, sociais, tudo mais"
Resposta:(a)Dort não condenou o arminianismo meramente como algo reprovado, mas como uma heresia. Vejam suas definições. Elas são claras:
"Isto é Pelagianismo por completo, e contrário a toda a Escritura"(Cânones de Dort, Capítulos III-IV; Rejeição de Heresias, Refutação)
"heresia orgulhosa de Pelágio"(III-IV, 8 10)
"Eles evocam do inferno a heresia pelagiana”(Cânones de Dort, Capítulo II, Rejeição de Erros; 3º Erro, Refutação).
"Procuram induzir na mente do povo o perigoso veneno das heresias pelagianas”(Cânones de Dort, Capítulo 2; Rejeição de Heresias, 6ª Heresia, Refutação)
"A Igreja Antiga há muito já condenou esta doutrina dos pelagianos, de acordo com a palavra do apóstolo"(III-IV; Rejeição de Heresias, 9ª Heresia, Refutação)
"Esta ideia é abertamente pelagiana"(Capítulo V; Rejeição de Heresias, Heresia 2)
"Deus revelou abundantemente em sua Palavra esta doutrina da perseverança dos verdadeiros crentes e santos... Satanás a odeia, o mundo zomba dela, os ignorantes e hipócritas abusam dela, e os heréticos a ela se opõem. A Noiva de Cristo, entretanto, sempre tem-na amado e defendido constantemente como um tesouro de inestimável valor"(V:15)
"Isto tem o sabor do ensino de Pelágio e está em conflito com o ensino do apóstolo Paulo em Efésios 2:3-9"(I; Rejeição de Heresias, Refutação)
"Eles introduzem, junto com o ímpio Socino, uma nova e estranha justificação do homem diante de Deus, contrária ao consenso da Igreja inteira"(II; Rejeição de Heresias, Refutação)
Agora, ficam as perguntas no ar, sem nenhuma resposta:
- Pelagianismo deixou de ser condenado como heresia?
- Heresia deixou de ser heresia?
- Doutrina evocada do inferno, isto é, doutrinas de demônios, deixaram de ser doutrinas de demônios?
- O consenso da Igreja inteira deixou de ser consenso, de uma hora pra outra, agora no século XXI[2025]?
- Negadores da doutrina da perserverança dos santos deixaram de ser hereges, de uma hora pra outra, agora no século XXI[2025]?
(b)Todos os estudiosos do assunto da condenação de Dort ao arminianismo remonstrante, sejam eles reformados, arminianos ou católicos romanos, entendem que em 1618-1619, Dort condenou o arminianismo como "heresia" e os arminianos como "hereges", como se segue:
- William Twisse[1578-1646], Presidente da Assembléia de Westminster, disse:
"Mas tentemos discernir o significado deste Autor em relação à disposição de Deus em conceder fé àqueles que nunca a têm. Talvez seu significado seja que Deus está disposto a operar fé em uma pessoa sob condição; agora, o que poderia ser essa condição senão alguma obra do homem? E o que se segue disso senão que Deus concede fé com base nas obras das pessoas, o que é puro pelagianismo, condenado como heresia na Igreja ao longo da história?"(A Doutrina do Sínodo de Dort e Arles, 1650, pp.42-43)
"Na minha opinião, a facção arminiana tem muito mais probabibilidae de concordar com os maniqueus a esse respeito do que nós"(Ibidem, p.71)
"Parece que ele não tinha conhecimento de alguém tão louco a ponto de afirmar isso, mas desde seu tempo, uma seita de jesuítas surgiu, junto com os arminianos, mais do que suficientes, que são realmente loucos, mas promovem com confiança esta doutrina deles como se fossem as únicas pessoas sãs do mundo"(Ibidem, p.40)
"Por fim, a intenção deles é esta: Deus cooperará conosco na obra da fé, desde que cooperemos com Ele? Algum dos nossos teólogos nega a cooperação de Deus em toda boa obra? Embora sustentemos que essa cooperação é puramente impossível. Pois similarmente, é igualmente verdade que o homem cooperará na obra da fé se Deus cooperar com ele, e isso é sustentado pelos jesuítas e arminianos, e a presciência de Deus disso é seu conhecimento médio"(Ibidem, p.46)
"Agora, alguma pessoa sábia e sóbria achará isso algo estranho no curso da providência de Deus? Mas tais são os argumentos desta seita arminiana, muito parecidos com o fruto de Sodoma, belos de se ver do lado de fora, mas se você os esmaga, eles se transformam em cinzas e fuligem espalhada, como Solinus escreveu. No entanto, este Autor está tão apaixonado por sua própria invenção, como Ixion com sua nuvem, que ele acrescenta ainda que se fosse possível [e por que não possível para um Infiel se tornar um Maniqueu, e um arminiano se tornar um ateu, se ele já não é um?"(Ibidem, p.70)
- J. Matthew Pinson, teólogo arminiano, em seu livro "Quarenta Perguntas Sobre Arminianismo", diz:
"Em janeiro de 1619, o Sínodo demitiu os remonstrantes e denunciou-os como hereges"(p.22)
- Peter Y. De Jong[1915-2005], teólogo reformado, em seu livro "Crise nas Igrejas Reformadas; Ensaios em Comemoração ao Grande Sínodo de Dort[1618-1619]", disse:
"Nos Cânones de Dort, o Sínodo buscou manter e defender a doutrina bíblica da graça livre e soberana de Deus na salvação do homem. Os ensinamentos arminianos foram vistos como um renascimento da heresia do semipelagianismo e sua presença nas igrejas reformadas foi julgada intolerável. As doutrinas arminianas foram consideradas conflitantes com o ensino bíblico e ameaçavam o caráter confessional das igrejas reformadas cuja fé era expressa na Confissão Belga e no Catecismo de Heidelberg"(p.52)
Ele ainda diz:
"A respeito deles [os Remonstrantes], o julgamento de Bavinck soa verdadeiro. Gradualmente, eles colocaram a decisão nas mãos do homem, como aparece nos escritos arminianos posteriores, na carta de Episcopus aos reformados no exterior, na segunda Remonstrância do ano de 1617, na Confissão e Apologia da Confissão de Episcopius, nas obras dogmáticas de Uytenbogaert, Episcopus e Limborch. O arminianismo preparou o caminho para o racionalismo. Em terceiro lugar, a heresia arminiana provou estar longe de ser uma opinião de pouca relevância. Ela afetou e infectou todo o sistema de doutrina reformada. Isso ajuda a explicar por que Gomaro, como o campeão do calvinismo de Leiden, atacou a visão de Arminio no Alto Conselho"(Ibidem, p.30)
"Em suma, ao manter a ideia da autonomia humana, os remonstrantes, seguindo o exemplo dos católicos romanos, estavam na verdade se comprometendo com uma síntese monstruosa no qual Deus num sistema de pensamento e outro sistema no qual o homem é o ponto de referência final na pregação. As igrejas reformadas já haviam rejeitado uma síntese tão monstruosa em suas primeiras confissões. Agora, no dia de Dort, elas se recusaram a retornar às panelas de carne do Egito"(Ibdem, p.187)
- Robert A. Peterson e Michael D. Williams, teólogos reformados, em seu livro "Porque Eu Não Sou Um Arminiano", dizem:
"Treze líderes arminianos foram convocados para comparecer para que o Sínodo [de Dort] pudesse examinar e julgar seus pontos de vista. Os sínodos regionais elegeram dois representantes arminianos para participar do sínodo nacional, mas os dois homens logo se juntariam aos outros treze réus arminianos. A Remonstrância e outros escritos arminianos foram citados como evidência de que os ensinamentos afirmados pelos réus estavam em desvio dos padrões confessionais da Igreja. Após cerca de quatro meses de deliberação, os quinze foram considerados culpados de heresia. Os réus, juntamente com cerca de duzentos outros pastores arminianos, foram depostos dos seus cargos e excomungados"(p.123).
- Alexander A. Hodge[1772-1851], teólogo presbiteriano, deixa bem claro sua posição sobre o conceito soteriológico arminiano, como um sistema de salvação pelas obras, inconsistente com o Evangelho, dizendo:
"O ponto de vista arminiano consiste em que Adão, havendo perdido a promessa e incorrido na penalidade do pacto que demandava obediência perfeita, havendo a morte de Cristo tornado o pacto consistente com as reivindicações de justiça absoluta, Deus, por amor a Cristo, introduz um novo pacto, intitulado pacto da graça, oferecendo a todos os homens individualmente, a vida eterna perdida em Adão na queda e sob a condição graciosamente possível de fé e obediência evangélicas. Segundo este ponto de vista, o novo pacto é tanto um pacto de obras quanto aquele antigo o foi. A única diferença é que as obras exigidas são muito mais difíceis, e para realizá-los somos auxiliados em nossos esforços. Também, segundo este ponto de vista a fé a obediência evangélicas asseguram vida eterna no novo pacto. Este ponto de vista é obviamente inconsistente com a natureza do Evangelho"(Confissão de Fé de Westminster Comentada, p.174)
- Os primitivos presbiterianos escoceses não toleravam hereges que pregavam expiação ilimitada. Eles eram julgados, condenados e depostos de seus ofícios, exatamente como Dort fez com os ministros remonstrantes, como diz a "Johnson's Universal Cyclopedia"(A New Edition, Volume 2, 1894):
"John Mcleode: nascido em Ardmaddy House, perto de Kilninver, Argyleshire, Escócia, em 4 de maio de 1800; falecido em Rosneath, em 27 de fevereiro de 1872. Estudou teologia na Universidade de Glasgow de 1811 a 1820; foi licenciado para pregar em 1821; empossado na paróquia de Row em 8 de setembro de 1825; Em 1831 foi julgado por heresia pela Assembléia, condenado e deposto, tendo pregado a doutrina da expiação ilimitada"(p.36)
- O Pr. Franklin Ferreira, ministro batista, em seus tempos de firmeza doutrinária, disse:
"O semipelagianismo foi o precursor do arminianismo do século XVII, sendo formalmente condenado como heresia no Concílio de Orange, em 529"(Teologia Sistemática, p.712)
"O semipelagianismo foi uma tentativa de encontrar um meio-termo entre Pelágio e Agostinho. Foi ensinado especialmente por João Cassiano, em meados do século V. Seus adeptos não seguiram Agostinho na negação do livre arbítrio, nem aceitaram as noções da graça irresistível e da eleição de indivíduos para a salvação"(Ibidem, p.711)
Para Franklin Ferreira, não endossar a total depravação, a graça irresistível e a eleição particular, era uma prática de semipelagianos. Posteriormente, ele diz que os arminianos negam a total depravação do homem caído:
"Posteriormente, esta posição foi modificada, e os arminianos passaram a afirmar que a queda afetou seriamente o ser humano, mas não deixou o homem num estado de total incapacidade. Esta tensão parece já estar presente nas orígens do arminianismo, pois, como vimos no primeiro ponto da Remonstrância, Parece que as obras da fé e arrependimento precedem a obra da regeneração realizada por Deus"(Ibidem, pp.717-718)
Depois, Franklin Ferreira, admite, que se os arminianos tivessem vencido em Dort, a doutrina cristã da salvação teria sido destruída:
"Em conclusão, devemos dizer que os ministros e teólogos reunidos em Dort não estavam preocupados com questões especulativas, que aparentemente não estavam relacionadas com a vida diária. Para aqueles homens, estão não era uma controvérsia acadêmica. Aqueles que estavam reunidos no Sínodo de Dort perceberam que o que estava em jogo era a questão central da salvação pela livre graça, pois se os arminianos tivessem prevalecido e suas doutrinas introduzidas na Igreja, o resultado final seria destrutivo para a doutrina cristã da salvação"(Ibidem, p.722)
- Eruditos reformados, como Joel R. Beeke, Martin I. Klauber; Herman J. Selderhuis, Christopher B. Brown; Günter Frank; Bruce Gordon; Barbara Mahlmann-Bauer; Tarald Rasmussen; Violet Soen; Zsombor Tóth; David W. Hall; W. Robert Godfrey; Greg A. Salazar; R. Scott Clark; Michael Horton; Donald Sinnema; David B. McWilliams; Charles K. Telfer; Dolf te Velde; Joel E. Kim; Matthew Scott Harding, subscrevendo a crença dortiana de que o arminianismo é uma heresia, afirmando:
"Os calvinistas ingleses descreveram as posições de seus oponentes como uma ameaça tripla à Igreja Inglesa um renascimento da antiga heresia pelagiana, uma réplica do arminianismo holandês para a Igreja inglesa e uma doutrina pastoralmente perigosa(‘desesperada’) que minaria a segurança"(O Sínodo de Dort, Perspectivas Históricas, Teológicas e Experienciais, p.78)
- Cornélius Van Til[1895-1987], ministro presbiteriano, diz:
"Os Pais de Dordt estavam meramente articulando esse 'sistema de doutrina' com mais cuidado do que havia sido feito nessas Confissões em pontos específicos que foram atacados pelos Remonstrantes. A velha heresia da autonomia humana estava levantando sua cabeça novamente dentro do que não era apenas uma igreja nascida do princípio da Reforma, mas, mais particularmente, dentro de uma igreja da Reforma que buscava ser Reformada. O inimigo estava agora dentro dos portões. Usando táticas semelhantes às usadas pelo Viet Cong hoje, os Remonstrantes fingiram ser leais às Confissões Reformadas enquanto faziam tudo o que podiam para destruí-las"(A Soberania da Graça; Uma Avaliação da Visão de G. C Berkouwer Sobre Dordt, p.10)
- O Rev. Abram de Graaf, ministro reformado holandês, diz:
"Então, por causa disso, o Concílio rejeitou o ensino dos remonstrantes, declarando-o como heresia"(Comentário Sobre os Cânones de Dordt, p.117)
- François Turrentini[1623-1687], teólogo reformado, diz:
"Esta questão jaz entre nós e os romanistas, os socinianos, os remonstrantes e outros descendentes dos pelagianos e semipelagianos que, com o intuito de não injuriar ou remover o livre arbítrio do homem na vocação, mantém que ela presta certa cooperação [synergian] e concurso com a graça de Deus. Daí, serem denominados sinergistas"(Compêndio de Teologia Apologética, Volume 2, p.650)
- Roger Olson, maioral do moderno arminianismo, diz sobre Dort:
"Quando o sínodo eclesiástico nacional aconteceu em Dort em 1618-1619, o partido dos calvinistas rígidos tinha o apoio do governo. Os remonstrantes foram excluídos de participar, com exceção dos réus; eles foram condenados como heréticos e expulsos de seus cargos; suas propriedades foram tomadas e foram exilados do país"(Arminianismo, Mitos e Realidades, pp.62-63)
- José Gonçalves Salvador, ministro metodista arminiano, diz:
"E, de fato, conquanto fosse belíssima a exposição doutrinária de Episcopus, os adeptos do arminianismo foram tachados de hereges e confirmada a Contra Representação, a Confissão Belga e o Catecismo de Heidelberg"(Arminianismo e Metodismo, p.48)
- Frederick Calder, erudito arminiano [ministro metodista wesleiano], em sua obra "Memórias de Simon Episcopus[1835]"), diz:
"O Sínodo de Dort, pelo qual ele [Episcopus] foi condenado como um herege, privado de suas honras como estudioso, privado de seu cargo como um professor, e excluído do ministério, por defender as doutrinas de Arminio...”(‘Prefácio’).
"Que (Episcopus] foi condenado pelo Sínodo de Dort como um herege perigoso”(Ibidem, p.227).
- Robert P. Lightner[1931-2018], ministro arminiano, em seu livro "A Morte que Cristo Morreu: Um Caso Para Expiação Ilimitada", aludindo ao julgamento de Dort sobre os arminianos, reconhece:
"As opiniões dos arminianos expostas na Remonstrância de 1610 foram examinadas e rejeitadas como heréticas num sínodo nacional em Dort, reunido de 1618 a 13 de novembro de 1619. O Sínodo não apenas rejeitou a posição da Remonstrância, mas também se propôs a apresentar o verdadeiro ensino calvinista em relação aos cinco assuntos questionados. Eles conseguiram isso declarando o que hoje conhecemos como os 'cinco pontos do Calvinismo'"(p.40)
- John Owen[1616-1683], eminente líder congregacional e puritano, não poupou palavras para se referir a Armínio como um herege:
"Jacó Arminio declara a William Perkins: 'Você diz que a eleição é a regra pela qual a fé é concedida ou não; e, portanto, a eleição não diz respeito ao que possui a fé, mas sim à fé dos eleitos - com a sua permissão, eu devo negar que isso seja verdade'. Entretanto, seja o que for que o sofista herético tenha negado aqui, seja o antecedente ou a conclusão, ele acaba caindo na repreesão da Palavra de Deus: 'Creram todos quantos estavam ordenados para a vida eterna' e 'acrescentava o Senhor à Igreja aqueles que se haviam de salvar'"[At 13:48; 2:47]"(Contra o Arminianismo e o Seu Ídolo Pelagiano, o Livre Arbítrio, pp..134-135)
Em outro lugar, Owen entende que o arminianismo é uma heresia e os arminianos hereges, quando sustentam a eleição condicional:
"Essa afirmação [sobre a eleição condicional] contém uma doutrina completamente contraditória às palavras e o sentido pretendido pelo apóstolo[Rm 9:11], uma doutrina que foi condenada em tantos concílios, suprimida por tantos éditos e decretos de imperadores e governadores e combatida como uma heresia pestilenta, desde que surgiu pela primeira vez, por muitos pais ortodoxos e por eruditos escolásticos, como algo completamente contrário à doutrina da Igreja e injurioso à graça e ao poder supremo do Deus Todo Poderoso, que eu me admiro grandemente que alguém, vivendo em tempos como estes nos quais a luz do Evangelho é abundante e o conhecimento floresce, seria tão atrevidamente ignorante ou impudente a ponto de trazer tal doutrina para o meio dos cristãos. Provar que isso é uma heresia que já foi refutada por toda a antiguidade ortodoxa e universal seria acender uma vela perante o sol; pois isso não pode deixar de ser conhecido por todos e cada um que já ouviu ou leu alguma coisa sobre a história da Igreja de Cristo após o surgimento dos tumultos pelagianos"(Ibidem, pp.127-128)
Mas, ele continua, atacando o arminianismo como heresia e os arminianos como hereges, dizendo:
"Da mesma natureza são todas aquelas passagens das Escrituras Sagradas que falam sobre Deus dando alguns a Cristo, sobre ovelhas de Cristo ouvirem a sua voz, e outros não ouvirem porque eles não saão ovelhas de Cristo; todas essas, e diversas outras razões irrefutáveis, eu intencionalmente omiti, e fiz o mesmo em relação a diversas outras afirmações falsas e heréticas dos arminianos sobre esse artigo fundamental de nossa religião"(Contra o Arminianismo e o Seu Ídolo Pelagiano, o Livre Arbítrio, p.136)
"Os arminianos devem afirmar uma dessas duas coisas, ou então devem renunciar à heresia deles"(Ibidem, p.209)
"Mas, visto que isso está baseado em todos os fundamentos da nova doutrina dos arminianos e é sustentado por eles mesmo após amadurecerem suas relações, então tais erros devem ser encarados por todos os cristãos como uma heresia a ser detestada e amaldiçoada"(Ibidem, p.224)
E com base em tudo isso, Owen conclui que não podemos manter nenhum tipo de comunhão com hereges:
"Uma igreja não pode envolver em sua comunhão Agostinho e Pelágio, Calvino e Armínio. Aqui eu apenas lhes dou uma prova para que vocês posam julgar o restante a partir dos frutos deles relativos às doutrinas da apostasia final dos eleitos, dos verdadeiros crentes, bem como sua hesitação a respeito de nossa graça presente e da glória futura, juntamente com diversas outras coisas que o valham. Aqueles a quem citei são suficientes para desqualificar seus cúmplices para a comunhão com nossa Igreja. O vínculo sagrado da paz rodeia apenas a unidade daquele Espírito que conduz a toda a verdade. Não devemos oferecer a destra da comunhão, mas sim proclamar πόλεμον ἱερὸν, 'uma guerra santa' a esses inimigos da providência de Deus, do mérito e da poderosa operação do Espírito Santo"(Contra o Arminianismo e o Seu Ídolo Pelagiano, o Livre Arbítrio, p.18)
William Twisse, lá acima, disse que o arminianismo ensina que a presciência de Deus disso é seu conhecimento médio(A Doutrina do Sínodo de Dort e Arles,p.46), e isto aludeo ao teísmo aberto. Dizer que Deus não tem conhecimento absoluto e infalível do futuro, não é mais heresia? Teismo aberto não é mais heresia?
(6)"Então, nós não sacralizamos este documento. Nós não canonizamos este documento. E muitos infelizmente tem colocado isso acima de tudo. Então, é, são o que eu chamo neo-dortianos, porque eles colocam Dort como se fosse inerrante e infalível, e não é. E também existe um movimento hipercalvinista, que eh, faz parte desse grupo, outro nome pra esse grupo, eh, que defende que se a pessoa é arminiana convicta, ela nem crente é.Isso eu acho de um absurdo sem tamanho"
Resposta: (a)Os reformados que defendem e mantém como atual a condenação de Dort [que não teve nenhuma outra decisão conciliar anulando essa decisão anterior] ao arminianismo como "heresia" e aos arminianos como "hereges", não sacralizam este documento, elevando-o ao nível de Escritura Sagrada, mas o defendem como uma exposição correta das Escrituras, concernente a soteriologia. Qual é o problema disspo? Os batistas da Igreja Batista da Redenção também não defendem o Credo de Atanásio[Seculo IV], o Credo de Nicéia[325], o Credo Niceno Constantinopolitano[325], a Confissão de Fé Batista de 1644 e a Confissão de Fé Batista de 1689? Ao fazer isso, estão elevando estes documentos ao status de Escritura Sagrada? É muita demagogia.
(b)Se considerar "hipercalvinista" quem não considera arminianos como verdadeiros crentes, então o 'menino' pastor vai ter que considerar como "hiper calvinistas" Agostinho, Beda, Wycliff, Savonarola, Lutero, Knox, William Prinne,Robert Baille[1602-1662][um dos puritanos que participou da Confissão de Fé de Westminster], Joel R. Beeke, Martin I. Klauber; Herman J. Selderhuis, Christopher B. Brown; Günter Frank; Bruce Gordon; Barbara Mahlmann-Bauer; Tarald Rasmussen; Violet Soen; Zsombor Tóth; David W. Hall; W. Robert Godfrey; , Greg A. Salazar; R. Scott Clark; Michael Horton; Donald Sinnema; David B. McWilliams; Charles K. Telfer; Dolf te Velde; Joel E. Kim; Matthew Scott Harding, William H. Gray, John Hunt, Chirsthopher Nees, Jonathan Edwards, John Owen, Spúrgeon, Armitage, etc. Como um garoto ousa dizer ou insinuar que toda essa nuvem de testemunhas piedosas era hipercalvinista? Falta-lhe não só conhecimento bíblico e teológico-histórico, mas humildade.
(b)Agora, nós, afirmamos, que nenhum arminiano pode ser considerado um verdadeiro crente, simplesmente apoiados nas palavras de Paulo. Ele havia ensinado a TULIP em Rm 3:9-17; 8:29-37; 11:5-6, e depois diz que quem quer se levantasse contra qualquer doutrina que ele havia ensinado aos crentes romanos, não serviam a nosso Senhor Jesus Cristo(Rm 16:17-18), e devem ser evitados pelos verdadeiros crentes.No NT, quando os apóstolos vêm com uma visão equivocada de possibilidade de salvação pelas obras('Quem poderá, pois, salvar-se?' - Mt 19:25), são repreendidos pelo Senhor Jesus Cristo, que lhes diz: "Aos homens é isso impossível"(Mt 19:26). Da mesma forma, quando membros apóstatas da igreja ventilaram a ideia da salvação pelas obras, por meio da observância da circuncisão(At 15:1), Paulo vai chamá-los de "falsos irmãos"(Gl 2:4), e vai equipará-los e cães e maus obreiros: "Guardai-vos dos cães, guardai-vos dos maus obreiros, guardai-vos da ciruncisão"(Fl 3:2). Paulo, mais adiante, ainda falando daqueles que defendiam a salvação pelas obras, diz: "Ao homem hereje, depois de uma e outra admoestação, evita-o, sabendo que esse tal está pervertido, e peca, estando já em si mesmo condenado”(Tt 3:10-11 ACF). Na mesma carta, Paulo confirmar o perfil desses hereges, destes falsos mestres, que são descritos por ele como “principalmente os da circuncisão”(Tt 1:10).
Veja, que para Paulo, qualquer um que ventilar qualquer ideia de salvação pelas obras, é um "falso irmão", "cão", "mau obreiro", "herege", "pervertido", "condenado". E ele estende essa visão também aos que discordam do ensino que ele repassava aos crentes romanos, dizendo que todos aqueles que discordavam desse ensino, devem ser evitados: "desviai-vos deles"(Rm 16:17), porque "os tais não servem a nosso Senhor Jesus Cristo"(Rm 16:18). E que tipo de ensino soteriológico Paulo ensinava? A TULIP crida, defendida e ensinada pelos reformados(Rm 3:9-18; Rm 8:29-30,33-34). Portanto, todos aqueles que sustentam um sistema de salvação pelas obras e que negam a TULIP de Paulo, estão incluídos no rol de "falso irmão", "cão", "mau obreiro", "herege", "pervertido", "condenado". Então essa é a razão pela qual não consideramos os arminianos como irmãos, como regenerados e salvos - eles ensinam de uma ou outra maneira, a salvação pelas obras, coisa notada por Spurgeon.
(7)Será que o arminianismo não é pelagianismo?
É interessante notar que Agostinho(354-430), bispo de Hipona, certa vez disse que toda a sua doutrina era contrária aos pelagianos (O Dom da Perseverança, 21:55). E o que ele pregava concernente a soteriologia?
- Agostinho ensinou a total depravação do ser humano [negou o livre arbítrio](Enquiridio, 30)
- Agostinho ensinou a eleição incondicional(A Predestinação dos Santos, XVII, XIX).
