sexta-feira, 31 de maio de 2019

O movimento continuísta(‘restauracionista’)e a violação do 2º mandamento(Ex 20:4-7)





O falso movimento assim chamado de ‘continuísta’, na realidade, deveria ser chamado de ‘restauracionista’, porque estes indivíduos crêem que alguns dons do Espírito, operados no 1º século da era cristã, foram restaurados, isto é, como o de línguas, profecias, curas, etc. Por isso, quando você pergunta a um suposto ‘continuista’ se o dom do apostolado continua em vigor após o fim da era apostólica(no 1º século da era cristã), ele dirá que ‘não’, e nesse sentido, considerando que os dons miraculosos do Espírito, descritos em Mc 16:15-20, foram descritos como manifestações do dom do apostolado, isto é, como credenciais de seu ministério, com o surgimento dos dons durante o seu ministério, fossem os dons operados por eles, ou presenciados por eles, operados por aqueles a quem eles ordenaram como oficiais da igreja ou por aqueles a quem eles impuseram as mãos e manifestaram estes dons, podemos considerar os 'sinais' e 'prodígios' do movimento continuista como falsos, espúrios, apócrifos, e o movimento como um todo, como contrário às Escrituras.


(1)Mc 16:15-20 refutando como falso o movimento continuista ou restauracionista:


“Finalmente apareceu aos onze, estando eles assentados juntamente, e lançou-lhes em rosto a sua incredulidade e dureza de coração, por não haverem crido nos que o tinham visto já ressuscitado.

E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura.

Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado.

E estes sinais seguirão aos que crerem: Em meu nome expulsarão os demônios; falarão novas línguas;

Pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e os curarão.

Ora, o Senhor, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu, e assentou-se à direita de Deus.

E eles, tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o Senhor, e confirmando a palavra com os sinais que se seguiram. Amém”(Mc 16:14-20)

A descrição de todo o contexto sobre o uso dos dons miraculosos do Espírito é mencionando como prometida aos apóstolos, como credenciais de seu ministério, fossem esses dons operados por eles, ou por pessoas ordenadas por eles como oficiais da igreja, ou como pessoas a quem eles impuseram as mãos, para que manifestassem os dons.

Assim temos todo o tal cumprimento das promessas do Senhor em Mc 16:17-18,20 em todo o NT, como o tempo em que os dons miraculosos do Espírito ocorreram, como provas das credenciais do ministério dos apóstolos, como autenticação de sua mensagem e ministério:

(1)O dom de línguas, operado entre os 120 discípulos(At 1:15 comp. com At 2:1-11)

(2)A operação de sinais e prodígios pelos apóstolos(At 2:43)

(3)O dom de curas, operado por Pedro e João(At 3:1-9; 4:22)

(4)A profecia da morte de Safira, feita por Pedro(At 5:9-10)

(5)A operação de sinais e prodígios por Estevão(At 6:8), bem como o seu dom de visão(At 7:55-56), que foi anteriormente ordenado mediante a imposição de mãos como oficial (diácono) da igreja pelos apóstolos(At 6:1-7)

(6)A operação de sinais e prodígios por meio de Filipe(At 8:5-7,13)

(7)O dom de visão(At 9:10), juntamente com o de cura(restauração da visão) que Ananias (que foi descrito como ‘um certo discípulo’[At 9:10], o que subentende que ele era um discípulo dos apóstolos, tendo em vista, que At 6:2, diz: ‘E os doze, convocando a multidão dos discípulos...’[ACF], e, que, dentro deste contexto menciona que aqueles que operaram sinas e prodígios[dentre estes, a cura), eram pessoas que estiveram sob a supervisão dos apóstolos, sendo ou por eles ordenados oficiais da igreja, ou tendo recebido deles a imposição de mãos, como Estevão e Filipe[At 6:3-8; 8:5-7,13]) ‘realizaria sobre Paulo(At 9:10-12; 22:12-13)

(8)A cura do paralítico Enéias, operada por Pedro(At 9:32-34)

(9)O dom de visão de Pedro em Jope(At 10:8-17; 11:4-10)

(10)O dom de línguas, que via caído sobre Pedro em Pentecoste, também foi operado sobre Cornélio e os seus(At 10:44-47; 11:15-17)

(11)A profecia de Ágabo, que posteriormente foi enviado por Pedro em socorro aos irmãos da Judéia(At 11:26-30)

(12)A visão de um anjo, recaída sobre Pedro(At 12:7-11)

(13)O dom de profecia na igreja de Antioquia(At 13:1-2), ocorrido sobre aqueles que receberam imposição de mãos dos apóstolos, para cumprirem a obra do Senhor, indo a Seleucia, Chipre e Salamina(At 13:3-5)

(14)O prodígio que Paulo operou, operando a cegueira sobre o feiticeiro Elimas, inimigo da fé(At 13:6-12).

