sexta-feira, 5 de julho de 2019

Contradições, Erros, Blasfêmias e Heresias de Tomás de Aquino!!!




1ª Parte - Expondo os ensinos de Tomás de Aquino.

Ultimamente temos visto uma febre que tem invadido o coração de neófitos e desavisados, dentre o meio reformado, que tem, de uma maneira esdrúxula, tentado ler o Calvinismo sob os óculos do Tomismo, seguindo os passos de Tomás de Aquino(1225-1274), monge católico pertencente à Ordem dos Pregadores Italianos. Mas, será ele alguém com quem podemos identificar alguma espécie de visão 100% reformada? Respondemos: Definitivamente, não. E apresentaremos as evidências que alicerçam nossas asserções:


(1)Tomás de Aquino nega que as Escrituras sejam a única fonte da revelação divina:

"O objeto formal da fé é a verdade primeira manifestada nas Sagradas Escrituras e na doutrina da Igreja. Por isso, aquele que não adere como a uma regra infalível e divina à doutrina da Igreja, que procede da verdade primeiramente revelada nas Sagradas Escrituras, não tem o hábito da fé, mas aceita as verdades da fé de modo diferente que pela fé. como alguém que tivesse em sua mente alguma conclusão sem conhecer o meio que serve para demonstrá-la; é evidente que não tem dela ciência, mas somente uma opinião. Ora, é claro que quem adere à doutrina da Igreja como à regra infalível, dá seu assentimento a tudo o que a Igreja ensina. Ao contrário, se do que ela ensina, aceitasse como lhe apraz, umas coisas e não outras, já não aderiria à doutrina da Igreja como regra infalível, mas à própria vontade. E assim é claro que o herético descrê pertinzamente um artigo, não está disposto a seguir em tudo a doutrina da Igreja (se, porém, não houver pertinácia, não é herético, mas apenas errado). Daí ser manifesto que o herético sobre um artigo da fé não tem fé a respeito de outros artigos, mas certa opinião dependendo de sua própria vontade"(Suma Teológica, V; Quest.5, Resp. Art.3).

Contestação: A única e infalível regra de fé prática do cristão, não é a doutrina da Igreja, que passa pelo escrutínio das Escritura(At 17:10-11) e pode estar errada e ser anatematizada(At 10:9-15; Rm 16:17; 1 Co 1:10-13; 5:1-2; 14:20; 15:12; Gl 1:8-9; 2:10-14; 3:1-3, Fl 3:2; 2 Tm 3:6,11.14-15; 1 Tm 1:3,6,19-20; 5:8,11-12,14-15; 6:3-5,21; 2 Tm 2:16-19; 3:4-6; 2 Tm 4:10,14-15; Tt 1:9-14; 3:10-11; Tg 4:1-5; 2 Pe 2:1-3,13,20-22; 3:15-16; 1 Jo 2:18-19,22-23; 2 Jo 9-11; 3 Jo 9,10; Jd 4,12,19; Ap 2:2,9,14,20-23; 3:9) mas as Escrituras Sagradas(Is 8:20-21; Lc 16:27-31; At 20:27; 1 Co 4:6). Não é a doutrina da Igreja, mas a Bíblia, e somente a Bíblia e toda a Bíblia, que sendo toda suficiente para o cristão, além de levá-lo a salvação, instruí-lo e corrigí-lo(2 Tm 3:15,16) faz com que o “homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra”(2 Tm 3:17). A 'doutrina' da Igreja, pode, muitas vezes, desviar o cristão da verdade e de Deus(Rm 11:2-4; Gl 2:11-14)

(2)Tomás de Aquino ensina uma falsa dicotomia soteriológica e nega a perseverança dos santos:

"Assim, aqueles que estão destinados a possuir a vida eterna pela predestinação divina estão inscritos no livro da vida; pois aí estão inscritos como devendo possuir a vida eterna em si mesma. E estes nunca serão apagados do livro da vida. Contudo, os que são ordenados a receber a vida eterna não pela predestinação divina, mas apenas pela graça, dizemos que estão inscritos no livro da vida não absolutamente, mas sob certo aspecto; pois aí estão inscritos como devendo receber a vida eterna, mas em sua causa. E eles podem ser apagados do livro da vida, Não que essa eliminação se refira ao conhecimento de Deus, como se Deus previsse algo e antes e depois o ignorasse, mas à coisa conhecida, porque Deus sabe que alguém está antes destinado à vida eterna e que em seguida não mais a ela estará ordenado, tendo perdido a graça"(Suma Teológica, Livro I. Quest, XXIV, Resp. Art. III)

Contestação: (a)Não existe essa falsa dicotomia, que cria uma ordenação pela predestinação, e uma ordenação pela graça, que separe 'predestinação' e 'graça', pois Paulo justamente funde ambas as coisas, ao mencionar "a eleição da graça"(Rm 11:6). Nesse sentido, para Paulo, eleição e predestinação ocorrem como objetos oriundos da graça de Deus:

"Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor. E nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade. Para louvor da glória de sua graça, pela qual nos fez agradáveis a si no Amado"(Ef 1:4-6)

(b)De formas que essa sentença louca de Tomás de Aquino, é totalmente rejeitada por Paulo, que afirma que aqueles que foram predestinados fazem parte do mesmo grupo que perseverará até o fim, a ponto de serem descritos como aqueles que, depois de chamados e justificados, receberão no futuro a glorificação:

"E aos que predestinou a estes também chamou; e aos que chamou a estes também justificou; e aos que justificou a estes também glorificou"(Rm 8:30)

"Que nos salvou, e chamou com uma santa vocação; não segundo as nossas obras, mas segundo o seu próprio propósito e graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos dos séculos. E que é manifesta agora pela aparição de nosso Salvador Jesus Cristo, o qual aboliu a morte, e trouxe à luz a vida e a incorrupção pelo evangelho"(2 Tm 1:9,10).

Sim. Essa é a temática de Paulo em várias de suas epístolas. Ele afirma que aqueles que foram predestinados a terem a vida eterna, gozarão no futuro dessa bem aventurança, uma vez que foram a isto predestinados:

"Ou não tem o oleiro poder sobre o barro, para da mesma massa fazer um vaso para honra e outro para desonra? E que direis se Deus, querendo mostrar a sua ira, e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita paciência os vasos da ira, preparados para a perdição. Para que também desse a conhecer as riquezas da sua glória nos vasos de misericórdia, que para glória já dantes preparou. Os quais somos nós, a quem também chamou, não só dentre os judeus, mas também dentre os gentios?"(Rm 9:21-24).

Certamente, quando os apóstolos afirmam que aqueles que foram predestinados, são posteriormente chamados e justificados(Rm 8:30), estão aludindo ao fato de que uma vez que os eleitos foram aspergidos com o sangue do Cordeiro(1 Pd 1:2), após terem sido comprados por esse sangue, terminarão a sua carreira terrestre como 'reis e sacerdotes' de Cristo(Ap 5:9,10). Isso refuta o delírio dicotomista soteriológico de Tomás de Aquino, mostrando que não existe duas classes de eleitos, mas apenas uma, tendo essa um só e o mesmo destino - a glorificação, como afirmara o próprio Senhor Jesus Cristo:

"Todo o que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora. Porque eu desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou. E a vontade do Pai que me enviou é esta: Que nenhum de todos aqueles que me deu se perca, mas que o ressuscite no último dia. Porquanto a vontade daquele que me enviou é esta: Que todo aquele que vê o Filho, e crê nele, tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia"(Jo 6:37-40)

O pensamento de Tomás de Aquino, revela um Deus cuja presciência na eternidade não é imutável, mas mutável. Ele vê algo num instante, mas logo depois, vê este mesmo algo não como vira antes. Isto contraria o próprio pensamento de Aquino, que afirma que "Deus é totalmente imutável"(Suma Teológica, I; Quest. IX; Resp. Art.2), e se a ciência de Deus "é imutável"(Suma Teológica; I; Quest.XIV; Resp. Art.15) e se "Deus não pode deixar de querer porque sua vontade não pode mudar"(Suma Teológica; I; Quest. XIX, Resp. Art.3), como pode, na eternidade, em sua presciência, desejar algo ali sobre determinada pessoa, e logo depois, mudar a sua presciência com relação ao que desejou antes, na mesma eternidade, sobre este mesmo ser? Em outras palavras, como pode Deus, na eternidade, em sua presciência, ver alguém primeiro como destinado(ordenado) à vida eterna, e depois ver esse mesmo alguém agora como não mais ordenado para a vida eterna? A presciência de Deus torna o próprio Deus alguém que na eternidade ordena alguém a vida eterna, e logo em seguida, na mesma eternidade, des-ordena esse mesmo alguém à vida eterna? Como poderia ser Ele presciente, sabendo desde toda a eternidade que alguém perderia a graça, e ainda assim ordená-lo para a vida eterna, ao mesmo tempo que na eternidade o ordenou a esta mesma graça? Sofreria, este 'deus' de Aquino de alguma demência ou bipolaridade?

(3)Tomás de Aquino ensina a ordenação a salvação do homem, bem como sua predestinação, serem baseados no homem, em seu mérito, e na cooperação divina:

"É preciso então dizer que o efeito da predestinação pode ser considerado por nós de dois modos. De modo particular: nada impede que um efeito da predestinação seja a causa e o motivo de outro. Um efeito proterior será causa de um efeito anterior na ordem das causas finais; um efeito anterior será causa de um efeito posterior na ordem das causas do mérito, que se reduz a uma disposição da matéria. Como se disséssemos que Deus preordenou dar a alguém a glória por causa de seus méritos, e preordenou dar a alguém a glória por causa de seus méritos, e preordenou dar a alguém a graça a fim de que mereçam a glória. - Pode-se consiederar o efeito da predestinação de outro modo: em geral. Assim, é impossível que o efeito total da predestinação em geral tenha uma causa de nossa parte. Porque, seja o que for que se encontre no homem e o ordene à salvação, tudo está compreendido sob o efeito da predestinação, até mesmo a preparação à graça, pois esta certamente se dá em virtude do auxílio divino, segundo a palavra da Escritura: 'Fazei-nos voltar a Ti, Senhor, e voltaremos'. Neste sentido, a predestinação, quanto aos seus efeitos, tem sua razão na bondade divina, à qual todo o efeito da predestinação está ordenado, como a seu fim, e de onde procede como de seu primeiro princípio movente"(Suma Teológica, I; Quest.23, Resp. Art.5).

Contestação: (a)As Escrituras anulam qualquer ideia de mérito ou disposição da matéria [o homem], na eleição(Rm 11:5-6). (b)O homem eleito não pode receber a graça, para nenhum merecimento à glória(Rm 9:11-13), porque a graça exclui todo mérito(Rm 9:11-18). (c)Não existe nada no homem caído e eleito que o ordene a salvação(Mt 19:25-26; Jo 6:44-45,65; Ef 1:4-7; 2 Tm 1:8-9; 1 Pe 1:2). (d)Não existe nenhuma cooperação ou nenhum tipo de graça preveniente, no processo da eleição(Jo 15:16)

(4)Tomás de Aquino ensina que as crianças nascem sem pecado:

"Não parece possível que no estado de inocência as crianças nascessem confirmadas na justiça"(Suma Teológica, II; Quest. 100; Resp. Art.2)

Contestação: (a)As Escrituras negam que as crianças tenham nascido em um estado de inocência, mas como representadas em Adão, foram concebidas em pecado(Gn 8:21; Sl 51:5; 58:3), e que desde o ventre de suas mães, são consideradas como pecadores(Is 48:8). (b)Essa afirmação de Tomás de Aquino, é refutada posteriormente por ele mesmo, quando diz:

"Ora, pelo pecado de Adão as crianças contraem o pecado original, como é patente pelo fato de estarem submetidas à mortalidade que pelo pecado do primeiro homem 'atingiu todos os homens', como diz o Apóstolo no mesmo lugar"(Suma Teológica, IX. Quest.68, Resp. Art.9).

(5)Tomás de Aquino ensina a existência do pecado venial e mortal:

"Com efeito, o pecado venial se opõe ao mortal"(Suma Teológica, IV; Quest.77; Resp. Art.8)

Contestação: Os romanistas afirmam que 'pecado venial' se trata de 'ofensas pequenas e perdoáveis contra Deus e ou o nosso próximo'(Loraine Boetner; Catolicismo Romano, p.162), enquanto que o 'pecado mortal' é descrito como 'qualquer ofensa a lei de Deus"(Ibidem). Este tipo de pecado inclui os assim chamados "sete pecados mortais "o orgulho, a cobiça, lascívia(luxúria), ira, glutonaria, inveja e preguiça"(Ibidem). Todavia, as Escrituras não fazem distinção entre pecados veniais e mortais. Não existe uma coisa como o 'pecado venial'. Todo pecado é mortal:

"Porque o salário do pecado é a morte..."(Rm 6:23)

"...a alma que pecar, essa morrerá"(Ez 18:4)

"Depois, havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte"(Tg 1:15)

(6)Tomás de Aquino ensina que a justificação decorre do ato do livre arbítrio do homem ímpio:

"Quanto ao 1º deve-se dizer que o ato do livre arbítrio, que concorre para a justificação do ímpio, é um consentimento em detestar o pecado e converter-se para Deus; e esse consentimento é dado instantaneamente por Deus"(Suma Teológica, IV; Quest 113, Resp. Art.7)

Contestação: (a)As Escrituras ensinam que o homem ímpio não tem nenhuma condição de, por si mesmo, se tornar justo diante de Deus(Rm 3:10-18), e que sua justificação é uma obra da graça de Deus, nos sendo dada por sua graça e pela morte substitutiva de Cristo(Rm 3:24; 5:9). (b)O próprio Tomás de Aquino, contradizendo a si mesmo, nega o dogma do livre arbítrio sob as instâncias espirituais, dizendo:

"É desta maneira que o pecado do primeiro pai é causa da morte e de todas as deficiências da natureza humana. Eis como o pecado do primeiro pai suprimiu a justiça original... Uma vez suprimida esta justiça original pelo pecado do primeiro pai, assim como a natureza humana foi ferida, quanto à alma, pela desordem das potências, assim também se tornou corruptível pela desordem do mesmo corpo"(Suma Teológica, IV; Quest.85, Resp. Art.5)

"Pela justiça original, a razão continha perfeitamente as potências inferiores da alma, e a própria razão encontrava sua perfeição na submissão a Deus. Esta justiça original foi subtraída, como se disse, pelo pecado do primeiro pai. Por isso, todas as potências da alma permanecem de certo modo destituídas da própria ordem pela qual se ordenam naturalmente à virtude. É esta destituição que se diz ferida da natureza"(Suma Teológica, IV; Quest.85, Resp. Art.3)

(7)Tomás de Aquino ensina que a perseverança final do homem não é algo que se deve atribuir somente a Deus:

"Mas a perseverança, nesta vida, não pode ser merecida por depender somente da moção divina, princípio de todo o mérito. Mas aqueles a quem Deus concede o benefício dessa perseverança a recebem gratuitamente"(Suma Teológica, IV; Quest.114; Resp. Art.9)

Contestação: (a)As Escrituras afirmam que a nossa perseverança é algo oriundo exclusivamente do poder de Deus(Fl 1:6; Fl 2:13; 1 Co 1:7-8; Hb 12:2; 13:20-21; Jd 1,24). Daí, o Senhor dizer:

"E lhes darei um mesmo coração, e um só caminho, para que me temam todos os dias, para seu bem, e o bem de seus filhos, depois deles"(Jr 32:39).