- Agostinho ensinou a expiação limitada(A Trindade, XIII; 15:19).
- Agostinho ensinou a irrestibilidade da graça salvífica(Confissões, X; 6:8)
- Agostinho ensinou a perseverança [preservação] dos santos(Tratado Sobre o Evangelho de João, LXXII).
Nesse sentido, se entende que Pelágio e seus seguidores eram contrários a TULIP ensinada por Agostinho. Mas, se não bastasse isso, temos declarações de Pelágio a favor de cada um dos cinco pontos do arminianismo, como se segue:
(a)Livre Arbítrio e resistibilidade da graça salvífica:
"A Escritura diz: 'A vida e a morte estão diante do homem; o que lhe agrada lhe será dado'[Eclo 15:17], Ou seja, para que a liberdade de escolha não lhe seja tirada. Portanto, é Deus quem dá, quem permite; exceto o espírito de insensibilidade, coisa que eles desejavam. Pois, se tivessem desejado ter o espírito de fé, teriam recebido. Pois, eles sempre desacreditaram nas palavras de Deus"(Pelágio, Com. de Rm 11:8)"(Thomas P. Scheck [Professor Associado de Teologia na Universidade Ave Maria, Flórida, EUA], Pelagius, Commentaries on the Thirteen Epistles of Paul With The Libellus Fidei. The Newman Press, New York, EUA, 1964, p.98)
(b)Eleição Condicional:
"Assim também, então, Ele escolheu aqueles que Ele de antemão sabia que creriam dentre os gentios, e rejeitou aqueles que Ele sabia que não creriam dentre Israel"(Pelágio, Com de Rm 9:10)(Thomas P. Scheck [Professor Associado de Teologia na Universidade Ave Maria, Flórida, EUA], Pelagius, Commentaries on the Thirteen Epistles of Paul With The Libellus Fidei. The Newman Press, New York, EUA, 1964, p.90)
"'Predestinados'. Previamente destinados pela fé. Ou: Pré-conhecidos"(Pelágio, Com. de Ef 1:10)"(Thomas P. Scheck [Professor Associado de Teologia na Universidade Ave Maria, Flórida, EUA], Pelagius, Commentaries on the Thirteen Epistles of Paul With The Libellus Fidei. The Newman Press, New York, EUA, 1964, p.249)
(c)Expiação Ilimitada:
"Somente Ele foi encontrado, oferecido como sacrifício imaculado por todos os que estavam mortos em delitos e pecados"(Pelágio, Com de 2 Co 5:15)(Thomas P. Scheck [Professor Associado de Teologia na Universidade Ave Maria, Flórida, EUA], Pelagius, Commentaries on the Thirteen Epistles of Paul With The Libellus Fidei. The Newman Press, New York, EUA, 1964, p.201)
"Mas o entregou por todos nós. Não por alguns. Como ele também não nos concedeu todas as coisas com ele? Que coisa mais preciosa ele pode ter para nos negar, que não negou seu Filho?”(Com. de Rom 8:32)(Thomas P. Scheck [Professor Associado de Teologia na Universidade Ave Maria, Flórida, EUA], Pelagius, Commentaries on the Thirteen Epistles of Paul With The Libellus Fidei. The Newman Press, New York, EUA, 1964, p.87)
(d)Cair da Graça[Perder a salvação]:
"Vivendo mal, perderam a fé que pareciam ter [cf. Lc 19,26], mesmo agora defendendo seus próprios vícios"(Pelágio, Com de 1 Tm 1:19")(Thomas P. Scheck [Professor Associado de Teologia na Universidade Ave Maria, Flórida, EUA], Pelagius, Commentaries on the Thirteen Epistles of Paul With The Libellus Fidei. The Newman Press, New York, EUA, 1964, p.317)
"Você será salvo. De transgressões passadas, não futuras"(Pelágio, Com. de Rm 10:9)(Thomas P. Scheck [Professor Associado de Teologia na Universidade Ave Maria, Flórida, EUA], Pelagius, Commentaries on the Thirteen Epistles of Paul With The Libellus Fidei. The Newman Press, New York, EUA, 1964, p.95)
Se o arminianismo ensina todas estas mesmas heresias que Pelágio ensinou, como alguém poderá desvencilhar o arminianismo do pelagianismo ou de Pelágio?
(8)Todos os reformados, que são sinceros estudiosos e pesquisadores cristãos, que militam na área da "Heresiologia", sabem que todas as seitas são arminianas em sua 'soteriologia'. É impossível não existir uma única seita falsa, anticristã e antibíblica, que não espose sequer um único ponto do arminianismo, quando o assunto é 'salvação'. Justamente por isso, de forma sábia e coerente, um dos maiores grupos cristãos que trabalham no estudo das doutrinas e da evangelização às seitas, o Centro de Pesquisas Religiosas(CPR), aludindo a 'soteriologia' das seitas falsas, diz que as doutrinas ensinadas por Agostinho e Calvino "são odiadas pelas seitas e quase esquecidas pela Igreja"(Desafio das Seitas, 2º Trimestre de 2000, p.5) e que a soteriologia arminiana e semi-pelagiana foi "adotada pela maioria das seitas pseudo-cristãs"[Desafio das Seitas, 3º Trimestre de 2000, p.8). McGregor Wright, teólogo reformado, diz:
"Dos testemunhas de jeová aos mórmons, e uma gama forte de outras seitas, havia uma declaração de guerra contra qualquer forma de calvinismo"(A Soberania Banida, p.9)
Por isso, não é de se estranhar a simpatia das seitas pelo arminianismo e sua aversão pelo calvinismo. Por exemplo, a Igreja Romana afirma:
"Nessas e outras particularidades, encontramos os arminianos se aproximando das fórmulas tridentinas"(The Catholic Encyclopedia, Volume III, 1913, p.203).
- Os Espíritas dizem:
"Ele (Calvino) criou a chamada ‘doutrina da predestinação’ na qual tropeça a maioria dos pastores que nem conhecem os tentáculos desse sistema”(Revista Visão Espírita, Ano 2, Nº 24, Novembro de 2000, p.48).
- David L. Paulsen e Gory G. Walker, eruditos mórmons, dizem:
"Por exemplo, os Santos dos Últimos Dias rejeitam os cinco princípios da doutrina calvinista da graça enunciada no Conselho de Dort e representado pelo acrónimo TULIP (Total depravação, Eleição incondicional, expiação limitada, graça irresistível e Perseverança dos santos)”(Mormon Studies Review, Volume 18, Nº 2, Artigo 5, The Farms Review 18/2 [2006], p.92)
- Charles Taze Russell, pai da seita dos testemunhas de jeová, diz:
"A doutrina da Graça Livre, defendida pelos arminianos, é também uma demonstração muito maior do abundante favor de Deus do que seus advogados mais fervorosos já ensinaram”(Estudos das Escrituras, Volume 1, p.96).
“O envio de missionários para os pagãos por aqueles que crêem na visão calvinista ou fatalista da eleição, que o destino eterno de cada indivíduo foi inalteravelmente fixado antes ele tinha uma existência, é ainda mais absurdo e irracional”(Ibidem, p.102)
- O 'reverendo' Moon, criador e líder da seita da Unificação, diz:
"Foi devido a ignorância que surgiu um homem como Calvino, que defendeu com obstinação sua 'teoria da predestinação', e que tal teoria tem sido acreditada por tantas pessoas durante tanto tempo"(Princípio Divino, p.153).
- David Brandt Berg, fundador dos meninos de deus, disse:
“Calvinismo! ‘Muitos são chamados, mas poucos escolhidos’ – Não é triste os predestinarianos interpretarem isso para significar que todo mundo é chamado, mas mesmo até eles virem em resposta à chamada como voluntários, Deus como um oficial militar, escolhe apenas este, aquele e aquele? Até que eles atendam a chamada, Ele escolhe apenas determinados indivíduos que são honrados para serem salvos. Que doutrina horrível!”(Chamado, Escolhido e Fiel, DO, 2234, Junho de 1985).
- Louise A. Smith, adepta da Ciência Cristã, disse:
"O médico ficou maravilhado; e o 'horrível decreto' da predestinação’ — como João Calvino corretamente denominara seu próprio artigo de fé — perdeu para sempre seu poder sobre mim”(Louise A. Smith., Mary Baker Eddy, Descobridora e Fundadora da Ciência Cristã, p.22).
- Uriah Smith[1832-1903], teólogo adventista, disse:
"Quando Roma teve o poder, destruiu vastas multidões dos que considerava hereges. A igreja protestante manifestou o mesmo espírito. Basta citar Miguel Servet, queimado pelos protestantes de Genebra sob a direção de João Calvino"(Com. Sobre Ap 14)
- Erwin R. Gane, outro teólogo adventista, diz:
“Não queimara Calvino Servet por suas declarações antitrinitarianas?”(‘As Interpretações Arianas ou Antitrinitarianas Encontradas na Literatura Adventista e A Resposta de Ellen G. White’, Capitulo 16)
- Helena Blavatsky, fundadora da Teosofia, diz:
"O protestante Calvino, que fez queimar vivo a Miguel Servet"(A Doutrina Secreta, Volume V, p.51)
- Yasin T. Al-Jibouri, escritor islâmico, diz:
"Ele [Servet] foi preso por ordens da Inquisição, mas escapou e foi para a Itália, onde foi preso por ordem de João Calvino, julgado e queimado vivo na fogueira"(Mary and Jesus in Islam['Maria e Jesus no Islã'], 2011, p.92)
- Eliphas Levi, um dos maiores satanistas, disse:
"Os protestantes declamaram contra as tentativas de Roma no mesmo momento em que João Calvino, de sua autoridade particular, mandou queimar Miguel Servet"(História da Magia, p.134)
Qual é a diferença entre o arminianismo ser o mesmo 'evangelho' das seitas ou ser o mesmo falso evangelho que Pelágio, as seitas e os satanistas ensinaram?
Quando vemos indivíduos, se dizendo reformados, mas tratando aqueles que colocam o homem como autor ou có-autor e partícipe de sua salvação como "crentes", "irmãos", 'regenerados" e "salvos", entendemos serem pessoas que seguem um "outro evangelho"(Gl 1:8-9), que receberam "outro Jesus...outro espírito...ou outro evangelho"(2 Co 11:45), entendemos se tratar de apóstatas da fé cristã, que se enfadaram do puro evangelho da graça de Deus, como disse Paulo:
"Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo coceira nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências. E desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas"(2 Tm 4:3-4)
Que Deus nos ajude a permanecermos fiéis a Ele e a Sua Palavra!
Jailson Serafim
terça-feira, 27 de maio de 2025
quinta-feira, 8 de maio de 2025
A Igreja de Cristo passou pela 'Grande Tribulação' em 70 d.C? Mitos e Realidades!
Escatologia, é realmente, um tema difícil de abordar. Dentre esse conjunto de temas, está o Milênio, sendo interpretado sob as visões do amilenismo, pré-milenismo e pós-milenismo. O livro de Apocalípse, é, em especial, o mais lido e comentando para falar dos eventos escatológicos. O livro é tão difícil de ser interpretado, que nem Calvino, o maior teólogo da Igreja, depois de Paulo e Agostinho, quis comentar. A IPB não tem uma opinião oficial sobre a questão do milênio. A opção para endossar uma posição, é absolutamente livre, indicando que um membro da Igreja pode endossar qualquer uma dessas posições. Dentro dos assuntos de linha escatógica, encontramos a questão do cumprimento da Grande Tribulação sobre a Igreja. Os adeptos do preterismo [completo ou parcial], tem defendido que o evento da grande tribulação, que a igreja sofreria, já ocorreu e se cumpriu literalmente, durante o ano 70 d.C, quando o general Tito, destruiu o templo de Jerusalém e matou milhares de judeus. Apelam para Mt 24:15-21; Lc 21:22-24. Esse tipo de argumento deixa lacunas e perguntas sem respostas. Estudemos essa questão...
(1)Mt 24:15-21; Lc 21:22-24 e Mc 13:14-20 ensinam realmente a grande tribulação em 70 d.C, pela qual a Igreja passaria?
Não. Essa é a resposta, pelos seguintes motivos:
(a)Primeiro, Jesus, pela boca de João, diz que a grande tribulação seria experimentada por toda a Igreja(Ap 7:9-17), enquanto que o evento ocorrido no 70 d.C dizia respeito apenas a judeus crentes no meio de judeus descrentes:
"Então, os que estiverem na Judeia, fujam para os montes; E quem estiver sobre o telhado não desça a tirar alguma coisa de sua casa; E quem estiver no campo não volte atrás a buscar as suas vestes. Mas ai das grávidas e das que amamentarem naqueles dias! E orai para que a vossa fuga não aconteça no inverno nem no sábado; Porque haverá então grande aflição, como nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem tampouco há de haver"(Mt 24:16-21)
"Mas, quando virdes Jerusalém cercada de exércitos, sabei então que é chegada a sua desolação. Então, os que estiverem na Judeia, fujam para os montes; os que estiverem no meio dela, saiam; e os que nos campos não entrem nela. Porque dias de vingança são estes, para que se cumpram todas as coisas que estão escritas. Mas ai das grávidas, e das que criarem naqueles dias! Porque haverá grande aperto na terra, e ira sobre este povo. E cairão ao fio da espada, e para todas as nações serão levados cativos; e Jerusalém será pisada pelos gentios, até que os tempos dos gentios se completem"(Lc 21:20-24)
"Ora, quando vós virdes a abominação do assolamento, que foi predita por Daniel o profeta, estando aonde não deve estar (quem lê, entenda), então os que estiverem na Judeia fujam para os montes. E o que estiver sobre o telhado não desça para casa, nem entre a tomar coisa alguma de sua casa; E o que estiver no campo não volte atrás, para tomar as suas vestes.Mas ai das grávidas, e das que criarem naqueles dias! Orai, pois, para que a vossa fuga não suceda no inverno. Porque naqueles dias haverá uma aflição tal, qual nunca houve desde o princípio da criação, que Deus criou, até agora, nem jamais haverá.E, se o Senhor não abreviasse aqueles dias, nenhuma carne se salvaria; mas, por causa dos eleitos que escolheu, abreviou aqueles dias"(Mc 13:14-20)
Então. veja alguma descrições nesses textos, que tratam o evento de 70 d.C. não como "a Grande Tribulação" de Ap 7:9-17, que diz respeito a Igreja Toda, composta de judeus e gentios crentes:
(a)"os que estiverem na Judeia, fujam para os montes..."(Mt 24:16)
"...então os que estiverem na Judeia fujam para os montes..."(Mc 13:14)
"Então, os que estiverem na Judeia, fujam para os montes..."(Lc 21:21)
A quem o texto se refere? Aos judeus crentes, que precisariam fugir para escapar da perseguição de Tito.
(b)"E orai para que a vossa fuga não aconteça no inverno nem no sábado"(Mt 24:20)
Quem deveria orar e estar preocupado para não se deparar com a possibilidade de uma fuga no dia de sábado? Judeus crentes, não gentios crentes. Porque os judeus crentes teriam dificuldades nessa fuga, porque no dia de sábado, as portas da cidade de Jersualém estariam fechadas, devido ao fato dos judeus descrentes guardarem o sábado.
(c)"E cairão ao fio da espada, e para todas as nações serão levados cativos; e Jerusalém será pisada pelos gentios, até que os tempos dos gentios se completem"(Lc 21:24)
Precisamos tecer algum comentário? Temos alguma menção de algum gentio crente aqui, envolvido nesse evento? Não. Não temos. Logo é um evento totalmente distinto da verdadeira 'grande tribulação' de Ap: 7:9-17, que menciona que a Igreja Toda, composta de judeus e gentios crentes participaria da grande tribulação.
(d)Logo, podemos entender e falar que não houve a ‘grande tribulação’ nesse evento de 70 d.C, pois a grande tribulação mostra uma grande multidão, inumerável, composta de mártires, que foram assassinados pelos inimigos da Igreja nesse período, que cremos, seguindo a “Bíblia de Estudo de Genebra” da IPB, corresponder todas as eras do século I[lembremos Estevão e Tiago, irmão de João, assassinados bem antes do ano 70 – At 7:59-60; 12:12-2] até o nosso século[correspondendo aos pais da igreja, como Policarpo, Inácio, Orígenes, etc; os valdenses, os pré-reformadores[Huss, Savonarola], os reformadores[Cranmer, Tyndale, Ridley, Latimer), os quatro pastores enviados por Calvino a Guanabara em 1557, mortos no ano seguinte, pelas mãos de Anchieta, e todos os cristãos martirizados pela Inquisição Católica Romana e pelos maometanos e comunistas. São um número incontável. Por isso, note que Almeida corretamente não reza “grande tribulação” em Mt 24:21, mas “grande aflição”, já para não criar uma confusão com Ap 7:9,14. Outros tradutores que usaram o Texto Receptus, rezaram “θλῖψις”(thlipsis) em Mt 24:21 por “dificuldade”(Coverdade Bible, 1535), “grande pressão”(Julia E. Smith Translation, 1876]. “aflição”(Jay P. Green's Literal Translation 1993], “aflição”(Reina/Valera [Reformadores Cassiodoro de Reina e Cipriano de Valera] - Espanhol), “opressão”(Statenvertaling, Bíblia do Sínodo de Dort -1618-1619), “aflição”(Diodatti[Italiana], discípulo de Calvino), “miséria”(Károli Gaspar, Hungára]; “sofrimento”(Phesita Siríaca, George Lamsa], “tribulações”(The Great Bible, 1539], "aflição"(Almeida). Note que no texto correlato [Lc 21:24], Almeida reza “θλῖψις”(thlipsis)por "aperto", não "tribulação". Creio que a razão dele ter usado uma tradução distinta de “tribulação”, seria para não repassar a falsa idéia de que o fato descrito em Mt 24:21 não pode ser confundido com o de Ap 7:9,13, pois são eventos totalmente diferentes e distintos. O primeiro[Mt 24:21], não envolvia martírio dos cristãos; o segundo[Ap 7:9,13] envolvia, São eventos totalmente diferentes.
(2)O evento de 70 d.C não envolveu o martírio de judeus crentes.
Esse é outro motivo, que mostra a distinção entre "a grande aflição" de Mt 24:21 e Lc 21:23 e a grande tribulação" de Ap 7:9-17. O primeiro evento[Mt 24:21; Lc 21:23], segundo o seu contexto[Mt 24:13,21] aponta para a preservação da vida de todos os judeus crentes, em 70 d.C, conforme opinião de vários comentaristas das Escrituras, como se segue.
"E assim foram preservados da calamidade geral; e também com uma salvação eterna, que é o caso de todos o que perseverarem até o fim, como todos os verdadeiros crentes em Cristo”(John Gill[1697-1771], Ministro Batista, Com. de Mt 24:13).
“A palavra ‘fim’, aqui, para alguns significa a destruição de Jerusalém, ou o fim da economia judaica, e o significado supostamente é ‘aquele que persevera em suportar essas perseguições até o fim das guerras deve estar fora de perigo’. Deus irá proteger o seu povo do mal, de modo que nem um só fio de cabelo da cabeça perecerá”(Albert Barnes[1798-1870], Ministro Presbiteriano, Com. de Mt 24:13).
“Mas o contexto nos leva a ver no ‘fim’ ao fim do período de que nosso Senhor fala, ou seja, a destruição de Jerusalém; e assim as palavras ‘será salvo’ pelo menos, inclui a libertação da morte daqueles que se envolveram nesse caso da destruição”(Charles John Ellicott[1819-1905], Ministro Anglicano, Com. de Mt 24:13).
“Os judeus cristãos que não desistiram de sua fé, vendo os sinais e fugiram para Pella em Perea, outro lado do Jordão, e salvaram suas vidas”(The Bible Study New Testament, Com. de Mt 24:13).
“Quando a cidade foi destruída, os cristãos foram salvos”(Johann Albrecht Bengel[1693-1752], Ministro Luterano, Com. de Mt 24:13)
“É uma promessa de perseverança, especialmente porque tal perseverança está unida com a firmeza de espírito. Ele que não será tentado à apostasia através das aflições do evangelho, deverá ter paciência e coragem para suportar todos os sofrimentos que se seguem a profissão do evangelho, será salvo; se na incerteza da preservação, e desta maneira será salvo com uma salvação temporal, ainda que ele deva ser eternamente salvo”(Matthew Poole[1624–1679], Ministro Congregacional Puritano, Com. de Mt 24:13)
“É muito notável, e foi certamente um ato mais do sinal da Providência, no qual nenhum dos cristãos pereceram na destruição de Jerusalém”(Joseph Benson[1749–1821], Ministro Metodista, Com. de Mt 24:13)
“Os cristãos foram salvos dos horrores que habitaram a destruição de Jerusalém”(Philip Schaff[1819-1893], Ministro da Igreja Presbiteriana, Com. de Mt 24:13)
"E, portanto, Cristo diz que, a menos que Deus ponha um fim a essas calamidades, os judeus perecerão completamente, de modo que nenhum indivíduo restará; mas que Deus se lembrará de sua graciosa aliança e poupará seus eleitos, de acordo com aquela outra predição de Isaías"(João Calvino[1509-1564], Com de Mt 24:22)
"Aqueles que, como crentes em Jesus, eram o 'remanescente' do Israel visível e, portanto, o verdadeiro Israel de Deus. Foi por amor aos cristãos da Judeia, não por amor aos judeus rebeldes, que a guerra não se prolongou, e que Tito, sob as influências externas de Josefo e Berenice, temperou suas conquistas com compaixão]Ant. xii. 3, § 2; Guerras, vi. 9, § 2]"(Charles J. Ellicott[1819-1905], Ministro Anglicano, Com de Mt 24:22)
"Aqueles que foram escolhidos em Cristo, antes da fundação do mundo, para crer nele e ser salvos por ele com uma salvação eterna; tanto aqueles que estavam na cidade, ou, pelo menos, que iriam surgir de alguns que estavam lá, como seus descendentes imediatos, ou em eras futuras, e, portanto, eles e sua posteridade não deveriam ser eliminados; e também aqueles escolhidos e verdadeiros crentes, que estavam em Pela, e nas montanhas, e em outros lugares, por causa destes, e para que pudessem ser libertos destas calamidades prementes"(John Gill[1697-1771], Ministro Batista, Com de Mt 24:22)
"Isto é, nenhum judeu vivo; os soldados romanos haviam sido tão frequentemente espancados por eles, que nada mais desejavam do que livrar o mundo deles. Mas Deus, por amor à sua aliança, preservou um remanescente deles, pois sempre amolece a espada da sua justiça no óleo da sua misericórdia, como Nicéforo afirma"(John Trapp[1601-1669], Ministro Anglicano, Com de Mt 24:22)
"É uma palavra para o remanescente de Israel e não para a igreja"(Ger de Koning, Ministro das Igrejas Reformadas, Com de Mt 24:22)
"Em tempos de calamidade comum, Deus manifesta Seu favor ao remanescente eleito; Suas joias, que Ele então criará; Seu tesouro peculiar, que Ele assegurará quando a madeira for abandonada ao destruidor"(Matthew Henry[1662-1714], Ministro Presbiteriano, Com de Mt 24:22)
"E se o Senhor, em compaixão por aqueles entre este povo que pertenciam à sua eleição da graça, não tivesse abreviado estes dias de calamidade, enviando os exércitos romanos para acalmar suas divisões internas, e então concedendo a esses exércitos uma vitória tão rápida, nenhum dos judeus teria sido deixado vivo, o que, de fato, qualquer um que apenas leia essas histórias julgará"(Matthew Poole[1624-1679], Ministro Congregacional, Com de Mt 24:22)
"É porque Deus está no controle que qualquer carne sobreviverá, e o propósito disso é que os eleitos sobrevivam. Portanto, por mais terríveis que sejam as situações que venham ao mundo, podemos ter certeza de que Deus 'abreviará os dias', caso contrário, não haverá eleitos para serem reunidos quando Ele vier[Mt 24:31]"(Peter Pett, Ministro Batista, Com de Mt 24:22)
"Aqueles que, como crentes em Jesus, eram o 'remanescente' do Israel visível e, portanto, o verdadeiro Israel de Deus. Foi por causa dos cristãos da Judeia, não por causa dos judeus rebeldes, que a guerra não foi prolongada"(The Preacher's Complete Homiletical Commentary, Com de Mt 24:22)
"Os versículos que se seguem descrevem grande miséria. Mas, em meio a essa visão terrível, peço ao leitor que não ignore aquele doce versículo de misericórdia para com os eleitos. A menos que aqueles dias, disse Jesus, sejam abreviados;[isto é, a destruição arrebatadora que ocorrerá naquela visitação] nenhuma carne será salva: mas por causa dos eleitos, disse o Redentor, aqueles dias serão abreviados. Leitor! Não negligencie a misericórdia; e muito menos negligencie o Senhor da misericórdia. Se os dias tivessem sido prolongados, como os selvagens romanos desejavam, até que toda a semente de Israel tivesse sido eliminada: de onde poderia ter havido uma raça preservada para a propagação da semente de Cristo, da qual os eleitos segundo a carne viriam?"(Robert Hawker[1753-1827], Ministro Anglicano, Com de Mt 24:22)
"Ele determinou que eles seriam poucos, para que um remanescente pudesse ser salvo, e entre eles os seus eleitos; ou de quem deveria descender, como ele havia escolhido, que deveria ser salvo com uma salvação eterna: embora o povo em geral tenha sido entregue à cegueira e à descrença, eles são preservados como um povo distinto no mundo; e nos últimos dias serão chamados e convertidos, e todo o Israel será salvo e, portanto, foi a vontade de Deus encurtar aqueles dias de aflição, para que eles não fossem totalmente eliminados, mas que um número pudesse ser deixado, como uma reserva para as eras futuras"(John Gill[1697-1771], Ministro Batista, Com. de Mc 13:20)
"Não fosse por esse 'encurtamento' misericordioso, provocado por uma notável concordância de causas, toda a nação teria perecido, restando ainda um remanescente para ser posteriormente reunido"(Robert Jamieson[1802-1880], Andrew Robert Fausset[1821-1910] e David Brown[1803-1897], Ministros Anglicanos, Com de Mc 13:20)
"São Lucas acrescenta: 'Mas nem um fio de cabelo de vossas cabeças se perderá', pois 'até os cabelos de vossas cabeças estão contados', diz São Mateus"(John Trapp[1601-1669], Ministro Anglicano, Com de Mc 13:13)
"Havia uma promessa de que um remanescente seria salvo[Is 10:22], e que Deus não os destruiria a todos por causa de seus servos[Is 65:8]; e essas promessas devem ser cumpridas. Os próprios eleitos de Deus clamam a ele dia e noite, e suas orações devem ser respondidas[Luc 18:7]"(Matthew Henry[1662-1714], Ministro Presbiteriano, Com de Mc 13:20)
"A ideia dos 'eleitos' é proeminente nesta passagem[Mc 13:20,22,27]. Não ocorre em nenhum outro lugar em Marcos. Mas aqui eles são aqueles que Ele escolheu e, portanto, refere-se claramente àqueles que foram 'dados a Ele" por Seu Pai'[Jo 6:37,39,44]. São aqueles que contemplam o Filho e creem nele[Jo 6:40]. São Sua nova nação[Mt 21:43], Sua nova 'congregação'[Mt 16:18], ramos vivos da verdadeira Videira[Jo 15:1-6]. Para a ideia de Deus 'encurtar os dias' de Seu julgamento, compare 2 Sm 24:16, onde Ele detém a mão do anjo vingador[Is 65:8], onde Ele declara que não destruirá a todos por causa de Seus servos"(Peter Pett, Ministro Batista, Com de Mc 13:20)
A idéia aqui da preservação dos judeus crentes cdurante o ano 70 d.C, é cumprimento da profecia de Dn 12:1
Mas, o que impressiona é ver os preteristas tentando torcer os textos de Mt 24:15-21; Lc 21:22-24 e Mc 13:14-20, dizendo que não estão se referindo a preservação da vida dos crentes judeus em 70 d.C, mas em todas as eras, o que é refutado não só pelas Escrituras(Dn 12:1; Mt 24:15-21], mas também pelos comentaristas das Escrituras
(e)Os eventos de Mt 24; Lc 21 e Mc 13 mostram coisas que já conteceram, acontecem e ainda acontecerão. Apocalípse é muito semelhante. Há várias janelas nele. Quando abrimos uma janela, vemos coisas que já aconteceram; quando abrimos outra, vemos coisas que estão acontecendo; e quando abrimos uma outra, vemos coisas que ainda acontecerão.