(15)A cura de um homem aleijado em Listra, operada por Paulo(At 14:9-10)

(16)A visão de Paulo em Troade(At 16:8-10)

(17)A expulsão de um demônio de uma mulher advinhadora, operada por Paulo(At 16:16-18)

(18)A operação do dom de línguas sobre os discípulos de João Batista, por meio da imposição de mãos de Paulo(At 19:1-7)

(19)O dom de curas e expulsão de demônios operados, por meio dos lenços e aventais de Paulo(At 19:11-12)

(20)As revelações particulares dadas pelo Espírito Santo a Paulo, em Mileto(At 20:23)

(21)A profecia da entrada de falsos mestres na igreja de Éfeso(At 20:29-30)

(22)A profecia sobre sua morte(At 20:25)

(23)Paulo é impedido de ir a Jerusalém, pelos discípulos, usados pelo Espírito Santo(At 21:40

(24)O dom de profecia, ocorrido com as filhas de Filipe, que Paulo presenciou estando na casa de Filipe e suas filhas(At 21:8-9)

(25)A profecia de Ágabo sobre Paulo ouvida e presenciada por Lucas e pelos demais cristãos que estavam com Paulo(At 21:10-15)

(26)Paulo teve uma visão do Senhor Jesus, em Jerusalém(At 23:11)

(27)Paulo tinha conhecimento de que o rei Agripa cria nos profetas(At 26:27-29)

(28)A profecia de que ninguém que estava dentro da embarcação, morreria, dado pelo anjo de Deus a Paulo(At 27:22-24), que se cumpriu posteriormente após o naufrágio(At 27:44)

(29)Paulo tem uma visão do anjo de Deus(At 27:23-24)

(30)A serpente que mordeu Paulo e não lhe causou nenhum dano(At 28:3-6), cumprindo assim Mc 16:18. O substantivo grego θηρίον(thērion),de acordo com o Dicionário Grego Português do Novo Testamento Grego, significa literalmente “uma cobra”(p.857)

(31)A cura do pai de Públio e de outros enfermos, operada por Paulo(At 28:8-9)

(32)Os dons espirituais revelacionais ou miraculosos na Igreja de Corinto(1 Co 12:1-1; 13:8-13; 14:1-31), igreja essa que era supervisionada pela direção de Paulo, através de duas cartas, em assuntos como cismas na igreja(1 Co 1:11-13), disciplina(1 Co 5:1-5,13), disputas judiciais entre irmãos(1 Co 6:1-2), imoralidade(1 Co 6:18; 10:8), casamento(1 Co 7); comidas sacrificadas a ídolos(1 Co 8:1,4,7,10); direito das mulheres acompanharem seus maridos missionários em suas viagens(1 Co 9:5); direito do sustento dos missionários pela igreja(1 Co 9:6-14); abstenção da idolatria(1 Co 10:14,19-21,28); liberdade para se comer de tudo(1 Co 10:25-27); uso do véu(1 Co 11:4-19); a guarda do dia do Senhor(1 Co 16:1-3). administração da ceia do Senhor(1 Co 11:23-30); uso dos dons do Espírito(1 Co 12:1-11; 14:1-31); temporalidade dos dons miraculoso do Espírito, como dons concedidos na fundação(infância)da igreja, como conhecimento parcial de Deus(1 Co 13:8-9), que seriam substituídos quando aquilo que é perfeito no conhecimento de Deus, fosse dado(1 Co 13:10-12), pois sob a influência destes dons do Espírito, dados na fundação da igreja, esta era apenas ‘um menino’(1 Co 13:11), mas com a chegada daquilo que representa o que é perfeito com relação ao conhecimento de Deus, isto é, sob a influência de toda a Escritura, a igreja é considerada, não mais como um “menino”, mas como “homem de Deus”(1 Co 13:13 comp. com 2 Tm 3:15-17).

(33)O dom de profecia operado no presbitério que ordenou Timóteo, pela imposição de mãos(1 Tm 4:14). Todavia, devemos nos lembrar que o presbitério representava um grupo de presbíteros, que tomavam decisões eclesiásticas, supervisionados pelos apóstolos(At 15:22-30). Dai entendemos que Paulo afirma que o próprio Timóteo tinha um dom de Deus, o qual havia recebido pela imposição de mãos do apóstolo:

“Por cujo motivo te lembro que despertes o dom de Deus que existe em ti pela imposição das minhas mãos”(2 Tm 1:6)


(32)Todas as descrições dos dons miraculosos do Espírito, descritos em Mc 16:17-18, de acordo com Marcos, se cumpriram integralmente no ministério dos apóstolos, visto visarem autenticar ou confirmar o ministério deles:

“E eles, tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o Senhor, e CONFIRMANDO A PALAVRA COM OS SINAIS QUE SE SEGUIRAM, AMÉM”(Mc 16:20)