(b)Outra coisa; o dom da perseverança, por ser concedido por Deus ao seu povo, já exclui o merecimento do recebimento por parte deles, visto ser uma graça de Deus. Ninguém que recebe gratuitamente algo de outrem, tem algum mérito para receber esse algo.

(8)Tomás de Aquino disse que na Queda do Éden, a mulher pecou mais gravemente que o homem:

"Considerando a espécie de soberba, a mulher pecou mais gravemente, por tríplice razão. Primeiro, porque a sua soberba foi maior que a do homem, pois tomou como verdade o que a serpente lhe disse, a saber, que Deus proibira comer do fruto, para que não se chegassem a ser semelhantes a ele; e assim, ao querer fazer-se semelhante a Deus, comendo do fruto proibido, seu orgulho foi tão grande que quis obter algo contrário à vontade de Deus. O homem, ao contrário, não acreditou que fosse verdade e, por isso, não pretendeu alcançar a semelhança divina, contra a vontade de Deus, mas pecou por soberba, pensando conquistá-la por si mesmo. - Em segundo lugar, a mulher pecou mais gravemente, porque não só pecou ela própria, como também induziu o homem a pecar, pecando contra Deus e contra o próximo. - Em terceiro lugar, o pecado do homem foi menor, por haver consentido nele"(Suma Teológica, VII, Quest.163, Resp. Art.4)

Contestação: Embora, não houvesse diferença de pecado entre ambos, tendo ambos cometido a mesma transgressão(Ec 7:29), e recebendo como castigo sofrerem dores(Gn 3:16-17), contudo, não há evidência de Eva haver pecado mais gravemente que Adão. Até me parece um pensamento meio machista, de Aquino. Ele aqui, parece encarnar o próprio Adão(Gn 3:12). Tanto é verdade, que não foi a Eva, que Deus disse: "maldita é a terra por causa de ti"(Gn 3:17). Por ter sido feito como cabeça da mulher(Gn 3:16), o pecado só foi considerado como consumado com a queda de Adão, a quem, devido sua posição de cabeça da mulher e da criação(Gn 2:15; 3:16), Deus tratou como o maior e o principal responsável pela difusão da maldição sobre a Terra(Gn 3:17), invés de dar a mulher esse mesmo tipo de tratamento. Me parece ser esse o entendimento que Paulo teve, quando disse:

"Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram.

Porque até à lei estava o pecado no mundo, mas o pecado não é imputado, não havendo lei.

No entanto, a morte reinou desde Adão até Moisés, até sobre aqueles que não tinham pecado à semelhança da transgressão de Adão, o qual é a figura daquele que havia de vir"(Rm 5:12-14)

"Porque, como pela desobediência de um só homem, muitos foram feitos pecadores, assim pela obediência de um muitos serão feitos justos"(Rm 5:19)

Assim também é tratado o tema no livro de Jó:

"Se, como Adão, encobri as minhas transgressões, ocultando o meu delito no meu seio"(31:33)

E assim também entendeu um dos profetas:

"Teu primeiro pai pecou, e os teus intérpretes prevaricaram contra mim"(Is 43:27)

(9)Tomás de Aquino ensina que a relação sexual é um impedimento para a consagração do cristão:

"O estado religioso requer o afastamento de tudo o que impede a vontade humana de entregar-se totalmente ao serviço de Deus. Ora, a conjunção carnal impede a alma de se consagrar toda a este serviço"(Suma Teológica, VII; Quest.186; Resp. Art.4)

Contestação: Os juízes eram casados(Jz 14:1-3). Os profetas também(Is 8:3; Os 3:1-3), e também os apóstolos(Mt 8:14; 1 Co 9:5). Filipe, que era um evangelista, tinha quatro filhas(At 21:8-9). Onde o Senhor, no AT ou NT, pediu que eles nunca se casassem ou nunca mantivessem relações sexuais com suas esposas? Aquino erra.

(10)Tomás de Aquino ensina que o candidato ao bispado, tem que ser pobre:

"Aos religiosos pertence estar no estado de perfeição. Ora, o estado de perfeição exige que se esteja obrigado às coisas que dizem respeito à perfeição. E esta obrigação se contrai com Deus pelo voto. É manifesto que à perfeição cristã pertencem a pobreza, a continência e a obediência. Por isso, o estado religioso requer que alguém se obrigue a essas três"(Suma Teológica, VII; Quest.186; Resp. Art.6).

Contestação: (a)As Escrituras não ensinam em lugar nenhum, que para se servir a Deus, se requer que a pessoa faça voto de pobreza:

"E, vinda já a tarde, chegou um homem rico, de Arimatéia, por nome José, que também era discípulo de Jesus. Este foi ter com Pilatos, e pediu-lhe o corpo de Jesus. Então Pilatos mandou que o corpo lhe fosse dado. E José, tomando o corpo, envolveu-o num fino e limpo lençol. E o pôs no seu sepulcro novo, que havia aberto em rocha, e, rodando uma grande pedra para a porta do sepulcro, retirou-se"(Mt 27:57-60)

"Assim o rei Salomão excedeu a todos os reis da terra, tanto em riquezas como em sabedoria. E toda a terra buscava a face de Salomão, para ouvir a sabedoria que Deus tinha posto no seu coração"(1 Re 18:23-24)

As descrições que Paulo faz dos candidatos ao bispado, não proíbem aos tais serem financeiramente ricos, mas serem avarentos:

"Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto para ensinar. Não dado ao vinho, não espancador, não cobiçoso de torpe ganância, mas moderado, não contencioso, não avarento"(1 Tm 3:2-3)

O adjetivo grego "αἰσχροκερδής"(aischrokerdēs), aqui traduzido por "não cobiçoso de torpe ganância", de acordo com o Léxico Grego do Novo Testamento de J. H. Thayer, significa literalmente "ansioso por ganho básico(ambicioso pelo lucro imundo)". Da mesma forma, o adjetivo grego "ἀφιλάργυρος"(aphilargyros), aqui traduzido por "avarento", de acordo com Thayer, significa "não amando o dinheiro". F. Rienecker e C. Rogers rezam "ἀφιλάργυρος"(aphilargyros) por "não amante do dinheiro"(Chave Linguística do Novo Testamento Grego, p.461). W. Haubeck e H. V. Siebenthal rezam "ἀφιλάργυρος"(aphilargyros) por "não apegado ao dinheiro"(Nova Chave Linguística do Novo Testamento Grego, p.1163). Esse é também o sentido de Tt 1:7. Assim, Paulo não exclui dos cargos eclesiásticos os homens ricos, mas os gananciosos e avarentos. Pedro tem a mesma ideia de Paulo, quando diz, aludindo aos presbíteros da Igreja Universal:

"Apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto"(1 Pe 5:2)

O advérbio grego "αἰσχροκερδῶς"(aischrokerdōs), aqui traduzido por "nem por torpe ganância", de acordo com Thayer, significa literalmente "ânsia por ganho básico[por lucro sujo]". F. Rienecker e C. Rogers rezam "αἰσχροκερδῶς"(aischrokerdōs)por "lucro vergonhoso"(Chave Linguística do Novo Testamento Grego, p.567). W. Haubeck e H. V. Siebenthal rezam "αἰσχροκερδῶς"(aischrokerdōs)por "ganância vergonhosa, avidez pelo lucro"(Nova Chave Linguística do Novo Testamento Grego, p.1279). Assim, o pensamento dos apóstolos, exclui os 'avarentos', 'amantes do dinheiro' e 'gananciosos' do sagrado ministério; não os homens ricos.

(b)O próprio Tomás de Aquino se contradiz mais adiante, negando esta proposição, ao afirmar:

"Ora, os bispos não se obrigam, na sua ordenação, a viver sem nada de próprio; nem, tampouco, isso é exigido pelo ofício pastoral ao que se obrigam. Por conseguinte, os bispos não estão obrigados a viver sem propriedade alguma"(Suma Teológica, VII; Quest.185; Resp. Art.6).

(c)Vale a pena salientar que um dos apóstolos de Jesus - Mateus -, era um publicano, um cobrador de impostos(Mt 10:3), e os publicanos eram reconhecidos como sendo ricos, isto é, possuidores de grande quantidade em dinheiro(Lc 19:2). Diante do próprio Zaqueu, que era um destes ricos(Lc 19:2), Jesus nunca afirmou que este deveria abandonar esse emprego, e desfazer-se de toda a sua riqueza, mas o declarou como sendo 'filho de Abraão"(Lc 19:8-9), um 'salvo'(Lc 19:9-10). Barnabé(At 4:35-36), considerado por Lucas e por Paulo como 'apóstolo'(At 11:22,25,30; 13:1-2; 13:7,36,43,46; 14:14,20; 15:2,12,22,25,35; 1 Co 9:6; Gl 2:1), era rico(At 4:35-36)

(d)O próprio Paulo, afirma que uma das prescrições para o candidato ao bispado ou episcopado é não ser "avarento"(1 Tm 3:2-3), "nem cobiçoso de torpe ganância"(Tt 1:7). O único impedimento que Paulo impõe ao candidato ao sagrado ministério é que não ame o dinheiro, isto é, que não coloque a confiança de seu coração no vil metal. Mas nunca ensinou que alguém que fosse rico, não pudesse concorrer ou receber o cargo de bispo da Igreja.

(e)Simão Mago, desejava ter parte do ministério dos apóstolos, através do dinheiro, tendo sua atitude condenada por Pedro(At 8:18-23). Essa é uma das provas de que o ensino de Paulo correspondia ao mesmo pensamento de Pedro, na rejeição à atitude e desejo de Simão.

Logo, por falta de respaldo bíblico, Aquino delira e erra.

(11)Tomás de Aquino ensina que Maria deve receber um culto de veneração:

"E como a Virgem bem aventurada é uma simples criatura racional, não lhe é devida uma adoração de latria, mas unicamente uma veneração de dúlia; de forma mais eminente, contudo, do que às outras criaturas, por ser a mãe de Deus. Por isso, se diz que lhe é devido não um culto de dulia qualquer, mas de hiperdulia"(Suma Teológica, VIII; Quest.25; Resp. Art.5)

Contestação: (a)O Minidicionário da Língua Portuguesa, de Silveira Bueno, define 'veneração', por:

"Ato de venerar; reverência, culto, preito; adoração"(p.792)

(b)As Escrituras dizem que nosso culto ou adoração deve ser dado unicamente a Deus:

Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a Ele darás culto”(Mt 4:10)

De formas, que Paulo e João ensinam que toda a criatura, no céu, Terra e no inferno, prestam todo e qualquer tipo de culto a Deus e a Seu Filho:

"Por isso, também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o nome; Para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra. E toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai"(Fl 2:9-11)

"E ouvi a toda a criatura que está no céu, e na terra, e debaixo da terra, e que estão no mar, e a todas as coisas que neles há, dizer: Ao que está assentado sobre o trono, e ao Cordeiro, sejam dadas ações de graças, e honra, e glória, e poder para todo o sempre"(Ap 5:13)

(c)O próprio evangelista Lucas narra que Jesus condenou que Maria fosse elogiada simplesmente por ser sua mãe carnal, colocando-a em posição igual aos dos demais cristãos, dizendo:

"E aconteceu que, dizendo ele estas coisas, uma mulher dentre a multidão, levantando a voz, lhe disse: 'Bem-aventurado o ventre que te trouxe e os peitos em que mamaste'. Mas ele disse: 'Antes bem-aventurados os que ouvem a palavra de Deus e a guardam'"(Lc 11:27,28)

(d)E a própria Maria se coloca na posição de alguém que, invés de receber culto de alguma criatura, presta culta ao Criador, afirmando:

"Disse então Maria: A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador; Porque atentou na baixeza de sua serva; Pois eis que desde agora todas as gerações me chamarão bem-aventurada. Porque me fez grandes coisas o Poderoso; E santo é seu nome"(Lc 1:46-49)

(e)As expressões aplicadas a Maria, foram igualmente aplicadas à outras pessoas, como se segue: (i)A expressão ‘bem-aventurada’(Lc 1:45,,48), foi aplicada a Lia(Gn 30:13), ou à qualquer mulher piedosa(Pv 31:28), e como um todo, ao próprio povo de Deus(Sl 33:12); (ii)A expressão ‘bendito o fruto do teu ventre’(Lc 1:42), é aplicada ao povo de Deus como um todo(Dt 28:1,4), indicando que o ventre de Maria não é melhor do que o ventre de qualquer outra pessoa temente a Deus. (iii)A expressão que diz respeito a 'achar graça' diante de Deus, aplicada a Maria, foi aplicada também a Noé(Gn 6:8), a Moisés(Ex 33:17), a Davi(At 7:45,46). E graça é "favor imerecido". Portanto, Maria não recebeu nada mediante os seus próprios méritos.

(f)Maria se reconheceu, não como acima de alguém; não como 'senhora', mas como 'serva' de Deus; não como alguém que está acima dos outros, mas como alguém que está abaixo, em uma posição inferior, como os demais; reconhecida por si mesma como sendo considerada por todos, não como alguém acima deles, mas simplesmente como uma "bem aventurada"; não como a "poderosa", nem como alguém que desejasse que seu nome fosse santificado, mas como uma pessoa que reconhecia que o poder pertencia a Deus, e o seu nome era o único que era digno de ser santificado. Logo, Aquino erra!

(12)Tomás de Aquino ensina a veneração, intercessão dos santos falecidos e o culto às suas relíquias:

"É pois, evidente que devemos ter veneração pelos santos de Deus como membros do corpo de Cristo, filhos e amigos de Deus e intercessores nossos. E, portanto, em memória deles, devemos venerar dignamente qualquer relíquia deles, principalmente os seus corpos, que foram templos e órgãos do Espírito Santo, que habitou e agiu neles, e que devem ser configurados ao corpo de Cristo pela glória da ressurreição"(Suma Teológica, VIII; Quest.25; Resp. Art.6)

Contestação: (a)O Minidicionário da Língua Portuguesa, de Silveira Bueno, define 'veneração', por:

"Ato de venerar; reverência, culto, preito; adoração"(p.792)

(b)As Escrituras dizem que nosso culto ou adoração deve ser dado unicamente a Deus:

Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a Ele darás culto”(Mt 4:10)

De formas, que Paulo e João ensinam que toda a criatura, no céu, Terra e no inferno, prestam todo e qualquer tipo de culto a Deus e a Seu Filho:

"Por isso, também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o nome; Para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra. E toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai"(Fl 2:9-11)

"E ouvi a toda a criatura que está no céu, e na terra, e debaixo da terra, e que estão no mar, e a todas as coisas que neles há, dizer: Ao que está assentado sobre o trono, e ao Cordeiro, sejam dadas ações de graças, e honra, e glória, e poder para todo o sempre"(Ap 5:13)

(c)Nas Escrituras, quando os santos ainda vivos, foram alvo de tentativa de culto, repudiaram tal prática, como no caso de Pedro, Paulo e Barnabé(At 10:24-25; 14:8-15), considerando estas práticas como 'vaidades', e reconhecendo que eles eram, apenas homens, não Deus.