(3)Se o evento de 70 d.C não envolveu o martírio dos judeus crentes que presenciaram a 'grande aflição' durante a destruição do templo de Jerusalém, sob Tito, o envento é totalmente distinto da "grande tribulação" de Ap 7:9 (que trata de judeus e gentios crentes, que seriam martirizados durante esse período). então não houve 'a grande tribulação' em 70 d.C, pois Ap 7:9 trata de martírio de judeus e gentios crentes durante esse período:
"Depois destas coisas olhei, e eis aqui uma grande multidão, a qual ninguém podia contar, de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas, que estavam diante do trono, e perante o Cordeiro, trajando vestes brancas e com palmas nas suas mãos; E clamavam com grande voz, dizendo: Salvação ao nosso Deus, que está assentado no trono, e ao Cordeiro. E todos os anjos estavam ao redor do trono, e dos anciãos, e dos quatro animais; e prostraram-se diante do trono sobre seus rostos, e adoraram a Deus, Dizendo: Amém. Louvor, e glória, e sabedoria, e ação de graças, e honra, e poder, e força ao nosso Deus, para todo o sempre. Amém. E um dos anciãos me falou, dizendo: Estes que estão vestidos de vestes brancas, quem são, e de onde vieram? E eu disse-lhe: Senhor, tu sabes. E ele disse-me: Estes são os que vieram da grande tribulação, e lavaram as suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro.Por isso estão diante do trono de Deus, e o servem de dia e de noite no seu templo; e aquele que está assentado sobre o trono os cobrirá com a sua sombra.Nunca mais terão fome, nunca mais terão sede; nem sol nem calor algum cairá sobre eles. Porque o Cordeiro que está no meio do trono os apascentará, e lhes servirá de guia para as fontes vivas das águas; e Deus limpará de seus olhos toda a lágrima"(Ap 7:9-17)
Assim, temos aqui, várias provas abundantes da distinção entre o que ocorreu na 'grande aflição' de 70 d.C e da verdadeira "grande tribulação" de Ap 7:9-11:
(a)"Depois destas coisas olhei, e eis aqui uma grande multidão, a qual ninguém podia contar, de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas"(Ap 7:9)
A grande tribulação, que Jesus mostrou para João, contemplou não apenas judeus crentes, mas tanto judeus crentes, quanto gentios crentes. Esse ponto já mata a questão.
(b)"...que estavam diante do trono, e perante o Cordeiro, trajando vestes brancas..."(Ap 7:9)
(c)"Por isso estão diante do trono de Deus, e o servem de dia e de noite no seu templo; e aquele que está assentado sobre o trono os cobrirá com a sua sombra"(Ap 7:15)
(d)"Nunca mais terão fome, nunca mais terão sede; nem sol nem calor algum cairá sobre eles"(Ap 7:16)
(e)"...e Deus limpará de seus olhos toda a lágrima"(Ap 7:17)
Todas estas descrições aludem a um número incontável de pessoas que já estavam mortas, como participantes da grande tribulação, o que difere do evento de 70 d.C, onde todos os crentes judeus não morreriam, mas seriam preservados da morte(Mt 24:15-22; Lc 21:18-24 e Mc 13:14-20). A própria descrição de Ap 7:13-14, mostram que todas essas pesoas mortas já vieram mortas da "grande tribulação":
"E um dos anciãos me falou, dizendo: Estes que estão vestidos de vestes brancas, quem são, e de onde vieram? E eu disse-lhe: Senhor, tu sabes. E ele disse-me: Estes são os que vieram da grande tribulação, e lavaram as suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro"(Ap 7:13-14)
O texto não diz que "vieram de fora da grande tribulação" ou que "vieram depois da grande tribulação", mas exatamente isso... "vieram da grande tribulação"
- Veja... A grande multidão da 'grande tribulação' não é vista por João como estando na Judéia, em 70 d.C, tentando escapar das perseguições de Tito aos judeus incrédulos. Ela é vista por ele, como estando no céu, "diante do trono, e perante o Cordeiro". Ap 19:1 diz que esta 'grande multidão' está no céu.
- A grande multidão da 'grande tribulação', segundo a revelação de Jesus a João, composta de judeus e gentios crentes, foi toda martirizada. Quando João menciona mortos trajando “vestes brancas”, trata de martirizados(Ap 6:9-11). A Igreja Primitiva[Pós-apostólica], assim o entendeu, como no caso de André de Cesareia(+ 637 d.C), que, em seu "Comentário do Apocalípse" em alusão a Ap 7:9, disse:
"Esses são aqueles de quem Davi diz: 'Se eu os contasse, seriam mais numerosos do que a areia', tanto aqueles que anteriormente lutaram como mártires por Cristo quanto aqueles que lutaram recentemente com a maior bravura de todas as tribos e línguas que, derramando seu próprio sangue por Cristo"(Capítulo XX)
Tertuliano(160-230), já bem antes de André de Cesaréia, já emitia o mesmo parecer que ele, dizendo:
"Pois mais uma vez uma multidão incontável é revelada, vestida de branco e distinguida por palmas de vitória, celebrando seu triunfo, sem dúvida, sobre o Anticristo, já que um dos anciãos diz: Estes são os que vêm da grande tribulação, e lavaram as suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro[A 7:1. Porque a carne é a vestimenta da alma. A impureza, de fato, é lavada pelo batismo, mas as manchas são transformadas em uma brancura deslumbrante pelo martírio"(Escorpião, 12)
Seguindo estes pais da igreja, vários outros comentaristas das Escrituras, repeteriam o seu testemunho, como se segue:
(i)John F. Walvoord[1910-2002], teólogo batista, em seu livro "A Revelação de Jesus Cristo, Um Comentário"(1966), diz, aludindo a Ap 7:9 =
"Sua crucificação é mencionada em 1:7, e alusões constantes seguem-se à medida que Cristo é apresentado como o Cordeiro imolado, como Aquele que redimiu a humanidade com Seu sangue de toda tribo, língua e nação em 5:9, e Aquele cujo sangue pode branquear os vestidos dos mártires em 7:14"(p.32)
(ii)George B. Caird[1917-1984], teólogo congregacional inglês, em seu livro "Um Comentário Sobre a Revelação de São João, o Teólogo"(1966), diz:
"A cena do julgamento termina com outra recapitulação muito importante. João ouve o rugido de uma vasta multidão. Deve ser a mesma vasta multidão que ele viu antes, com vestes com palmas nas mãos[7:9], pois seu cântico de triunfo é quase o mesmo. Então eles cantaram: 'Vitória ao nosso Deus que está assentado no trono e ao Cordeiro!' Agora eles cantam: 'Vitória, glória e poder pertencem ao nosso Deus'. Não há necessidade de João repetir integralmente o que disse no capítulo anterior, mas está implícito. A vitória de Deus é a vitória conquistada pelos mártires, e a vitória deles é a vitória da Cruz"(p.232)
(iii)Thomas S. kepler[1897-1963],teólogo luterano, em seu livro "O Livro do Apocalipse: Um Comentário Para Leigos"(1957), diz:
"Ap 7:9. 'Uma grande multidão que ninguém podia contar' — ou seja, os 144.000; uma referência ao número de cristãos dispostos a sofrer o martírio. 'Diante do trono e diante do Cordeiro' — a cena retratada nos capítulos 4 e 5 continua aqui. 'Com vestes brancas — como em Apocalipse 3:5; 6:11, simbolizando a pureza e a fidelidade absoluta dos mártires ao Cordeiro. 'Ramos de palmeiras em suas mãos' — [ver João 12:13; I Mac 13:51; II Mac 10:7] as palmas simbolizam a vitória; aqui, João vê os mártires cristãos como aqueles que compartilharão a vitória no dia da ressurreição — portanto, as palmas simbolizam a recompensa para os mártires vitoriosos!"(p.97)
(iv)O Dr. Robert H. Charles[1855-1931], teólogo anglicano, em seu livro "Um Comentário Crítico e Exegético sobre o Apocalipse de São João"(1920), diz, aludindo a Ap 7:9:
"Esses bem-aventurados são mártires que vêm da grande tribulação: mártires — não os fiéis comuns — pois a tribulação ainda está em andamento e, no entanto, eles já receberam 'suas vestes brancas' (ver o próximo versículo e o versículo 6, 11), seus corpos espirituais — uma graça concedida apenas aos mártires"(p.213)
"Visão da bem-aventurança futura daqueles que foram selados e sofreram o martírio"(p.405)
(v)John V. McGee[1904-1988], ministro presbiteriano, em seu livro "A Profecia, Apocalípse, Capítulos 6-13"(1995), aludindo a Ap 7:9-17, diz:
"Esta companhia já passou por isso; eles passaram pela Grande Tribulação. Na maioria deles, eu acredito, estavam mártires e entregaram suas vidas por Cristo"(p.77)
(vi)Moses B. Stuart[1780-1852], ministro congregacional, em seu livro "Um Comentário Sobre o Apocalípse"(1851), diz. aludindo a Ap 7:9-17:
"O céu se enche de alegria com isso, e louvores e ações de graças irrompem de todos os lados do trono de Deus. Entre eles, destacam-se os mártires, vestidos com suas vestes resplandecentes. João indaga com profundo interesse a respeito disso e recebe garantias de que todo tipo de bênção e felicidade os aguarda[Ap 7]"(p.182)
(vii)O Rev. Samuel Fuller, ministro anglicano, em seu livro "A Revelação de São João, o Divino, autointerpretada. Um comentário para leitores de inglês"(1885), aludindo a Ap 7:9-17, diz:
"Vestidos com vestes brancas: reaparecimento dos santos mártires[Ap 6:1; 7:13-14]"(p.129).
(viii)Richard J. Bauckham, teólogo anglicano, em sua obra "O Climax da Profecia: Estudos sobre o Livro do Apocalipse"(2005), aludindo a Ap 7:9-17, diz:
"Especialmente dignas de nota são a maneira como a imagem do altar (que naturalmente tomamos como o altar do sacrifício, mas para o qual João usa a palavra que em outros lugares usa para o altar do incenso) serve para ligar esta cena com as passagens em que as orações dos mártires por vingança são vistas como cumpridas[8:3-5; 9:13; 14:18; 16:7], e a imagem da túnica branca liga esta cena com aquela em que o número completo de mártires são vistos triunfantes no céu[Ap 7:9-17]. João, portanto, integrou a tradição em sua própria interpretação dos temas de martírio e julgamento ao longo de seu livro"(p.55)
De fato, vários comentaristas reformados [dentre eles, alguns puritanos] das Escrituras entenderam que a grande tribulação incluía a Igreja de Cristo em todas as eras:
“O climax incluindo toda a tribulação pela qual os santos de todas as eras passaram”(Robert Jamieson[1802-1880], Andrew Robert Fausset[1821-1910] e David Brown[1803-1897], Ministros Anglicanos, Com de Ap 7:14)
“Não há dúvida sobre a ênfase que o artigo definido (infelizmente, ignorado em nossa versão em inglês) dá: é a grande tribulação; mas embora ainda possa haver provações reservadas para a Igreja de Cristo tão grandes que possam ser chamadas, em comparação com as que vieram antes, de grande tribulação, ainda parece estar em desacordo com o espírito do Apocalipse e a complexidade desta visão limitar a frase a alguma época especial de provação. Não é a grande tribulação a tribulação que devem enfrentar aqueles que estão do lado de Cristo e da justiça, e se recusam a receber a marca da mundanidade e do pecado em seu coração, consciência e vida? em todas as eras, é verdade que devemos, por meio de muitas tribulações, entrar no reino de Deus; e a visão aqui certamente não é daqueles que sairão seguros de algumas provações específicas, mas da grande multidão de todas as eras e de todas as raças que travaram guerra contra o pecado e que, em meio a esse conflito prolongado, suportam a grande tribulação que continuará até o retorno de Cristo”(Charles J. Ellicott[1819-1905], Ministro Anglicano, Com de Ap 7:14)
“Visto que esta companhia designa todos os eleitos de Deus, que já existiram, existem ou existirão no mundo; ‘a grande tribulação’, da qual eles saíram, não deve ser restringida a nenhum momento específico de angústia, mas inclui tudo o que existiu, existe ou existirá; como todas as aflições dos santos sob o Antigo Testamento; do justo Abel a Zacarias; e todos os problemas do povo de Deus nos tempos dos Macabeus[Hb 11:35]; todas as perseguições dos cristãos pelos judeus; e as perseguições sob os imperadores romanos, tanto pagãos quanto arianos; e as crueldades e barbaridades do Anticristo Romano, durante todo o tempo da apostasia; e particularmente a última luta da besta, que será a hora da tentação, que virá sobre todo o mundo; e, em, geral, todas as aflições, reprovações, perseguições e muitas tribulações de todos os santos e de todos os membros de Cristo neste mundo, que no novo estado da igreja de Jerusalém, sairão delas; o que supõe que eles estiveram nelas, e ainda assim não foram subjugados por elas, e perdidos nelas; mas, pelo apoio e assistência divinos, passaram por elas, e agora estavam completamente livres delas, e nunca mais seriam incomodados com elas(Ap 21:4]”(John Gill[1697-1771], Ministro Batista, Com de Ap 7:14)
“O bispo de Londres, depois de ter degradado Richard Bayfield, mártir, ajoelhado no degrau mais alto do altar, golpeou-o com tanta força no peito com seu cajado, que o jogou pra trás e quebrou sua cabeça, fazendo-o desmaiar; e quando voltou a si, agradeceu a Deus por ter sido liberto da maligna Igreja do Anticristo e por ter entrado na verdadeira Igreja Militante de Cristo, e espero que esteja logo com ele na Igreja triunfante”(John Trapp[1601-1669], Ministro Anglicano, Com de Ap 7:14)
“O relato dado ao apóstolo a respeito daquele nobre exército de mártires que estavam diante do trono de Deus com vestes brancas, com palmas da vitória em suas mãos: e aqui se observa: 1. O estado baixo e desolado em que se encontravam anteriormente; eles passaram pela grande tribulação, foram perseguidos pelos homens, tentados por Satanás, às vezes perturbados em seus próprios espíritos; sofreram a perda de seus bens, a prisão de suas pessoas, sim, a perda da própria vida. O caminho para o céu passa por muitas tribulações; mas a tribulação, por maior que seja, não nos separará do amor de Deus. A tribulação, quando bem superada, tornará o céu mais acolhedor e mais glorioso”(Matthew Henry[1662-1714], Ministro Presbiteriano, Com de Ap 7:14)
“Esta ‘grande tribulação’, portanto, tem um escopo mais amplo do que a tribulação já experimentada pelas igrejas. Mais adiante no livro, veremos de fato a grande tribulação que o mundo deve enfrentar, e enfrentará constantemente ao longo dos séculos. Os cristãos também devem experimentar alguns de seus efeitos. Mas sabemos por este capítulo que eles estão sob a proteção de Deus”(Peter Pett, Ministro Batista, Com de Ap 7:14)
A Bíblia de Estudo de Genebra da IPB, elaborada por 56 teólogos reformados, diz sobre Ap 7:14, definindo a ‘Grande Tribulação’ como um corpo de todas as tribulações ocorridas em todas as eras da Igreja:
“Porém, tribulações para os cristãos tem ocorrido e continuarão a ocorrer ao longo de tod a era da Igreja”(p.1729)
(4)A opinião da Igreja Primitiva[Pais da Igreja], com relação ao evento de Mt 24:13,15-21, dizia respeito a algo restrito aos judeus crentes, ao invés de toda a Igreja Cristã, composta de judeus e gentios crentes, como Crisóstomo(347-407), que diz que naquela ocasião Jesus estava falando que os judeus incrédulos é que pereceriam sob a espada de Tito:
“Você vê que o seu discurso é dirigido aos judeus e que ele está falando dos males que os atingiriam, Pois, os apóstolos certamente não deveriam guardar o dia de sábado, nem estar presentes quando Vespasiano fizesse essas coisas. Pois, de fato, a maior parte deles já havia partido desta vida. E se alguém restava, ele estava morando em outras partes do mundo....Mas a quem Ele se refere aqui com os eleitos? Os crentes que estavam encerrados no meio deles. Para que os judeus não dissessem que por causa do evangelho e da adoração a Cristo esses males ocorreram, Ele mostra que, longe de os crentes serem a causa, se não fosse por eles, todos teriam perecido completamente”(Homília 76 sobre Mateus)
(5)E quando a Igreja Primitiva fez referência a Mt 24:4-31, como algo ligado a uma espécie de tribulação, dizia respeito não só a algo cujo cumprimento não se restringiu a 70 d.C, mas a várias eras, bem como também a algo que envolveria martírio de cristãos, como Cipriano(200-258), que disse:
“E estas não são coisas novas ou repentinas que estão acontecendo agora aos cristãos; visto que os bons e justos, e aqueles que são devotados a Deus na lei da inocência e no temor da verdadeira religião, avançam sempre através de aflições e injustiças, e das severas e múltiplas penalidades das dificuldades, nas dificuldades de um caminho estreito. Assim, no iníico do mundo. Assim, no início do mundo, o justo Abel foi o primeiro a ser enganado por seu irmão; e Jacó levado ao exílio, e José foi vendido, e o rei Saul perseguiu o misericordioso Davi; e o rei Acabe tentou oprimir Elias, que firme e bravamente afirmou a majestade de Deus. O sacerdote Zacarias foi morto entre o templo e o altar, para que ele próprio pudesse se tornar um sacrifício onde costumava oferecer sacrifícios a Deus. Tantos martírios dos justos foram, de fato, frequentemente celebrados; tantos exemplos de fé e virtude foram apresentados às gerações futuras. Os três jovens, Ananias, Azarias e Misäel, iguais em idade, concordando no amor, firmes na fé, constantes na virtude , mais fortes do que as chamas e penalidades que os incitavam, proclamam que obedecem somente a Deus, que o conhecem somente, que o adoram somente, dizendo: ‘Ó rei Nabucodonosor, não há necessidade de que te respondamos neste assunto. Pois o Deus a quem servimos é capaz de nos livrar da fornalha de fogo ardente; e ele nos livrará das tuas mãos, ó rei. E se não, saibam que não servimos a seus deuses e não adoramos a estátua de ouro que vocês levantaram’[Dn 3:16-18]”(Tratado XI, 11)
(6)Todos os eventos vaticinados por Cristo em Mt 24:1-31 já se cumpriram em 70 d.C ou no 1º século da era cristã?
A resposta sincera é "não". E temos algumas evidências disso. O v.14 diz:
"E este evangelho do reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as nações, e então virá o fim"(ACF)
O sentido aqui, das palavras de nosso Senhor seria que o evangelho seria pregado a qualquer pessoa, sem distinção de etnia, fosse seu ouvinte um judeu ou um gentio. Mas, o evangelho havia sido pregado a todos os continentes da Terra? Não. Partes da Europa, África e Ásia foram atingidas, mas nenhum habitante da América do Sul, América do Norte, Antártida e Oceania foi atingido. Portanto, esse palavra vaticinada ainda iria se cumprir após a era apóstólica. Lembrando que a primeira pregação do Evangelho na América do Sul, ocorreu em 1557, pelos missionários franceses enviados por Calvino ao Brasil. Os protestantes só chegaram a Antárdia em 1820. E a primeira vez que o Evangelho chegou a América do Norte, foi no século XVII, com Roger Williams e outros calvinistas que ali estabeleceram a primeira Igreja Batista da América do Norte. Portanto, houve um cumprimento parcial, não total ou completo, desse sinal profético de Jesus, antes de 70 d.C.
Outro caso que mostra que todas as profecias de Ap 1-19 não se cumpriram em 70 d.C nem em todo o 1º século da era cristã, é a questão do Anticristo. Em 2 Ts 2:1-12, lemos:
"Ora, irmãos, rogamo-vos, pela vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, e pela nossa reunião com ele, Que não vos movais facilmente do vosso entendimento, nem vos perturbeis, quer por espírito, quer por palavra, quer por epístola, como de nós, como se o dia de Cristo estivesse já perto. Ninguém de maneira alguma vos engane; porque não será assim sem que antes venha a apostasia, e se manifeste o homem do pecado, o filho da perdição, O qual se opõe, e se levanta contra tudo o que se chama Deus, ou se adora; de sorte que se assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus. Não vos lembrais de que estas coisas vos dizia quando ainda estava convosco? E agora vós sabeis o que o detém, para que a seu próprio tempo seja manifestado.Porque já o mistério da injustiça opera; somente há um que agora o retém até que do meio seja tirado; E então será revelado o iníquo, a quem o Senhor desfará pelo Espírito da sua boca, e aniquilará pelo esplendor da sua vinda; A esse cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás, com todo o poder, e sinais e prodígios de mentira, E com todo o engano da injustiça para os que perecem, porque não receberam o amor da verdade para se salvarem. E por isso Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam a mentira; Para que sejam julgados todos os que não creram a verdade, antes tiveram prazer na iniquidade"(ACF)
Olhando para esse texto, temos elementos contrários ao pensamento preterista:
(a)Cristo não viria visível e fisicamente para se reunir com sua Igreja, sem que antes surgisse o Anticristo:
"Ora, irmãos, rogamo-vos, pela vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, e pela nossa reunião com ele, Que não vos movais facilmente do vosso entendimento, nem vos perturbeis, quer por espírito, quer por palavra, quer por epístola, como de nós, como se o dia de Cristo estivesse já perto. Ninguém de maneira alguma vos engane; porque não será assim sem que antes venha a apostasia, e se manifeste o homem do pecado, o filho da perdição"(2 Ts 2:1-3)
Paulo escreveu essa epístola entre 50-52 d.C. Note bem a expressão de Paulo: "como de nós, como se o dia de Cristo estivesse já perto"(2 Ts 2:2). Paulo, aludindo a "vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, e pela nossa reunião com ele"(2 Ts 2:1), não está afirmando que ele estivesse em alguma de suas cartas mencionando o aparecimento do Anticristo em seus dias. Pelo contrário, ele condiciona a segunda vinda vísivel e física de Cristo, como sendo precedida pelo aparecimento da apostasia e do Anticristo: "Ninguém de maneira alguma vos engane; porque não será assim sem que antes venha a apostasia, e se manifeste o homem do pecado, o filho da perdição"(2 Ts 2:3). Será que o Anticristo seria o Império Romano, como entendem e defendem os preteristas? Segundo Paulo, não, porque ele afirma que o Anticristo não só espalharia a apostasia, mas que sua "vinda é segundo a eficácia de Satanás, com todo o poder"(2 Ts 2:9). Paulo, em alguma de suas cartas ensinou que o Império Romano surgiria segundo a eficácia de Satanás e manifestando todo o poder dele? Não. Mas tem mais. Paulo diz que o Anticristo viria, como portador de "sinais e prodígios de mentira"(2 Ts 2:9). O substantivo grego neutro "σημεῖον"(sēmeion), aqui traduzido por "sinais", segundo o "Thayer's Greek English Lexicon of the New Testament", tem o sentido de "prodígio, presságio, ou seja, uma ocorrência incomum, transcendendo o curso comum da natureza...o poder do tempo, pelo qual os homens são enganados, é atribuído também a falsos mestres, falsos profetas e demônios"(pp.573,574). O substantivo grego neutro "τέρας"(teras), aqui traduzido por "prodígios", segundo o "Thayer's Greek English Lexicon of the New Testament", tem o sentido de "milagre"(p.620). Temos evidências de narrativas por parte de Lucas, Paulo e outros apóstolos, de que o Império Romano estava operando coisas de ordem sobrenatural, prodígios e milagres? Não, não temos.