Mas talvez, alguém pergunte: “E quanto ao ‘e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum’?(Mc 16:18). Não temos nenhuma descrição deste fato explicitamente no NT. O fato deste milagre não aparecer registrado ali explicitamente, não quer dizer que ele não ocorreu, pois o texto de Mc 16:20 afirma que todos os sinais prometidos pelo Senhor se seguiram, porque o Senhor confirmara sua palavra através de todos estes sinais. Por isso, que Eusébio de Cesaréia(263-340), historiador da Igreja Cristã confirma este sinal, como ocorrido na era apostólica, com Barsabás (mencionado em At 1:23) afirmando:

Outro fato maravilhoso aconteceu com Justo, cognominado Barsabás, QUE, AINDA QUE TIVESSE BEBIDO UM VENENO MORTAL, NENHUM DANO SOFREU”(História Eclesiástica, III:39)

A grande questão é que os sinais preditos pelo Senhor em Mc 16:17-18,20, não foram prometidos a todos os cristãos sem exceção, em todas as épocas, mas apenas aos cristãos da era apostólica, pois os eventos de Mc 16:17-18, são posteriormente comentados pelo evangelista Marcos, como ocorrendo e sendo confirmados pelo Senhor com os apóstolos (não com todos os cristãos em todas as épocas). O texto é claro:

“E eles, tendo partido, pregaram por todas as partes, COOPERANDO COM ELES o Senhor, e CONFIRMANDO A PALAVRA COM OS SINAIS QUE SE SEGUIRAM, AMÉM”(Mc 16:20)

Isso, porque, dessa e nessa descrição entendemos, não só neste texto, mas também em todo o contexto anterior, que a promessa da distribuição, está restrita aos apóstolos, como credencial de sua mensagem, sejam estes sinais operados por eles, ou por aqueles que foram por eles ordenados oficiais da igreja, como Filipe, Estevão(At 6:3-8; 8:5-7,13). Ademais, todo o contexto de Mc 16:17-18,20, nos aponta que Jesus está se referindo aos dons como derramados para autenticar a mensagem e o ministério dos apóstolos, visto que a eles ele determinou:

(a)A grande comissão(Mc 16:14-15)

(b)A colheita da grande comissão – salvação, fé e ingresso na igreja(batismo)(Mc 16:16)

Quando esses continuistas provarem que são apóstolos ou pessoas que foram ordenadas ou supervisionadas pelos apóstolos, poderão provar que seus pseudo dons são os mesmos operados na era apostólica - línguas, profecias, sonhos, visões, que foram descritos como revelação parcial do conhecimento de Deus(1 Co 13:8-9), isto é, como palavra de Deus(At 2:4; Mt 2:12-13,19,22; At 9:19; 16:10; 21:10-11; 18:9; 26:19; Ap 1:10-11). Os modernos 'fenômenos' do continuísmo, possuem o mesmo caráter canônico dos fenômenos ocorridos na igreja dos apóstolos? Estamos até agora aguardando um continuista responder: "Sim". Será que um dia, o farão? Bem, eu não acredito em mula sem cabeça. Você acredita? Talvez eu acreditasse, se tomasse conhecimento de qualquer um deles, que acidentalmente ou propositalmente, pegasse em serpentes ou bebesse algum veneno, e não sofresse nenhum dano, como os crentes apostólicos(Mc 16:17-18,20). Continuistas são espertos... querem falar línguas, profetizar... mas não querem pegar em cobras nem tomar chumbinho, ácido muriato! kkkkkk


(II)1 Co 13:8-13 refutando como falso o movimento continuista ou restauracionista

É patente que, no dizer de Paulo, baseado sob as Escrituras, o cristão é considerado espiritualmente falando, em matéria de fé e prática, irrepreensível, alguém que atingiu o mais alto grau numa escala de valores espirituais, alguém que atingiu um conceito ou padrão espiritual ideal.

Estudar 1 Co 13:8 a luz do texto original, seria relevante aqui. Cremos que 1 Co 13:8-13 serve como parâmetro geral, para discussão desse tema e seu elucidamento. Nesse texto, Paulo mostra que estes dons revelacionais seriam, respectivamente, aniquilados, cessados e desaparecidos:

"O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá"(1 Co 13:8)

E como ocorre tal processo? Paulo explica, fazendo uma analogia:

Primeiro, ele explica que estes dons importam no conhecimento parcial e na revelação parcial:

"Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos"(1 Co 13:9).

É preciso entender 1 Co 13:8-9, porque esse texto explica e define a questão. Primeiro, ele fala que esses dons revelacionais seriam extintos('cessarão', "aniquiladas", 'desaparecerá'). Depois ele explica o porque esses dons revelacionais seriam extintos - simplesmente porque não passavam de revelação parcial de Deus:

"Porque, EM PARTE conhecemos, e EM PARTE profetizamos"(1 Co 13:9).