(d)Deus nunca aceitou receber nenhum tipo de adoração relativa, isto é, ser adorado por meio de objetos ou imagens(Ex 32:7-8), jamais aceitando compartilhar sua glória com imagens de escultura(Is 42:8), e isto inclui o culto a relíquias. Por isso, quando a serpente de bronze, que foi criada por Moisés(Nm 21:9), para que o povo olhasse para ela e ficasse curado(Nm 21:6-9), tornou-se um tipo de 'relíquia sagrada', isto é, um objeto de culto, a mesma foi destruída pelo bom rei Josias(2 Cr 18:4). Interessante... Se existiu alguém que desejou culto a corpos de santos falecidos, esse alguém foi Satanás, que disputava a respeito do corpo de Moisés com o arcanjo Miguel(Jd 9). O fato de Moisés ter subido sozinho para o monte Nebo, e ter morrido lá, e sido sepultado pelo próprio Senhor(Dt 34:1-8), prova que Deus não queria nem uma peregrinação em torno do lugar do túmulo de Moisés, tampouco que seu corpo fosse cultuado como uma relíquia sagrada. Há um texto muito usado pelos defensores do culto às relíquias, que é 2 Re 13:21, que mostra que quando um corpo de um homem falecido é lançado na sepultura de Eliseu, tocando-lhe os olhos, é ressuscitado. Todavia, não temos posteriormente nenhuma menção de peregrinação ao lugar da sepultura do profeta, tampouco nenhuma menção de qualquer tipo de culto aos seus restos mortais, como ocorre nos antros do romanismo. Isso refuta também a necrolatria de Tomás de Aquino.

(e)Só há um mediador entre Deus e os homens – Cristo(Jo 14:6; 1 Tm 2:5; Hb 7:22-26), e consequentemente um só advogado junto ao Pai – Jesus Cristo!(1 Jo 2:1). Nesse sentido, as Escrituras nos revelam que as orações feitas pelos justos na Terra, são oferecidas no Céu a Cristo(Ap 5:8), não aos santos falecidos, como querem os católicos. b. Ademais, uma vez que os santos estão mortos, qualquer tipo de oração feita aos mesmos, significa uma tentativa de comunicação com os mortos, algo prescrito nas Escrituras como pecado: “Entre ti não se achará quem...consulte os mortos. Pois todo aquele que faz tal coisa é abominação ao Senhor”(Dt 18:10-12). c. Enquanto as Escrituras concedem salvação ao pecador(Jo 5:39), nenhum dos santos falecidos podem sequer obter salvação para os que estão vivos, uma vez que isto está restrito às Escrituras(Lc 16:27-31). Logo, nada podem fazer pelos vivos.

(f)Os próprios apóstolos, que eram santos vivos, deixaram bem claro não existir nenhum tipo de virtude ou santidade própria em seus corpos, para causa de grande admiração, a ponto da tentativa do povo de renderem qualquer tipo de culto a eles, ou considerá-los fontes de milagres(At 3:12). Paulo também deixou isso bem claro aos pagãos gregos, rejeitando o tipo de culto que eles queriam prestar a ele a Barnabé(At 14:9-15), chamando esse tipo de atitude - cultuar um santo - de 'vaidades'(At 14:15). Se acrescente a isso a condenação ao culto aos anjos, constada nas Escrituras(Cl 2:18; Ap 19:10; 22:8-9). O ensino claro de Jesus, é que nenhuma criatura poderia receber qualquer tipo de culto, o qual, era devido e restrito apenas a Deus(Mt 4:9-10). Nesse sentido, a ideia de se prestar culto a uma criatura, é um pensamento do diabo(Mt 4:9-10), pensamento esse compartilhado por Tomás de Aquino, um dos grandes idólatras da Idade Média.

Ora, ora, para qualquer um dos santos serem considerados legitimamente intercessores ou mediadores entre Deus e os homens, todos eles teriam que possuir ambas as naturezas - humana e divina. Nesse sentido, nem Maria e nenhum outro santo falecido tem direito ao título de 'intercessor" ou "mediador", por terem tido apenas a natureza humana. Em sua "Homília 7 Sobre 1 Timóteo", Crisóstomo(344-407) diz:

"Ora, o mediador deve ter comunhão com ambas as partes que ele quer mediar. Pois ele não seria mais um mediador, se estivesse conectada com uma, mas separada de outra. Se, portanto, ele não participa da natureza do Pai, ele não é um mediador, mas está separado. Porque assim como ele é participante da natureza dos homens, porque ele veio para os homens, então ele é participante da natureza de Deus, porque ele veio de Deus".

Hilário de Poitiers(300-368), em seu "Comentário de Mateus", afirma que "nenhum homem, depois desta vida, pode ser perdoado pelos méritos dos santos"

E o 'papa' Leão I(440-461) repete a mesma coisa:

"...o verdadeiro Deus e o verdadeiro homem foram combinados para formar um Senhor, de modo que, como adequado as necessidades de nosso caso, um único e mesmo mediador entre Deus e os homens, o homem Cristo Jesus"(Sermão XXI, v.2).

"E de que maneira ele poderia corretamente cumprir sua mediação, a menos que ele, que na forma de Deus era igual ao Pai, fosse um participante de nossa natureza também na forma de um servo"(Epístola 124, v.3).

Eusébio de Cesareia(263-430), historiador da Igreja, afirma que no Céu é Cristo quem recebe as orações de todos os santos vivos e as leva ao Pai:

"Aquele grande Sumo Sacerdote do universo, Jesus, o unigênito Filho de Deus, que está a sua direita, recebe com um olho luminoso e benigno o doce incenso de todos e os sacrifícios incruentos e imateriais da oração e, com as mãos estendidas, leva-os ao Pai do céu e Deus sobre todos. Ele mesmo primeiramente adorando-o, sendo o único que que dá ao Pai a adoração que lhe é devida, e depois intercedendo a Ele por nós para que sempre continue propício e favorável a todos nós"(História Eclesiástica, 10:4).

E a "The Catholic Encyclopedia"(Volume 8), corroborando a mesma posição de Crisóstomo e do papa Leão I, chega até a reconhecer:

"Ao considerar sobre a mediação de Cristo, devemos distinguir entre sua posição e seu ofício. Como Deus - ele o Homem está no meio entre Deus e o homem e partilha da natureza de ambos, e, portanto, por isso mesmo, apto para atuar como mediador entre eles. Ele é, de fato, o Mediador no absoluto sentido da palavra, de uma maneira que ninguém mais pode possivelmente ser"(p.70).

Nesse sentido, para os católicos norte-americanos, no estrito sentido neotestamentário da palavra 'mediador', ninguém mais, além de Jesus, pode ser mediador entre Deus e os homens. Isso depõe contra o pensamento idólatra e necrólatra de Tomás de Aquino!

(13)Tomás de Aquino ensina que os anjos são uma parte do Universo:

"Os anjos são uma parte do Universo, e por si mesmos não constituem um só universo, pois tanto eles como as criaturas corpóreas se reúnem na composição do Universo"(Suma Teológica, II; Quest.61; Resp. Art.3)

Contestação: Os anjos são seres incorpóreos - espíritos(Hb 1:14), e, portanto, imateriais. Logo, erra Aquino.

(14)Tomás de Aquino ensina que a Virgem Maria nunca cometeu um pecado:

"É sinal disso o fato de ter sido concedido à bem aventurada Virgem não ter cometido nunca um pecado, nem mortal, nem venial"(Suma Teológica, VIII; Quest.27; Resp. Art.6)

Contestação: (a)A Bíblia mostra que a própria Maria cumpriu a lei de purificação após o nascimento de Jesus e também apresentou a sua oferta pelo pecado(Lc 2:22-24 comp. com Lv 12:6-8), mostrando não estar ela isenta do pecado. (b)O fato dela haver esquecido seu filho em Jerusalém(Lc 2:40-49) constituiria segundo o Romanismo, um pecado venial. (c)Mas outras declarações do próprio Tomás de Aquino desmentem esta sua afirmação acima:

"A Bem aventurada Virgem, porém, contraiu o pecado original, mas foi purificada dele antes de nascer no seio materno"(Suma Teológica; VIII; Quest.27; Resp. Art.2)

"Contudo a celebração da festa da Conceição não significa que a Bem aventurada Virgem fosse santa em sua concepção"(Suma Teológica; VIII; Quest.27; Resp. Art.3)

"Seria incongruente afirmar que, antes da carne de Cristo, na qual não houve pecado, a carne da Virgem sua mãe ou de qualquer outra pessoa tenha sido isenta da inclinação ao pecado, chamada lei da carne e dos membros"(Suma Teológica; VIII; Quest.27; Resp. Art.3)

(15)Tomás de Aquino ensina que Maria foi virgem para sempre:

"Deve ser rejeitado, sem lugar a dúvidas, o erro de Helvídio, que teve a ousadia de dizer que a mãe de Cristo, depois do parto, teve relações carnais com José e gerou outros filhos"(Suma Teológica, VIII; Quest.28; Resp. Art.3)

Contestação:(a)Textos das Escrituras, mostram que após Jesus nascer, José e Maria tiveram um relacionamento normal, como homem e mulher(Mt 1:25). Nesse sentido, lemos em Mt 1:18, que "antes de se ajuntarem, achou-se ter concebido do Espírito Santo"(Mt 1:18). O termo "ajuntar", aqui, no texto grego é 'sunerchomai", e inclui a ideia de intimidade sexual, conforme demonstrado em 1 Co 7:5. Nesse sentido, entende-se a expressão "e não a conheceu até que deu à luz seu filho..."(Mt 1:25). A expressão "e não a conheceu", diz respeito a conhecê-la no sentido íntimo e sexual(Gn 4:1; 4:17, 25; 1 Sm 1:19,20), indicado que José não manteria relação sexual com Maria, enquanto Jesus não nascesse.

(b)As Escrituras afirmam que Jesus foi o “primogênito” de Maria(Lc 2:7), o que forçosamente indica que ela teve outros filhos, já que “primogênito” significa “aquele que foi gerado antes dos outros”(AURÉLIO), indicando que após o primeiro filho, vieram outros(1 Cr 1:29-41; 2:13-16; 3:1-4,15; 8:1-2,39). As Escrituras mencionam seis irmãos consanguíneos de Jesus(Mt 13:55-56; Mc 6:3; 1 Co 9:5; Gl 1:19).

E um dos salmos messiânicos, esmaga o dogma da perpétua virgindade de Maria, onde o autor descreve profeticamente de modo perfeito a família de Jesus, sem deixar dúvidas quanto a legitimidade carnal de parentesco entre eles:

"Tenho me tornado estranho para com meus irmãos, e um desconhecido para os filhos de minha mãe"(Sl 69:8).

E esse texto profético de Sl 69:8 se cumpriu em Jo 7:3-8.

(c)Hipólito de Roma(170-236), em seu "Tratado Contra os Judeus"(3), afirma que o Sl 69:8 se refere profeticamente a Cristo. Agostinho(354-430) também diz a mesma coisa(Exposição Sobre o Salmo 69).

(d)Teodoreto de Cirro(393-466), bispo de Cirro, diz que "o mais velho entre vários irmãos é chamado de primogênito"(Epístola 151). Já Gregório de Nyssa(330-395), bispo de Nyssa, diz que "'primogênito' implica irmãos, e 'unigênito' implica que não haja outros irmãos"(Contra Eunômio, II:7). Agora, só falta os papistas dizerem que até os pais da Igreja estão errados em sua definição de "primogênito"!!!.

(e)O próprio Tomás de Aquino tem sua opinião acima refutada em sua própria "Suma Teológica"(Quest.83; Art.4), quando cita Johannes Gratianus, um monge jurista e professor de teologia bolonhês do século XII:

"Em sentido contrário, lê-se no Decreto de Graciano: 'Tiago, irmão do Senhor, segundo a carne, e Basílio de Cesareia, estabeleceram a celebração da missa'".

(16)Tomás de Aquino afirma que o corpo de Cristo não procedeu da Virgem Maria:

"Como já foi dito antes, a matéria do corpo de Cristo não foi a carne nem os ossos da Bem-aventurada Virgem, nem algo que fosse parte, em ato, de seu corpo, mas o sangue, que é carne em potência. Ora, tudo o que a Bem-aventurada Virgem recebeu de seus pais fazia parte, em ato, do corpo da Bem-aventurada Virgem. Por isso, aquilo que a Bem-aventurada Virgem recebeu dos seus pais não era matéria do corpo de Cristo"(Suma Teológica, VIII; Quest.31; Resp. Art.6)

Contestação: (a)Aqui, Tomás de Aquino evoca a heresia de Apolinário(310-390), que negava a perfeita humanidade de Cristo. Em 381 d.C, o Sínodo de Constantinopla declarou contundentemente, entre outros sínodos, herética a cristologia de Apolinário. (b)As Escrituras repudiam a visão de Tomás de Aquino, afirmando ter Jesus herdado de Maria toda a sua natureza humana:

"Portanto o mesmo Senhor vos dará um sinal: Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, e chamará o seu nome Emanuel"(Is 7:14)

"E, projetando ele isto, eis que em sonho lhe apareceu um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não temas receber a Maria, tua mulher, porque o que nela está gerado é do Espírito Santo; E dará à luz um filho e chamarás o seu nome JESUS; porque ele salvará o seu povo dos seus pecados. Tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que foi dito da parte do Senhor, pelo profeta, que diz: 'Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, E chamá-lo-ão pelo nome de EMANUEL, que traduzido é:Deus conosco'"(Mt 1:20-23)

"E, respondendo o anjo, disse-lhe: Descerá sobre ti o Espírito Santo, e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; por isso também o Santo, que de ti há de nascer, será chamado Filho de Deus"(Lc 1:35)

"Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei"(Gl 4:4).

"E, visto como os filhos participam da carne e do sangue, também ele participou das mesmas coisas, para que pela morte aniquilasse o que tinha o império da morte, isto é, o diabo"(Hb 2:14).

(17)Tomás de Aquino ensina que os antigos patriarcas estão no inferno:

"Pois os santos patriarcas não podiam, antes da vinda de Cristo, ficar livres das prisões infernais"(Suma Teológica, VIII; Quest.52; Resp. Art.6)

Contestação: (a)De acordo com Jesus, antes mesmo de sua morte, os santos patriarcas já são descritos como estando nos céus, aguardando outros justos:

"Mas eu vos digo que muitos virão do oriente e do ocidente, e assentar-se-ão à mesa com Abraão, e Isaque, e Jacó, no reino dos céus"(Mt 8:11)

"E aconteceu que o mendigo morreu, e foi levado pelos anjos para o seio de Abraão; e morreu também o rico, e foi sepultado. E no inferno, ergueu os olhos, estando em tormentos, e viu ao longe Abraão, e Lázaro no seu seio. E, clamando, disse: Pai Abraão, tem misericórdia de mim, e manda a Lázaro, que molhe na água a ponta do seu dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama.Disse, porém, Abraão: Filho, lembra-te de que recebeste os teus bens em tua vida, e Lázaro somente males; e agora este é consolado e tu atormentado.E, além disso, está posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que quisessem passar daqui para vós não poderiam, nem tampouco os de lá passar para cá"(Lc 16:22-26)

(b)As descrições do AT mostram os crentes da Antiga Aliança, após morrerem, estavam com o Senhor, nos céus:

"E clamou ao Senhor, e disse: Ó Senhor meu Deus, também até a esta viúva, com quem me hospedo, afligiste, matando-lhe o filho? Então se estendeu sobre o menino três vezes, e clamou ao Senhor, e disse: Ó Senhor meu Deus, rogo-te que a alma deste menino torne a entrar nele. E o Senhor ouviu a voz de Elias; e a alma do menino tornou a entrar nele, e reviveu"(1 Re 17:20-22)

(d)A descrição da Transfiguração de Cristo, onde o falecido Moisés, aparece ao lado do profeta Elias, conversando com Cristo, mostra que os crentes do AT, estão com Deus nos céus(Mt 17:1-3)

(e)A fala de Aquino é contraditada por ele mesmo na 'Suma Teológica'(IX; Quest.68, Resp. Art.1), onde ele aludindo aos homens do AT, diz:

"Mas, antes da vinda de Cristo, os homens se incorporavam a Cristo pela fé na vinda futura, fé cujo 'sinal' era a circuncisão, como diz o Apóstolo. Antes da instituição da circuncisão, os homens se incorporavam a Cristo 'só pela fé', diz Gregório, coma oblação de sacrifícios, que era o modo de os antigos patriarcas professarem sua fé".