(b)Há algo que que o retém, até que seja retirado do meio, para que o Anticristo se manifeste:
"Porque já o mistério da injustiça opera; somente há um que agora o retém até que do meio seja tirado"(2 Ts 2:7)
Veja. O verbo grego "κατέχω"(katechō), aqui traduzido por "retém", segundo o "Thayer's Greek English Lexicon of the New Testament", tem o sentido de "deter"(p.339). Quem é que deteria temporariamente a manifestação do Anticristo, ou seria um empecílio para a sua manifestação? Calvino nos dá a entender que é a Igreja. Gill, Ellicott, a Bíblia de Estudo de Genebra de 1591, Matthew Henry, Matthew Poole e Peter Pett dizem que é 'o Império Romano'. Ger de Koning diz que é o Espírito Santo. Ao meu ver, a posição que se encaixaria melhor nessa interpretação seria a Igreja, pois o Falso Profeta, o precursor do Antcristo é mencionado como fazendo guerra aos santos e os "vencendo"(Ap 13:7), o que infere vencer no sentido físico, retirando a Igreja de circulação, seja aprisionando os santos, ou os matando, e, assim, impedindo que eles, através da livre pregação do evangelho, fossem um empecílio para a manifestação do Anticristo. Mas o que é fato é que dentre esses comentaristas, há uma aversão a interpretação preterista[que diz que o Anticristo já apareceu no século I e era o Império Romano), pois muitos deles entendem que a manifestação do Anticristo não ocorreu no 1º século da era cristã:
"Ele havia predito a destruição do reinado do Anticristo; agora aponta a maneira de sua destruição — que ele será reduzido a nada pela palavra do Senhor. É incerto, no entanto, se ele fala da última aparição de Cristo, quando ele será manifestado do céu como o Juiz. As palavras, de fato, parecem ter esse significado, mas Paulo não quer dizer que Cristo realizaria isso em um momento. Portanto, devemos entender neste sentido — que o Anticristo seria total e em todos os aspectos destruído, quando chegasse o dia final da restauração de todas as coisas"(João Calvino[1509-1564], Com de 2 Ts 2:8)
"'Está assentado no templo de Deus' — isto é, na igreja cristã. Não é necessário entender isso em relação ao templo de Jerusalém"(Albert Barnes[1798-1870], Ministro Presbiteriano, Com de 2 Ts 2:4)
"Parece que esse Anticristo aparecerá, como um anjo de luz, uma pessoa pacífica, negociará um pacto de paz de sete anos entre judeus e gentios, permitirá que o antigo templo seja reconstruído e que o programa de adoração seja instituído e continuado por cerca de 42 meses"(Albert Garner e J. C Howes, Ministros Batistas, Com de 2 Ts 2:4)
"Ele é contido pelo Espírito Santo, e quando chegar o dia determinado por Deus, esse espírito do anticristo dominará totalmente, e o Senhor Jesus acabará com ele e com o seu reino religioso quando voltar!"(Henry Mahan[1947-1998], Ministro Batista, Com de 2 Ts 2:5-8)
"Assim também por isso o anticristo será consumido e está consumido; pois esta frase denota o início de sua destruição, que ocorreu na época da reforma pela pregação do Evangelho por Lutero e outros; pela qual este homem do pecado recebeu sua ferida mortal, e tem estado em consumo desde então, e está sensivelmente desperdiçando seu poder e glória a cada dia, e em breve chegará à destruição total"(John Gill[1697-1771], Ministro Batista, Com de 2 Ts 2:8)
"Aqui, novamente, é o mero fato de o verdadeiro Cristo se manifestar que reduzirá a nada [tal é o significado da palavra grega para 'destruir'] o falso Cristo. Quando eles estiverem face a face, não haverá mais possibilidade de ilusão"(Charles J. Ellicott[1819-1905], Ministro Anglicano, Com de 2 Ts 2:8)
"Sua aparição, portanto, quando Ele vier visível à terra, significa o fim do Iníquo"(Ger de Koning, Ministro das Igrejas Reformadas, Com de 2 Ts 2:5-8)
"A destruição do Anticristo será pelo brilho da vinda de Cristo; na vinda de Cristo para o julgamento, a ruína final e a destruição total do Anticristo serão consumadas; que a igreja não desanime, embora o Anticristo permaneça, depois de todos os esforços usados para sua ruína, é suficiente termos certeza de que o Anticristianismo será finalmente destruído; quanto ao tempo, deixemos isso para Deus; se não for até o dia do julgamento, ou a conquista final de Cristo sobre todos os seus adversários, por que não deveríamos nos contentar em esperar por isso; visto que a sabedoria infinita determina o tempo, bem como a coisa em si"(William Burkitt [1650-1703], Ministro Anglicano, Com de 2 Ts 2:8)
(c)As descrições paulinas sobre o Anticristo não fornecem nenhuma base para interpretação preterista:
"Ninguém de maneira alguma vos engane; porque não será assim sem que antes venha a apostasia, e se manifeste o homem do pecado, o filho da perdição, O qual se opõe, e se levanta contra tudo o que se chama Deus, ou se adora; de sorte que se assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus"(2 Ts 2:3-4)
Paulo diz que o Anticristo se "assentará no templo de Deus". O verbo grego aqui usado é "καθίζω"(kathizō), traduzido por Almeida por "assentará", de acordo com o "Dicionário Teológico do Novo Testamento"(Volume 1) de G. Kittel e G. Friedrich, tem o sentido de "colocar", ligada a uma ideia de que "o Anticristo também pode sentar-se num trono[2 Ts 2:4]"(p.427). A ideia aqui seria que o Anticristo estaria instituído como se fosse um ocupante de um cargo político no meio da Igreja Visível, pois o texto diz que ele se assentará no "templo de Deus", e "templo de Deus", como expressão usada por Paulo, é uma alusão a Igreja:
"Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?"(1 Co 3:16)
"...porque o templo de Deus, que sois vós, é santo"(1 Co 3:17)
"Porque vós sois o templo do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei, e entre eles andarei; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo"(2 Co 6:16)
Esse é o entendimento de vários comentaristas das Escrituras[dentre eles, vários reformados], como se segue:
"Por este único termo há uma refutação suficiente do erro, ou melhor, da estupidez daqueles que consideram o Papa como Vigário de Cristo, com base no fato de que ele tem seu assento na Igreja, seja qual for a maneira como se comporte; pois Paulo não coloca o Anticristo em nenhum outro lugar senão no próprio santuário de Deus. Pois este não é um inimigo estrangeiro, mas doméstico, que se opõe a Cristo sob o próprio nome de Cristo. Mas pergunta-se: como a Igreja é representada como o antro de tantas superstições, enquanto estava destinada a ser a coluna da verdade?[1 Tm 3:15]. Respondo que ela é assim representada, não com base em reter todas as qualidades da Igreja, mas porque ainda tem algo dela. Consequentemente, reconheço que esse é o templo de Deus no qual o Papa governa, mas ao mesmo tempo profanado por inúmeros sacrilégios"(João Calvino[1508-1564], Com de 2 Ts 2:4)
"Está assentado no templo de Deus — isto é, na igreja cristã. Não é necessário entender isso em relação ao templo de Jerusalém, que existia na época em que esta Epístola foi escrita""(Albert Barnes[1798-1870], Ministro Presbiteriano, Com de 2 Ts 2:4)
"'De modo que ele, como Deus, se assenta no templo de Deus'; não no templo de Jerusalém, que seria destruído e nunca mais seria reconstruído, e foi destruído antes que esse homem do pecado fosse revelado; mas na igreja de Deus, assim chamada[1 Co 3:16]"(John Gill[1697-1771], Ministro Batista, Com de 2 Ts 2:4)
"Ele prediz que o anticristo (isto é, quem quer que ocupe aquele assento que se afasta de Deus) não reinará fora da Igreja, mas no próprio seio da Igreja"(Bíblia de Estudo de Genebra[1591], Com de 2 Ts 2:4)
"Como Deus, ele se assenta no templo de Deus, mostrando-se Deus. Assim como Deus estava no templo da antiguidade e ali era adorado, e está em e com sua igreja agora, assim o anticristo aqui mencionado é algum usurpador da autoridade de Deus na igreja cristã, que reivindica honras divinas"(Matthew Henry[1662-1714], Ministro Presbiteriano, Com de 2 Ts 2:4)
"Assenta-se no templo, a igreja de Deus"(Matthew Poole[1624-1679], Ministro Congregacional, Com de 2 Ts 2:4)
"A venda de indulgências, perdões, concessões e coisas semelhantes estão intimamente ligadas ao homem do pecado; e, onde praticadas, representam de forma muito marcante aquele a quem Paulo descreve como sentado no templo de Deus, mostrando-se Deus. E é opor-se a Cristo em todos os seus ofícios, como Profeta, Sacerdote e Rei de sua Igreja; ao ensinar o culto aos santos; ao estabelecer méritos e unir intercessores a Cristo; e ao assumir o título de supremacia, como cabeça da Igreja"(Robert Hawker[1753-1827], Ministro Anglicano, Com de 2 Ts 2:4)
(d)O Anticristo terá um precursor - o Falso Profeta:
"E eu pus-me sobre a areia do mar, e vi subir do mar uma besta que tinha sete cabeças e dez chifres, e sobre os seus chifres dez diademas, e sobre as suas cabeças um nome de blasfêmia. E a besta que vi era semelhante ao leopardo, e os seus pés como os de urso, e a sua boca como a boca de leão; e o dragão deu-lhe o seu poder, e o seu trono, e grande poderio. E vi uma das suas cabeças como ferida de morte, e a sua chaga mortal foi curada; e toda a terra se maravilhou após a besta. E adoraram o dragão que deu à besta o seu poder; e adoraram a besta, dizendo: Quem é semelhante à besta? Quem poderá batalhar contra ela? E foi-lhe dada uma boca, para proferir grandes coisas e blasfêmias; e deu-se-lhe poder para agir por quarenta e dois meses. E abriu a sua boca em blasfêmias contra Deus, para blasfemar do seu nome, e do seu tabernáculo, e dos que habitam no céu. E foi-lhe permitido fazer guerra aos santos, e vencê-los; e deu-se-lhe poder sobre toda a tribo, e língua, e nação. E adoraram-na todos os que habitam sobre a terra, esses cujos nomes não estão escritos no livro da vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo. Se alguém tem ouvidos, ouça. Se alguém leva em cativeiro, em cativeiro irá; se alguém matar à espada, necessário é que à espada seja morto. Aqui está a paciência e a fé dos santos. E vi subir da terra outra besta, e tinha dois chifres semelhantes aos de um cordeiro; e falava como o dragão. E exerce todo o poder da primeira besta na sua presença, e faz que a terra e os que nela habitam adorem a primeira besta, cuja chaga mortal fora curada"(Ap 13:1-12)
Se o Império Romano fosse o Anticristo, ao invés de uma pessoa real, como sugerem alguns preteristas, quem então seria o Falso Profeta? Será que vão dizer também que se trata de um outro sistema religioso ou político, ao invés de uma pessoa real?
(e)O Anticristo será derrotado por Cristo durante sua segunda vinda:
"E então será revelado o iníquo, a quem o Senhor desfará pelo Espírito da sua boca, e aniquilará pelo esplendor da sua vinda"(2 Ts 2:8)
A definição desse texto parece ser um cheque-mate na questão. Em primeiro lugar, Paulo diz que o Anticristo é "o íniquo" será derrotado por Cristo "pelo esplendor da sua vinda", isto é, na sua vinda. A primeira coisa a se observar aqui é o adjetivo grego "ἄνομος"(anomos), aqui traduzido por "íniquo", que de acordo com o Léxico Grego do Novo Testamento de Edward Robinson, significa literalmente "ímpio"(p.76).O Léxico do Novo Testamento Grego Português de F. W. Gingrich e F. W. Danker reza o adjetivo grego "ἄνομος"(anomos) por "impio, o Anticristo"(p.25). Walter Bauer[1877-1960], em sua obra "A Greek-English Lexicon of the New Testament, and Other Early Christian Literature", reza o adjetivo grego "ἄνομος"(anomos)por "o íniquo do Anticristo"(p.70) A referência aqui é a um homem em particular, o Anticristo. Note. Ele é chamado de "o homem do pecado"(2 Ts 2:4). João, falando nele, diz: "Aqui há sabedoria. Aquele que tem entendimento, calcule o número da besta; porque é o número de um homem, e o seu número é seiscentos e sessenta e seis"(Ap 13:18), acrescentando mais tarde, que ele[o Anticristo] seria lançado vivo no Lago de Fogo, onde seria atormentado para todo o sempre(Ap 19:19,20; 20:10). Ninguém pode atormentar um sistema de pensamento político ou religioso. Só se pode atormentar uma pessoa. A segunda coisa a se observar é que o substantivo grego neutro "παρουσία"(parousia), aqui traduzido por "vinda", de acordo com o Léxico Grego do Novo Testamento de Edward Robinson, se refere aqui em 2 Ts 2:8 como "julgamento para receber os santos à recompensa deles[[1 Co 15:23; 1 Ts 2:19; 2 Ts 2:8; 2 Pd 3:4; 1 Jo 2:28]"(p.702). Já o Léxico do Novo Testamento Grego Português de de F. W. Gingrich e F. W. Danker, se refere a "Cristo e seu Advento Messiânico no fim desta era"(p.160). A referência exegética para a derrota do Anticristo se refere literalmente, não a um evento em 70 d.C, mas a segunda vinda visível de Cristo, "no fim desta era", não após a metade ou no fim daquela era do 1º século da era cristã.
Em segundo lugar, Paulo diz que em sua segunda vinda, Jesus aniquilará" o Anticristo. O verbo grego "καταργέω"(katargeō), aqui traduzido por "desfará", de acordo com a Nova Chave Linguística do Novo Testamento Grego de W. Haubeck e H. V. Siebenthal, tem o sentido de "anular o efeito"(p.1155). A Chave Linguística do Novo Testamento Grego de Fritz Rienecker e Cleon Rogers, reza "καταργέω"(katargeō)por "tornar inoperante, anular, abolir, colocar fora de funcionamento"(p.451). O Léxico do Novo Testamento Grego Português de F. W. Gingrich e F. W. Danker reza "καταργέω"(katargeō)por "tornar ineficaz, sem poder, abolir, colocar de lado, levar ao fim"(p.112).
A Igreja Primitiva[Pós-Apostólica - os Pais da Igreja], entendia a manifestação do Anticristo, não como algo que já tinha ocorrido em 70 d.C, mas como algo que ainda seria futuro, como se segue:
(i)Irineu(130-200), diz:
"E não somente pelos detalhes já mencionados, mas também por meio dos eventos que ocorrerão no tempo do Anticristo é mostrado que ele, sendo um apóstata e um ladrão, está ansioso para ser adorado como Deus ; e que, embora um mero escravo, ele deseja ser proclamado como um rei. Pois ele[o Anticristo], sendo dotado de todo o poder do diabo, virá, não como um rei justo, nem como um rei legítimo, [isto é, alguém] em sujeição a Deus, mas um ímpio, injusto e sem lei; como um apóstata, iníquo e assassino; como um ladrão, concentrando em si mesmo [toda] a apostasia satânica, e deixando de lado os ídolos para persuadir [os homens] de que ele mesmo é Deus, levantando-se como o único ídolo, tendo em si mesmo os múltiplos erros dos outros ídolos. Ele faz isso para que aqueles que agora adoram o diabo por meio de muitas abominações possam servir a si mesmos por meio deste único ídolo, de quem o apóstolo fala na segunda Epístola aos Tessalonicenses"(Contra Heresias, V; 25:1)
(ii)Hipólito(169-215) diz:
"E o abençoado apóstolo Paulo, escrevendo aos tessalonicenses, diz: 'Irmãos, rogamo-vos, quanto à vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e à nossa reunião nela, que não vos movais facilmente do vosso entendimento, nem vos perturbeis, nem por espírito, nem por palavra, nem por epístolas, como se vindas de nós, como se o Dia do Senhor estivesse próximo. Ninguém de maneira alguma vos engane, porque (esse dia não virá) sem que primeiro venha a apostasia e seja revelado o homem do pecado, o filho da perdição, o qual se opõe e se levanta contra tudo o que se chama Deus ou é objeto de culto, de sorte que se assentará no templo de Deus, ostentando-se como Deus. Não vos lembrais de que eu vos dizia estas coisas quando ainda estava convosco? E agora sabeis o que o retém, para que a seu tempo seja revelado. Porque o mistério da iniquidade já opera; somente aquele que agora o retém até que do meio seja tirado. E então será revelado o ímpio, a quem o Senhor Jesus desfará pelo sopro da sua boca e destruirá pelo esplendor da sua vinda; a ele, cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás, com todo o poder, e sinais e prodígios de mentira, e com todo o engano da injustiça para os que perecem, porque não receberam o amor da verdade. E por isso Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam na mentira, para que sejam condenados todos os que não creram na verdade, antes tiveram prazer na injustiça'. E Isaías diz: 'Seja exterminado o ímpio, para que não veja a glória do Senhor'
Estas coisas, então, estando para acontecer, amados, e a semana sendo dividida em duas partes, e a abominação da desolação sendo então manifestada, e os dois profetas e precursores do Senhor tendo terminado sua carreira, e o mundo inteiro finalmente se aproximando da consumação, o que resta senão a vinda de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo do céu, por quem aguardamos com esperança? Quem trará a conflagração e o justo julgamento sobre todos os que se recusaram a crer nEle? Pois o Senhor diz: 'Quando estas coisas começarem a acontecer, então, olhai para cima e levantai as vossas cabeças, porque a vossa redenção se aproxima. E não se perderá um fio de cabelo da vossa cabeça. Porque, assim como o relâmpago sai do oriente e brilha até o ocidente, assim será também a vinda do Filho do Homem. Pois onde estiver o cadáver, aí se ajuntarão as águias. Ora, a queda ocorreu no paraíso; pois Adão caiu ali. E Ele diz novamente: Então o Filho do Homem enviará os seus anjos, e eles reunirão os seus eleitos desde os quatro ventos do céu'. E Davi também, ao anunciar profeticamente o julgamento e a vinda do Senhor, diz: 'A sua saída é desde uma extremidade dos céus, e o seu curso até a outra extremidade dos céus; e ninguém se esconde do seu calor. Por calor ele se refere à conflagração'. E Isaías fala assim: 'Vem, povo meu, entra no teu quarto, fecha a tua porta; esconde-te, por assim dizer, por um breve momento, até que passe a ira do Senhor'. E Paulo, da mesma forma: 'Porque a ira de Deus se revela do céu contra toda a impiedade e injustiça dos homens que detêm a verdade de Deus em injustiça'"(Sobre Cristo e o Anticristo, 62-63)
(iii)Tertuliano(160-230), diz:
"Quem já viu Jesus descendo do céu da mesma forma que os apóstolos O viram ascender, conforme a determinação dos dois anjos[At 1:11] Até o presente momento, tribo por tribo, não bateram no peito, olhando para Aquele a quem traspassaram. Ninguém ainda se juntou a Elias[Ml 4:5]; ninguém ainda escapou do Anticristo[1 Jo 4:3]; ninguém ainda teve que lamentar a queda da Babilônia[Ap 18:2]. E há agora alguém que tenha ressuscitado, exceto o herege? Ele, é claro, já deixou a sepultura de seu próprio cadáver — embora esteja agora sujeito a febres e úlceras; ele também já pisoteou seus inimigos — embora tenha agora que lutar com os poderes do mundo. E, naturalmente, ele já é um rei — embora agora mesmo deva a César as coisas que são de César[Mt 22:21]"(Sobre a Ressurreição da Carne, 22)
"Pois mais uma vez uma multidão incontável é revelada, vestida de branco e distinguida por palmas de vitória, celebrando seu triunfo, sem dúvida, sobre o Anticristo, já que um dos anciãos diz: 'Estes são os que vêm da grande tribulação, e lavaram as suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro'[Ap 7:14]"(Escorpião, 12)
(iv)Orígenes(184-255), diz:
"Pois, assim como ouvimos que o Anticristo vem, e ainda aprendemos que há muitos anticristos no mundo, da mesma forma, sabendo que Cristo veio, vemos que, graças a Ele, há muitos cristos no mundo que, como Ele, amaram a justiça e odiaram a iniquidade, e, portanto, Deus, o Deus de Cristo, os ungiu também com o óleo da alegria"(Contra Celso, 6:79)
(v)Cipriano(200-258), diz:
"Também sobre o Anticristo, que ele virá como um homem. Em Isaías: 'Este é o homem que agita a terra, que perturba os reis, que torna toda a terra um deserto'"(Tratadi XII, 3º Livro).
(vi)Alexandre de Alexandria(+ 328), diz:
"Em nossa diocese, portanto, não faz muito tempo, surgiram homens sem lei e adversários de Cristo, ensinando os homens a apostatar; o que, com razão, se poderia suspeitar e chamar de precursor do Anticristo"(Epístola sobre o Aranismo e a Deposição de Ário, 1)
(vii)Vitorino(281-365 d.C), diz:
"O curto período significa três anos e seis meses, nos quais, com todo o seu poder, o diabo se vingará sob o Anticristo contra a Igreja. Finalmente, ele diz, depois disso, o diabo será solto e seduzirá as nações em todo o mundo e provocará a guerra contra a Igreja, cujo número de inimigos será como a areia do mar"(Comentário do Apocalípse, XX)
(viii)Atanásio(296-373), diz:
"E uma vez também os arianos , tendo afirmado mentindo que as opiniões de Antônio eram as mesmas que as deles, ele ficou descontente e irado contra eles. Então, sendo convocado pelos bispos e todos os irmãos, desceu da montanha e, tendo entrado em Alexandria, denunciou os arianos , dizendo que sua heresia era a última de todas e uma precursora do Anticristo"(Vida de Santo Antonio, 69)
(ix)Cirilo de Jerusalém[332-386], diz:
"A Igreja agora o incumbe diante do Deus Vivo; ela declara a você as coisas referentes ao Anticristo antes que elas cheguem. Não sabemos se elas acontecerão em seu tempo, ou se acontecerão depois de você, não sabemos; mas é bom que, sabendo dessas coisas, você se prepare com antecedência"(Leitura Catequética, 15:3)
(x)Crisóstomo(347-407), diz:
"Pois alguns, nos dias dos apóstolos, enganaram a multidão; 'porque virão', diz Ele, 'e enganarão a muitos'[Mt 24:11] e outros o farão antes da Sua segunda vinda, os quais serão também mais graves do que os primeiros. 'Pois farão', diz Ele, 'sinais e prodígios, para enganar, se possível, até os escolhidos'[Mt 24:24], aqui Ele está falando do Anticristo e indica que alguns também o servirão. Dele, Paulo também fala desta maneira. Tendo-o chamado homem do pecado e filho da perdição"(Homília 76 sobre Mateus)
(xi)Jerônimo(347-420), diz:
"E com razão; pois, visto que o bispo é constituído na Igreja para evitar que o povo se engane, quão grande será o erro do povo quando aquele que ensina errar! Como pode ele remir pecados, sendo ele próprio um pecador? Como pode um homem ímpio santificar um homem? Como entrará a luz em mim, se meus olhos estão cegos? Ó miséria! O discípulo do Anticristo governa a Igreja de Cristo"(O Diálogo contra os Luciferianos, 5)
"Quando Teofrasto assim discorre, há algum de nós, cristãos, cuja conversação está no céu e que diariamente diz Fl 1:23: 'Anseio por ser dissolvido e estar com Cristo, a quem ele não envergonha?'. Um co-herdeiro de Cristo realmente desejará herdeiros humanos? E desejará filhos e se deleitará em uma longa linhagem de descendentes, que talvez caiam nas garras do Anticristo, quando lemos que Moisés e Samuel preferiram outros homens aos seus próprios filhos e não consideraram como seus filhos aqueles que consideravam desagradáveis a Deus?"(Contra Joviniano, I:48)
(xii)Sulpício Severo(363-425), diz:
"Descobriu-se, ainda, que, mais ou menos na mesma época, havia um jovem na Espanha que, tendo obtido autoridade entre o povo por meio de muitos sinais, envaideceu-se a tal ponto que se fez passar por Elias. E quando as multidões creram nisso com muita facilidade, ele passou a dizer que era de fato Cristo; e teve tanto sucesso nessa ilusão que um certo bispo chamado Rufo o adorou como se fosse o Senhor. Por isso, vimos esse bispo ser posteriormente destituído de seu ofício. Muitos irmãos também me informaram que, ao mesmo tempo, surgiu no Oriente alguém que se gabava de ser João. Podemos inferir disso, visto que falsos profetas desse tipo têm surgido, que a vinda do Anticristo está próxima; pois ele já está praticando nessas pessoas o mistério da iniquidade. E, sinceramente, penso que este ponto não deve ser ignorado, com as artes com que o diabo tentou Martinho, precisamente neste tempo"(Da Vida de São Martinho, 24)
(xiii)Agostinho(354-430), diz:
"Eu não penso, de fato, que o que alguns pensaram ou podem pensar seja precipitadamente dito ou acreditado, que até o tempo do Anticristo a Igreja de Cristo não sofrerá nenhuma perseguição além daquelas que ela já sofreu — isto é, dez — e que a décima primeira e última será infligida pelo Anticristo"(A Cidade de Deus, 18:52)
"Pois, assim como a aflição da cidade de Deus, como nunca houve antes, que se espera que ocorra sob o Anticristo, foi simbolizada pelo horror de Abraão diante de grandes trevas ao pôr do sol, isto é, quando o fim do mundo se aproxima — assim, ao pôr do sol, isto é, no próprio fim do mundo, é simbolizado por aquele fogo o dia do julgamento, que separa os carnais que serão salvos pelo fogo daqueles que serão condenados no fogo"(A Cidade de Deus, 16:24)
(xiv)Sócrates(380-439), diz:
"Saibam, portanto, que recentemente surgiram em nossa diocese homens sem lei e anticristãos, ensinando apostasia, a qual se pode justamente considerar e denominar precursora do Anticristo"(História Eclesiástica, I:6)
(xv)Gregório I(590-604), declarou:
“Quem quer que se chame bispo universal, ou tal título cobice, é, por seu orgulho, precursor do Anticristo; porque isto é pretender levantar-se acima dos outros. Quando um patriarca se intitula ‘Bispo Universal’, o título de patriarca sofre incontestável descrédito. Quantas desgraças não devemos esperar entre os sacerdotes se suscitarem tais ambições. Esse ‘bispo’ será o rei dos orgulhosos”(Epístola a Ciríaco)
(xvi)João Damasceno(676-749), diz:
"Primeiro, portanto, é necessário que o Evangelho seja pregado entre todas as nações[Mat 25:14]: 'E então será revelado o maligno, cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás, com todo o poder, e sinais e prodígios de mentira, e com todo o engano da injustiça para os que perecem; aos quais o Senhor desfará pela palavra da sua boca, e destruirá pela manifestação da sua vinda'. O próprio diabo, portanto, não se torna homem da maneira como o Senhor se fez homem. Deus nos livre! Mas ele se torna homem como filho da fornicação e recebe toda a energia de Satanás. Pois Deus, prevendo a estranheza da escolha que faria, permite que o diabo habite nele.