Evidentemente, Paulo está aqui (1 Co 13:9) claramente afirmando que estes dons ('línguas', 'ciência' [conhecimento' concedido de uma maneira divina'], e 'profecias') constituíam uma imperfeita[incompleta] e parcial revelação de Deus. O 'porque' aqui, é uma explicação do verso 8.

Depois diz que quando viesse o que é perfeito, aquilo que era 'parcial' seria aniquilado. O que era 'parcial'? Esse conhecimento e revelação (profecia) . E esse conhecimento e revelação parcial do v.9, correspondem a uma continuação do assunto do v.8, onde se menciona 'línguas', 'profecias', 'ciência'

E por que a necessidade destes dons cessarem? Paulo explica:

Porque estes dons revelacionais faziam parte da infância da Igreja, e que seriam abandonados após a Igreja chegar a idade espiritual adulta(v.11)

Quando a igreja foi fundada, os dons serviram como autenticação da promessa do Senhor e credencial do ministério dos apóstolos(Mc 16:17-18,20; 2 Co 12:12, Ef 2:20; Hb 2:4)

Paulo afirma que esse tipo de revelação parcial(línguas; profecias; ciências) era uma imagem não muita plena das coisas espirituais e que não passavam de conhecimento parcial de Deus(1 Co 13:12)

E qual é a certeza de que 'aquilo que é perfeito'(1 Co 13:10) se trata das Escrituras completadas no fechamento do cânon do NT? É simples. Ao mesmo tempo que Paulo menciona que a revelação parcial de Deus(línguas; profecias, ciência) seriam retirados da esfera espiritual da Igreja, ele mostra que três coisas permaneceriam após essa retirada - fé; esperança e amor

Após a vinda de Cristo, haverá necessidade de fé e esperança? Não, pois o objeto de nossa fê e esperança estará conosco, que é Cristo(Tt 2:13).

Nesse caso, só uma coisa permanecera depois da vinda de Cristo - o amor; porque nós vamos amá-lo por toda a eternidade.

Ademais, é importante entendermos que o significado do adjetivo grego "τέλειος"(teleios), de 1 Co 13:8(que aparece em Tg 1:25, em referência as Escrituras), favorece a crença de que Paulo se refere às Escrituras, como 'o que é perfeito' isto é, o que é completo, inteiro, de maioridade com referência ao conhecimento de Deus, segundo os Léxicos:

"Maioridade, isto é, no conhecimento, etc[1 Co 13:10; comp. com o v.13]"(Samuel Thomas Bloomfield, A Greek and English Lexicon to the New Testament:, p.435)

"Completo, perfeito[Tg 1:4, 25. 1 Jo 4:18. 1 Co 13:10]"(J. W. Hickie, Greek-English Lexicon to the New Testament, p.191)

"Completo, inteiro, em oposição ao que é parcial e limitado[1 Co 13:10]; perfeito, consumado[Rm 12:2; Tg 1:17,25]"(Charles F. Hudson, A Critical Greek and English Concordance of the New Testamen, p.186)

"Completo, perfeito"(1 Co 13:10; Tg 1:4,17,25; 1 Jo 4:18"(John Parkust, A Greek and English Lexicon to the New Testament, p.747)

"Perfeito, completo, universal"(J. Bass; A Greek and English Manual Lexicon to the New Testament, p.220)

"Idade completa, isto é, no conhecimento"[1 Co 13:10]"(Charles Robson, A Greek Lexicon to the New Testament p.457)

"Completo, inteiro, em oposição ao que é parcial e limitado[1 Co 13;8]"(Samuel Bagster, The analytical Greek lexicon: consisting of an alphabetical arrangement of every occurring inflexion of every word contained in the Greek New Testament scriptures, p.400)

"Perfeito, de maior idade"(Theodore Jones, A Lexicon of New Testament Greek, p.102)

"O que é completo, o que é perfeito, em matéria de conhecimento da verdade[1 Co 13:10]"(Edward Robinson, Léxico Grego do Novo Testamento, p.898)

"Completo, inteiro, em contraste com o que é parcial e limitado[1 Co 13:210]"(William D; Mounce, Léxico Analítico do Novo Testamento Grego, p.589)

"Completo, inteiro, em oposição ao que é parcial e limitado"(Harold K. Moulton, Léxico Grego Analítico, p.413)

Nesse sentido, o entendimento dos lexicógrafos é que o apóstolo está constrastando uma revelação parcial e incompleta de Deus('linguas', 'profecias', 'ciência') com a revelação completa de Deus, que só é definida no NT como a completude das Escrituras(2 Tm 3:15-17; Ap 22:18-19). De formas que, uma tradução literal de 1 Co 13:10, seria assim:

"Mas, quando vier o que é completo em matéria de conhecimento da verdade, então o que o é em parte será aniquilado"

"Mas, quando vier o que é inteiro, então o que o é em parte será aniquilado"

"Mas, quando vier o que é completo, então o que o é em parte será aniquilado"

"Mas, quando vier a maioridade, então o que o é em parte será aniquilado"

"Mas, quando vier a idade completa, então o que o é em parte será aniquilado"

Outra coisa, o texto não menciona Jesus Cristo em lugar algum no texto grego original de 1 Co 13:10. Não aparecem nada ali sobre Jesus Cristo, e temos palavra gregas para Jesus Cristo - 'Ἰησοῦ Χριστοῦ'(iēsous christos), como em Mc 1:1.