(f)As descrições dos apóstolos, quando se referem aos que depois da morte estão descritos como "espíritos em prisão"(1 Pd 3:19-20), se referem a incrédulos que rejeitaram a mensagem salvífica de Deus(1 Pd 3:20). Com isso, Tomás de Aquino está chamando os patriarcas de "desobedientes"(1 Pd 3:20)

(18)Tomás de Aquino ensina que o sacrifício da Missa livra os homens do Purgatório:

"Por isso, nada impede que os que estavam no purgatório fossem por Cristo, libertados da exclusão da glória, mas não da dívida da pena do purgatório, que diz respeito a delitos pessoais"(Suma Teológica, VIII; Quest.52, Resp. Art.52).

Contestação: (a)Este pensamento de Aquino, é rejeitado pelas Escrituras, que além de mencionar que não existe, além do céu e inferno(Lc 16:22-23) um lugar intermediário - Purgatório. Todas as descrições das Escrituras deixam claro que as almas dos cristãos, ao partirem deste mundo irão diretamente para o céu(Fl 1:13; 2 Co 5:8; Lc 23:43). O próprio Cristo deixou bem claro que a vida eterna já pertence à alma que crê em Cristo e não pode haver nenhum tipo de penalidade ou condenação póstuma parcial ou eterna para ele:

"Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida"(Jo 5:24).

"Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito"(Rm 8:1)

O apóstolo Pedro, disse:

"Porque também Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus..."(1 Pd 3:18)

Considerando que Cristo morreu por nós, pagando e sofrendo por todos os nossos pecados, não devemos e nem podemos sermos levados a crer que devamos sofrer por estes mesmos pecados uma segunda vez.

As palavras de Cristo - 'Está consumado!'(Jo 19:30), deixam bem claro que a obra da expiação de todos os pecados fora completada, terminada, concluída, não parcialmente, mas completamente, deixando bem claro que após este sacrifício expiatório de Cristo, que nos limpou de todos os nossos pecados, injustiças e iniquidades, como nosso substituto, retirando-os de nós(Jo 1:29;1 Jo 1:7,9; 3:5; Tt 2:13-14; Hb 9:28) não haverá mais nenhuma lembrança de nossos pecados na mente de Deus, não havendo mais necessidade de nenhum outro sacrifício ou penalidade a ser paga postumamente, após este já feito por Cristo:

"E jamais me lembrarei de seus pecados e de suas iniquidades. Ora, onde há remissão destes, não há mais oblação pelo pecado"(Hb 10:17,18).

Ademais, o fato de que pela morte de Cristo, todos os cristãos são declarados judicialmente 'inocentados' e 'sem culpas', diante de Deus, deixa claro não haver necessidade de existir a necessidade destes pagarem pelos seus pecados já pagados em toda a sua inteireza por Cristo:

"A vós também, que noutro tempo éreis estranhos, e inimigos no entendimento pelas vossas obras más, agora contudo vos reconciliou, No corpo da sua carne, pela morte, para perante ele vos apresentar santos, e irrepreensíveis, e inculpáveis"(Cl 1:21,22)

"Para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra. Para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível"(Ef 5:26-27)

Além do mais, após a morte, não se pode transferir-se de um reino para o outro, Aqueles que estão num lugar de sofrimento, não poderão sair deste estado e lugar, para outro estado e lugar(Lc 16:26)

As narrações de Lucas e João, mostram que os cristãos falecidos, após a morte, se encontram já dentro do próprio céu, gozando de plena comunhão com o Senhor, não em um lugar de tormentos, sofrendo por penas devido a seus pecados:

"E apedrejaram a Estêvão que em invocação dizia: Senhor Jesus, recebe o meu espírito. E, pondo-se de joelhos, clamou com grande voz: Senhor, não lhes imputes este pecado. E, tendo dito isto, adormeceu"(At 7:59,60)

"E, havendo aberto o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos que foram mortos por amor da palavra de Deus e por amor do testemunho que deram. E clamavam com grande voz, dizendo: Até quando, ó verdadeiro e santo Dominador, não julgas e vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra? E foram dadas a cada um compridas vestes brancas e foi-lhes dito que repousassem ainda um pouco de tempo, até que também se completasse o número de seus conservos e seus irmãos, que haviam de ser mortos como eles foram"(Ap 6:9-11)

"Depois destas coisas olhei, e eis aqui uma multidão, a qual ninguém podia contar, de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas, que estavam diante do trono, e perante o Cordeiro, trajando vestes brancas e com palmas nas suas mãos. E clamavam com grande voz, dizendo: Salvação ao nosso Deus, que está assentado no trono, e ao Cordeiro...E um dos anciãos me falou, dizendo: Estes que estão vestidos de vestes brancas, quem são, e de onde vieram? E eu disse-lhe: Senhor, tu sabes. E ele disse-me: Estes são os que vieram da grande tribulação, e lavaram as suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro. Por isso estão diante do trono de Deus, e o servem de dia e de noite no seu templo; e aquele que está assentado sobre o trono os cobrirá com a sua sombra. Nunca mais terão fome, nunca mais terão sede; nem sol nem calma alguma cairá sobre eles. Porque o Cordeiro que está no meio do trono os apascentará, e lhes servirá de guia para as fontes vivas das águas; e Deus limpará de seus olhos toda a lágrima"(Ap 7:9-19,13-17)

(b)As próprias palavras de Tomás de Aquino refutam sua citação acima, quando afirma que a expressão de Jesus em Lc 23:43, se refere ao fato de todos os santos falecidos gozarem, após a morte, do próprio céu, como morada:

"Quanto ao 3º, deve-se dizer que as palavras do Senhor devem ser entendidas não a respeito do paraíso terrestre e material, mas do paraíso espiritual, em que dizemos estar todos os que gozam da glória divina. Por isso, o ladrão desceu com Cristo até o local dos infernos a fim de ficar com ele, uma vez que fora dito: 'Hoje, estarás comigo no paraíso', mas, com relação ao prêmio, esteve no paraíso, pois lá gozava da divindade de Cristo, como os demais santos"(Suma Teológica, VIII; Quest.52; Resp. Art.4).

(c)O próprio Aquino, contrariando sua crença no purgatório, nega que qualquer remissão da pena do pecado, possa ser obtida, fora da morte expiatória de Cristo:

"Quanto ao 2º deve-se dizer que nenhum pecado pode ser redimido a não ser pela força da paixão de Cristo"(Suma Teológica, IX; Quest.69, Resp. Art.2).

(19)Tomás de Aquino ensina que um incrédulo pode administrar os sacramentos:

"Mesmo quem não crê, pode administrar um verdadeiro sacramento, contanto que que preencha os demais requisitos necessários ao sacramento"(Suma Teológica; IX; Quest.64; Resp. Art.9)

Contestação: (a)As Escrituras restringem a administração dos sacramentos apenas aos membros da igreja, ou ministros legalmente ordenados por ela, podem administrar os sacramentos(Mt 28:19; At 2:41-42; 8:36-39[At 6:5]; 9:18; 10:47-48; 16:13-15; 29-33; 1 Co 1:16; 11:23-26). (b)Se um incrédulo pode administrar qualquer um dos sacramentos, então, deverão os tomistas convidar unicistas, mórmons, adventistas e testemunhas de jeová, para batizarem em suas igrejas? (c)Esta opinião herética de Tomás de Aquino é refutada por ele mesmo, quando o mesmo diz:

"Quanto ao 3º, deve-se dizer que os paulianos e os catafrígios não batizavam em nome da Trindade. Por isso Gregório escreve ao bispo Quirico: 'Há hereges que não são batizados em nome da Trindade, porque não crêem que Cristo é Deus', julgando-o mero homem. 'É o caso dos bonosianos e catafrígios' - que, de resto, tinham a mesma percepção que os paulianos. Os Catafrígios, por sua vez, 'crêem com sentimento perverso que o Espírito Santo é um simples homem', o próprio Montano. Quando tais hereges retornam a santa Igreja, são batizados, porque o que, quando quando jaziam no erro, receberam sem a invocação da Trindade, na realidade, não foi batismo"(Suma Teológica, IX; Quest.66; Resp. Art.9)

"Quanto ao 2º, deve-se dizer que alguns hereges não mantém na administração dos sacramentos a forma da Igreja. Esses não conferem nem o sinal sacramental nem a realidade do sinal sacramental. - Outros, porém, observam a forma da Igreja e assim conferem o sinal sacramental, mas não sua realidade. Isso vale, se estão claramente rompidos com a Igreja, porque então, pelo próprio fato de alguém receber deles os sacramentos, já peca, e assim está impedido de alcançar o efeito do sacramento. Por isso Agostinho diz: 'Mantém firmemente e não duvides de modo nenhum de que, para quem foi batizado fora da Igreja, se não volta pra à Igreja, seu batismo só lhe acumulou perdição'. Nesse sentido o papa Leão dizia que 'na Sé de Alexandria se extinguira toda luz dos sacramentos', embora sob esta metáfora a realidade do sacramento, mas não o sinal sacramental"(Suma Teológica,IX; Quest.64, Resp. Art.9)

(20)Tomás de Aquino ensina que existem sete sacramentos na Igreja:

"O número dos sete sacramentos se justifica sob os dois pontos de vista"(Suma Teológica; IX; Quest.65; Resp. Art.1)

Contestação: (a)A posição de Aquino é rejeitada pelas Escrituras, que apresentam o Senhor ordenando que os apóstolos administrassem apenas dois sacramentos ou ordenanças - Batismo e Ceia do Senhor(Mt 26:26-29; 28:19), e assim procederam os apóstolos(At 2:41-42). (b)Agostinho(354-430) o refuta, afirmando:

"Pois o mesmo Senhor e os ensinamentos dos apóstolos transmitiram-nos não mais uma multidão de sinais, mas um número bem reduzido. São muito fáceis de serem celebrados, de excepcional sublimidade a serem compreendidos, e a serem realizados com grande simplicidade. Tais são: o sacramento do batismo e a celebração do corpo e sangue do Senhor"(A Doutrina Cristã, III; 9:13)

(21).Tomás de Aquino ensina que o Crisma(a Confirmação)é o segundo sacramento, invés da Ceia do Senhor:

"Entre os outros sacramentos três sacramentos, é óbvio que o batismo, novo nascimento espiritual, é o primeiro; depois vem a confirmação, orientada ao aperfeiçoamento formal da força; finalmente, se menciona a eucaristia que visa a perfeição final"(Suma Teológica, Quest.65; Resp. Art.2)

Contestação: O mesmo argumento anterior serve como resposta a este erro de Aquino.

(22)Tomás de Aquino ensina que o batismo opera a regeneração, concede o perdão dos pecados e tira-os:

"O sacramento do batismo é necessário à salvação"(Suma Teológica, IX; Quest.68; Resp. Art.2)

"Porque o batismo é um novo nascimento espiritual, em que a pessoa morre para a vida velha e começa a viver uma vida nova"(Suma Teológica, Quest.6; Resp. Art.9)

"Além disso quem se batiza recebe o perdão dos pecados e assim não precisa de remissão de pecados pelo poder das chaves da Igreja"(Suma Teológica, IX; Quest.68, Resp. Art.6)

"Assim o batismo livra de todos os pecados"(Suma Teológica, ix; Quest.69; Resp. Art.2)

Contestação: (a)As Escrituras afirmam que o batismo representa a regeneração ou salvação(1 Pd 3:21), não que ele as opere. (b)Cornélio e todos os seus foram regenerados, antes de serem batizados(At 10:44-48), logo, a regeneração precede o batismo. (c)Simão Mago, embora batizado, foi considerado como cometendo e estando em pecado:

"E creu até o próprio Simão; e, sendo batizado, ficou de contínuo com Filipe; e, vendo os sinais e as grandes maravilhas que se faziam, estava atônito.

Os apóstolos, pois, que estavam em Jerusalém, ouvindo que Samaria recebera a palavra de Deus, enviaram para lá Pedro e João.

Os quais, tendo descido, oraram por eles para que recebessem o Espírito Santo(Porque sobre nenhum deles tinha ainda descido; mas somente eram batizados em nome do Senhor Jesus).

Então lhes impuseram as mãos, e receberam o Espírito Santo.

E Simão, vendo que pela imposição das mãos dos apóstolos era dado o Espírito Santo, lhes ofereceu dinheiro.

Dizendo: Dai-me também a mim esse poder, para que aquele sobre quem eu puser as mãos receba o Espírito Santo.

Mas disse-lhe Pedro: O teu dinheiro seja contigo para perdição, pois cuidaste que o dom de Deus se alcança por dinheiro.

Tu não tens parte nem sorte nesta palavra, porque o teu coração não é reto diante de Deus.

Arrepende-te, pois, dessa tua iniquidade, e ora a Deus, para que porventura te seja perdoado o pensamento do teu coração.

Pois vejo que estás em fel de amargura, e em laço de iniquidade"(At 8:13-23)

(d)A concessão do perdão dos pecados e o apagar deles, é uma operação que apenas a Cristo, é dado fazê-lo(Jo 1:29; Mc 2:10-11; 1 Jo 1:7,9; 3:5; Hb 9:29; At 3:19; Cl 1:21-22).

(e)Aliás, o próprio Tomás de Aquino contradizendo suas declarações acima, afirma que o homem pode ser salvo, sem ser batizado:

"...a falta é suprida por Cristo que batiza interiormente nos adultos que pretendem receber os sacramentos..."(Suma Teológica, IX. Quest.64; Resp. Art.8)

"Por isso, embora o sacramento do batismo não sempre tenha sido necessário à salvação, a fé, da qual o batismo é o sacramento. sempre foi necessária"(Suma Teológica, IX; Quest.68; Resp. Art. 1).

"Assim também, antes do batismo, Cornélio e outros em situação semelhante alcançam a graça e as virtudes pela fé em Cristo e pelo desejo, implícito ou explícito, do batismo"; contudo, depois, no batismo alcançam maior abundância de graça e virtudes"(Suma Teológica, IX; Quest 69; Resp. Art.4).

"Quanto ao 1º, portanto, deve-se dizer que os adultos que anteriormente ao batismo crêem em Cristo estão incorporados a ele espiritualmente"(Suma Teológica, IX; Quest.69; Resp. Art.5).