Ele é, portanto, como dissemos, filho da fornicação e é criado em segredo, e de repente se levanta, se rebela e assume o governo. E no início de seu governo, ou melhor, de sua tirania, ele assume o papel de santidade. Mas, quando se torna senhor, persegue a Igreja de Deus e manifesta toda a sua maldade"(Uma Exposição da Fé Ortodoxa, 4:26)
Anteriormente, Paulo havia dito que em sua segunda vinda vísivel e física, Jesus "desfará" o Anticristo. O verbo grego "ἀναλίσκω"(analiskō), que segundo o Léxico Analítico do Novo Testamento Grego de William D. Mounce, tem o sentido de "esgotar"(p.82)
Então, veja. Se o Anticristo é o Império Romano, como insinuam os preteristas, então quer dizer que no ano 70 d.C ou no 1º século da era cristã, o Império Romano ficou sem efeito, anulado, inoperante, abolido, sem nenhum funcionamento e esgotado? Mas, onde estão as evidências históricas de que o Império Romano deixou de perseguir os cristãos no 1º século da era cristã? Não temos nenhuma evidência disso. Que saibamos, as perseguições ao Cristianismo só terminaram quando Constantino subiu ao poder no século IV, proibindo as perseguições aos cristãos, por achar que o favorecimento ao Cristinismo seria benéfico ao seu reino. Paulo está literalmente afirmando que o Senhor Jesus, na sua segunda vinda visível e física, derrotaria o Anticristo. O entendimento de Paulo sobre esse assunto fica ainda mais claro em 1 Co 15:23-26 =
"Mas cada um por sua ordem: Cristo as primícias, depois os que são de Cristo, na sua vinda. Depois virá o fim, quando tiver entregado o reino a Deus, ao Pai, e quando houver aniquilado todo o império, e toda a potestade e força. Porque convém que reine até que haja posto a todos os inimigos debaixo de seus pés. Ora, o último inimigo que há de ser aniquilado é a morte"(ACF)
O entendimento de Paulo sobre esse assunto, literalmente significa que:
(i)Cristo ressurreto e glorioso volta
(ii)Ele volta pra entregar o Reino [a Igreja - Ef 2:5-6; Ap 1:6]ao Pai, não para estabelecer um reino milenar
(iii)Cristo vem para reinar para sempre, não por mil anos literais.
(iv)Todos os seus inimigos serão derrotados e submissos a Ele na sua vinda.
(v)Se o último inimigo a ser derrotado é a morte, então homens ímpios [dentre eles o Anticristo] e demônios já seriam derrotados e trancafiados no Lago de fogo(Ap 19:11-21) antes da morte ser destruída, logo o Anticristo não pode ter sido derrotado por Cristo e lançado vivo no Lago de Fogo em 70 d.C ou em qualquer parte do 1º século da era cristã.
(vi)Note, que as Escrituras, segundo João, mostram que o Falso Profeta e o Anticristo serão lançados vivos no Lago de Fogo, na volta de Cristo (Ap 19:11-21). Portanto, se trata de uma pessoa real, como o diabo e o falso profeta, que será atormentada para todo o sempre no Lago de Fogo(Ap 20:10). Preteristas precisam achar um único texto bíblico dizendo que o Anticristo foi lançado vivo no Lago de Fogo em 70 d.C ou em qualquer outra parte do 1º século da era cristã, porque o juízo final não foi marcado para 70 d.C. A ideia de alguém ser lançado no Lago de Fogo, aponta para a segunda vinda visível de Cristo, onde ele lançará os ímpios no fogo eterno(Mt 25:31-34,41,46; 2 Ts 1:7-10; 2 Pe 3:7-12), não para o evento de 70 d.C!. Lembrando que enquanto a Bíblia diz que o Anticristo será lançado vivo [junto com o Falso Profeta] no Lago de Fogo[Ap 19:20], ela diz que todos os demais inimigos de Cristo e da Igreja serão mortos, após o Anticristo ser lançado vivo no Lago de Fogo[Ap 19:20-21]. A pergunta sem resposta para os preteristas é: "O Anticristo foi, junto com o Falso Profeta, lançado vivo no Lago de Fogo em 70 d.C; e todos os inimigos de Cristo e da Igreja foram todos mortos em 70 d.C ou depois de 70 d.C até o século XXI?". Fica patente que esse dogma é a mula sem cabeça do preterismo. Sua irracionalidade beira o nível 'hard'!
(vii)A Igreja Militante, ainda antes de ser glorificada, está ao lado de Cristo, vendo os poderes políticos ímpios, chefiados pelo Anticristo serem derrotados por Cristo(Ap 17:8-14)
(viii)A Igreja Militante e a Igreja Triunfante serão reunidas, para receberem um corpo imortal e glorificado durante a segunda vinda visível de Cristo(1 Ts 4:13-18; 1 Co 15:50-55; Fl 3:20-21)
(7)A interpretação preterista de que a 'Grande Tribulação' já se cumpriu completa e literalmente em 70 d.C é uma heresia?
Não. É só um erro teológico. Mas quando comparamos os eventos de Mt 24:15-22;Lc 21:20-24 exatamente com o evento próprio da verdadeira 'Grande Tribulação', levando até às ultimas consequências as implicações da interpretação preterista, descambaremos em blasfêmia contra a pessoa do Senhor Jesus Cristo. Considere conosco:
(a)Os eventos da 'grande aflição'[não 'grande tribulação'] de Mt 24:15-22;Lc 21:20-24, dizem respeito apenas a um povo só - Israel, enquanto que o evento da verdadeira grande tribulação envolve judeus e gentios crentes(Ap 7:9-17)
(b)Se você diz que Jesus está falando da mesma 'grande tribulação' em Mt 24:15-22;Lc 21:20-24 e Ap 7:9-17, você vai colocar Jesus contradizendo Jesus, pois enquanto ele afirma em Ap 7:9-17, que a 'grande tribulação' envolveria judeus e gentios crentes, já em em Mt 24:15-22;Lc 21:20-24, ele fala de um evento que envolveria apenas o povo judeu.
(c)Se você diz que João em Ap 7:9-17, e os evangelistas Mateus e Lucas, em Mt 24:15-22;Lc 21:20-24 estão falando do mesmo evento da 'grande tribulação', você coloca João contradizendo os evangelistas, pois enquanto João diz que a grande tribulação envolveria judeus e gentios crentes, os evangelistas fazem alusão a um evento que envolveria apenas os judeus.
Poderia Jesus se contradizer, ou o Espírito Santo fazer João entrar em contradição com Mateus e Lucas? Não.
(d)Se você admite que João, Mateus e Lucas estão falando do mesmo evento da 'grande tribulação' [quando, na verdade, eles não estão], você, inconscientemente e indiretamente, acaba negando atributos incomunicáveis da segunda pessoa da Santíssima Trindade - a onisciência e a imutabilidade.
(e)Esse tipo de interpretação leva inconscientemente e indiretamente a negação da onisciência de Jesus, porque em Ap 7:9-17, ele diz que a grande tribulação se destinaria a judeus e gentios crentes martirizados, enquanto que em Mt 24:15-22, ele afirma que a grande aflição de 70 d.C, se aplicaria apenas a judeus crentes, que não passariam pelo martírio sob as mãos de Tito(Mt 24:13,22). Afinal, Jesus sabia ou não quem eram os que passariam pela grande tribulação? E, afinal, Jesus sabia ou não, o que aconteceria aos que passariam pela grande tribulação? Isso poderia até abrir espaço para o teísmo aberto.
(f)Esse tipo de interpretação leva inconscientemente e indiretamente a negação da imutabilidade de Jesus(Hb 13:8), pois enquanto ele diz em Ap 7:9, que os que passariam pela grande tribulação seriam judeus e gentios crentes que seriam martirizados; ele, em contrapartida, levando em consideração a interpretação preterista, negaria isso em Mt 24:15-22;Lc 21:20-24, afirmando que o evento de 70 d.C envolveria apenas judeus crentes [que não seriam martirizados] e descrentes. Ao nosso ver, fica claro, que se levarmos até às ultimas consequências as implicações da interpretação preterista de Mt 24:15-22;Lc 21:20-24 e Ap 7:9-17, incorremos em grande blasfêmia contra a segunda pessoa da Santíssima Trindade.
Esse tipo de interpretação preterista, além de sugerir uma idéia de blasfêmia contra o Senhor Jesus, também sugere que ele, ao supostamente derramar a 'grande tribulação' apenas sobre judeus crentes em Mt 24:15-22;Lc 21:20-24, volta atrás de suas decisões[que consistiam em ter feito judeus e gentios um povo só, como sua Igreja - Jo 10:16; 1 Co 12:13; Gl 3:27-29; Ef 2:11-19], dividindo o seu povo, ao derramar um evento escatológico apenas sobre uma parte de seu povo [os judeus crentes - Mt 24:15-20], o que negaria a catolicidade de sua igreja, como se alguém estivesse restringindo seu povo apenas à uma nação, algo que não só a Bíblia nega, mas os próprios símbolos confessionais reformados[que entendem a grande tribulação de Ap 7:9-17, como uma referência a judeus e gentios crentes], como se segue:
(i)A Confissão de Fé da Bohemia(1535, VIII), diz:
"Eles ensinam, em primeiro lugar, que Cristo, o Senhor, por Seu mérito, graça e verdade, é a Cabeça e o Fundamento da Igreja, sobre a qual ela é edificada pelo Espírito Santo, pela palavra e pelos sacramentos, como Cristo disse a Pedro: 'E sobre esta pedra (isto é, eu mesmo) edificarei a minha Igreja'[Mt 16,18]. E Paulo, em 1 Coríntios, diz: 'Ninguém pode lançar outro fundamento, a não ser o que já foi posto, o qual é Jesus Cristo'[3,11]. E em outro lugar, ele escreve o mesmo: 'Ele mesmo é a Cabeça do seu corpo, a Igreja, que cumpre tudo em todos'[Ef 1,22-23].
Eles ensinam ainda que se deve crer e confessar a santa Igreja Católica, que em seu estado atual é composta por todos os cristãos do mundo, onde quer que vivam na Terra e em quaisquer lugares onde estejam dispersos, todos os quais foram reunidos em uma só fé em Cristo e na Santíssima Trindade pela palavra do santo Evangelho, de todas as nações, povos, tribos e línguas, de todas as classes, idades e condições. Como está escrito por João no Apocalipse: 'Depois disso, olhei, e eis uma grande multidão, que ninguém podia contar, etc'[Ap 7:9]. E o Senhor disse: 'Onde dois ou três (em qualquer nação ou povo) estiverem reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles'[Mt 18:20]. Pois onde quer que Cristo seja pregado e aceito, onde quer que sua palavra e seus sacramentos estejam presentes, e sejam administrados e recebidos de acordo com sua ordem e vontade, ali está a santa Igreja, a sociedade cristã e o povo de Deus, qualquer que seja seu número. Mas onde Cristo está ausente e Sua palavra é rejeitada, não pode existir nem a verdadeira Igreja nem um povo agradável a Deus"(Reformed Confessions of The 16º and 17º Centuries In English Translation, Volume 1, p.312)
(ii)A Confissão de Fé de Teodoro de Beza(1560, 'Da Igreja', O 5º Ponto), diz:
"Por esta razão deve-se confessar uma só igreja católica (isto é, uma igreja universal), não porque ela abranja todos os homens em geral (pois a maior parte não faz parte dela), mas porque os crentes estão dispersos por toda a terra[Mt 20:16; Lc 13:23-24], assim como o Senhor os escolheu, não estando restritos a nenhum lugar, tempo ou nação específica]At 10:27-28; Ap 7:9; Mt 11:27]"(Reformed Confessions of The 16º and 17º Centuries In English Translation, Volume 2[1552-1566], p.299)
(iii)A Confissão de Fé da Bohemia[1575, VII], diz:
"A partir destas coisas se ensina o que deve ser crido, mantido e publicamente confessado, que a santa Igreja Católica, presente em todos os tempos e militante na Terra, é a comunhão de todos os cristãos, que estão dispersos por todo o mundo e reunidos pelo santo evangelho de todas as nações, famílias, línguas, graus e idades, em uma só fé em Cristo Senhor ou na Santíssima Trindade, de acordo com aquela palavra de São João que fala assim: 'E vi uma grande multidão, que ninguém pode contar, de todas as nações, povos e línguas, em pé diante do trono e diante do Cordeiro'[Ap 7:9]. Esta verdadeira Igreja, enquanto jaz aqui na eira do Senhor [o vasto mundo], e, por assim dizer, reunida promiscuamente em um monte, contém em si o trigo puro, bem como a palha, os filhos piedosos de Deus e os filhos ímpios do mundo, os membros vivos e mortos, dos ministros e do povo; mas onde for menos contaminado ou mais puro, também pode ser conhecido pelos seguintes sinais: ou seja, onde quer que Cristo seja ensinado em assembleias sagradas, a doutrina do santo evangelho seja pregada pura e completamente, os sacramentos sejam administrados de acordo com a instituição, mandamento, significado e vontade de Cristo, e também o povo fiel de Cristo os recebe e usa, e por estes se reúne na unidade da fé e do amor e no vínculo da paz, se une na unidade e se edifica em Cristo. Ali está, portanto, a santa igreja, a casa de Deus, os templos do Espírito Santo, membros vivos, participantes da Jerusalém celestial, o corpo espiritual de Cristo e juntas unidas, que são unidos e acoplados cada um ao outro por uma cabeça Cristo, um Espírito de regeneração, uma Palavra de Deus, os mesmos sacramentos genuínos, uma fé, um amor e santa comunhão, um vínculo de paz, ordem, disciplina e obediência, seja o número deste povo grande ou pequeno, como o Senhor testifica: 'Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome (em qualquer país ou nação e em qualquer lugar que ele faça isso), aí estou eu no meio deles'[Mt 18:20]. E, ao contrário, onde Cristo e o Espírito de Cristo não habitam, o santo Evangelho também não encontra lugar que lhe seja concedido, mas, ao contrário, erros manifestos e uma vida pagã têm pleno curso e, superando-os, eles os atacam; mesmo ali, necessariamente, existe uma igreja tão contaminada que Cristo não a reconhecerá como Sua amada noiva, visto que ninguém pertence a Cristo se não tiver o Espírito de Cristo[Rm 8:9]"(Reformed Confessions of The 16º and 17º Centuries In English Translation, Volume 3[1567-1599], p.349)
(iv)A Confissão de Fé de Westminster[1643-1649], diz:
"A Igreja Visível, que também é católica ou universal sob o Evangelho (não sendo restrita a uma nação, como antes sob a Lei) consta de todos aqueles que pelo mundo inteiro professam a verdadeira religião[1 Co 1:2; 12:12-13; Sl 2:8; Ap 7:9; Rm 15:9-12], juntamente com seus filhos[1 Co 7:14; At 2:39; Ez 16:20-21; Rm 11:16; Gn 3:15; 17:7]; é o Reino do Senhor Jesus[Mt 13:47; Is 9:7], a casa e família de Deus[Ef 2:19; 3:15, fora da qual não há possibilidade ordinária de salvação[At 2:47]"(XXV)(Reformed Confessions of The 16º and 17º Centuries In English Translation, Volume 4[1600-1693], p.264)
(v)O Catecismo Maior de Westminster[1647], diz:
"P. 62. Que é a Igreja visível? R. A Igreja visível é uma sociedade composta de todos quantos, em todos os tempos e lugares do mundo, professam a verdadeira religião[1 Co 1:2; 12:13; Rm 15:9-12; Ap 7:9; Sl 2:8; 22:27-31; 45:17; Mt 28:19-20; Is 59:21], juntamente com seus filhos[1 Co 7:14; At 2:39; Rm 11:16; Gn 17:7]"(Reformed Confessions of The 16º and 17º Centuries In English Translation, Volume 4[1600-1693], p.311)
(8)A interpretação preterista de Mt 24:15-22;Lc 21:20-24 e Ap 7:9-17 tem algumas semelhanças com crenças de seitas falsas
Quando os preteristas, em uma interpretação totalmente contraditória, bizarra e inconsistente, tentam, sem nenhuma biblicidade, dizer que o evento de Ap 7:9-17 é o mesmo de Mt 24:15-22;Lc 21:20-24, acabam caindo em uma situação constrangedora. E por que? Simples. Ap 7:9-17 afirma que judeus e gentios crentes participariam da grande tribulação; enquanto que os preteristas, ao dizerem que Mt 24:15-22;Lc 21:20-24 [que é um evento biblicamente relacionado a judeus crentes] é o mesmo evento de Ap 7:9-17, não só violam o 9º mandamento, e blasfemam contra nosso Senhor Jesus Cristo, fazendo-o se contradizer, mas também agem de forma semelhante [não igual] aos membros de seitas falsas. Considere comigo alguns exemplos:
(a)Os testemunhas de jeová
Essa seita falsa divide a classe de 'crentes' em duas - os 144.000[o pequeno rebanho] e a 'grande multidão'. O primeiro grupo, é composto de 144.000 ungidos, que tem direito exclusivo a participarem na ceia, são nascidos de novo e vão para o céu, e tem o poder de purificar as pessoas do pecado e da imperfeição. Segundo os russelitas apenas os 144.000 tem Jesus como Mediador.
- Com relação ao grupo da grande multidão, não precisam de justificação pela fé e da imputação da justiça
(b)Os Israelitas Britânicos
Ligados ao precursor do pentecostalismo, Charles Fox Parham, eles criam que as bençãos do milênio estavam asseguradas aos que possuíam sangue britânico nas veias.
A pergunta a se fazer é: Se João disse que a Grande Tribulação foi direcionada a judeus e gentios crentes, de onde tiraram os preteristas a idéia de que ela foi direcionada apenas a uma parte da Igreja - os judeus, como no caso de Mt 24:15-22;Lc 21:20-24? Não faz nenhum sentido. Logo, entendemos que Mt 24:15-22;Lc 21:20-24 não tratam da mesma 'grande tribulação' de Ap 7:9-17, mas de um evento totalmente distinto dela. Oremos para que nossos irmãos que adotam a visão preterista, a abandonem!
(1)Mt 24:15-21; Lc 21:22-24 e Mc 13:14-20 ensinam realmente a grande tribulação em 70 d.C, pela qual a Igreja passaria?
Não. Essa é a resposta, pelos seguintes motivos:
(a)Primeiro, Jesus, pela boca de João, diz que a grande tribulação seria experimentada por toda a Igreja(Ap 7:9-17), enquanto que o evento ocorrido no 70 d.C dizia respeito apenas a judeus crentes no meio de judeus descrentes:
"Então, os que estiverem na Judeia, fujam para os montes; E quem estiver sobre o telhado não desça a tirar alguma coisa de sua casa; E quem estiver no campo não volte atrás a buscar as suas vestes. Mas ai das grávidas e das que amamentarem naqueles dias! E orai para que a vossa fuga não aconteça no inverno nem no sábado; Porque haverá então grande aflição, como nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem tampouco há de haver"(Mt 24:16-21)
"Mas, quando virdes Jerusalém cercada de exércitos, sabei então que é chegada a sua desolação. Então, os que estiverem na Judeia, fujam para os montes; os que estiverem no meio dela, saiam; e os que nos campos não entrem nela. Porque dias de vingança são estes, para que se cumpram todas as coisas que estão escritas. Mas ai das grávidas, e das que criarem naqueles dias! Porque haverá grande aperto na terra, e ira sobre este povo. E cairão ao fio da espada, e para todas as nações serão levados cativos; e Jerusalém será pisada pelos gentios, até que os tempos dos gentios se completem"(Lc 21:20-24)
"Ora, quando vós virdes a abominação do assolamento, que foi predita por Daniel o profeta, estando aonde não deve estar (quem lê, entenda), então os que estiverem na Judeia fujam para os montes. E o que estiver sobre o telhado não desça para casa, nem entre a tomar coisa alguma de sua casa; E o que estiver no campo não volte atrás, para tomar as suas vestes.Mas ai das grávidas, e das que criarem naqueles dias! Orai, pois, para que a vossa fuga não suceda no inverno. Porque naqueles dias haverá uma aflição tal, qual nunca houve desde o princípio da criação, que Deus criou, até agora, nem jamais haverá.E, se o Senhor não abreviasse aqueles dias, nenhuma carne se salvaria; mas, por causa dos eleitos que escolheu, abreviou aqueles dias"(Mc 13:14-20)
Então. veja alguma descrições nesses textos, que tratam o evento de 70 d.C. não como "a Grande Tribulação" de Ap 7:9-17, que diz respeito a Igreja Toda, composta de judeus e gentios crentes:
(a)"os que estiverem na Judeia, fujam para os montes..."(Mt 24:16)
"...então os que estiverem na Judeia fujam para os montes..."(Mc 13:14)
"Então, os que estiverem na Judeia, fujam para os montes..."(Lc 21:21)
A quem o texto se refere? Aos judeus crentes, que precisariam fugir para escapar da perseguição de Tito.
(b)"E orai para que a vossa fuga não aconteça no inverno nem no sábado"(Mt 24:20)
Quem deveria orar e estar preocupado para não se deparar com a possibilidade de uma fuga no dia de sábado? Judeus crentes, não gentios crentes. Porque os judeus crentes teriam dificuldades nessa fuga, porque no dia de sábado, as portas da cidade de Jersualém estariam fechadas, devido ao fato dos judeus descrentes guardarem o sábado.
(c)"E cairão ao fio da espada, e para todas as nações serão levados cativos; e Jerusalém será pisada pelos gentios, até que os tempos dos gentios se completem"(Lc 21:24)
Precisamos tecer algum comentário? Temos alguma menção de algum gentio crente aqui, envolvido nesse evento? Não. Não temos. Logo é um evento totalmente distinto da verdadeira 'grande tribulação' de Ap: 7:9-17, que menciona que a Igreja Toda, composta de judeus e gentios crentes participaria da grande tribulação.
(d)Logo, podemos entender e falar que não houve a ‘grande tribulação’ nesse evento de 70 d.C, pois a grande tribulação mostra uma grande multidão, inumerável, composta de mártires, que foram assassinados pelos inimigos da Igreja nesse período, que cremos, seguindo a “Bíblia de Estudo de Genebra” da IPB, corresponder todas as eras do século I[lembremos Estevão e Tiago, irmão de João, assassinados bem antes do ano 70 – At 7:59-60; 12:12-2] até o nosso século[correspondendo aos pais da igreja, como Policarpo, Inácio, Orígenes, etc; os valdenses, os pré-reformadores[Huss, Savonarola], os reformadores[Cranmer, Tyndale, Ridley, Latimer), os quatro pastores enviados por Calvino a Guanabara em 1557, mortos no ano seguinte, pelas mãos de Anchieta, e todos os cristãos martirizados pela Inquisição Católica Romana e pelos maometanos e comunistas. São um número incontável. Por isso, note que Almeida corretamente não reza “grande tribulação” em Mt 24:21, mas “grande aflição”, já para não criar uma confusão com Ap 7:9,14. Outros tradutores que usaram o Texto Receptus, rezaram “θλῖψις”(thlipsis) em Mt 24:21 por “dificuldade”(Coverdade Bible, 1535), “grande pressão”(Julia E. Smith Translation, 1876]. “aflição”(Jay P. Green's Literal Translation 1993], “aflição”(Reina/Valera [Reformadores Cassiodoro de Reina e Cipriano de Valera] - Espanhol), “opressão”(Statenvertaling, Bíblia do Sínodo de Dort -1618-1619), “aflição”(Diodatti[Italiana], discípulo de Calvino), “miséria”(Károli Gaspar, Hungára]; “sofrimento”(Phesita Siríaca, George Lamsa], “tribulações”(The Great Bible, 1539], "aflição"(Almeida). Note que no texto correlato [Lc 21:24], Almeida reza “θλῖψις”(thlipsis)por "aperto", não "tribulação". Creio que a razão dele ter usado uma tradução distinta de “tribulação”, seria para não repassar a falsa idéia de que o fato descrito em Mt 24:21 não pode ser confundido com o de Ap 7:9,13, pois são eventos totalmente diferentes e distintos. O primeiro[Mt 24:21], não envolvia martírio dos cristãos; o segundo[Ap 7:9,13] envolvia, São eventos totalmente diferentes.
(2)O evento de 70 d.C não envolveu o martírio de judeus crentes.
Esse é outro motivo, que mostra a distinção entre "a grande aflição" de Mt 24:21 e Lc 21:23 e a grande tribulação" de Ap 7:9-17. O primeiro evento[Mt 24:21; Lc 21:23], segundo o seu contexto[Mt 24:13,21] aponta para a preservação da vida de todos os judeus crentes, em 70 d.C, conforme opinião de vários comentaristas das Escrituras, como se segue.
"E assim foram preservados da calamidade geral; e também com uma salvação eterna, que é o caso de todos o que perseverarem até o fim, como todos os verdadeiros crentes em Cristo”(John Gill[1697-1771], Ministro Batista, Com. de Mt 24:13).
“A palavra ‘fim’, aqui, para alguns significa a destruição de Jerusalém, ou o fim da economia judaica, e o significado supostamente é ‘aquele que persevera em suportar essas perseguições até o fim das guerras deve estar fora de perigo’. Deus irá proteger o seu povo do mal, de modo que nem um só fio de cabelo da cabeça perecerá”(Albert Barnes[1798-1870], Ministro Presbiteriano, Com. de Mt 24:13).