Da mesma forma, a leitura de 1 Co 13:12 também favorece o cessacionismo (Sola Scriptura), visto que sendo um comentário posterior do apóstolo sobre a sua afirmação nos vv,8-10, mostra que esses dons constituem uma visão implícita da revelação divina:

"Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face...".

Interessante, que a palavra grega que aqui aparece como sendo traduzida por "enigma" é a palavra αἰνίγματι(ainigmati), que segundo o Léxico Grego Inglês do Novo Testamento de J. H. Thayer significa literalmente "UMA COISA OBSCURA", mostrando que tais dons não representam uma visão clara e perfeita da revelação divina, e justamente por isso, seriam abolidos por algo que representaria uma visão explicita desta revelação(' mas então VEREMOS FACE A FACE'), que seria as Escrituras(2 Tm 3:15-17; Ap 22:18-19)

Quando então teremos uma visão totalmente perfeita da revelação de Deus? Na vinda de nosso Senhor? Positivamente não. Observe que Paulo continua, afirmando que essa visão parcial ou obscura da revelação de Deus seria abolida:

“Porque agora vemos por espelho em enigma, MAS ENTÃO VEREMOS FACE A FACE...".

Evidentemente, essa visão completa e perfeita da revelação de Deus, só viria mediante a totalidade das Escrituras(2 Tm 3:15-17), pois se ‘TODA A ESCRITURA’ consegue “ensinar”, “redarguir”, “corrigir”, “instruir”, e se o homem munido e alicerçado sobre ‘TODA A ESCRITURA’ se torna “PERFEITO, e PERFEITAMENTE INSTRUÍDO PARA TODA A BOA”(2 Tm 3:17), qual é a necessidade que temos da existência e manutenção das antigas revelações parciais de Deus no passado(‘línguas,’, ‘profecias’, ‘sonhos’, ‘visões’, ‘ciência’)?

Justamente por isso, Paulo mostra que essas revelações parciais ou conhecimentos parciais de Deus:

“...agora conheço EM PARTE, MAS ENTÃO CONHECEREI COMO TAMBÉM SOU CONHECIDO”(1 Co 13:12).

As línguas, visões, sonhos e profecias no NT eram tidas como algo de natureza canônica, sendo considerado palavra de Deus, caía fresquinha do céu(At 2:4 comparar com At 2:11; At 21:11 [Comparar com com Dt 18:20-22]; Ap 1:19; Mt 1:20-24). Os modernos fenômenos de “línguas”, “profecias”, “sonhos”, “visões” são também de natureza canônica, e, portanto, são considerados “palavra de Deus”?

Só há duas respostas pra isso: “sim” e ‘não”. Se a resposta for “sim”, então temos um problema insolúvel para os continuístas, pois como o Canon do NT estar fechado e Deus ainda falar autoritativamente, canonicamente, a seu povo, por meio de “vasos”? Então Deus está mudando de natureza, porque se após Malaquias fechar o cânon do AT, Deus ficou 400 aos sem falar ao seu povo, como pode hoje, há quase dois mil anos ininterruptos ainda estar falando ao seu povo, se no caso do AT, segundo historiador judeu Flávio Josefo em seu livro "Contra Apionem", declara que o registro divino cessou 400 anos antes de Cristo com o livro de Malaquias? Os próprios apócrifos compartilham dessa opinião, pois um deles fala do "TEMPO EM QUE OS PROFETAS CESSARAM DE APARECER ENTRE OS JUDEUS", e olha com esperança para o tempo em que "UM PROFETA CONFIÁVEL VIESSE A APARECER". Lemos isto em 1 Macabeus 9:27; 14:41.

Lembrando que, quando a igreja foi fundada, os dons serviram como autenticação da promessa do Senhor e credencial do ministério dos apóstolos(Mc 16:17-18,20; 2 Co 12:12, Ef 2:20; Hb 2:4). Nesse sentido, precisamos tecer alguns comentários sobre o que seria um apóstolo. Os requisitos para ser apóstolo prescrevia estão em At 1:21-22, onde lemos:

"É necessário, pois, que, dos homens que conviveram conosco todo o tempo em que o Senhor Jesus entrou e saiu dentre nós, começando desde o batismo de João até ao dia em que de entre nós foi recebido em cima, um deles se faça conosco testemunha da sua ressurreição"(At 1:21-22 ACF)

Então temos aí os seguintes pré-requisitos:

(a)Ter convivido com os apóstolos do século I.