(23)Tomás de Aquino ensina que o batismo por imersão é mais comum e mais recomendável:

"Quanto ao 2º, deve-se dizer que pela imersão se significa mais explicitamente a sepultura de Cristo e, por isso, esse modo de batizar é mais comum e mais recomendável"(Suma Teológica, IX; Quest.66. Resp. Art.7)

Contestação:Em outros lugares, Aquino se contradiz e afirma que a imersão não é necessária, tampouco foi exclusivamente a forma aplicada de batismo pelos apóstolos:

"Deve-se, pois, dizer que a imersão não é necessária ao batismo"(Suma Teológica, IX; Quest.66. Resp. Art.7)

"Para o batismo requer-se na ablução com água que é necessária ao sacramento, mas o modo de ablução é secundário"(Suma Teológica, IX; Quest.66. Resp. Art.8)

"Por conseguinte, embora seja mais seguro batizar por imersão, porque é de uso mais comum, contudo se pode administrar o batismo por aspersão ou também por efusão, conforme as palavras do livro de Ezequiel: 'Farei sobre vós uma aspersão de água pura' e como se lê que São Lourenço batizava. o motivo principal é a necessidade, Ou por ser grande o número dos candidatos ao batismo, como está nos Atos, onde se diz que creram num dia três mil, em outro dia, cinco mil pessoas"(Suma Teológica, IX; Quest.66. Resp. Art.7)

(24)Tomás de Aquino ensina que quem não é membro da igreja pode batizar:

"Por isso, antes se concede que o não batizado possa batizar do que possa receber os outros sacramentos"(Suma Teológica, IX; Quest.67. Resp. Art.5)

Contestação: As Escrituras mencionam que apenas membros da igreja, ou ministros legalmente ordenados por ela, podem administrar os sacramentos(Mt 28:19; At 2:41; 8:36-39[At 6:5]; 9:18; 10:47-48; 16:13-15; 29-33; 1 Co 1:16)

(25)Tomás de Aquino ensina que a mulher pode batizar:

"Então, uma mulher pode batizar"(Suma Teológica, IX; Quest.67. Resp. Art.4)

Contestação: As Escrituras vedam isto às mulheres quando afirmam que o Senhor prescreveu aos homens, que após ensinarem, batizassem seus catequizados(Mt 28:19), e às mulheres é vedado que ajam como mestres na igreja, mas que se limitem a serem apenas alunas(2 Tm 2:11-12; 1 Co 14:34-35).

(26)Tomás de Aquino ensina que a justificação(a salvação da condenação do pecado) se perde:

"O caráter permanece indelevelmente; a justificação permanece, mas pode perder-se"(Suma Teológica, IX; Quest.66. Resp. Art.1).

Contestação: As Escrituras afirmam que aqueles que foram justificados por Cristo, não decairão desta justificação(R 5:9-10), mas após a mesma, perseverarão até o fim, terminando sua carreira terrestre como reis e sacerdotes de Cristo(Ap 5:9-10) e recebendo a glorificação de seus corpos(Rm 8:30)

(27)Tomás de Aquino ensina que Cristo seria gerado por um sêmen de um homem - Abraão:

"Primeiro, porque era sinal de fé com que Abraão creu que Cristo nasceria de seu sêmen"(Suma Teológica, IX; Quest.70; Resp. Art.3).

Contestação: (a)Cristo nunca é mencionado nas Escrituras como nascendo de um sêmen masculino:

"E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar"(Gn 3:15)

"E, projetando ele isto, eis que em sonho lhe apareceu um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não temas receber a Maria, tua mulher, porque o que nela está gerado é do Espírito Santo.

E dará à luz um filho e chamarás o seu nome JESUS; porque ele salvará o seu povo dos seus pecados.

Tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que foi dito da parte do Senhor, pelo profeta, que diz: 'Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, E chamá-lo-ão pelo nome de EMANUEL, que traduzido é: Deus conosco'"(Mt 1:20-23).

"Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei"(Gl 4:4).

"Disse-lhe, então, o anjo: Maria, não temas, porque achaste graça diante de Deus. E eis que em teu ventre conceberás e darás à luz um filho, e pôr-lhe-ás o nome de Jesus. Este será grande, e será chamado filho do Altíssimo; e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai. E reinará eternamente na casa de Jacó, e o seu reino não terá fim. E disse Maria ao anjo: Como se fará isto, visto que não conheço homem algum? E, respondendo o anjo, disse-lhe: Descerá sobre ti o Espírito Santo, e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; por isso também o Santo, que de ti há de nascer, será chamado Filho de Deus"(Lc 1:30-35)

(b)Certamente, quando as Escrituras apresentam Cristo como sendo um descendente de Abraão(Mt 1:1; Gl 3:16), não insinua que seu nascimento ocorreria de forma ordinária e natural, mas extraordinária e sobrenatural, considerando-se Maria, por representatividade masculina, como parte dessa descendência, uma vez que seu marido José, é mencionado como filho de Davi(Mt 1:20), e este Davi, como um descendente de Abraão(Mt 1:1)

(28)Tomás de Aquino ensina que os que negam a presença física real de Cristo nos elementos da Ceia, são heréticos:

"Não atinando com isto, alguns afirmaram que o corpo de e sangue de Cristo não estão neste sacramento a não ser como um sinal. O que se deve rejeitar como herético, já que contrário às palavras de Cristo"(Suma Teológica, IX; Quest.75; Resp. Art.1).

Contestação: (a)Quando Jesus disse: “Isto é o meu corpo”(Mt 26:26), estava falando em sentido figurado, não literalmente, até porque Jesus estava ali pessoalmente, em corpo, segurando aquele pedaço de pão. Da mesma forma, quando ele diz: “Eu sou a porta”(Jo 10:7), será que ele está dizendo ser uma porta literal de madeira e dobradiças?

(b)Se é verdade que o pão e o vinho se transformam no corpo e sangue de Cristo, então so que comem o pão são “canibais” e os que tomam o vinho, são “vampiros”!

(c)A ‘transubstanciação’, de acordo com o “AURÉLIO”, signfica literalmente “mudança duma substancia em outra”. Todavia, o vinho, mesmo depois de ser dado por Jesus, continua sendo o “fruto da vide”(Lc 22:18).

(d)Jesus disse : “...fazei isto em memória de mim”(Lc 22:19). Ora, ninguém pode se lembrar de quem está presente, mas sim de quem está ausente, como é o caso de Jesus(1 Co 11:26). Logo, Jesus não pode estar presente fisicamente nos elementos da Ceia.

(e)Sabemos que o corpo de Cristo jamais experimentou corrupção(At 2:31), mas as hóstias usadas na missa, podem se corromper, segundo o próprio Tomás de Aquino(1225-1274):

"Assim desta maneira certamente podem corromper-se estes acidentes depois da consagração. Pois, a quantidade dimensível que permanece pode sofrer uma divisão ou soma. Uma vez que ela é o sujeito das qualidades sensíveis, pode também ser o sujeito das alterações, por exemplo, ao alterar a cor ou o sabor do pão ou do vinho. Em segundo lugar, os acidentes podem ainda corromper-se acidentalmente, ao desaparecer o sujeito. Nesse caso, podem corromper-se até depois da consagração. Ainda que o sujeito não subsista, permanece, porém, o ser que os acidentes possuíam antes no sujeito. Por isso, tal ser pode corromper-se por um agente contrário, assim como se corrompia a substância do pão e do vinho. Aliás, esta só sofria alterações em consequência da alteração dos acidentes"(Suma Teológica, IX; Quest.77; Resp. Art.4)

(f)Em outros lugares, Tomás de Aquino, negando suas declarações em prol da Transubstanciação, afirma que a ceia do Senhor é um "sinal", "memorial" e 'representação" da morte de Cristo, invés de ser uma renovação ou repetição da mesma:

"Após a consagração, aparece aos sentidos que os acidentes de pão e vinho permanecem. E isso é feito com razão pela divina providência. (1)Não é costume, antes inspira horror aos homens comerem a carne humana e beberem o seu sangue. Por isso, nos são oferecidos a carne e o sangue de Cristo para ser tomados sob a aparência daqueles coisas a que os homens estão habituados, a saber, pão e vinho. (2)Os infiéis zombariam deste sacramento se se consumisse a Nosso Senhor Jesus Cristo sob a sua própria figura. (3)O fato de consumir o corpo e sangue do Senhor de maneira invisível torna a nossa fé mais meritória"(Suma Teológica, IX; Quest.75; Resp. Art.6)

"Quanto ao 3º, deve-se dizer que depois da conversão do pão no corpo de Cristo ou do vinho no sangue, os acidentes de ambos permanecem. Daí se segue evidentemente que as dimensões do pão e do vinho não se convertem nas dimensões do corpo de Cristo, mas uma substância em outra substância. Assim, pela força do sacramento, está nele a substância do corpo de Cristo ou do sangue, não,porém, as dimensões do corpo ou do sangue de Cristo"(Suma Teológica, IX; Quest.76; Resp. Art.1)

"Quanto ao 1º, portanto, deve-se dizer que ainda que o sangue de Cristo esteja todo inteiro sob ambas as espécies, isto não é em vão. Pois, antes de tudo, isso serve pra representar a paixão de Cristo, na qual o sangue se separou do corpo"(Suma Teológica, IX; Quest.76; Resp. Art.1).

"Quanto ao 2º, deve-se dizer que na paixão de Cristo, de que este sacramento é um memorial..."(Suma Teológica, IX; Quest.76; Resp. Art.2).

"...então o corpo de Cristo está neste sacramento a modo de substância, isto é, segundo a maneira como a substância está sob as dimensões. Não está, porém, a modo das dimensões, a saber, da maneira pela qual a dimensão de um corpo está presente sob as dimensões do espaço"(Suma Teológica, IX; Quest.76; Resp. Art.3).

"Pela força do sacramento, as dimensões do corpo de Cristo não estão neste sacramento"(Suma Teológica, IX; Quest.76; Resp. Art.4)

"A conversão eucarística termina diretamente na substância do corpo de Cristo, não, porém, nas suas dimensões. Isso se evidencia pelo fato de que a quantidade mensurável do pão permanece permanece depois da consagração, que converte somente a substância do pão"(Suma Teológica, IX; Quest.76; Resp. Art.4).

"Ora, Cristo não tem o mesmo modo de existir em si mesmo e na forma sacramental"(Suma Teológica, IX; Quest.76; Resp. Art.6)

"Pois Cristo não está neste sacramento como num lugar"(Suma Teológica, IX; Quest.76; Resp. Art.6)

"Ninguém pode ver o corpo de Cristo com olhos corporais tal qual está no sacramento"(Suma Teológica, IX; Quest.76; Resp. Art.7)

"Ora, o corpo de Cristo não é comido sob a sua própria espécie, mas sob a espécie sacramental"(Suma Teológica, IX; Quest.77; Resp. Art.7)

"Quanto ao 1º, portanto, deve-se dizer que quando ele diz 'Este cálice é o cálice de meu sangue', trata-se de uma expressão figurada, que pode ser entendida de duas maneiras"(Suma Teológica, IX; Quest.78; Resp. Art.3)

"Numa segunda maneira, pode-se entender esta frase como metáfora, pois o cálice significa a paixão que a semelhança do cálice inebria, como se lê: 'Saturou-me de amargura, de absinto me inebriou'"(Suma Teológica, IX; Quest.78; Resp. Art.3).

"Na Eucaristia está contido o próprio Cristo, não como sua própria figura, mas sob as espécies sacramentais"(Suma Teológica, IX; Quest.80; Resp. Art.2)

"É evidente, porém, que a substância do pão, ao ser tomada pelo pecador, não cessa de existir imediatamente, mas permanece enquanto é digerida pelo calor natural do organismo"(Suma Teológica, IX; Quest.80; Resp. Art.3).

"Quanto ao 3º, deve-se dizer que ainda que um tato ou um cão comesse da hóstia consagrada, a substância do copro de Cristo não cessaria de estar presente sob as espécies todo o tempo que a substância de pão permanecesse, como seria também o caso se ela fosse lançada na lama. Isso não atenta nada contra a dignidade de Cristo, que quis ser crucificado pelos pecadores sem diminuição de sua dignidade. Ademais, o rato ou o cão não tocam o próprio corpo de Cristo sob sua figura, mas somente sobre as espécies sacramentais"(Suma Teológica, IX; Quest.80; Resp. Art.3).

"A Eucaristia é um sinal"(Suma Teológica, IX; Quest.80; Resp. Art.5)

"Quanto ao 2º, deve-se dizer que o cordeiro pascal foi sobretudo a figura deste sacramento quanto à paixão de Cristo, que é representada por este sacramento"(Suma Teológica, IX; Quest.80; Resp. Art.10)

"Mas, este sacramento, nos é transmitido o memorial da paixão de Cristo a modo de alimento, que se toma todos os dias"(Suma Teológica, IX; Quest.80; Resp. Art.10).

"Por isso aquelas espécies são as que são afetadas e vistas, não, porém, o corpo mesmo de Cristo"(Suma Teológica, IX; Quest.81; Resp. Art.3).

"A celebração, porém, deste sacramento é uma certa imagem representativa da paixão de Cristo, que é uma verdadeira imolação"(Suma Teológica, IX; Quest.83; Resp. Art.1).

"Este sacramento é uma figura e semelhança da paixão do Senhor"(Suma Teológica, IX; Quest.83; Resp. Art.3)

"Quanto ao 7º, deve-se dizer que a Igreja decretou a respeito da Eucaristia, lá onde isto podia ser feito sem perigo, que ela simbolizasse o mais vivamente possível a paixão de Cristo"(Suma Teológica, IX; Quest.83; Resp. Art.3)

"Daí se segue que na celebração deste sacramento algumas ações tem a finalidade de representar a paixão de Cristo ou também a organização do corpo místico"(Suma Teológica, IX; Quest.83; Resp. Art.5)

"A prefiguração da morte de Cristo está na ceia"(Suma Teológica, IX; Quest.83; Resp. Art.5)

Era o próprio Tomás de Aquino, um dos hereges que ele mencionou, como negadores do dogma da Transubstanciação?

(29)Tomás de Aquino ensina que as crianças devem participar da Ceia do Senhor:

"Assim quando as crianças começam a ter certo uso da razão, sendo já capazes de conceber alguma devoção a este sacramento, pode ser-lhes então conferido"(Suma Teológica, IX; Quest.80; Resp. Art.9)

Contestação: Paulo certamente excluiu crianças do auto exame para participar da Ceia do Senhor, quando disse:

"Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma deste pão e beba deste cálice"(1 Co 11:28).

(30)Tomás de Aquino ensina que ninguém pode obter remissão ou perdão dos pecados sem ir ao Confessionário, isto é, sem fazer penitência:

"É impossível que o pecado mortal atual seja perdoado sem penitência, no sentido de virtude"((Suma Teológica, IX; Quest.86; Resp. Art.2)

Contestação: (a)Davi, no AT, afirmou que uma confissão particular de pecados, feita somente a Deus, garantia eficácia na recepção do perdão divino:

"Confessei-te o meu pecado, e a minha maldade não encobri. Dizia eu: Confessarei ao Senhor as minhas transgressões; e tu perdoaste a maldade do meu pecado"(Sl 32:5).

(b)O próprio Pedro, afirmou que se alguém pecasse, deveria confessar seu pecado pessoalmente a Deus, para obter perdão dos pecados:

"E Simão, vendo que pela imposição das mãos dos apóstolos era dado o Espírito Santo, lhes ofereceu dinheiro. Dizendo: Dai-me também a mim esse poder, para que aquele sobre quem eu puser as mãos receba o Espírito Santo.

Mas disse-lhe Pedro: O teu dinheiro seja contigo para perdição, pois cuidaste que o dom de Deus se alcança por dinheiro.