“Mas o contexto nos leva a ver no ‘fim’ ao fim do período de que nosso Senhor fala, ou seja, a destruição de Jerusalém; e assim as palavras ‘será salvo’ pelo menos, inclui a libertação da morte daqueles que se envolveram nesse caso da destruição”(Charles John Ellicott[1819-1905], Ministro Anglicano, Com. de Mt 24:13).
“Os judeus cristãos que não desistiram de sua fé, vendo os sinais e fugiram para Pella em Perea, outro lado do Jordão, e salvaram suas vidas”(The Bible Study New Testament, Com. de Mt 24:13).
“Quando a cidade foi destruída, os cristãos foram salvos”(Johann Albrecht Bengel[1693-1752], Ministro Luterano, Com. de Mt 24:13)
“É uma promessa de perseverança, especialmente porque tal perseverança está unida com a firmeza de espírito. Ele que não será tentado à apostasia através das aflições do evangelho, deverá ter paciência e coragem para suportar todos os sofrimentos que se seguem a profissão do evangelho, será salvo; se na incerteza da preservação, e desta maneira será salvo com uma salvação temporal, ainda que ele deva ser eternamente salvo”(Matthew Poole[1624–1679], Ministro Congregacional Puritano, Com. de Mt 24:13)
“É muito notável, e foi certamente um ato mais do sinal da Providência, no qual nenhum dos cristãos pereceram na destruição de Jerusalém”(Joseph Benson[1749–1821], Ministro Metodista, Com. de Mt 24:13)
“Os cristãos foram salvos dos horrores que habitaram a destruição de Jerusalém”(Philip Schaff[1819-1893], Ministro da Igreja Presbiteriana, Com. de Mt 24:13)
"E, portanto, Cristo diz que, a menos que Deus ponha um fim a essas calamidades, os judeus perecerão completamente, de modo que nenhum indivíduo restará; mas que Deus se lembrará de sua graciosa aliança e poupará seus eleitos, de acordo com aquela outra predição de Isaías"(João Calvino[1509-1564], Com de Mt 24:22)
"Aqueles que, como crentes em Jesus, eram o 'remanescente' do Israel visível e, portanto, o verdadeiro Israel de Deus. Foi por amor aos cristãos da Judeia, não por amor aos judeus rebeldes, que a guerra não se prolongou, e que Tito, sob as influências externas de Josefo e Berenice, temperou suas conquistas com compaixão]Ant. xii. 3, § 2; Guerras, vi. 9, § 2]"(Charles J. Ellicott[1819-1905], Ministro Anglicano, Com de Mt 24:22)
"Aqueles que foram escolhidos em Cristo, antes da fundação do mundo, para crer nele e ser salvos por ele com uma salvação eterna; tanto aqueles que estavam na cidade, ou, pelo menos, que iriam surgir de alguns que estavam lá, como seus descendentes imediatos, ou em eras futuras, e, portanto, eles e sua posteridade não deveriam ser eliminados; e também aqueles escolhidos e verdadeiros crentes, que estavam em Pela, e nas montanhas, e em outros lugares, por causa destes, e para que pudessem ser libertos destas calamidades prementes"(John Gill[1697-1771], Ministro Batista, Com de Mt 24:22)
"Isto é, nenhum judeu vivo; os soldados romanos haviam sido tão frequentemente espancados por eles, que nada mais desejavam do que livrar o mundo deles. Mas Deus, por amor à sua aliança, preservou um remanescente deles, pois sempre amolece a espada da sua justiça no óleo da sua misericórdia, como Nicéforo afirma"(John Trapp[1601-1669], Ministro Anglicano, Com de Mt 24:22)
"É uma palavra para o remanescente de Israel e não para a igreja"(Ger de Koning, Ministro das Igrejas Reformadas, Com de Mt 24:22)
"Em tempos de calamidade comum, Deus manifesta Seu favor ao remanescente eleito; Suas joias, que Ele então criará; Seu tesouro peculiar, que Ele assegurará quando a madeira for abandonada ao destruidor"(Matthew Henry[1662-1714], Ministro Presbiteriano, Com de Mt 24:22)
"E se o Senhor, em compaixão por aqueles entre este povo que pertenciam à sua eleição da graça, não tivesse abreviado estes dias de calamidade, enviando os exércitos romanos para acalmar suas divisões internas, e então concedendo a esses exércitos uma vitória tão rápida, nenhum dos judeus teria sido deixado vivo, o que, de fato, qualquer um que apenas leia essas histórias julgará"(Matthew Poole[1624-1679], Ministro Congregacional, Com de Mt 24:22)
"É porque Deus está no controle que qualquer carne sobreviverá, e o propósito disso é que os eleitos sobrevivam. Portanto, por mais terríveis que sejam as situações que venham ao mundo, podemos ter certeza de que Deus 'abreviará os dias', caso contrário, não haverá eleitos para serem reunidos quando Ele vier[Mt 24:31]"(Peter Pett, Ministro Batista, Com de Mt 24:22)
"Aqueles que, como crentes em Jesus, eram o 'remanescente' do Israel visível e, portanto, o verdadeiro Israel de Deus. Foi por causa dos cristãos da Judeia, não por causa dos judeus rebeldes, que a guerra não foi prolongada"(The Preacher's Complete Homiletical Commentary, Com de Mt 24:22)
"Os versículos que se seguem descrevem grande miséria. Mas, em meio a essa visão terrível, peço ao leitor que não ignore aquele doce versículo de misericórdia para com os eleitos. A menos que aqueles dias, disse Jesus, sejam abreviados;[isto é, a destruição arrebatadora que ocorrerá naquela visitação] nenhuma carne será salva: mas por causa dos eleitos, disse o Redentor, aqueles dias serão abreviados. Leitor! Não negligencie a misericórdia; e muito menos negligencie o Senhor da misericórdia. Se os dias tivessem sido prolongados, como os selvagens romanos desejavam, até que toda a semente de Israel tivesse sido eliminada: de onde poderia ter havido uma raça preservada para a propagação da semente de Cristo, da qual os eleitos segundo a carne viriam?"(Robert Hawker[1753-1827], Ministro Anglicano, Com de Mt 24:22)
"Ele determinou que eles seriam poucos, para que um remanescente pudesse ser salvo, e entre eles os seus eleitos; ou de quem deveria descender, como ele havia escolhido, que deveria ser salvo com uma salvação eterna: embora o povo em geral tenha sido entregue à cegueira e à descrença, eles são preservados como um povo distinto no mundo; e nos últimos dias serão chamados e convertidos, e todo o Israel será salvo e, portanto, foi a vontade de Deus encurtar aqueles dias de aflição, para que eles não fossem totalmente eliminados, mas que um número pudesse ser deixado, como uma reserva para as eras futuras"(John Gill[1697-1771], Ministro Batista, Com. de Mc 13:20)
"Não fosse por esse 'encurtamento' misericordioso, provocado por uma notável concordância de causas, toda a nação teria perecido, restando ainda um remanescente para ser posteriormente reunido"(Robert Jamieson[1802-1880], Andrew Robert Fausset[1821-1910] e David Brown[1803-1897], Ministros Anglicanos, Com de Mc 13:20)
"São Lucas acrescenta: 'Mas nem um fio de cabelo de vossas cabeças se perderá', pois 'até os cabelos de vossas cabeças estão contados', diz São Mateus"(John Trapp[1601-1669], Ministro Anglicano, Com de Mc 13:13)
"Havia uma promessa de que um remanescente seria salvo[Is 10:22], e que Deus não os destruiria a todos por causa de seus servos[Is 65:8]; e essas promessas devem ser cumpridas. Os próprios eleitos de Deus clamam a ele dia e noite, e suas orações devem ser respondidas[Luc 18:7]"(Matthew Henry[1662-1714], Ministro Presbiteriano, Com de Mc 13:20)
"A ideia dos 'eleitos' é proeminente nesta passagem[Mc 13:20,22,27]. Não ocorre em nenhum outro lugar em Marcos. Mas aqui eles são aqueles que Ele escolheu e, portanto, refere-se claramente àqueles que foram 'dados a Ele" por Seu Pai'[Jo 6:37,39,44]. São aqueles que contemplam o Filho e creem nele[Jo 6:40]. São Sua nova nação[Mt 21:43], Sua nova 'congregação'[Mt 16:18], ramos vivos da verdadeira Videira[Jo 15:1-6]. Para a ideia de Deus 'encurtar os dias' de Seu julgamento, compare 2 Sm 24:16, onde Ele detém a mão do anjo vingador[Is 65:8], onde Ele declara que não destruirá a todos por causa de Seus servos"(Peter Pett, Ministro Batista, Com de Mc 13:20)
A idéia aqui da preservação dos judeus crentes cdurante o ano 70 d.C, é cumprimento da profecia de Dn 12:1
Mas, o que impressiona é ver os preteristas tentando torcer os textos de Mt 24:15-21; Lc 21:22-24 e Mc 13:14-20, dizendo que não estão se referindo a preservação da vida dos crentes judeus em 70 d.C, mas em todas as eras, o que é refutado não só pelas Escrituras(Dn 12:1; Mt 24:15-21], mas também pelos comentaristas das Escrituras
(e)Os eventos de Mt 24; Lc 21 e Mc 13 mostram coisas que já conteceram, acontecem e ainda acontecerão. Apocalípse é muito semelhante. Há várias janelas nele. Quando abrimos uma janela, vemos coisas que já aconteceram; quando abrimos outra, vemos coisas que estão acontecendo; e quando abrimos uma outra, vemos coisas que ainda acontecerão.
(3)Se o evento de 70 d.C não envolveu o martírio dos judeus crentes que presenciaram a 'grande aflição' durante a destruição do templo de Jerusalém, sob Tito, o envento é totalmente distinto da "grande tribulação" de Ap 7:9 (que trata de judeus e gentios crentes, que seriam martirizados durante esse período). então não houve 'a grande tribulação' em 70 d.C, pois Ap 7:9 trata de martírio de judeus e gentios crentes durante esse período:
"Depois destas coisas olhei, e eis aqui uma grande multidão, a qual ninguém podia contar, de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas, que estavam diante do trono, e perante o Cordeiro, trajando vestes brancas e com palmas nas suas mãos; E clamavam com grande voz, dizendo: Salvação ao nosso Deus, que está assentado no trono, e ao Cordeiro. E todos os anjos estavam ao redor do trono, e dos anciãos, e dos quatro animais; e prostraram-se diante do trono sobre seus rostos, e adoraram a Deus, Dizendo: Amém. Louvor, e glória, e sabedoria, e ação de graças, e honra, e poder, e força ao nosso Deus, para todo o sempre. Amém. E um dos anciãos me falou, dizendo: Estes que estão vestidos de vestes brancas, quem são, e de onde vieram? E eu disse-lhe: Senhor, tu sabes. E ele disse-me: Estes são os que vieram da grande tribulação, e lavaram as suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro.Por isso estão diante do trono de Deus, e o servem de dia e de noite no seu templo; e aquele que está assentado sobre o trono os cobrirá com a sua sombra.Nunca mais terão fome, nunca mais terão sede; nem sol nem calor algum cairá sobre eles. Porque o Cordeiro que está no meio do trono os apascentará, e lhes servirá de guia para as fontes vivas das águas; e Deus limpará de seus olhos toda a lágrima"(Ap 7:9-17)
Assim, temos aqui, várias provas abundantes da distinção entre o que ocorreu na 'grande aflição' de 70 d.C e da verdadeira "grande tribulação" de Ap 7:9-11:
(a)"Depois destas coisas olhei, e eis aqui uma grande multidão, a qual ninguém podia contar, de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas"(Ap 7:9)
A grande tribulação, que Jesus mostrou para João, contemplou não apenas judeus crentes, mas tanto judeus crentes, quanto gentios crentes. Esse ponto já mata a questão.
(b)"...que estavam diante do trono, e perante o Cordeiro, trajando vestes brancas..."(Ap 7:9)
(c)"Por isso estão diante do trono de Deus, e o servem de dia e de noite no seu templo; e aquele que está assentado sobre o trono os cobrirá com a sua sombra"(Ap 7:15)
(d)"Nunca mais terão fome, nunca mais terão sede; nem sol nem calor algum cairá sobre eles"(Ap 7:16)
(e)"...e Deus limpará de seus olhos toda a lágrima"(Ap 7:17)
Todas estas descrições aludem a um número incontável de pessoas que já estavam mortas, como participantes da grande tribulação, o que difere do evento de 70 d.C, onde todos os crentes judeus não morreriam, mas seriam preservados da morte(Mt 24:15-22; Lc 21:18-24 e Mc 13:14-20). A própria descrição de Ap 7:13-14, mostram que todas essas pesoas mortas já vieram mortas da "grande tribulação":
"E um dos anciãos me falou, dizendo: Estes que estão vestidos de vestes brancas, quem são, e de onde vieram? E eu disse-lhe: Senhor, tu sabes. E ele disse-me: Estes são os que vieram da grande tribulação, e lavaram as suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro"(Ap 7:13-14)
O texto não diz que "vieram de fora da grande tribulação" ou que "vieram depois da grande tribulação", mas exatamente isso... "vieram da grande tribulação"
- Veja... A grande multidão da 'grande tribulação' não é vista por João como estando na Judéia, em 70 d.C, tentando escapar das perseguições de Tito aos judeus incrédulos. Ela é vista por ele, como estando no céu, "diante do trono, e perante o Cordeiro". Ap 19:1 diz que esta 'grande multidão' está no céu.
- A grande multidão da 'grande tribulação', segundo a revelação de Jesus a João, composta de judeus e gentios crentes, foi toda martirizada. Quando João menciona mortos trajando “vestes brancas”, trata de martirizados(Ap 6:9-11). A Igreja Primitiva[Pós-apostólica], assim o entendeu, como no caso de André de Cesareia(+ 637 d.C), que, em seu "Comentário do Apocalípse" em alusão a Ap 7:9, disse:
"Esses são aqueles de quem Davi diz: 'Se eu os contasse, seriam mais numerosos do que a areia', tanto aqueles que anteriormente lutaram como mártires por Cristo quanto aqueles que lutaram recentemente com a maior bravura de todas as tribos e línguas que, derramando seu próprio sangue por Cristo"(Capítulo XX)
Tertuliano(160-230), já bem antes de André de Cesaréia, já emitia o mesmo parecer que ele, dizendo:
"Pois mais uma vez uma multidão incontável é revelada, vestida de branco e distinguida por palmas de vitória, celebrando seu triunfo, sem dúvida, sobre o Anticristo, já que um dos anciãos diz: Estes são os que vêm da grande tribulação, e lavaram as suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro[A 7:1. Porque a carne é a vestimenta da alma. A impureza, de fato, é lavada pelo batismo, mas as manchas são transformadas em uma brancura deslumbrante pelo martírio"(Escorpião, 12)
Seguindo estes pais da igreja, vários outros comentaristas das Escrituras, repeteriam o seu testemunho, como se segue:
(i)John F. Walvoord[1910-2002], teólogo batista, em seu livro "A Revelação de Jesus Cristo, Um Comentário"(1966), diz, aludindo a Ap 7:9 =
"Sua crucificação é mencionada em 1:7, e alusões constantes seguem-se à medida que Cristo é apresentado como o Cordeiro imolado, como Aquele que redimiu a humanidade com Seu sangue de toda tribo, língua e nação em 5:9, e Aquele cujo sangue pode branquear os vestidos dos mártires em 7:14"(p.32)
(ii)George B. Caird[1917-1984], teólogo congregacional inglês, em seu livro "Um Comentário Sobre a Revelação de São João, o Teólogo"(1966), diz:
"A cena do julgamento termina com outra recapitulação muito importante. João ouve o rugido de uma vasta multidão. Deve ser a mesma vasta multidão que ele viu antes, com vestes com palmas nas mãos[7:9], pois seu cântico de triunfo é quase o mesmo. Então eles cantaram: 'Vitória ao nosso Deus que está assentado no trono e ao Cordeiro!' Agora eles cantam: 'Vitória, glória e poder pertencem ao nosso Deus'. Não há necessidade de João repetir integralmente o que disse no capítulo anterior, mas está implícito. A vitória de Deus é a vitória conquistada pelos mártires, e a vitória deles é a vitória da Cruz"(p.232)
(iii)Thomas S. kepler[1897-1963],teólogo luterano, em seu livro "O Livro do Apocalipse: Um Comentário Para Leigos"(1957), diz:
"Ap 7:9. 'Uma grande multidão que ninguém podia contar' — ou seja, os 144.000; uma referência ao número de cristãos dispostos a sofrer o martírio. 'Diante do trono e diante do Cordeiro' — a cena retratada nos capítulos 4 e 5 continua aqui. 'Com vestes brancas — como em Apocalipse 3:5; 6:11, simbolizando a pureza e a fidelidade absoluta dos mártires ao Cordeiro. 'Ramos de palmeiras em suas mãos' — [ver João 12:13; I Mac 13:51; II Mac 10:7] as palmas simbolizam a vitória; aqui, João vê os mártires cristãos como aqueles que compartilharão a vitória no dia da ressurreição — portanto, as palmas simbolizam a recompensa para os mártires vitoriosos!"(p.97)
(iv)O Dr. Robert H. Charles[1855-1931], teólogo anglicano, em seu livro "Um Comentário Crítico e Exegético sobre o Apocalipse de São João"(1920), diz, aludindo a Ap 7:9:
"Esses bem-aventurados são mártires que vêm da grande tribulação: mártires — não os fiéis comuns — pois a tribulação ainda está em andamento e, no entanto, eles já receberam 'suas vestes brancas' (ver o próximo versículo e o versículo 6, 11), seus corpos espirituais — uma graça concedida apenas aos mártires"(p.213)
"Visão da bem-aventurança futura daqueles que foram selados e sofreram o martírio"(p.405)
(v)John V. McGee[1904-1988], ministro presbiteriano, em seu livro "A Profecia, Apocalípse, Capítulos 6-13"(1995), aludindo a Ap 7:9-17, diz:
"Esta companhia já passou por isso; eles passaram pela Grande Tribulação. Na maioria deles, eu acredito, estavam mártires e entregaram suas vidas por Cristo"(p.77)
(vi)Moses B. Stuart[1780-1852], ministro congregacional, em seu livro "Um Comentário Sobre o Apocalípse"(1851), diz. aludindo a Ap 7:9-17:
"O céu se enche de alegria com isso, e louvores e ações de graças irrompem de todos os lados do trono de Deus. Entre eles, destacam-se os mártires, vestidos com suas vestes resplandecentes. João indaga com profundo interesse a respeito disso e recebe garantias de que todo tipo de bênção e felicidade os aguarda[Ap 7]"(p.182)
(vii)O Rev. Samuel Fuller, ministro anglicano, em seu livro "A Revelação de São João, o Divino, autointerpretada. Um comentário para leitores de inglês"(1885), aludindo a Ap 7:9-17, diz:
"Vestidos com vestes brancas: reaparecimento dos santos mártires[Ap 6:1; 7:13-14]"(p.129).
(viii)Richard J. Bauckham, teólogo anglicano, em sua obra "O Climax da Profecia: Estudos sobre o Livro do Apocalipse"(2005), aludindo a Ap 7:9-17, diz:
"Especialmente dignas de nota são a maneira como a imagem do altar (que naturalmente tomamos como o altar do sacrifício, mas para o qual João usa a palavra que em outros lugares usa para o altar do incenso) serve para ligar esta cena com as passagens em que as orações dos mártires por vingança são vistas como cumpridas[8:3-5; 9:13; 14:18; 16:7], e a imagem da túnica branca liga esta cena com aquela em que o número completo de mártires são vistos triunfantes no céu[Ap 7:9-17]. João, portanto, integrou a tradição em sua própria interpretação dos temas de martírio e julgamento ao longo de seu livro"(p.55)
De fato, vários comentaristas reformados [dentre eles, alguns puritanos] das Escrituras entenderam que a grande tribulação incluía a Igreja de Cristo em todas as eras:
“O climax incluindo toda a tribulação pela qual os santos de todas as eras passaram”(Robert Jamieson[1802-1880], Andrew Robert Fausset[1821-1910] e David Brown[1803-1897], Ministros Anglicanos, Com de Ap 7:14)
“Não há dúvida sobre a ênfase que o artigo definido (infelizmente, ignorado em nossa versão em inglês) dá: é a grande tribulação; mas embora ainda possa haver provações reservadas para a Igreja de Cristo tão grandes que possam ser chamadas, em comparação com as que vieram antes, de grande tribulação, ainda parece estar em desacordo com o espírito do Apocalipse e a complexidade desta visão limitar a frase a alguma época especial de provação. Não é a grande tribulação a tribulação que devem enfrentar aqueles que estão do lado de Cristo e da justiça, e se recusam a receber a marca da mundanidade e do pecado em seu coração, consciência e vida? em todas as eras, é verdade que devemos, por meio de muitas tribulações, entrar no reino de Deus; e a visão aqui certamente não é daqueles que sairão seguros de algumas provações específicas, mas da grande multidão de todas as eras e de todas as raças que travaram guerra contra o pecado e que, em meio a esse conflito prolongado, suportam a grande tribulação que continuará até o retorno de Cristo”(Charles J. Ellicott[1819-1905], Ministro Anglicano, Com de Ap 7:14)
“Visto que esta companhia designa todos os eleitos de Deus, que já existiram, existem ou existirão no mundo; ‘a grande tribulação’, da qual eles saíram, não deve ser restringida a nenhum momento específico de angústia, mas inclui tudo o que existiu, existe ou existirá; como todas as aflições dos santos sob o Antigo Testamento; do justo Abel a Zacarias; e todos os problemas do povo de Deus nos tempos dos Macabeus[Hb 11:35]; todas as perseguições dos cristãos pelos judeus; e as perseguições sob os imperadores romanos, tanto pagãos quanto arianos; e as crueldades e barbaridades do Anticristo Romano, durante todo o tempo da apostasia; e particularmente a última luta da besta, que será a hora da tentação, que virá sobre todo o mundo; e, em, geral, todas as aflições, reprovações, perseguições e muitas tribulações de todos os santos e de todos os membros de Cristo neste mundo, que no novo estado da igreja de Jerusalém, sairão delas; o que supõe que eles estiveram nelas, e ainda assim não foram subjugados por elas, e perdidos nelas; mas, pelo apoio e assistência divinos, passaram por elas, e agora estavam completamente livres delas, e nunca mais seriam incomodados com elas(Ap 21:4]”(John Gill[1697-1771], Ministro Batista, Com de Ap 7:14)
“O bispo de Londres, depois de ter degradado Richard Bayfield, mártir, ajoelhado no degrau mais alto do altar, golpeou-o com tanta força no peito com seu cajado, que o jogou pra trás e quebrou sua cabeça, fazendo-o desmaiar; e quando voltou a si, agradeceu a Deus por ter sido liberto da maligna Igreja do Anticristo e por ter entrado na verdadeira Igreja Militante de Cristo, e espero que esteja logo com ele na Igreja triunfante”(John Trapp[1601-1669], Ministro Anglicano, Com de Ap 7:14)
“O relato dado ao apóstolo a respeito daquele nobre exército de mártires que estavam diante do trono de Deus com vestes brancas, com palmas da vitória em suas mãos: e aqui se observa: 1. O estado baixo e desolado em que se encontravam anteriormente; eles passaram pela grande tribulação, foram perseguidos pelos homens, tentados por Satanás, às vezes perturbados em seus próprios espíritos; sofreram a perda de seus bens, a prisão de suas pessoas, sim, a perda da própria vida. O caminho para o céu passa por muitas tribulações; mas a tribulação, por maior que seja, não nos separará do amor de Deus. A tribulação, quando bem superada, tornará o céu mais acolhedor e mais glorioso”(Matthew Henry[1662-1714], Ministro Presbiteriano, Com de Ap 7:14)
“Esta ‘grande tribulação’, portanto, tem um escopo mais amplo do que a tribulação já experimentada pelas igrejas. Mais adiante no livro, veremos de fato a grande tribulação que o mundo deve enfrentar, e enfrentará constantemente ao longo dos séculos. Os cristãos também devem experimentar alguns de seus efeitos. Mas sabemos por este capítulo que eles estão sob a proteção de Deus”(Peter Pett, Ministro Batista, Com de Ap 7:14)
A Bíblia de Estudo de Genebra da IPB, elaborada por 56 teólogos reformados, diz sobre Ap 7:14, definindo a ‘Grande Tribulação’ como um corpo de todas as tribulações ocorridas em todas as eras da Igreja:
“Porém, tribulações para os cristãos tem ocorrido e continuarão a ocorrer ao longo de tod a era da Igreja”(p.1729)
(4)A opinião da Igreja Primitiva[Pais da Igreja], com relação ao evento de Mt 24:13,15-21, dizia respeito a algo restrito aos judeus crentes, ao invés de toda a Igreja Cristã, composta de judeus e gentios crentes, como Crisóstomo(347-407), que diz que naquela ocasião Jesus estava falando que os judeus incrédulos é que pereceriam sob a espada de Tito:
“Você vê que o seu discurso é dirigido aos judeus e que ele está falando dos males que os atingiriam, Pois, os apóstolos certamente não deveriam guardar o dia de sábado, nem estar presentes quando Vespasiano fizesse essas coisas. Pois, de fato, a maior parte deles já havia partido desta vida. E se alguém restava, ele estava morando em outras partes do mundo....Mas a quem Ele se refere aqui com os eleitos? Os crentes que estavam encerrados no meio deles. Para que os judeus não dissessem que por causa do evangelho e da adoração a Cristo esses males ocorreram, Ele mostra que, longe de os crentes serem a causa, se não fosse por eles, todos teriam perecido completamente”(Homília 76 sobre Mateus)
(5)E quando a Igreja Primitiva fez referência a Mt 24:4-31, como algo ligado a uma espécie de tribulação, dizia respeito não só a algo cujo cumprimento não se restringiu a 70 d.C, mas a várias eras, bem como também a algo que envolveria martírio de cristãos, como Cipriano(200-258), que disse:
“E estas não são coisas novas ou repentinas que estão acontecendo agora aos cristãos; visto que os bons e justos, e aqueles que são devotados a Deus na lei da inocência e no temor da verdadeira religião, avançam sempre através de aflições e injustiças, e das severas e múltiplas penalidades das dificuldades, nas dificuldades de um caminho estreito. Assim, no iníico do mundo. Assim, no início do mundo, o justo Abel foi o primeiro a ser enganado por seu irmão; e Jacó levado ao exílio, e José foi vendido, e o rei Saul perseguiu o misericordioso Davi; e o rei Acabe tentou oprimir Elias, que firme e bravamente afirmou a majestade de Deus. O sacerdote Zacarias foi morto entre o templo e o altar, para que ele próprio pudesse se tornar um sacrifício onde costumava oferecer sacrifícios a Deus. Tantos martírios dos justos foram, de fato, frequentemente celebrados; tantos exemplos de fé e virtude foram apresentados às gerações futuras. Os três jovens, Ananias, Azarias e Misäel, iguais em idade, concordando no amor, firmes na fé, constantes na virtude , mais fortes do que as chamas e penalidades que os incitavam, proclamam que obedecem somente a Deus, que o conhecem somente, que o adoram somente, dizendo: ‘Ó rei Nabucodonosor, não há necessidade de que te respondamos neste assunto. Pois o Deus a quem servimos é capaz de nos livrar da fornalha de fogo ardente; e ele nos livrará das tuas mãos, ó rei. E se não, saibam que não servimos a seus deuses e não adoramos a estátua de ouro que vocês levantaram’[Dn 3:16-18]”(Tratado XI, 11)
(6)Todos os eventos vaticinados por Cristo em Mt 24:1-31 já se cumpriram em 70 d.C ou no 1º século da era cristã?