(b)Pertencer aquele grupo durtante todo o tempo em que o Senhor Jesus esteve com eles. Isto é, para alguém ser apóstolo, teria que ter convivido pessoalmente com o Senhor Jesus Cristo;

(c)Teria que ter aprendido pessoalmente com o Senhor Jesus durante três anos, durante o tempo de seu ministério terreno.

(d)Ser testemunha ocular e pessoal da ressurreição do Senhor Jesus Cristo, como Paulo[At 9:1-5; 1 Co 9:1-3]). Interessante, que depois do encontro pessoal com o Senhor Jesus já ressuscitado(1 Co 15:4-8), ficou três anos no deserto da Arábia, aprendendo com Cristo(Gl 1:11-19). Stott diz que Paulo ficou tres anos na Arábia, justamente para compensar os três anos em que ele não esteve pessoalmente com o Senhor Jesus Cristo, durante seu ministério terreno.

(e)Ser testemunha ocular de sua ascenção aos céus.

Outra coisa. A Igreja foi edificada [fundada] sobre o fundamento dos apóstolos e profetas(Ef 2:20) e o próprio Paulo fala que lançou seu fundamento(1 Co 3:10). A ordem aqui é 'apóstolos e profetas', porque está se aludindo ao dom do apostolado e da profecia, correntes naquele século I. Fundamento é algo lançado apenas uma vez, exatamente como ocorre com o alicerce de uma casa. Quais foram os fundamentos dos apóstolos, senão os escritos dos apóstolos, seus 27 livros? Os escritos dos apóstolos eram considerados Palavra de Deus, e colocados em pé de igualdade com as Escrituras do AT(1 Co 14:37; 2 Pe 3:15-16). Paulo ensina isso, citando os Evangelhos de Mateus e Lucas como 'Escrituras'(1 Tm 5:18 comp. com Mt 10:10; Lc 10:7). Algum 'apóstolo' moderno lança 'fundamento' pra igreja de hoje? Se algum continuísta disser 'sim', fala como louco e herege, pois estaria admitindo que a Igreja de hoje ainda vive em sua fase inaugural[fundação, infância], com revelação e doutrina nova sempre vindo por aí, e que a revelação do Canon está incompleta.

Hoje temos apóstolos vivos? Não, não temos. Alguém moderno 'apóstolo' hoje, conviveu pessoalmente com o Senhor Jesus, aprendendo pessoalmente com ele; foi testemunha ocular de sua ressurreição e ascenção aos céus?

Portanto, não há necessidade destes dons continuarem após a morte dos apóstolos.

Ademais, se os continuístas realmente creem que os dons revelacionais parciais da era apostólica permaneceram até hoje na história da igreja, então igualmente admitindo que:

(i)A Bíblia não é a única e final revelação de Deus para fé e prática do cristão

(ii)Deus fala autoritativa e canonicamente através dessas modernas revelações. Nesse caso, Deus fala fora das Escrituras. Como pode Ele falar fora da Escritura, se o Canon do NT está fechado para sempre?(Ap 22:19). Nesse caso, se é verdade que essas modernas revelações constituem a palavra de Deus, por que então seus relatos e descrições não foram registrados e adicionados às Escrituras? Todos os eventos ligados aos dons de visões, sonhos, línguas e profecias foram registrados no NT. Se essas modernas revelações do continuísmo são realmente palavra de Deus, caída fresquinha do Céu, de sua própria boca para o seu povo, deveriam ser escritas:

“Veio, pois, Moisés, e contou ao povo todas as palavras do Senhor, e todos os estatutos; então o povo respondeu a uma voz, e disse: Todas as palavras, que o Senhor tem falado, faremos. MOISÉS ESCREVEU TODAS AS PALAVRAS DO SENHOR”(Ex 24:3,4)

Afinal, aqueles eventos de revelações parciais de Deus não foram registrados nas Escrituras? Por exemplo, as alegadas ‘visões’ do movimento continuísta são palavras de Deus? Porque se são, e se são de natureza igual às visões do NT, deveriam ser registradas nas Escrituras:

“...E O QUE VÊS, ESCREVE-O NUM LIVRO”(Ap 1:11)

Alguma das ‘visões’ do movimento continuísta foram registradas nas Escrituras?

Esse tipo de crença do movimento continuísta é eivado de ecumenismo e hipocrisia. Por exemplo, se na época do NT, quem não cresse nas revelações divinas concedidas através dos apóstolos e da influência de seu ministério, não poderia ser salvo(Mt 10:40; Lc 10:46). Hoje, se eu não creio que as ‘revelações’ modernas do continuísmo (‘línguas’, ‘´profecias’, ‘sonhos’, ‘visões’), eu posso ser salvo? Como pode um adulto racional, incrédulo, rejeitando propositalmente a Palavra de Deus, ser salvo?(Jo 3:18;36;). O próprio Jesus diz sobre quem ouve a sua palavra e não crê nelas:

“E se alguém ouvir as minhas palavras, E NÃO CRER, eu não o julgo; porque eu vim, não para julgar o mundo, mas para salvar o mundo. QUEM ME REJEITAR, E NÃO RECEBER AS MINHAS PALAVRAS, já tem quem o julgue; a palavra que tenho pregado, ESSA O HÁ DE JULGAR NO ÚLTIMO DIA”(Jo 12:47,48).