Tu não tens parte nem sorte nesta palavra, porque o teu coração não é reto diante de Deus.

Arrepende-te, pois, dessa tua iniquidade, e ora a Deus, para que porventura te seja perdoado o pensamento do teu coração.

Pois vejo que estás em fel de amargura, e em laço de iniquidade"(At 8:18-23)

(c)O próprio Tomás de Aquino, contradizendo sua afirmação acima, afirma que quem já foi batizado, não precisa obter a remissão de pecados por meio de uma das chaves da igreja, que é o Confessionário:

"Além disso quem se batiza recebe o perdão dos pecados e assim não precisa de remissão de pecados pelo poder das chaves da Igreja"(Suma Teológica, IX; Quest.68, Resp. Art.6)

(31)Tomás de Aquino nega a total certeza do perdão ou remissão dos pecados:

"Afirma-se que os pecados perdoados pela penitência retornam enquanto o reato deles está contido virtualmente no pecado posterior em virtude da ingratidão"(Suma Teológica, IX; Quest.88, Resp. Art.2)

Contestação: Tomás de Aquino está querendo dizer que a absolvição dos pecados perdoados na penitência anterior, é anulada quando o 'reato'(isto é, a "culpa", "falta", "delito")destes pecados está contido no pecado posterior. Ou seja, nenhum cristão tem a total certeza do perdão de qualquer um de seus pecados, ou de todos os seus pecados. O 'deus' crido por Aquino, não é aquele Redentor, que disse:

"E jamais me lembrarei de seus pecados e de suas iniquidades. Ora, onde há remissão destes, não há mais oblação pelo pecado"(Hb 10:17,18).

"Tornará a apiedar-se de nós; sujeitará as nossas iniquidades, e tu lançarás todos os seus pecados nas profundezas do mar"(Mq 7:19)

O 'deus' e 'redentor' apregoado por Aquino, não é aquele Cristo, que, pelos seus méritos, nos absolveu para sempre de todos os nossos pecados:

"A vós também, que noutro tempo éreis estranhos, e inimigos no entendimento pelas vossas obras más, agora contudo vos reconciliou, No corpo da sua carne, pela morte, para perante ele vos apresentar santos, e irrepreensíveis, e inculpáveis"(Cl 1:21,22).

"Para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra. Para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível"(Ef 5:26-27)

Sim, o 'deus' e 'redentor' apregoado por Aquino, não é aquele mesmo Deus apregoado por Paulo, que diz:

"Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem é que condena? Pois é Cristo quem morreu, ou antes quem ressuscitou dentre os mortos, o qual está à direita de Deus, e também intercede por nós"(Rm 8:33-34)

(32)Tomás de Aquino ensina que os bens adquiridos ilicitamente devem ser doados a igreja em forma de 'esmolas':

"Segundo, porque o adquirido ilicitamente não pode ser guardado pelo adquirente, e não pertence àquele de quem foi adquirido, já que ele o recebeu contra a justiça, e o outro contra a justiça os doou. É o caso da simonia, pela qual o doador e receptor agem contra a justiça divina. Estes bens devem ser restituídos a quem os doou, mas devem ser distribuídos em esmolas"(Suma Teológica, V; Quest.32, Resp. Art.7)

Contestação: (a)Tomás de Aquino está defendendo um tipo de 'lavagem de dinheiro', em prol do benefício da igreja, defendendo que se use em benefício da igreja, aquilo que foi obtido de maneira ilícita, contrariando o ensino claro das Escrituras, bem como sua proibição com relação ao uso de dinheiro ou bens adquiridos por meios pecaminosos e ilícitos, que dizia:

"Aquele que furtava, não furte mais; antes trabalhe, fazendo com as mãos o que é bom, para que tenha o que repartir com o que tiver necessidade"(Ef 4:28)

"Não trarás o salário da prostituta nem preço de um sodomita à casa do Senhor teu Deus por qualquer voto; porque ambos são igualmente abominação ao Senhor teu Deus"(Dt 23:18)

(b)Nenhum dinheiro, que fosse produto de simonia, deveria ou deve ser aceito para ser usado dentro do serviço eclesiástico, uma vez que é considerado como um ato pecaminoso:

"E Simão, vendo que pela imposição das mãos dos apóstolos era dado o Espírito Santo, lhes ofereceu dinheiro.

Dizendo: Dai-me também a mim esse poder, para que aquele sobre quem eu puser as mãos receba o Espírito Santo.

Mas disse-lhe Pedro: O teu dinheiro seja contigo para perdição, pois cuidaste que o dom de Deus se alcança por dinheiro.

porque o teu coração não é reto diante de Deus.

Arrepende-te, pois, dessa tua iniquidade, e ora a Deus, para que porventura te seja perdoado o pensamento do teu coração.

Pois vejo que estás em fel de amargura, e em laço de iniquidade"(At 8:18-23).

(33)Tomás de Aquino ensina que o homem obtém perdão de pecados por meio da graça unida a sua própria vontade humana(sinergismo):

"O perdão da culpa e da pena eterna pertence à graça santificante, enquanto a remissão da pena temporal devida pertence a graça cooperante, no sentido de que o homem, com o auxílio da graça divina, suportando pacientemente os sofrimentos, é perdoado também da pena"(Suma Teológica, Quest.86; Resp. Art.4)

Contestação: O perdão, a remissão dos pecados, ou a salvação do homem, é uma obra exclusiva de Deus(Is 63:5; Ef 2:8-9; Tt 3:5-6; 2 Tm 2:9,10).

(34)Tomás de Aquino ensina que os hereges devem ser executados:

"A respeito dos hereges, há duas coisas a considerar: uma da parte deles e outra da Igreja. Da parte deles, há um pecado pelo qual mereceriam não somente serem excluídos da Igreja pela excomunhão, mas também do mundo pela morte. É muito mais grave corromper a fé, que é a vida da alma, do que falsificar o dinheiro, que serve a vida temporal. Ora, se os falsificadores de moeda ou outros malfeitores logo são justamente condenados à morte pelos príncipes seculares, com maior razão os heréticos desde que sejam convencidos de heresia, podem não só ser excomungados, mas justamente serem condenados à morte"(Suma Teológica, V; Quest.11, Resp. Art.3)

Contestação: O único conselho das Escrituras com relação aos hereges é que os evitemos:

"Ao homem herege, depois de uma e outra admoestação, evita-o, Sabendo que esse tal está pervertido, e peca, estando já em si mesmo condenado"(Tt 3:10-11)

Diante de todas estas bizarrices de Tomás de Aquino, acredito que não seria uma boa opção usar seus óculos para entendermos qualquer tipo de pensamento teológico. Fica a dica - Somos bereanos. Vamos às próprias fontes(At 17:10-11). Não nascemos para sermos piolhos. Sola Scriptura!!!

2ª Parte - Tomás de Aquino, o médium espírita...

A 'The Catholic Encyclopedia"(Volume XIV), confirma que Aquino afirma ter recebido visitas de crentes falecidos do NT, como a Virgem Maria, os apóstolos Pedro e Paulo, bem como a visita de Domingo de Gusmão[1170-1221] e também a visita do falecido Rei Luís IX:

"Fatos narrados por pessoas que conheceram São Tomás em vida ou escreveram na época de sua canonização provam que ele recebeu ajuda do céu. Ao Padre Reginaldo ele declarou que havia aprendido mais na oração e na contemplação do que havia adquirido de homens ou de livros. Esses mesmos autores falam de visitantes misteriosos que vieram para encorajá-lo e estimulá-lo. A Santíssima Virgem apareceu para garantir-lhe que sua vida e a sua Testemunhas eram aceitáveis a Deus, e que ele fosse severo em sua sagrada vocação. São Pedro e Paulo vieram ajudá-lo a interpretar uma obscura passagem de Isaías. Quando a humildade o levou a se considerar indigno do doutorado, um venerável religioso de sua ordem (supostamente São Domingos[1170-1221]) apareceu para encorajá-lo e sugeriu o texto para sua abertura discurso. Seus êxtases foram mencionados. Suas sublimações na entidade espiritual do Rei Luís IX (São Luís[1214-1270]) e de visitantes ilustres são relatadas por todos os biógrafos. Portanto, se permitirmos um grande entusiasmo por parte de seus admiradores, devemos concluir que seu aprendizado tradicional não pode ser atribuído apenas a causas estruturais"(The Catholic Encyclopedia, Volume XIV, pp.670-671)

Não resta nenhuma dúvida de que Tomás de Aquino alegasse ter entrado em contato com pessoas falecidas. Várias autoridades da igreja romana atestam isso como fato. Podemos citar várias fontes romanistas, como prova desse fato. fontes que me parecem dar uma resposta. William de Tocco, o primeiro biógrafo de Tomás de Aquino, é o primeiro que pode ser consultado. Sua obra "História de São Tomás de Aquino"(1323) pode ser consultada. Dominic Prummer, é outro biógrafo que pode ser consultado. Sua obra - "Fontes Vitae S. Thomae Aquinatis, Notis Historicis Et Criticis Illustrati", pode ser consultada.

Outro livro a ser consultado é "Vida de São Tomás de Aquino", escrito por Bernardus Guidonis[1261-1331], frade dominicano, bispo de Lodève. Guidonis relata duas ocasiões em que pessoas falecidas visitaram Tomás de Aquino. A primeira pessoa falecida foi o 'irmão Romanus', o Mestre de Teologia que sucedeu a Aquino na cadeira Dominicana de Teologia na Universidade de Paris. A segunda pessoa falecida foi sua irmã. Na aparição do 'falecido' Romanus, seu 'espírito' diz a Tomás de Aquino:

"Estou, de fato, morto; mas eu tenho permissão para visitá-lo por causa de seus méritos”(Kenelm Foster, The Life of Saint Thomas Aquinas: Biographical Documents, p.40)

Placid Conway, frade católico, em sua obra "Saint Thomas Aquinas, of the order of preachers[1225-1274]. A biographical study of the Angelic doctor"('São Tomás, Da Ordem dos Pregadores, Um Estudo Biográfico sobre o Doutor Angélico'), declara:

"Poucos dias antes de sua morte, ele disse ao padre Reginald que a querida Mãe de Cristo tinha aparecido para ele em várias ocasiões, assegurando-lhe que sua vida e escritos eram agradáveis a Deus, e que ele perseverasse em seu estado. São Vicente Ferrer e Santo Antonino de Florença afirmam que em suas dificuldades ele costumava voltar-se para ela como uma criança para uma mãe. Então ela ficaria visivelmente diante dele e, voltando-se com um sorriso para o Divino Bebê em seus braços, perguntaria Ele para conceder a iluminação que buscava"(p.82).

O autor, na mesma obra, afirma que outra pessoa falecida apareceu a Tomás de Aquino - o padre Romanus:

"No decorrer da Quaresma deste ano ele pregou todos os dias na Catedral sobre as palavras: 'Salve, cheia de graça, o Senhor está contigo', dando um resumo dos raros privilégios. A hora das Completas em casa preencheu ele com a devoção mais profunda: as lágrimas correram livremente durante o canto do hino da Quaresma: 'Não nos desligamos na época de nossa velhice, quando a nossa força nos faltar: Senhor Deus, não nos desampare'. Enquanto ele estava orando no coro, ele viu diante de si a figura do Padre Romanus, a quem tinha entregue sua cadeira em Paris. 'Bem-vindo de fato, querido irmão', disse ele; 'mas quando você chegou aqui?'. 'Eu já passei da vida', disse o frade falecido', mas estou autorizado a aparecer a você'. São Tomás estava muito emocionado, mas recuperando o autodomínio, fez estas perguntas adequadas: 'Como estou com Deus, e minhas obras estão agradando a Ele?'. 'Você está em bom estado, e as tuas obras agradam a Deus, de ti mesmo?', perguntou o santo Doutor. 'Estou em bem-aventurança', respondeu Romanus, 'mas já passei dos dezesseis dias no purgatório'. 'Diga-me então', gritou Tomás, 'como o Bem-aventurado vê a Deus, e faz que adquiramos hábitos permanentes conosco no céu?'. 'É o suficiente', Romanus respondeu, 'se eu te disser que vejo Deus, não me pergunte mais. 'Como ouvimos, vós também vereis, na cidade do Senhor dos Exércitos'; 'dizendo que ele desapareceu. O Angélico Doutor imediatamente deu voz à sua conclusão: 'portanto, é por especular visão de que o Bem-aventurado vê a Deus"(Ibidem, p.94).

Aliás, o próprio Tomás de Aquino deixa bem claro sua crença de que as almas dos crentes falecidos, podem aparecer aos crentes vivos, para lhes trazerem instruções:

"Embora possam as almas dos santos ou dos condenados estar presentes onde aparecem, não devemos contudo crer que isso sempre se dê. Pois, às vezes essas aparições se realizam; quer durante o sono ou durante a vigília, por obra dos bons ou maus espíritos, para instrução ou ilusão dos vivos"(Suma Teológica, Suplemento [Questão 69: Do concernente a ressurreição e, primeiro, do lugar das almas depois da morte], Art. 3['Se as almas, que estão no céu ou no inferno, podem sair de lá-'])(Summa Theologica, Volume 5 [Part III, Second Section & Supplement], p.2820, em inglês)

https://www.newadvent.org/summa/5069.htm#article3

Assim, Tomás de Aquino se comunicava com os mortos(a Virgem Maria, os apóstolos Pedro e Paulo, Domingo de Gusmão[1170-1221] o rei Luiz IX[1214-1221]). Sua prática lembra muitos os espíritas, que também alegam a mesma experiência, como se segue. Stainton Moses, descrito pelo historiador espírita Arthur C. Doyle, como “o mais alto expoente do ponto de vista dos espíritas”(História do Espiritismo, p.307), rejeitou veementente a reencarnação. Em um artigo(‘Uma Nova História do Espiritismo’) publicado por Mr. Thurston, na revista inglesa “A Boca”(Julho de 1926), Thurston, cita o testemunho de Moses. Este(Stainton Moses) se negava a crer na reencarnação por haver recebido em 16.11.1874 uma mensagem de seuespírito-guiachamado Kabila, na qual este 'espírito' afirmava ser falsa essa doutrina, pois há mais de 4.000 anos este espíritohavia deixado a Terra, e jamais reencarnara, nem havia possibilidade alguma disto ocorrer. No mesmo artigo, Thurston cita o testemunho de outro famoso espírita – Daniel Douglas Houme, na qual ele(Houme)afirmava não crer em uma doutrina(reencarnação/karma) elaborada por alguém que não era médium. Para Houme, o Livro dos Espíritos não tinha valor algum, pois nele estavam refletidas não a opinião dos espíritos, e sim o pensamento consciente ou subconsciente de quem o havia escrito:Allan Kardec. Houme escrevera um livro intitulado “Luzes e Sombras do Espiritismo”(1877), e nesta obra, ele conta que estava conversando dom o conde Dunraven, quando, de forma telepática, começou a receber uma mensagem: era Kardec, que confessava: ‘Arrependo-me de haver criado a doutrina espírita!’(p.224). Segundo o próprio Houme, ele recebeu aquela mensagem no mesmo dia em que Kardec morrera.