A resposta sincera é "não". E temos algumas evidências disso. O v.14 diz:
"E este evangelho do reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as nações, e então virá o fim"(ACF)
O sentido aqui, das palavras de nosso Senhor seria que o evangelho seria pregado a qualquer pessoa, sem distinção de etnia, fosse seu ouvinte um judeu ou um gentio. Mas, o evangelho havia sido pregado a todos os continentes da Terra? Não. Partes da Europa, África e Ásia foram atingidas, mas nenhum habitante da América do Sul, América do Norte, Antártida e Oceania foi atingido. Portanto, esse palavra vaticinada ainda iria se cumprir após a era apóstólica. Lembrando que a primeira pregação do Evangelho na América do Sul, ocorreu em 1557, pelos missionários franceses enviados por Calvino ao Brasil. Os protestantes só chegaram a Antárdia em 1820. E a primeira vez que o Evangelho chegou a América do Norte, foi no século XVII, com Roger Williams e outros calvinistas que ali estabeleceram a primeira Igreja Batista da América do Norte. Portanto, houve um cumprimento parcial, não total ou completo, desse sinal profético de Jesus, antes de 70 d.C.
Outro caso que mostra que todas as profecias de Ap 1-19 não se cumpriram em 70 d.C nem em todo o 1º século da era cristã, é a questão do Anticristo. Em 2 Ts 2:1-12, lemos:
"Ora, irmãos, rogamo-vos, pela vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, e pela nossa reunião com ele, Que não vos movais facilmente do vosso entendimento, nem vos perturbeis, quer por espírito, quer por palavra, quer por epístola, como de nós, como se o dia de Cristo estivesse já perto. Ninguém de maneira alguma vos engane; porque não será assim sem que antes venha a apostasia, e se manifeste o homem do pecado, o filho da perdição, O qual se opõe, e se levanta contra tudo o que se chama Deus, ou se adora; de sorte que se assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus. Não vos lembrais de que estas coisas vos dizia quando ainda estava convosco? E agora vós sabeis o que o detém, para que a seu próprio tempo seja manifestado.Porque já o mistério da injustiça opera; somente há um que agora o retém até que do meio seja tirado; E então será revelado o iníquo, a quem o Senhor desfará pelo Espírito da sua boca, e aniquilará pelo esplendor da sua vinda; A esse cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás, com todo o poder, e sinais e prodígios de mentira, E com todo o engano da injustiça para os que perecem, porque não receberam o amor da verdade para se salvarem. E por isso Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam a mentira; Para que sejam julgados todos os que não creram a verdade, antes tiveram prazer na iniquidade"(ACF)
Olhando para esse texto, temos elementos contrários ao pensamento preterista:
(a)Cristo não viria visível e fisicamente para se reunir com sua Igreja, sem que antes surgisse o Anticristo:
"Ora, irmãos, rogamo-vos, pela vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, e pela nossa reunião com ele, Que não vos movais facilmente do vosso entendimento, nem vos perturbeis, quer por espírito, quer por palavra, quer por epístola, como de nós, como se o dia de Cristo estivesse já perto. Ninguém de maneira alguma vos engane; porque não será assim sem que antes venha a apostasia, e se manifeste o homem do pecado, o filho da perdição"(2 Ts 2:1-3)
Paulo escreveu essa epístola entre 50-52 d.C. Note bem a expressão de Paulo: "como de nós, como se o dia de Cristo estivesse já perto"(2 Ts 2:2). Paulo, aludindo a "vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, e pela nossa reunião com ele"(2 Ts 2:1), não está afirmando que ele estivesse em alguma de suas cartas mencionando o aparecimento do Anticristo em seus dias. Pelo contrário, ele condiciona a segunda vinda vísivel e física de Cristo, como sendo precedida pelo aparecimento da apostasia e do Anticristo: "Ninguém de maneira alguma vos engane; porque não será assim sem que antes venha a apostasia, e se manifeste o homem do pecado, o filho da perdição"(2 Ts 2:3). Será que o Anticristo seria o Império Romano, como entendem e defendem os preteristas? Segundo Paulo, não, porque ele afirma que o Anticristo não só espalharia a apostasia, mas que sua "vinda é segundo a eficácia de Satanás, com todo o poder"(2 Ts 2:9). Paulo, em alguma de suas cartas ensinou que o Império Romano surgiria segundo a eficácia de Satanás e manifestando todo o poder dele? Não. Mas tem mais. Paulo diz que o Anticristo viria, como portador de "sinais e prodígios de mentira"(2 Ts 2:9). O substantivo grego neutro "σημεῖον"(sēmeion), aqui traduzido por "sinais", segundo o "Thayer's Greek English Lexicon of the New Testament", tem o sentido de "prodígio, presságio, ou seja, uma ocorrência incomum, transcendendo o curso comum da natureza...o poder do tempo, pelo qual os homens são enganados, é atribuído também a falsos mestres, falsos profetas e demônios"(pp.573,574). O substantivo grego neutro "τέρας"(teras), aqui traduzido por "prodígios", segundo o "Thayer's Greek English Lexicon of the New Testament", tem o sentido de "milagre"(p.620). Temos evidências de narrativas por parte de Lucas, Paulo e outros apóstolos, de que o Império Romano estava operando coisas de ordem sobrenatural, prodígios e milagres? Não, não temos.
(b)Há algo que que o retém, até que seja retirado do meio, para que o Anticristo se manifeste:
"Porque já o mistério da injustiça opera; somente há um que agora o retém até que do meio seja tirado"(2 Ts 2:7)
Veja. O verbo grego "κατέχω"(katechō), aqui traduzido por "retém", segundo o "Thayer's Greek English Lexicon of the New Testament", tem o sentido de "deter"(p.339). Quem é que deteria temporariamente a manifestação do Anticristo, ou seria um empecílio para a sua manifestação? Calvino nos dá a entender que é a Igreja. Gill, Ellicott, a Bíblia de Estudo de Genebra de 1591, Matthew Henry, Matthew Poole e Peter Pett dizem que é 'o Império Romano'. Ger de Koning diz que é o Espírito Santo. Ao meu ver, a posição que se encaixaria melhor nessa interpretação seria a Igreja, pois o Falso Profeta, o precursor do Antcristo é mencionado como fazendo guerra aos santos e os "vencendo"(Ap 13:7), o que infere vencer no sentido físico, retirando a Igreja de circulação, seja aprisionando os santos, ou os matando, e, assim, impedindo que eles, através da livre pregação do evangelho, fossem um empecílio para a manifestação do Anticristo. Mas o que é fato é que dentre esses comentaristas, há uma aversão a interpretação preterista[que diz que o Anticristo já apareceu no século I e era o Império Romano), pois muitos deles entendem que a manifestação do Anticristo não ocorreu no 1º século da era cristã:
"Ele havia predito a destruição do reinado do Anticristo; agora aponta a maneira de sua destruição — que ele será reduzido a nada pela palavra do Senhor. É incerto, no entanto, se ele fala da última aparição de Cristo, quando ele será manifestado do céu como o Juiz. As palavras, de fato, parecem ter esse significado, mas Paulo não quer dizer que Cristo realizaria isso em um momento. Portanto, devemos entender neste sentido — que o Anticristo seria total e em todos os aspectos destruído, quando chegasse o dia final da restauração de todas as coisas"(João Calvino[1509-1564], Com de 2 Ts 2:8)
"'Está assentado no templo de Deus' — isto é, na igreja cristã. Não é necessário entender isso em relação ao templo de Jerusalém"(Albert Barnes[1798-1870], Ministro Presbiteriano, Com de 2 Ts 2:4)
"Parece que esse Anticristo aparecerá, como um anjo de luz, uma pessoa pacífica, negociará um pacto de paz de sete anos entre judeus e gentios, permitirá que o antigo templo seja reconstruído e que o programa de adoração seja instituído e continuado por cerca de 42 meses"(Albert Garner e J. C Howes, Ministros Batistas, Com de 2 Ts 2:4)
"Ele é contido pelo Espírito Santo, e quando chegar o dia determinado por Deus, esse espírito do anticristo dominará totalmente, e o Senhor Jesus acabará com ele e com o seu reino religioso quando voltar!"(Henry Mahan[1947-1998], Ministro Batista, Com de 2 Ts 2:5-8)
"Assim também por isso o anticristo será consumido e está consumido; pois esta frase denota o início de sua destruição, que ocorreu na época da reforma pela pregação do Evangelho por Lutero e outros; pela qual este homem do pecado recebeu sua ferida mortal, e tem estado em consumo desde então, e está sensivelmente desperdiçando seu poder e glória a cada dia, e em breve chegará à destruição total"(John Gill[1697-1771], Ministro Batista, Com de 2 Ts 2:8)
"Aqui, novamente, é o mero fato de o verdadeiro Cristo se manifestar que reduzirá a nada [tal é o significado da palavra grega para 'destruir'] o falso Cristo. Quando eles estiverem face a face, não haverá mais possibilidade de ilusão"(Charles J. Ellicott[1819-1905], Ministro Anglicano, Com de 2 Ts 2:8)
"Sua aparição, portanto, quando Ele vier visível à terra, significa o fim do Iníquo"(Ger de Koning, Ministro das Igrejas Reformadas, Com de 2 Ts 2:5-8)
"A destruição do Anticristo será pelo brilho da vinda de Cristo; na vinda de Cristo para o julgamento, a ruína final e a destruição total do Anticristo serão consumadas; que a igreja não desanime, embora o Anticristo permaneça, depois de todos os esforços usados para sua ruína, é suficiente termos certeza de que o Anticristianismo será finalmente destruído; quanto ao tempo, deixemos isso para Deus; se não for até o dia do julgamento, ou a conquista final de Cristo sobre todos os seus adversários, por que não deveríamos nos contentar em esperar por isso; visto que a sabedoria infinita determina o tempo, bem como a coisa em si"(William Burkitt [1650-1703], Ministro Anglicano, Com de 2 Ts 2:8)
(c)As descrições paulinas sobre o Anticristo não fornecem nenhuma base para interpretação preterista:
"Ninguém de maneira alguma vos engane; porque não será assim sem que antes venha a apostasia, e se manifeste o homem do pecado, o filho da perdição, O qual se opõe, e se levanta contra tudo o que se chama Deus, ou se adora; de sorte que se assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus"(2 Ts 2:3-4)
Paulo diz que o Anticristo se "assentará no templo de Deus". O verbo grego aqui usado é "καθίζω"(kathizō), traduzido por Almeida por "assentará", de acordo com o "Dicionário Teológico do Novo Testamento"(Volume 1) de G. Kittel e G. Friedrich, tem o sentido de "colocar", ligada a uma ideia de que "o Anticristo também pode sentar-se num trono[2 Ts 2:4]"(p.427). A ideia aqui seria que o Anticristo estaria instituído como se fosse um ocupante de um cargo político no meio da Igreja Visível, pois o texto diz que ele se assentará no "templo de Deus", e "templo de Deus", como expressão usada por Paulo, é uma alusão a Igreja:
"Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?"(1 Co 3:16)
"...porque o templo de Deus, que sois vós, é santo"(1 Co 3:17)
"Porque vós sois o templo do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei, e entre eles andarei; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo"(2 Co 6:16)
Esse é o entendimento de vários comentaristas das Escrituras[dentre eles, vários reformados], como se segue:
"Por este único termo há uma refutação suficiente do erro, ou melhor, da estupidez daqueles que consideram o Papa como Vigário de Cristo, com base no fato de que ele tem seu assento na Igreja, seja qual for a maneira como se comporte; pois Paulo não coloca o Anticristo em nenhum outro lugar senão no próprio santuário de Deus. Pois este não é um inimigo estrangeiro, mas doméstico, que se opõe a Cristo sob o próprio nome de Cristo. Mas pergunta-se: como a Igreja é representada como o antro de tantas superstições, enquanto estava destinada a ser a coluna da verdade?[1 Tm 3:15]. Respondo que ela é assim representada, não com base em reter todas as qualidades da Igreja, mas porque ainda tem algo dela. Consequentemente, reconheço que esse é o templo de Deus no qual o Papa governa, mas ao mesmo tempo profanado por inúmeros sacrilégios"(João Calvino[1508-1564], Com de 2 Ts 2:4)
"Está assentado no templo de Deus — isto é, na igreja cristã. Não é necessário entender isso em relação ao templo de Jerusalém, que existia na época em que esta Epístola foi escrita""(Albert Barnes[1798-1870], Ministro Presbiteriano, Com de 2 Ts 2:4)
"'De modo que ele, como Deus, se assenta no templo de Deus'; não no templo de Jerusalém, que seria destruído e nunca mais seria reconstruído, e foi destruído antes que esse homem do pecado fosse revelado; mas na igreja de Deus, assim chamada[1 Co 3:16]"(John Gill[1697-1771], Ministro Batista, Com de 2 Ts 2:4)
"Ele prediz que o anticristo (isto é, quem quer que ocupe aquele assento que se afasta de Deus) não reinará fora da Igreja, mas no próprio seio da Igreja"(Bíblia de Estudo de Genebra[1591], Com de 2 Ts 2:4)
"Como Deus, ele se assenta no templo de Deus, mostrando-se Deus. Assim como Deus estava no templo da antiguidade e ali era adorado, e está em e com sua igreja agora, assim o anticristo aqui mencionado é algum usurpador da autoridade de Deus na igreja cristã, que reivindica honras divinas"(Matthew Henry[1662-1714], Ministro Presbiteriano, Com de 2 Ts 2:4)
"Assenta-se no templo, a igreja de Deus"(Matthew Poole[1624-1679], Ministro Congregacional, Com de 2 Ts 2:4)
"A venda de indulgências, perdões, concessões e coisas semelhantes estão intimamente ligadas ao homem do pecado; e, onde praticadas, representam de forma muito marcante aquele a quem Paulo descreve como sentado no templo de Deus, mostrando-se Deus. E é opor-se a Cristo em todos os seus ofícios, como Profeta, Sacerdote e Rei de sua Igreja; ao ensinar o culto aos santos; ao estabelecer méritos e unir intercessores a Cristo; e ao assumir o título de supremacia, como cabeça da Igreja"(Robert Hawker[1753-1827], Ministro Anglicano, Com de 2 Ts 2:4)
(d)O Anticristo terá um precursor - o Falso Profeta:
"E eu pus-me sobre a areia do mar, e vi subir do mar uma besta que tinha sete cabeças e dez chifres, e sobre os seus chifres dez diademas, e sobre as suas cabeças um nome de blasfêmia. E a besta que vi era semelhante ao leopardo, e os seus pés como os de urso, e a sua boca como a boca de leão; e o dragão deu-lhe o seu poder, e o seu trono, e grande poderio. E vi uma das suas cabeças como ferida de morte, e a sua chaga mortal foi curada; e toda a terra se maravilhou após a besta. E adoraram o dragão que deu à besta o seu poder; e adoraram a besta, dizendo: Quem é semelhante à besta? Quem poderá batalhar contra ela? E foi-lhe dada uma boca, para proferir grandes coisas e blasfêmias; e deu-se-lhe poder para agir por quarenta e dois meses. E abriu a sua boca em blasfêmias contra Deus, para blasfemar do seu nome, e do seu tabernáculo, e dos que habitam no céu. E foi-lhe permitido fazer guerra aos santos, e vencê-los; e deu-se-lhe poder sobre toda a tribo, e língua, e nação. E adoraram-na todos os que habitam sobre a terra, esses cujos nomes não estão escritos no livro da vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo. Se alguém tem ouvidos, ouça. Se alguém leva em cativeiro, em cativeiro irá; se alguém matar à espada, necessário é que à espada seja morto. Aqui está a paciência e a fé dos santos. E vi subir da terra outra besta, e tinha dois chifres semelhantes aos de um cordeiro; e falava como o dragão. E exerce todo o poder da primeira besta na sua presença, e faz que a terra e os que nela habitam adorem a primeira besta, cuja chaga mortal fora curada"(Ap 13:1-12)
Se o Império Romano fosse o Anticristo, ao invés de uma pessoa real, como sugerem alguns preteristas, quem então seria o Falso Profeta? Será que vão dizer também que se trata de um outro sistema religioso ou político, ao invés de uma pessoa real?
(e)O Anticristo será derrotado por Cristo durante sua segunda vinda:
"E então será revelado o iníquo, a quem o Senhor desfará pelo Espírito da sua boca, e aniquilará pelo esplendor da sua vinda"(2 Ts 2:8)
A definição desse texto parece ser um cheque-mate na questão. Em primeiro lugar, Paulo diz que o Anticristo é "o íniquo" será derrotado por Cristo "pelo esplendor da sua vinda", isto é, na sua vinda. A primeira coisa a se observar aqui é o adjetivo grego "ἄνομος"(anomos), aqui traduzido por "íniquo", que de acordo com o Léxico Grego do Novo Testamento de Edward Robinson, significa literalmente "ímpio"(p.76).O Léxico do Novo Testamento Grego Português de F. W. Gingrich e F. W. Danker reza o adjetivo grego "ἄνομος"(anomos) por "impio, o Anticristo"(p.25). Walter Bauer[1877-1960], em sua obra "A Greek-English Lexicon of the New Testament, and Other Early Christian Literature", reza o adjetivo grego "ἄνομος"(anomos)por "o íniquo do Anticristo"(p.70) A referência aqui é a um homem em particular, o Anticristo. Note. Ele é chamado de "o homem do pecado"(2 Ts 2:4). João, falando nele, diz: "Aqui há sabedoria. Aquele que tem entendimento, calcule o número da besta; porque é o número de um homem, e o seu número é seiscentos e sessenta e seis"(Ap 13:18), acrescentando mais tarde, que ele[o Anticristo] seria lançado vivo no Lago de Fogo, onde seria atormentado para todo o sempre(Ap 19:19,20; 20:10). Ninguém pode atormentar um sistema de pensamento político ou religioso. Só se pode atormentar uma pessoa. A segunda coisa a se observar é que o substantivo grego neutro "παρουσία"(parousia), aqui traduzido por "vinda", de acordo com o Léxico Grego do Novo Testamento de Edward Robinson, se refere aqui em 2 Ts 2:8 como "julgamento para receber os santos à recompensa deles[[1 Co 15:23; 1 Ts 2:19; 2 Ts 2:8; 2 Pd 3:4; 1 Jo 2:28]"(p.702). Já o Léxico do Novo Testamento Grego Português de de F. W. Gingrich e F. W. Danker, se refere a "Cristo e seu Advento Messiânico no fim desta era"(p.160). A referência exegética para a derrota do Anticristo se refere literalmente, não a um evento em 70 d.C, mas a segunda vinda visível de Cristo, "no fim desta era", não após a metade ou no fim daquela era do 1º século da era cristã.
Em segundo lugar, Paulo diz que em sua segunda vinda, Jesus aniquilará" o Anticristo. O verbo grego "καταργέω"(katargeō), aqui traduzido por "desfará", de acordo com a Nova Chave Linguística do Novo Testamento Grego de W. Haubeck e H. V. Siebenthal, tem o sentido de "anular o efeito"(p.1155). A Chave Linguística do Novo Testamento Grego de Fritz Rienecker e Cleon Rogers, reza "καταργέω"(katargeō)por "tornar inoperante, anular, abolir, colocar fora de funcionamento"(p.451). O Léxico do Novo Testamento Grego Português de F. W. Gingrich e F. W. Danker reza "καταργέω"(katargeō)por "tornar ineficaz, sem poder, abolir, colocar de lado, levar ao fim"(p.112).
A Igreja Primitiva[Pós-Apostólica - os Pais da Igreja], entendia a manifestação do Anticristo, não como algo que já tinha ocorrido em 70 d.C, mas como algo que ainda seria futuro, como se segue:
(i)Irineu(130-200), diz:
"E não somente pelos detalhes já mencionados, mas também por meio dos eventos que ocorrerão no tempo do Anticristo é mostrado que ele, sendo um apóstata e um ladrão, está ansioso para ser adorado como Deus ; e que, embora um mero escravo, ele deseja ser proclamado como um rei. Pois ele[o Anticristo], sendo dotado de todo o poder do diabo, virá, não como um rei justo, nem como um rei legítimo, [isto é, alguém] em sujeição a Deus, mas um ímpio, injusto e sem lei; como um apóstata, iníquo e assassino; como um ladrão, concentrando em si mesmo [toda] a apostasia satânica, e deixando de lado os ídolos para persuadir [os homens] de que ele mesmo é Deus, levantando-se como o único ídolo, tendo em si mesmo os múltiplos erros dos outros ídolos. Ele faz isso para que aqueles que agora adoram o diabo por meio de muitas abominações possam servir a si mesmos por meio deste único ídolo, de quem o apóstolo fala na segunda Epístola aos Tessalonicenses"(Contra Heresias, V; 25:1)
(ii)Hipólito(169-215) diz:
"E o abençoado apóstolo Paulo, escrevendo aos tessalonicenses, diz: 'Irmãos, rogamo-vos, quanto à vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e à nossa reunião nela, que não vos movais facilmente do vosso entendimento, nem vos perturbeis, nem por espírito, nem por palavra, nem por epístolas, como se vindas de nós, como se o Dia do Senhor estivesse próximo. Ninguém de maneira alguma vos engane, porque (esse dia não virá) sem que primeiro venha a apostasia e seja revelado o homem do pecado, o filho da perdição, o qual se opõe e se levanta contra tudo o que se chama Deus ou é objeto de culto, de sorte que se assentará no templo de Deus, ostentando-se como Deus. Não vos lembrais de que eu vos dizia estas coisas quando ainda estava convosco? E agora sabeis o que o retém, para que a seu tempo seja revelado. Porque o mistério da iniquidade já opera; somente aquele que agora o retém até que do meio seja tirado. E então será revelado o ímpio, a quem o Senhor Jesus desfará pelo sopro da sua boca e destruirá pelo esplendor da sua vinda; a ele, cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás, com todo o poder, e sinais e prodígios de mentira, e com todo o engano da injustiça para os que perecem, porque não receberam o amor da verdade. E por isso Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam na mentira, para que sejam condenados todos os que não creram na verdade, antes tiveram prazer na injustiça'. E Isaías diz: 'Seja exterminado o ímpio, para que não veja a glória do Senhor'
Estas coisas, então, estando para acontecer, amados, e a semana sendo dividida em duas partes, e a abominação da desolação sendo então manifestada, e os dois profetas e precursores do Senhor tendo terminado sua carreira, e o mundo inteiro finalmente se aproximando da consumação, o que resta senão a vinda de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo do céu, por quem aguardamos com esperança? Quem trará a conflagração e o justo julgamento sobre todos os que se recusaram a crer nEle? Pois o Senhor diz: 'Quando estas coisas começarem a acontecer, então, olhai para cima e levantai as vossas cabeças, porque a vossa redenção se aproxima. E não se perderá um fio de cabelo da vossa cabeça. Porque, assim como o relâmpago sai do oriente e brilha até o ocidente, assim será também a vinda do Filho do Homem. Pois onde estiver o cadáver, aí se ajuntarão as águias. Ora, a queda ocorreu no paraíso; pois Adão caiu ali. E Ele diz novamente: Então o Filho do Homem enviará os seus anjos, e eles reunirão os seus eleitos desde os quatro ventos do céu'. E Davi também, ao anunciar profeticamente o julgamento e a vinda do Senhor, diz: 'A sua saída é desde uma extremidade dos céus, e o seu curso até a outra extremidade dos céus; e ninguém se esconde do seu calor. Por calor ele se refere à conflagração'. E Isaías fala assim: 'Vem, povo meu, entra no teu quarto, fecha a tua porta; esconde-te, por assim dizer, por um breve momento, até que passe a ira do Senhor'. E Paulo, da mesma forma: 'Porque a ira de Deus se revela do céu contra toda a impiedade e injustiça dos homens que detêm a verdade de Deus em injustiça'"(Sobre Cristo e o Anticristo, 62-63)
(iii)Tertuliano(160-230), diz:
"Quem já viu Jesus descendo do céu da mesma forma que os apóstolos O viram ascender, conforme a determinação dos dois anjos[At 1:11] Até o presente momento, tribo por tribo, não bateram no peito, olhando para Aquele a quem traspassaram. Ninguém ainda se juntou a Elias[Ml 4:5]; ninguém ainda escapou do Anticristo[1 Jo 4:3]; ninguém ainda teve que lamentar a queda da Babilônia[Ap 18:2]. E há agora alguém que tenha ressuscitado, exceto o herege? Ele, é claro, já deixou a sepultura de seu próprio cadáver — embora esteja agora sujeito a febres e úlceras; ele também já pisoteou seus inimigos — embora tenha agora que lutar com os poderes do mundo. E, naturalmente, ele já é um rei — embora agora mesmo deva a César as coisas que são de César[Mt 22:21]"(Sobre a Ressurreição da Carne, 22)
"Pois mais uma vez uma multidão incontável é revelada, vestida de branco e distinguida por palmas de vitória, celebrando seu triunfo, sem dúvida, sobre o Anticristo, já que um dos anciãos diz: 'Estes são os que vêm da grande tribulação, e lavaram as suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro'[Ap 7:14]"(Escorpião, 12)
(iv)Orígenes(184-255), diz:
"Pois, assim como ouvimos que o Anticristo vem, e ainda aprendemos que há muitos anticristos no mundo, da mesma forma, sabendo que Cristo veio, vemos que, graças a Ele, há muitos cristos no mundo que, como Ele, amaram a justiça e odiaram a iniquidade, e, portanto, Deus, o Deus de Cristo, os ungiu também com o óleo da alegria"(Contra Celso, 6:79)
(v)Cipriano(200-258), diz:
"Também sobre o Anticristo, que ele virá como um homem. Em Isaías: 'Este é o homem que agita a terra, que perturba os reis, que torna toda a terra um deserto'"(Tratadi XII, 3º Livro).