De formas que, não crer na própria palavra de nosso Senhor equivale a não recebe-las e rejeitá-lo. Alguém que não recebe as palavras de nosso Senhor e que o rejeitar, pode ser salvo?

Ademais, concernente a Jo 12:47-48, qual é o julgamento destinado no último dia àqueles que são incrédulos diante das palavras de nosso Senhor? Ele mesmo responde:


“Mas, quanto aos tímidos, E AOS INCRÉDULOS , e aos abomináveis, e aos homicidas, e aos que se prostituem, e aos feiticeiros, e aos idólatras e a todos os mentirosos, A SUA PARTE SERÁ NO LAGO QUE ARDE COM FOGO E ENXOFRE; O QUE É A SEGUNDA MORTE”(Ap 21:8)


Veja só... Enquanto que para nosso Senhor, quem rejeitasse a mensagem vinda ou ligada aos apóstolos de forma direta ou indireta, era considerado condenado, os continuístas tratam os cessacionistas como irmãos em Cristo e salvos! O que é isso, senão ecumenismo. Aliás... se os incrédulos cessacionistas podem ser salvos, por que não os demais incrédulos? Então estaríamos abrindo um precedente para o universalismo!!!


Portanto, defendemos, sem nenhuma hesitação que a expressão “mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado”(1 Co 13:10), se refere a aniquilação e consequente substituição da revelação parcial de Deus(‘dons revelacionais’: línguas, profecias, sonhos, visões, ciência) pela totalidade das Escrituras(2 Tm 3:16-17), de formas que as Escrituras, sozinhas, tornam o cristão, em matéria de fé e prática “PERFEITO” e “PERFEITAMENTE INSTRUÍDO PARA TODA A BOA OBRA”(2 Tm 3:17). Interessante, que por “perfeito” se entende “QUE ATINGIU TODAS AS QUALIFICAÇÕES CONCEBÍVEIS, QUE ATINGIU O MAIS ALTO GRAU NUMA ESCALA DE VALORES, incomparável, único, sem par. QUE CORRESPONDE PRECISAMENTE A UM CONCEITO OU PADRÃO IDEAL. Ótimo, excelente, IRREPREENSÍVEL, SEM DEFEITO, impecável, COMPLETADO, TOTAL””(Dicionário Aurélio Escolar da Língua Portuguesa, 1ª Edição, 1988, p.497)


Tão falso é o continusímo, que os próprios continuístas atestaram para a cessação dos dons revelacionais!

Stanley Horton, voz influente no continuísmo, negando a contemporaneidade dos dons, declara:

“Durante quarenta anos, grande parte dos cristãos da América, Inglaterra e Europa, influenciados pelo Iluminismo, acreditava que visões, glosssolálias, profecias, curas exorcismos e outras obras do Espírito Santo registrados no Livro de Atos tinham a função de impulsionar a Igrejas em crescimento e haviam cessado no final do primeiro século. Apesar de tudo, um grupo cada vez maior ansiava e orava PELA RESTAURAÇÃO DO PODER APOSTÓLICO QUE FORA ANULADO POR SATANÁS”(O Avivamento Pentecostal, p.44).

Uma voz do continuísmo já atestou: os dons do 1º século cessaram, foram anulados... e mais - isto ocorreu, por instância do capeta! kkkkk

Não temos nenhuma dúvida, que o chamado movimento 'continuísta'(restauracionista), com suas doutrinas e seus cultos, onde supostamente afirmam vigorar dons do Espírito como 'línguas', 'profecias', 'sonhos', 'visões', são uma violação do 2º mandamento da lei de Deus (uma vez que estão estabelecendo um culto não prescrito nas Escrituras, uma vez que estas declaram que os dons miraculosos ou revelacionais, como representação da revelação parcial do conhecimento de Deus, cessariam, seriam aniquilados, desapareceriam, quando viesse o que é perfeito em matéria do conhecimento de Deus(1 Co 13:8-12), uma vez que tais dons foram concedidos não só para autenticar o ministério dos apóstolos(Mc 16:17-18,20; 2 Co 12:11-12; Hb 2:3-4), mas também para o estabelecimento (fundação) da igreja(At 2:33), indicando que sua concessão fazia parte da infância espiritual da igreja(1 Co 13:8,11), e que a mesma deixaria de ser espiritualmente criança(isto é, de se alimentar espiritualmente da revelação parcial do conhecimento de Deus)(1 Co 13:11), se tornando espiritualmente homem('mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino - 1 Co 13:11), através da influência de toda a Escritura, se tornando, agora 'homem de Deis'[2 Tm 3:15-17]) o repudiamos como falso, antibíblico e anti-confessional, por estabelecer, como já dissemos, um culto não prescrito nas Escrituras, como afirma o Catecismo Maior de Westiminster(1648):