Os católicos romanos norte-americanos afirmam que Aquino recebeu visitas de falecidos apóstolos, como Pedro e Paulo. Mórmons também alegam a mesma experiência, como se segue:

Uma das principais ou fundamentais verdades da filosofia mórmon é que os vivos podem escutar os mortos... Ó Santos dos Últimos Dias! Milhares de vocês do exército de Israel! Vocês estão reunidos aqui hoje, e colocaram essas pedras angulares, com o propósito de que os vivos possam ovuir os mortos, e que possamos preparar um santuário sagrado, onde 'as pessoas podem procurar até o seu Deus, pois os vivos podem ouvir os seus mortos', e que o Céu e a Terra, e o mundo dos espíritos possam conversar pessoalmente”(‘Apóstolo’ Mórmon Parley Pratt [1807-1857], Jornal de Discursos, Volume II, pp.44-46).

"E também, o que ouvimos? Alegres novas de Cumora! Morôni, um anjo do céu, anunciando o cumprimento dos profetas—o livro a ser revelado. A voz do Senhor no ermo de Fayette, Condado de Sêneca, anunciando as três testemunhas que testificariam quanto ao livro! A voz de Miguel às margens do Susquehanna, identificando o diabo quando apareceu como um anjo de luz! A voz de Pedro, Tiago e João no ermo entre Harmony, Condado de Susquehanna, e Colesville, Condado de Broome, no rio Susquehanna, declarando-se possuidores das chaves do reino e da dispensação da plenitude dos tempos”(Doutrina e Convênios 128:20).

E também João, o filho de Zacarias, Zacarias esse que ele a(Elias) visitou, dando-lhe a promessa de um filho que se chamaria João e que seria cheio do espírito de Elias. E esse João enviei a vós, meus servos Joseph Smith Júnior e Oliver Cowdery, para ordenar-vos ao primeiro sacerdócio que recebestes, a fim de que fôsseis chamados e ordenados como foi Aarão... E também com Pedro e Tiago e João, que vos enviei, por intermédio de quem vos ordenei e confirmei para serdes apóstolos e testemunhas especiais de meu nome e para portardes as chaves de vosso ministério e das mesmas coisas que a eles revelei ”(Doutrina e Convênios 27:7-8,12).

“Depois de encerrar-se esta visão, os céus se tornaram-se a abrir e Moisés apareceu diante de nós e conferiu-nos as chaves para coligar Israel das quatro partes da Terra e trazer as dez tribos da terra do norte”(‘Apóstolo’ Mórmon James Talmage, Jesus, o Cristo, p.752).

Os católicos romanos afirmam que Aquino recebeu visitas da Virgem Maria, dos falecidos apóstolos Pedro e Paulo, para ajudá-lo a interprar Isaías. Nesse caso, Aquino, psicografou, como fazem todos os médiuns espíritas. Ele, segundo os romanistas norte-americanos, recebeu visita do falecido Domingos de Gusmão[1170-1221]), que "apareceu-lhe" para encorajá-lo e sugeriu o texto para sua abertura discurso. Os mórmons alegam as mesmas experiências de Aquino:

"Observe estas palavras do Presidente Woodruff: ‘Joseph Smith visitou-me muitas vezes após a sua morte, e ensinou-me muitos princípios”(Presidentes da Igreja, 1979, p.123).

Pouco depois da morte do Profeta Joseph Smith, Brigham Young falou a respeito de um sonho no qual Joseph o visitou para dar-lhe instruções: ‘Joseph colocou-se diante de nós e, de maneira bastante séria mas amável, disse: ‘Diga as pessoas que sejam humildes e fiéis, procurando manter o Espírito do Senhor e Ele as conduzirá no caminho correto... O Profeta Joseph Smith apareceu após a sua morte ao Presidente Brigham Young em uma visão”(Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Brigham Young, pp.41,345).

Vários anos depois de Joseph Smith ser martirizado, ele apareceu ao Presidente Brigham Young. Sua mensagem para os santos naquela época constitui o tema deste capítulo: 'Diga ao povo para ser humilde e fiel, e não se esqueça de manter o espírito do Senhor e ele vai levá-los para a direita. Tenha cuidado e não afastem a voz mansa e delicada, que vai te ensinar o que fazer e para onde ir, que vai produzir os frutos do Reino. Diga aos irmãos que mantenham seu coração aberto à convicção, de modo que quando o Espírito Santo vier, seu coração estará pronto para recebê-lo”(‘Profeta’ Ezra Taft Benson [1899-1994], A Liahona[Ensign], abril 1988, p.5)

Wilford Woodruff dedicou sua vida à edificação do reino de Deus e continuou a receber instruções de Joseph Smith, mesmo depois da morte do Profeta. Ele relatou uma visão que teve com Joseph Smith: ‘Ví-o na porta do templo, no céu. Ele veio até mim e dirigiu-me a palavra, mas não pode parar para conversar, pois estava apressado. O outro homem que encontrei foi o pai de Joseph Smith; ele não pode conversar comigo porque também estava com pressa. Deparei-me com um punhado de irmãos que tinham ocupado posições de responsabilidade na Terra, e nenhum deles pode parar para dialogar, pois estavam apressados. Fiquei estupefato. Por fim, ví o Profeta de novo e tive o privilégio de fazer-lhe uma pergunta.

’Bem’, indaguei, ‘gostaria de saber por que vocês estão com tanta pressa. Passei minha vida inteira apressado, mas achava que finalmente diminuiria o ritmo quando chegasse o reino dos céus – se é que chegaria. Joseph replicou: ‘Vou responder, irmão Woodruff. Cada dispensação que teve o Sacerdócio na Terra e chegou ao reino celestial tem um certo trabalho a fazer para preparar-se para voltar a Terra com o Salvador quando ele regressar para lá reinar. As demais dispensações tiveram muito tempo para realizar tal obra. A nossa não. Somos a última dispensação, e há muito trabalho a ser feito. Precisamos apressar-nos para concluí-lo’”(Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Wilford Woodruff, p.26).

3ª Parte - Tomás de Aquino Condenado pelos Reformadores:

(1)Martinho Lutero, diz:

"E que outra coisa podem tornar-se aqueles que lêem tão somente Tomás, o devoram e (como dizem) transubstanciam em si? Ainda que não lhe inveje a santidade que o papa lhe deu(pois, o que não pode santificar o santíssimo?), da qual se gloriam com incrível soberba. Assim também não duvido que sua doutrina, totalmente isenta de espíirto, seja uma taça da ira de Deus enviada a Terra[Ap 15:7], por causa da qual, não obstante, foi preferencialmente canonizado, para que tivesse em sua companhia o canonizador que merece. Não que eu negue que ele seja santo, ainda que de fato ensina coisas heréticas e devasta completamente a doutrina de Cristo"('Resposta a Smbrósio Catarino', 'Martinho Lutero, Obras Selecionadas, Volume 3, pp.15-16)

"Por isso queira o Senhor Jesus maldizer o maldito e blasfemo desatino teu e de teu Tomás, atribuindo a um homem ímpio o santo nome de pedra, e construindo a santa Igreja sobre a impiedade"(Ibidem, p.28).

"Mas seja quem for, a estrela que cai do céu sobre a Terra foi Alexandre de Hales ou então (o que me parece mais razoável). S. Tomás, que, depois de aprovadas as universidades e depois da trombeta desse anjo, foi o primeiro ou o maior promotor da introdução da filosofia no mundo cristão, aristotelicíssimo, sim, quase o próprio Aristóteles, no qual caiu sobre a Terra do céu e de Cristo, apoiado na autoridade daquele impiíssimo anjo que desta forma aprovou seus esforços. Pois ele recebeu a chave do poço e o abriu, e dele nos trouxe a filosofia morta e há muito tempo condenada pelo apóstolo. 'Depois subiu fumaça do poço'[9:2], isso é, meras palavras e opiniões de Aristótles e dos filósofos, 'como fumaça de grande fornalha''. Pois a filosofia se fortaleceu e se tornou poderosa amplamente, chegando a equiparar Aristóteles s Cristo no que tange a autoridade e a fé"(Ibidem, p.51)

"Entre eles consta também S. tomás de Aquino, santo apesar de tudo, pois ponho isso veementemente em dúvida, visto que até aí não há cheiro de espírito nele. Estou dizendo que todos esses homens caíram em erro, tendo seguido a abominação do papa, mas sem pertinânica, e foram libertados ao mesnos na morte"(Ibidem, p.91)

"Tomás escreveu muita coisa herética e ele é culpado de que Aristóeles reina, o devastador da santa doutrina"('A Refutação do Parecer de Látomo', Martinho Lutero, Obras Selecionadas, Volume 3, p.189)

"Os escolásticos definem, de modo frágil e quase obscuro demais, o pecado original como concupiscência. Outros, que é a carência da justiça original que deveria estir em nós"('Debate Acerca da Justificação', Martinho Lutero, Obras Selecionadas, Volume 3, p.205).

"Fiz isso porque ví que as opiniões dos tomistas, ainda que aprovadas pelo papa ou por um concílio, não deixam de ser opiniões e não se convertem em artigos de fé, mesmo que um anjo do céu estabelecesse outra coisa. Pois o que é afirmado sem as Escrituras ou sem revelação comprovada pode ser opinado, mas não é necessário que se o creia. Além disso, esta opinião de Tomás flutua tão sem a Escritura e sem razão, que me parece desconhecer sua filosofia e sua dialética. Com efeito, Aristóeles fala de uma maneira muito diferente dos acidentes e do sujeito que o santo Tomás. Parece-me mui lamentável que um homem tão ilustre não apenas transmuitiu as opiniões de Aristóteles em questões de fé, mas que também procure fundamentá-las nele, a quem não entendeu. Uma estrutura sumamente infeliz sobre um fundamento mais infeliz ainda!"('O Cativeiro Babilônico da Igreja'; Martinho Lutero, Obras Selecionadas, Volume 2, pp.355-356).

"E quem não sabe como os artigos parisienses se transformam em fábula, quando os ingleses dizem: 'Eles não atravessam o mar', e os italianos: 'Nem os montes', e os alemães: 'Nem o Reino'?, como tambérm a autoridade do beato Tomás não ultrapassa a cerca monástica dos monges predicantes e nem dentro dela é suficientemente segura!"('Resposta de Lutero à Condenação Doutrinal Feita por Nossos Mestres de Lovaina e colonia', Martinho Lutero, Obras Selecionadas, Volume 2, p.80).

"A respeito desses dois erros Lutero afirma ainda agora que não se trata de erros, nada se importando com os lovainenses escotistas e com os colonianos tomistas, ou seja, com os pelagianos, que inventam de acordo com sua própria cabeça, investindo insanamente contra a graça de Cristo, e espera confiantemente tanto a refutação quanto a comprovação de ambos. Pois também eles próprios não são unânimes neste assunto, exceto tanto quanto o foram Pilatos e Herodes e os fariseus contra Cristo, seu Senhor"(Ibidem, pp.92-93).

"Invencionice vaníssima é a afirmação de que o predestinado pode ser condenado separando-se os conceitos, mas não combinando-os. Contra os Escolásticos"('Debate contra a Teologia Escolástica', Martinho Lutero, Obras Selecionadas, Volume 1, p.17)

"Pois em quão grandes questões, pergunto eu, até os escolásticos censuram o Beato Tomás por haver errado!"('Comentário da tese 58ª Tese'; Martinho Lutero, Obras Selecionadas, Volume 1, p.167)

"E ao mesmo tempo creio ter demonstrado suficientemente a partir delas que a teologia escolástica nada mais é do que ignorância da verdade e um escândalo colocado ao lado da Escritura"('A Refutação do Parecer de Látomo', Martinho Lutero, Obras Selecionadas, Volume 3, p.189)

"São, porém, alimentadas somente com a Palavra de Deus, não com opiniões e tradições dos homens. Mas, como corretamente tens dito, nada pode ser proposto de modo tão perspicaz que não possa, por sua vez, ser revogado. Isso ensina muitíssimo bem a mísera rotina na qual os escotistas, tomistas, albertistas, os modernos e todos estes, novamente divididos em suas seitas, desperdiçam o tempo"('Trabalho nos Salmos', Martinho Lutero, Obras Selecionadas, Volume 8, p.353).

(3)Úlrico Zuínglio(1483-1531), diz:

"E isso eu quero entender assim: - A visão de Tomás de Aquino sobre a predestinação, se eu apenas me lembrar de sua doutrina corretamente, foi isto: - 'Deus, vendo todas as coisas antes de tomarem lugar, predestinou o destino do homem no momento em que por Sua sabedoria Ele viu como ele seria'. Essa opinião me agradou uma vez, quando cultivava a escolástica, mas quando abandonei o que eu tinha aderido pela pureza dos oráculos divinos, desagradou-me muito. Pois São Tomás acredita que a disposição de Deus em relação a nós, segue nossa própria disposição. Depois que ele viu por Sua sabedoria como seríamos, isto é, como seríamos, agiríamos e decidiríamos, então e somente então, Ele pronunciou sua decisão a respeito de nós. O que é isso além do que fazer da decisão de Deus decisão e disposição igual ao julgamento e decisão de um juiz humano? Ele não pronuncia o julgamento até que ele tenha ouvido o caso, porque ele não pode ver antes disso qual é o direito e errado do assunto em questão é"(The Latin Works and the Correspondence of Huldreich Zwingli: together with selections from his German Works['As Obras Latinas e a Correspondência de Úlrico Zuínglio: Junto com Seleções de Suas Obras Alemãs'], 'Sobre a Providência', p.185)

(4)João Calvino(1509-1564), diz:

"Não faço caso da sutileza de Tomás de Aquino, o qual diz que, ainda que a presciência dos méritos não possa ser chamada a causa da predestinação no que se refere a Deus, que predestina, contudo, pode ser assim chamada no que diz respeito a nós, como quando afirma que Deus predestinou a seus eleitos para que, com seus méritos, alcancem a glória; porque determinou dar-lhes sua graça para que, com ela, mereçam a glória. Quando, pois, o Senhor não quer que contemplemos nada na eleição, senão sua mera bondade, se alguém aqui deseje visualizar algo mais, será por mera afetação. Porque, caso queira porfiar em sutileza, não falta com que repulsemos o próprio minúsculo sofisma de Tomás. Ele pretende provar que a glória é, de certa maneira, predestinada para os eleitos por seus méritos, porque Deus os predestina à glória pela qual mereçam a glória"(Institutas, III; 3:9).

Em outro lugar, condenando a idéia escolástica de que 'a certeza da fé é uma conjectura moral', diz:

"Daqui se pode ajuizar quão pernicioso seja esse dogma escolástico de que não podemos estatuir de outro modo quanto à graça de Deus para conosco do que por uma conjetura moral, segundo cada um não se reputa indigno dela"(Institutas, III; 3:38).

E em um outro lugar, condenando a ideia escolástica de que a fé seja mero consentimento humano, diz:

"Conseqüentemente, de nenhum efeito é a Palavra sem a iluminação do Espírito Santo. Donde também se faz claro que a fé é muito superior ao entendimento humano. E não basta que o entendimento seja iluminado pelo Espírito de Deus; é preciso também que o coração seja corroborado e confirmado por seu poder. Nisto extraviam-se totalmente os escolásticos, os quais na consideração da fé miram somente o assentimento puro e simples,resultante do conhecimento, preterindo a confiança e a certeza do coração. Portanto, de uma e outra maneira singular, a fé é um dom de Deus, não só que nela é expurgada a mente do homem para degustar a verdade de Deus, mas também que nela o coração é firmado. Ora, tampouco é o Espírito meramente o iniciador da fé, mas ele a faz crescer passo a passo, até que ela nos conduza inteiramente ao reino celeste. 'Guarda o precioso depósito”, diz Paulo, 'mediante o Espírito Santo, que habita em nós'[2Tm 1.14"(Institutas, III; 2:34).