(vi)Alexandre de Alexandria(+ 328), diz:
"Em nossa diocese, portanto, não faz muito tempo, surgiram homens sem lei e adversários de Cristo, ensinando os homens a apostatar; o que, com razão, se poderia suspeitar e chamar de precursor do Anticristo"(Epístola sobre o Aranismo e a Deposição de Ário, 1)
(vii)Vitorino(281-365 d.C), diz:
"O curto período significa três anos e seis meses, nos quais, com todo o seu poder, o diabo se vingará sob o Anticristo contra a Igreja. Finalmente, ele diz, depois disso, o diabo será solto e seduzirá as nações em todo o mundo e provocará a guerra contra a Igreja, cujo número de inimigos será como a areia do mar"(Comentário do Apocalípse, XX)
(viii)Atanásio(296-373), diz:
"E uma vez também os arianos , tendo afirmado mentindo que as opiniões de Antônio eram as mesmas que as deles, ele ficou descontente e irado contra eles. Então, sendo convocado pelos bispos e todos os irmãos, desceu da montanha e, tendo entrado em Alexandria, denunciou os arianos , dizendo que sua heresia era a última de todas e uma precursora do Anticristo"(Vida de Santo Antonio, 69)
(ix)Cirilo de Jerusalém[332-386], diz:
"A Igreja agora o incumbe diante do Deus Vivo; ela declara a você as coisas referentes ao Anticristo antes que elas cheguem. Não sabemos se elas acontecerão em seu tempo, ou se acontecerão depois de você, não sabemos; mas é bom que, sabendo dessas coisas, você se prepare com antecedência"(Leitura Catequética, 15:3)
(x)Crisóstomo(347-407), diz:
"Pois alguns, nos dias dos apóstolos, enganaram a multidão; 'porque virão', diz Ele, 'e enganarão a muitos'[Mt 24:11] e outros o farão antes da Sua segunda vinda, os quais serão também mais graves do que os primeiros. 'Pois farão', diz Ele, 'sinais e prodígios, para enganar, se possível, até os escolhidos'[Mt 24:24], aqui Ele está falando do Anticristo e indica que alguns também o servirão. Dele, Paulo também fala desta maneira. Tendo-o chamado homem do pecado e filho da perdição"(Homília 76 sobre Mateus)
(xi)Jerônimo(347-420), diz:
"E com razão; pois, visto que o bispo é constituído na Igreja para evitar que o povo se engane, quão grande será o erro do povo quando aquele que ensina errar! Como pode ele remir pecados, sendo ele próprio um pecador? Como pode um homem ímpio santificar um homem? Como entrará a luz em mim, se meus olhos estão cegos? Ó miséria! O discípulo do Anticristo governa a Igreja de Cristo"(O Diálogo contra os Luciferianos, 5)
"Quando Teofrasto assim discorre, há algum de nós, cristãos, cuja conversação está no céu e que diariamente diz Fl 1:23: 'Anseio por ser dissolvido e estar com Cristo, a quem ele não envergonha?'. Um co-herdeiro de Cristo realmente desejará herdeiros humanos? E desejará filhos e se deleitará em uma longa linhagem de descendentes, que talvez caiam nas garras do Anticristo, quando lemos que Moisés e Samuel preferiram outros homens aos seus próprios filhos e não consideraram como seus filhos aqueles que consideravam desagradáveis a Deus?"(Contra Joviniano, I:48)
(xii)Sulpício Severo(363-425), diz:
"Descobriu-se, ainda, que, mais ou menos na mesma época, havia um jovem na Espanha que, tendo obtido autoridade entre o povo por meio de muitos sinais, envaideceu-se a tal ponto que se fez passar por Elias. E quando as multidões creram nisso com muita facilidade, ele passou a dizer que era de fato Cristo; e teve tanto sucesso nessa ilusão que um certo bispo chamado Rufo o adorou como se fosse o Senhor. Por isso, vimos esse bispo ser posteriormente destituído de seu ofício. Muitos irmãos também me informaram que, ao mesmo tempo, surgiu no Oriente alguém que se gabava de ser João. Podemos inferir disso, visto que falsos profetas desse tipo têm surgido, que a vinda do Anticristo está próxima; pois ele já está praticando nessas pessoas o mistério da iniquidade. E, sinceramente, penso que este ponto não deve ser ignorado, com as artes com que o diabo tentou Martinho, precisamente neste tempo"(Da Vida de São Martinho, 24)
(xiii)Agostinho(354-430), diz:
"Eu não penso, de fato, que o que alguns pensaram ou podem pensar seja precipitadamente dito ou acreditado, que até o tempo do Anticristo a Igreja de Cristo não sofrerá nenhuma perseguição além daquelas que ela já sofreu — isto é, dez — e que a décima primeira e última será infligida pelo Anticristo"(A Cidade de Deus, 18:52)
"Pois, assim como a aflição da cidade de Deus, como nunca houve antes, que se espera que ocorra sob o Anticristo, foi simbolizada pelo horror de Abraão diante de grandes trevas ao pôr do sol, isto é, quando o fim do mundo se aproxima — assim, ao pôr do sol, isto é, no próprio fim do mundo, é simbolizado por aquele fogo o dia do julgamento, que separa os carnais que serão salvos pelo fogo daqueles que serão condenados no fogo"(A Cidade de Deus, 16:24)
(xiv)Sócrates(380-439), diz:
"Saibam, portanto, que recentemente surgiram em nossa diocese homens sem lei e anticristãos, ensinando apostasia, a qual se pode justamente considerar e denominar precursora do Anticristo"(História Eclesiástica, I:6)
(xv)Gregório I(590-604), declarou:
“Quem quer que se chame bispo universal, ou tal título cobice, é, por seu orgulho, precursor do Anticristo; porque isto é pretender levantar-se acima dos outros. Quando um patriarca se intitula ‘Bispo Universal’, o título de patriarca sofre incontestável descrédito. Quantas desgraças não devemos esperar entre os sacerdotes se suscitarem tais ambições. Esse ‘bispo’ será o rei dos orgulhosos”(Epístola a Ciríaco)
(xvi)João Damasceno(676-749), diz:
"Primeiro, portanto, é necessário que o Evangelho seja pregado entre todas as nações[Mat 25:14]: 'E então será revelado o maligno, cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás, com todo o poder, e sinais e prodígios de mentira, e com todo o engano da injustiça para os que perecem; aos quais o Senhor desfará pela palavra da sua boca, e destruirá pela manifestação da sua vinda'. O próprio diabo, portanto, não se torna homem da maneira como o Senhor se fez homem. Deus nos livre! Mas ele se torna homem como filho da fornicação e recebe toda a energia de Satanás. Pois Deus, prevendo a estranheza da escolha que faria, permite que o diabo habite nele.
Ele é, portanto, como dissemos, filho da fornicação e é criado em segredo, e de repente se levanta, se rebela e assume o governo. E no início de seu governo, ou melhor, de sua tirania, ele assume o papel de santidade. Mas, quando se torna senhor, persegue a Igreja de Deus e manifesta toda a sua maldade"(Uma Exposição da Fé Ortodoxa, 4:26)
Anteriormente, Paulo havia dito que em sua segunda vinda vísivel e física, Jesus "desfará" o Anticristo. O verbo grego "ἀναλίσκω"(analiskō), que segundo o Léxico Analítico do Novo Testamento Grego de William D. Mounce, tem o sentido de "esgotar"(p.82)
Então, veja. Se o Anticristo é o Império Romano, como insinuam os preteristas, então quer dizer que no ano 70 d.C ou no 1º século da era cristã, o Império Romano ficou sem efeito, anulado, inoperante, abolido, sem nenhum funcionamento e esgotado? Mas, onde estão as evidências históricas de que o Império Romano deixou de perseguir os cristãos no 1º século da era cristã? Não temos nenhuma evidência disso. Que saibamos, as perseguições ao Cristianismo só terminaram quando Constantino subiu ao poder no século IV, proibindo as perseguições aos cristãos, por achar que o favorecimento ao Cristinismo seria benéfico ao seu reino. Paulo está literalmente afirmando que o Senhor Jesus, na sua segunda vinda visível e física, derrotaria o Anticristo. O entendimento de Paulo sobre esse assunto fica ainda mais claro em 1 Co 15:23-26 =
"Mas cada um por sua ordem: Cristo as primícias, depois os que são de Cristo, na sua vinda. Depois virá o fim, quando tiver entregado o reino a Deus, ao Pai, e quando houver aniquilado todo o império, e toda a potestade e força. Porque convém que reine até que haja posto a todos os inimigos debaixo de seus pés. Ora, o último inimigo que há de ser aniquilado é a morte"(ACF)
O entendimento de Paulo sobre esse assunto, literalmente significa que:
(i)Cristo ressurreto e glorioso volta
(ii)Ele volta pra entregar o Reino [a Igreja - Ef 2:5-6; Ap 1:6]ao Pai, não para estabelecer um reino milenar
(iii)Cristo vem para reinar para sempre, não por mil anos literais.
(iv)Todos os seus inimigos serão derrotados e submissos a Ele na sua vinda.
(v)Se o último inimigo a ser derrotado é a morte, então homens ímpios [dentre eles o Anticristo] e demônios já seriam derrotados e trancafiados no Lago de fogo(Ap 19:11-21) antes da morte ser destruída, logo o Anticristo não pode ter sido derrotado por Cristo e lançado vivo no Lago de Fogo em 70 d.C ou em qualquer parte do 1º século da era cristã.
(vi)Note, que as Escrituras, segundo João, mostram que o Falso Profeta e o Anticristo serão lançados vivos no Lago de Fogo, na volta de Cristo (Ap 19:11-21). Portanto, se trata de uma pessoa real, como o diabo e o falso profeta, que será atormentada para todo o sempre no Lago de Fogo(Ap 20:10). Preteristas precisam achar um único texto bíblico dizendo que o Anticristo foi lançado vivo no Lago de Fogo em 70 d.C ou em qualquer outra parte do 1º século da era cristã, porque o juízo final não foi marcado para 70 d.C. A ideia de alguém ser lançado no Lago de Fogo, aponta para a segunda vinda visível de Cristo, onde ele lançará os ímpios no fogo eterno(Mt 25:31-34,41,46; 2 Ts 1:7-10; 2 Pe 3:7-12), não para o evento de 70 d.C!. Lembrando que enquanto a Bíblia diz que o Anticristo será lançado vivo [junto com o Falso Profeta] no Lago de Fogo[Ap 19:20], ela diz que todos os demais inimigos de Cristo e da Igreja serão mortos, após o Anticristo ser lançado vivo no Lago de Fogo[Ap 19:20-21]. A pergunta sem resposta para os preteristas é: "O Anticristo foi, junto com o Falso Profeta, lançado vivo no Lago de Fogo em 70 d.C; e todos os inimigos de Cristo e da Igreja foram todos mortos em 70 d.C ou depois de 70 d.C até o século XXI?". Fica patente que esse dogma é a mula sem cabeça do preterismo. Sua irracionalidade beira o nível 'hard'!
(vii)A Igreja Militante, ainda antes de ser glorificada, está ao lado de Cristo, vendo os poderes políticos ímpios, chefiados pelo Anticristo serem derrotados por Cristo(Ap 17:8-14)
(viii)A Igreja Militante e a Igreja Triunfante serão reunidas, para receberem um corpo imortal e glorificado durante a segunda vinda visível de Cristo(1 Ts 4:13-18; 1 Co 15:50-55; Fl 3:20-21)
(7)A interpretação preterista de que a 'Grande Tribulação' já se cumpriu completa e literalmente em 70 d.C é uma heresia?
Não. É só um erro teológico. Mas quando comparamos os eventos de Mt 24:15-22;Lc 21:20-24 exatamente com o evento próprio da verdadeira 'Grande Tribulação', levando até às ultimas consequências as implicações da interpretação preterista, descambaremos em blasfêmia contra a pessoa do Senhor Jesus Cristo. Considere conosco:
(a)Os eventos da 'grande aflição'[não 'grande tribulação'] de Mt 24:15-22;Lc 21:20-24, dizem respeito apenas a um povo só - Israel, enquanto que o evento da verdadeira grande tribulação envolve judeus e gentios crentes(Ap 7:9-17)
(b)Se você diz que Jesus está falando da mesma 'grande tribulação' em Mt 24:15-22;Lc 21:20-24 e Ap 7:9-17, você vai colocar Jesus contradizendo Jesus, pois enquanto ele afirma em Ap 7:9-17, que a 'grande tribulação' envolveria judeus e gentios crentes, já em em Mt 24:15-22;Lc 21:20-24, ele fala de um evento que envolveria apenas o povo judeu.
(c)Se você diz que João em Ap 7:9-17, e os evangelistas Mateus e Lucas, em Mt 24:15-22;Lc 21:20-24 estão falando do mesmo evento da 'grande tribulação', você coloca João contradizendo os evangelistas, pois enquanto João diz que a grande tribulação envolveria judeus e gentios crentes, os evangelistas fazem alusão a um evento que envolveria apenas os judeus.
Poderia Jesus se contradizer, ou o Espírito Santo fazer João entrar em contradição com Mateus e Lucas? Não.
(d)Se você admite que João, Mateus e Lucas estão falando do mesmo evento da 'grande tribulação' [quando, na verdade, eles não estão], você, inconscientemente e indiretamente, acaba negando atributos incomunicáveis da segunda pessoa da Santíssima Trindade - a onisciência e a imutabilidade.
(e)Esse tipo de interpretação leva inconscientemente e indiretamente a negação da onisciência de Jesus, porque em Ap 7:9-17, ele diz que a grande tribulação se destinaria a judeus e gentios crentes martirizados, enquanto que em Mt 24:15-22, ele afirma que a grande aflição de 70 d.C, se aplicaria apenas a judeus crentes, que não passariam pelo martírio sob as mãos de Tito(Mt 24:13,22). Afinal, Jesus sabia ou não quem eram os que passariam pela grande tribulação? E, afinal, Jesus sabia ou não, o que aconteceria aos que passariam pela grande tribulação? Isso poderia até abrir espaço para o teísmo aberto.
(f)Esse tipo de interpretação leva inconscientemente e indiretamente a negação da imutabilidade de Jesus(Hb 13:8), pois enquanto ele diz em Ap 7:9, que os que passariam pela grande tribulação seriam judeus e gentios crentes que seriam martirizados; ele, em contrapartida, levando em consideração a interpretação preterista, negaria isso em Mt 24:15-22;Lc 21:20-24, afirmando que o evento de 70 d.C envolveria apenas judeus crentes [que não seriam martirizados] e descrentes. Ao nosso ver, fica claro, que se levarmos até às ultimas consequências as implicações da interpretação preterista de Mt 24:15-22;Lc 21:20-24 e Ap 7:9-17, incorremos em grande blasfêmia contra a segunda pessoa da Santíssima Trindade.
Esse tipo de interpretação preterista, além de sugerir uma idéia de blasfêmia contra o Senhor Jesus, também sugere que ele, ao supostamente derramar a 'grande tribulação' apenas sobre judeus crentes em Mt 24:15-22;Lc 21:20-24, volta atrás de suas decisões[que consistiam em ter feito judeus e gentios um povo só, como sua Igreja - Jo 10:16; 1 Co 12:13; Gl 3:27-29; Ef 2:11-19], dividindo o seu povo, ao derramar um evento escatológico apenas sobre uma parte de seu povo [os judeus crentes - Mt 24:15-20], o que negaria a catolicidade de sua igreja, como se alguém estivesse restringindo seu povo apenas à uma nação, algo que não só a Bíblia nega, mas os próprios símbolos confessionais reformados[que entendem a grande tribulação de Ap 7:9-17, como uma referência a judeus e gentios crentes], como se segue:
(i)A Confissão de Fé da Bohemia(1535, VIII), diz:
"Eles ensinam, em primeiro lugar, que Cristo, o Senhor, por Seu mérito, graça e verdade, é a Cabeça e o Fundamento da Igreja, sobre a qual ela é edificada pelo Espírito Santo, pela palavra e pelos sacramentos, como Cristo disse a Pedro: 'E sobre esta pedra (isto é, eu mesmo) edificarei a minha Igreja'[Mt 16,18]. E Paulo, em 1 Coríntios, diz: 'Ninguém pode lançar outro fundamento, a não ser o que já foi posto, o qual é Jesus Cristo'[3,11]. E em outro lugar, ele escreve o mesmo: 'Ele mesmo é a Cabeça do seu corpo, a Igreja, que cumpre tudo em todos'[Ef 1,22-23].
Eles ensinam ainda que se deve crer e confessar a santa Igreja Católica, que em seu estado atual é composta por todos os cristãos do mundo, onde quer que vivam na Terra e em quaisquer lugares onde estejam dispersos, todos os quais foram reunidos em uma só fé em Cristo e na Santíssima Trindade pela palavra do santo Evangelho, de todas as nações, povos, tribos e línguas, de todas as classes, idades e condições. Como está escrito por João no Apocalipse: 'Depois disso, olhei, e eis uma grande multidão, que ninguém podia contar, etc'[Ap 7:9]. E o Senhor disse: 'Onde dois ou três (em qualquer nação ou povo) estiverem reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles'[Mt 18:20]. Pois onde quer que Cristo seja pregado e aceito, onde quer que sua palavra e seus sacramentos estejam presentes, e sejam administrados e recebidos de acordo com sua ordem e vontade, ali está a santa Igreja, a sociedade cristã e o povo de Deus, qualquer que seja seu número. Mas onde Cristo está ausente e Sua palavra é rejeitada, não pode existir nem a verdadeira Igreja nem um povo agradável a Deus"(Reformed Confessions of The 16º and 17º Centuries In English Translation, Volume 1, p.312)
(ii)A Confissão de Fé de Teodoro de Beza(1560, 'Da Igreja', O 5º Ponto), diz:
"Por esta razão deve-se confessar uma só igreja católica (isto é, uma igreja universal), não porque ela abranja todos os homens em geral (pois a maior parte não faz parte dela), mas porque os crentes estão dispersos por toda a terra[Mt 20:16; Lc 13:23-24], assim como o Senhor os escolheu, não estando restritos a nenhum lugar, tempo ou nação específica]At 10:27-28; Ap 7:9; Mt 11:27]"(Reformed Confessions of The 16º and 17º Centuries In English Translation, Volume 2[1552-1566], p.299)
(iii)A Confissão de Fé da Bohemia[1575, VII], diz:
"A partir destas coisas se ensina o que deve ser crido, mantido e publicamente confessado, que a santa Igreja Católica, presente em todos os tempos e militante na Terra, é a comunhão de todos os cristãos, que estão dispersos por todo o mundo e reunidos pelo santo evangelho de todas as nações, famílias, línguas, graus e idades, em uma só fé em Cristo Senhor ou na Santíssima Trindade, de acordo com aquela palavra de São João que fala assim: 'E vi uma grande multidão, que ninguém pode contar, de todas as nações, povos e línguas, em pé diante do trono e diante do Cordeiro'[Ap 7:9]. Esta verdadeira Igreja, enquanto jaz aqui na eira do Senhor [o vasto mundo], e, por assim dizer, reunida promiscuamente em um monte, contém em si o trigo puro, bem como a palha, os filhos piedosos de Deus e os filhos ímpios do mundo, os membros vivos e mortos, dos ministros e do povo; mas onde for menos contaminado ou mais puro, também pode ser conhecido pelos seguintes sinais: ou seja, onde quer que Cristo seja ensinado em assembleias sagradas, a doutrina do santo evangelho seja pregada pura e completamente, os sacramentos sejam administrados de acordo com a instituição, mandamento, significado e vontade de Cristo, e também o povo fiel de Cristo os recebe e usa, e por estes se reúne na unidade da fé e do amor e no vínculo da paz, se une na unidade e se edifica em Cristo. Ali está, portanto, a santa igreja, a casa de Deus, os templos do Espírito Santo, membros vivos, participantes da Jerusalém celestial, o corpo espiritual de Cristo e juntas unidas, que são unidos e acoplados cada um ao outro por uma cabeça Cristo, um Espírito de regeneração, uma Palavra de Deus, os mesmos sacramentos genuínos, uma fé, um amor e santa comunhão, um vínculo de paz, ordem, disciplina e obediência, seja o número deste povo grande ou pequeno, como o Senhor testifica: 'Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome (em qualquer país ou nação e em qualquer lugar que ele faça isso), aí estou eu no meio deles'[Mt 18:20]. E, ao contrário, onde Cristo e o Espírito de Cristo não habitam, o santo Evangelho também não encontra lugar que lhe seja concedido, mas, ao contrário, erros manifestos e uma vida pagã têm pleno curso e, superando-os, eles os atacam; mesmo ali, necessariamente, existe uma igreja tão contaminada que Cristo não a reconhecerá como Sua amada noiva, visto que ninguém pertence a Cristo se não tiver o Espírito de Cristo[Rm 8:9]"(Reformed Confessions of The 16º and 17º Centuries In English Translation, Volume 3[1567-1599], p.349)
(iv)A Confissão de Fé de Westminster[1643-1649], diz:
"A Igreja Visível, que também é católica ou universal sob o Evangelho (não sendo restrita a uma nação, como antes sob a Lei) consta de todos aqueles que pelo mundo inteiro professam a verdadeira religião[1 Co 1:2; 12:12-13; Sl 2:8; Ap 7:9; Rm 15:9-12], juntamente com seus filhos[1 Co 7:14; At 2:39; Ez 16:20-21; Rm 11:16; Gn 3:15; 17:7]; é o Reino do Senhor Jesus[Mt 13:47; Is 9:7], a casa e família de Deus[Ef 2:19; 3:15, fora da qual não há possibilidade ordinária de salvação[At 2:47]"(XXV)(Reformed Confessions of The 16º and 17º Centuries In English Translation, Volume 4[1600-1693], p.264)
(v)O Catecismo Maior de Westminster[1647], diz:
"P. 62. Que é a Igreja visível? R. A Igreja visível é uma sociedade composta de todos quantos, em todos os tempos e lugares do mundo, professam a verdadeira religião[1 Co 1:2; 12:13; Rm 15:9-12; Ap 7:9; Sl 2:8; 22:27-31; 45:17; Mt 28:19-20; Is 59:21], juntamente com seus filhos[1 Co 7:14; At 2:39; Rm 11:16; Gn 17:7]"(Reformed Confessions of The 16º and 17º Centuries In English Translation, Volume 4[1600-1693], p.311)
(8)A interpretação preterista de Mt 24:15-22;Lc 21:20-24 e Ap 7:9-17 tem algumas semelhanças com crenças de seitas falsas
Quando os preteristas, em uma interpretação totalmente contraditória, bizarra e inconsistente, tentam, sem nenhuma biblicidade, dizer que o evento de Ap 7:9-17 é o mesmo de Mt 24:15-22;Lc 21:20-24, acabam caindo em uma situação constrangedora. E por que? Simples. Ap 7:9-17 afirma que judeus e gentios crentes participariam da grande tribulação; enquanto que os preteristas, ao dizerem que Mt 24:15-22;Lc 21:20-24 [que é um evento biblicamente relacionado a judeus crentes] é o mesmo evento de Ap 7:9-17, não só violam o 9º mandamento, e blasfemam contra nosso Senhor Jesus Cristo, fazendo-o se contradizer, mas também agem de forma semelhante [não igual] aos membros de seitas falsas. Considere comigo alguns exemplos:
(a)Os testemunhas de jeová
Essa seita falsa divide a classe de 'crentes' em duas - os 144.000[o pequeno rebanho] e a 'grande multidão'. O primeiro grupo, é composto de 144.000 ungidos, que tem direito exclusivo a participarem na ceia, são nascidos de novo e vão para o céu, e tem o poder de purificar as pessoas do pecado e da imperfeição. Segundo os russelitas apenas os 144.000 tem Jesus como Mediador.
- Com relação ao grupo da grande multidão, não precisam de justificação pela fé e da imputação da justiça
(b)Os Israelitas Britânicos
Ligados ao precursor do pentecostalismo, Charles Fox Parham, eles criam que as bençãos do milênio estavam asseguradas aos que possuíam sangue britânico nas veias.
A pergunta a se fazer é: Se João disse que a Grande Tribulação foi direcionada a judeus e gentios crentes, de onde tiraram os preteristas a idéia de que ela foi direcionada apenas a uma parte da Igreja - os judeus, como no caso de Mt 24:15-22;Lc 21:20-24? Não faz nenhum sentido. Logo, entendemos que Mt 24:15-22;Lc 21:20-24 não tratam da mesma 'grande tribulação' de Ap 7:9-17, mas de um evento totalmente distinto dela. Oremos para que nossos irmãos que adotam a visão preterista, a abandonem!
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