(5)Zacarias Ursinus(1534-1583), em sua obra "Comentário do Catecismo de Heidelberg", diz:

"Tomás de Aquino atribui uma certa preparação ao livre-arbítrio do homem, mas não para a conversão. Ele fala, porém, desta preparação, como se ela contribuísse para a graça da conversão, que ela faz com a ajuda graciosa de Deus, movendo-nos interiormente"(Questão 90, 'Exposição'['IV: Quais São as Causas da Conversão?]',The Commentary of Dr. Zacharias Ursinus on the Heidelberg, 1888, p.474)

4ª Parte - Tomás de Aquino, condenado pelos símbolos de fé protestantes;

(a)A Apologia da Confissão de Fé de Augsburgo[1531], declara:

"Assim escreve Tomás: 'O jejum tem valor para a extinção e prevenção da culpa'. São essas as palavras de Tomás. Assim a aparência de sabedoria e justiça em tais obras engana. E adicionam-se os exemplos dos santos. Quando os homens procuram imitá-los, imitam, o mais das vezes, exercícios exteriores, que não sua fé. Depois de enganados os homens por essa aparência de sabedoria e justiça, seguem-se males infinitos, é obscurecido o Evangelho da justiça da fé em Cristo, e vem depois confiança vã em tais obras"(XV:24-25).

"E todos os homens de bem, dentre todos os povos, podem julgar isso. Deve ser repudiado, por isso, o erro de Tomás, que escreveu: 'O corpo do Senhor, uma vez oferecido na cruz pela dívida original, é continuamente oferecido no altar pelos delitos cotidianols, a frim de que a igreja tenha nisso um sacrifíci para reconciliar-se com Deus'"(Ibidem, XXIV:61).

"Por isso também não se deve de modo nenhum tolerar a blasfêmia que se lê em Tomás, que a profissão monástica é igual ao batismo. É loucura igualar uma tradição humana, que não tem mandamento nem promessa de Deus, a uma ordenação de Cristo, possuidora de mandamento e promessa de Deus, que contém o pacto da graça e da vida eterna"(Ibidem, XXII:20).

(b)Os Artigos de Esmalcalde[1537], declaram:

"E por isso não concordamos com Tomás e os monges predicantes, que esquecem a palavra [a instituição de Deus] e dizem que Deus pôs na água uma força espiritual que lava o pecado mediante a água"(V).

(c)O Consenso de Bremen[1595], diz:

"Os escolásticos falaram desta maneira: 'Cristo morreu por todos os homens no que diz respeito à suficiência do mérito, mas verdadeira e exclusivamente por todos os crentes no que diz respeito à eficácia da salvação'(Lombard, Sententiarum, livro 3, distinção 22; Inocente, livro 2, capítulo 41; De myst. Missae; Tomás de Aquino, Super Apocalipsim, capítulo 5; [Nicolau de Lyra em 1 João 2])"(Reformed Confessions of the 16º and 17º Centuries In English Translation, Volume 3, p.663).

A ideia [arminiana-tomista] é a seguinte: Cristo morreu para salvar a todos os homens; mas só potencialmente. A morte de Cristo permitiria a Deus expiar os pecadores, desde que eles cressem. Em outras palavras, Jesus Cristo não pode salvar o homem da condenação do pecado, até que esse homem se decida por Ele, crendo nEle. Cristo só se torna o Salvador do homem, de fato, quando este decide crer nEle

Assim, os teólogos escolásticos [dentre ele, Aquino], introduzem uma linha de pensamento, que se alinha com o arminianismo - A morte de Cristo é suficiente para alcançar todos os homens sem exceção, mas é aplicada apenas aqueles que tem fé. É justamente isso que Armínio defende:

"O segundo decreto precioso e absoluto de Deus é aquele que em que Ele decretou receber aqueles que se arrependerem e crerem, e, em Cristo, por causa dEle e por meio dEle, para efetivar a salvação de tais penitentes e crentes que perseverarem até o fim, mas deixar em pecado, e sob a ira, todas as pessoas impentitentes e incrédculas, condenando-as como alheios a Cristo"('Declaração de Sentimentos II'[4. 'Os meus Próprios Pontos de Vista a Repeito da Predestinação'], As Obras de Armínio, Volume 1, pp.226,227).

"Desta frase deduzo que Deus não predestinou homem algum para a salvação, mas que em seu decreto, Ele os tem considerado[ou encarado] como crentes"(Obras de Armínio, Volume 2, p.203)

O mesmo símbolo de fé(O Consenso de Bremen[1595]) diz que Cristo morreu, "mas não por todos em geral - mas sim por todos os crentes e eleitos"(Ibidem).

5ª Parte - Tomás de Aquino, condenado pelos Puritanos

Em "The Works of John Bunyan: With an Introduction to Each Treatise, Notes, and a Sketch of His Life, Times, and Contemporaries", lemos:

"Era comum entre os reformadores e puritanos, ao condenarem os absurdos de Aquino e dos escolásticos, chamando-o de 'sofista dunsita', de um dos chefes desses escritores, chamado Duns, geralmente chamado, desde o local de seu nascimento, Duns Scotus"(p.408).

O Dr. Agustus Toplady[1740-1778], ministro anglicano e puritano, em sua obra "O Arminianismo da Igreja de Roma"[[Seção 5 - 'Refutada a objeçao, extraída do suposto calvinismo de Tomás de Aquino, Com Uma Palavra a respeito de Santo Agostinho'], diz:

"De todos os numerosos escritos de Tomás de Aquino (que supostamente somam 17 volumes), tenho apenas sua Suma Teológica, seus Comentários sobre os Evangelhos e as Epístolas de São Paulo. Coletar todas as passagens, com as quais essas duas apresentações estão repletas, seria uma tarefa igualmente prolixa e improdutiva. Minhas citações, portanto, serão poucas e curtas; como podem ser suficientes para evidenciar, que este papista escolástico, em muitos importantes pontos a respeito do presente argumento, de seu túmulo aperta as mãos, com seus irmãos mais jovens, os arminianos modernos. Com relação ao 'Livro da Vida', diz ele, 'é a inscrição daqueles que são ordenados para a vida eterna. Quem está atualmente na posse da graça, é, em virtude dessa mesma posse, merecedor da vida eterna. Esta ordenação, no enanto, as vezes falha, pois algumas pessoas são ordenadas para ter vida eterna, pela graça '[inerente]' que possuem, da qual a vida eterna, eles, não obstante, ficam aquém, pelo fato do pecado mortal. Aqueles que são designados para a vida eterna, não pela predestinação de Deus, mas somente pela graça'. [Eles são participantes disso], 'dizem que estão escritos no Livro da Vida, não absolutamente, mas sob certas limitações'. Permitam-me acrescentar uma palavra deste autor, a respeito da justificação, que ele supõe ser sinônimo de infusão da graça: 'Livre-arbítrio', diz ele, 'é essencial para a natureza do homem: consequentemente, naquela pessoa, que tem o uso de seu livre-arbítrio, Deus não opera nenhum movimento para a justiça sem o movimento do livre arbítrio do homem'. Em seu comentário sobre a Primeira Epístola a Timóteo, ele afirma o mérito das obras: 'O tesouro espiritual nada mais é do que uma reunião de méritos; cujos méritos são abase daquele futuro edifício que está preparado para nós no céu: Pois toda a preparação da glória futura é pelos méritos, que nós adquirimos pela graça; e esta graça é a fonte do mérito'. Agora deixe qualquer homem julgar, se este escritor papista não fala, nestas e em passagens semelhantes, a língua de Pelágio. Que eles as vezes tropeça em grandes e preciosas verdades, não pode ser negado. Onde for esse o caso, que ele tenha seu devido elogio. Mas o mínimo que pode ser dito é que aquelas elucubrações que eu encontrei estão repletas de surpeendentes auto-contradições, que só podem ser comparadas nas publicações insignificantes com as quais o senhor João Wesley edificou seus leitores"(The Complete Works of Augustus M. Toplady, 1869, pp.75-76).

William Ames[1576-1633), puritano, autor dos livros "Medula Teológica" e "Consciência com o poder e seus invólucros"(1639), tem sido citado pelos modernos tomistas, como um dos puritanos que mais se baseou em Tomás de Aquino. Contudo, isso não significa que ele recorresse a Aquino em todos os assuntos. David VanDrunen, em seu livro "Aquinas Among the Protestants"(Aquino Entre os Protestantes) nega que tenha havido uma total dependência de Ames no pensamento de Aquino, que em muitos casos, descambava para o pelagianismo:

"Embora geralmente ele não cite Aquino especificamente, Ames sem dúvida recorreu à Suma Teológica como uma fonte para esses assuntos; mas é importante não exagerar a dependência de Ames de Tomás de Aquino, pois ele sentiu a necessidade de filtrar os elementos aristotélicos que encontrou na Summa.

"A questão da relação entre vontade e intelecto é crítica na História do pensamento ocidental, e a influência da tradição voluntarista de Scottus e Ockham deve ser levada em consideração. Ames reconheceu algo do aspecto complementar da vontade e do intelecto, visto que eles se relacionavam com a bondade ou a verdade, respectivamente. Perceber essa função complementar, que Burgersdijck e Heereboord também notaram, poderia muito bem ter sido o resultado de uma leitura bastante cuidadosa da Summa, mas Ames também resistiu à posição intelectualista (muitas vezes associada a Tomás de Aquino) uma vez que implica em tendências para o Pelagianismo"(p.271)

Perry Miller[1905-1963], historiador norte-americano e Thomas H. Johnson, docente da Lawrenceville School, em sua obra "The Puritans"(Os Puritanos), dizem:

"A força combinada da revolta protestante contra o papado e do protesto humanista contra as barbáries da Idade das Trevas inspiraram uma rejeição generalizada da autoridade e método da escolástica. Protestantes e humanistas substituíram esta fidelidade àquela estrutura magnífica que os escolásticos medievais haviam erguido como um monumento ao casamento da razão e da fé, o protestante porque o sistema foi identificado em sua mente com o catolicismo, e porque se tornou decadente, torto e enorme, e a crítica humanista era a mais pertinente. A bela símbolometria da filosofia escolástica, como existe no obra de Tomás, havia sido destruídA pelas pequenas luzes do século XV, aos olhos de homens inteligentes, a escolástica em 1500 havia se tornado um jogo inútil de cores rebuscadas rachaduras lógicas, o processo dedutivo enlouquecido, uma construção de silogismos por causa de silogismos, e um claboiado de truques falando bobagem por meio de uma série de manobras intelectuais. Ministros puritanos e anglicanos eram um em sua condenação dos escolásticos. John Donne disse que, a fim de definir ignorância, 'as escolas fizeram tantas divisões, e subdivisões e redivisões e as pós-divisões da ignorância, que lá vai tanto aprender a entender a ignorância'. John Cotton fulminou contra 'a sutileza e os sofismas dos escolásticos, suprimindo a leitura das Escrituras e misturando filosofia com divindade, para que eles também pudessem estudar um ponto de Aristóteles como sua divindade, e fizeram como bom uso de um como do outro. Pensamos que devemos lembrar que muito disso foi condicionado; como todo protestantismo, por sua hostilidade ativa a um método de pensamento que, tendo prevalecido por vários séculos, agora se acreditava estar prostituído pelas ambições do papado, e tornou-se a fonte de todas as travessuras e 'superstições' na Igreja de Roma"(pp.25-26).

Eles ainda disparam:

"No entanto, para os homens naquele período, purificarem inteiramente suas mentes da escolástica era quase impossível, pois em muitos campos lá não existia mais nada a que recorrer. Na medida em que a escolástica era uma defesa da Igreja de Roma, os Puritanos poderiam colocá-la de lado e apontar a Bíblia"(Ibidem, p.26).

Ronald Frost, em seu artigo "The Divided House of English Reformed Theology"(A Casa Dividida da Teologia Reformada Inglesa), diz, aludindo aos Puritanos:

"A divisão surgiu de percepções conflitantes de graça. Perkins e Ames descreveram uma teologia moralista baseada em uma visão da graça desenvolvida por Tomás de Aquino. Sibbes (com Thomas Goodwin, John Cotton, John Preston e Philip Nye), em contraste, confiou em um modelo afetivo de graça tirado de Agostinho e sustentado por Lutero e Calvino, que definiram a graça em oposição explícita a Tomás de Aquino".

Assim, fica claro, que Tomás de Aquino foi repelido pelo espírito majoritário da Reforma e do Puritanismo. Isso é fato inconteste.

6ª Parte - Tomás de Aquino, condenado pelos teólogos reformados

(a)Charles Hodge(1797-1878), teólogo presbiteriano, em sua 'Teologia Sistemática", diz:

"Todavia, os amigos do culto às imagens granjearam rapidamente ascendência, de maneira que Tomás de Aquino, um dos melhores bem como um dentre os maiores teólogos romanistas do século, mantinha a doutrina extrema acerca desta questão. Ensinou que as imagens deviam ser usadas nas igrejas com três propósitos: primeiro, para a instrução das massas que não sabiam ler; segundo, para que o mistério da encarnação e os exemplos dos santos fossem mais facilmente lembrtados; e, terceiro, para que os sentimentos piedosos fossem excitados, porquanto os homens se sentem mais comovidos pelo que vêem do que pelo que ouvem. Ensinava ele que não se deve reverência à imagem em si mesma nem por si mesma, mas porque ela representa a Cristo, a reverência que se deve a Cristo, deve-se a imagem"(p.1244).

Segundo Hodge, o pensamento dos teólogos escolásticos era o alicerçe da igreja romana e representava a oposição as doutrinas dos reformadores:

"Como a tarefa desenvolvida no Concílio de Trento era apresentar e harmonizar as doutrinas elaboradas pelos escolásticos em oposição às doutrinas dos reformadores, as definições e explicações dadas pelos escritores da Idade Média lançou muita luz sobre os decretos do Concílio, quanto às exposições dos teólogos mais recentes da Igreja Latina"(Ibidem, p.1383).

(b)Louis Berkhof(1873-1957), outro teólogo reformado, em sua "Teologia Sistemática", diz:

"De acordo com os ensinos predominantes dos Escolásticos, a justificação inclui dois elementos:os pecados do homem são perdoados, e ele é transformado em justo ou reto. Havia diferenças de opinião quanto à ordem lógica destes dois elementos, alguns invertendo a ordem recém-indicada. Isso também foi feito por Tomás de Aquino, e o seu conceito prevaleceu na Igreja Católica Romana. A graça é infundida no homem, e, por esta graça infusa ele é tornado justo e, em parte com base nela, os seus pecados são perdoados. Isso foi uma aproximação à daninha doutrina dos méritos humanos, que se desenvolveu gradativamente na Idade Média, em conexão com a doutrina da justificação"(p.472).

(c)O Dr. Loraine Boetner(1901-1990), teólogo presbiteriano, em sueu livro "Catolicismo Romano", diz:

"Tomás de Aquino, que é geralmente reconhecido como o notável teólogo medieval da Igreja Romana, defendia plenamente o uso das imagens, defendendo que elas deviam ser usadas para a instrução das massas que não sabiam ler e que os sentimentos pieodosos eram despertados com mais facilidade com o que o povo via do que pelo ouvir"(p.228).

Assim, Aquino nega aqui a Suficiência das Escrituras, como fonte de geração de sentimentos piedosos.