"P.109. Quais são os pecados proibidos no segundo mandamento? R. Os pecados proibidos no segundo mandamento são - o estabelecer, aconselhar, mandar, usar e aprovar de qualquer maneira qualquer culto religioso não instituído por Deus; o fazer qualquer imagem de Deus, de todas e quaisquer das três pessoas, quer interiormente no espírito, quer exteriormente em qualquer forma de imagem ou semelhança de criatura alguma; toda a adoração dela, ou de Deus nela ou por meio dela; o fazer qualquer imagem de deuses imaginários e todo o culto ou serviço a eles pertencentes; todas as invensões superticiosas, corrompendo o culto de Deus, acrescentando ou tirando dele, quer sejam inventadas e adotadas por nós, quer recebidas por tradição de outros, embora] sob o título de antiguidade, de costume, de devoção, de boa intenção, ou por qualquer outro pretexto; a simonia, o sacrilégio; toda a negligência, desprezo, impedimento e oposição ao culto e ordenanças que Deus instituiu".

(3)Os 'continuistas'(restauracionistas) são loucos, hipócritas ou falsos profetas?

Considerando que os dons miraculosos e revelacionais do Espírito, mencionados em Mc 16:17-18,20; 1 Co 13:6-11) eram, além de credenciais do ministério dos apóstolos(Mc 16:20; 2 Co 12:11-12), temporários, sendo dados para estabelecer o estabelecimento da Igreja em Jerusalém, isto é, infância espiritual da igreja(1 Co 13:8-11), constituindo uma revelação parcial do conhecimento de Deus(1 Co 13:8-9), que seria substituída quando aquilo que é perfeito(completo) em matéria do conhecimento de Deus viesse(1 Co 13:10-11), fazendo com que a igreja, que era um 'menino', deixasse as coisas de menino('revelações incompletas e parciais do conhecimento de Deus - linguas, profecias, ciência - 1 Co 13:8-11), quando atingisse sua maioridade(1 Co 13:11), onde, ela, sob a influência da totalidade das Escrituras, mé vista agora como "homem"(2 Tm 3:15-17); se entende os continuistas como seus 'fenômenos'('línguas', 'profecias', 'sonhos', 'visões', 'curas') como uma das três coisas: (a)Loucos; (b)Hipócritas; ou (c)Falsos profetas

(a)Loucos

Ao tentarem aplicar para si os mesmos dons miraculosos ou revelacionais do Espírito, de Mc 16:17-18,20, que foram dados aos apóstolos como suas credenciais e autenticações de seu ministério apostólico(Mc 16:20; 2 Co 12:11-12; Hb 2:3-4), se entende várias atitudes de modernos continuístas, como atitudes de pessoas possuidoras de algum problema mental. Considere alguns casos:

(i)O 'pastor' Jamie Coots, 'ministro' da 'igreja' Tabernáculo do Evangelho Pleno no Nome de Jesus, após manusear uma serpente em um culto, foi picado por ela, e morreu(Jornal da Record, 17.02.2014). A igreja dos Coots não é a única que usa cobras em nome da fé. E não é a primeira a ter estes incidentes mortais com serpentes. Em 2012, o pastor Mack Randall Wolford, de 44 anos, foi picado mortalmente por uma cascavel durante sermão ao ar livre, na Virgínia Ocidental. Trinta anos antes, o pai dele, também pastor, foi morto da mesma forma. Em 2015, na Igreja Pentecostal de Kentucky, o líder evangélico David Brock morreu ao ser picado durante culto.

Eh, Paulo não deixou sucessores!(At 28:3-6)!!! Então, continuístas, se vocês, acidentalmente ou propositalmente pegarem em cobras, irão para a cidade dos pés juntos! kkkkkkk

(ii)De acordo com reportagem de "OLHAR JORNALÍSTICO"(28.05.2017), O pastor Light Monyeki disse aos fiéis da igreja "Ministérios da Graça Vivendo a Esperança" para beberem de uma garrafa de água com veneno para ratos', para provar que eles estavam imunes a este veneno, em virtude de sua fé.

Depois que o pastor tomou um gole, "uma multidão de congregados voluntariamente correu para a frente para tomar um copo do veneno mortal", afirmou a igreja numa publicação nas redes sociais. Antes de derramar o líquido na garganta dos fiéis, o pastor deu um gole. Quando ele fez isso, muitas pessoas quiseram fazer o mesmo e correram até o púlpito. Logo, alguns começaram a sentir dores no estômago. À noite, 5 morreram e outros 13 foram hospitalizados.

Eh, Barsabás (mencionado em At 1:23) não deixou sucessores. Então, se vocês, continuístas, tomarem acidentalmente ou propositalmente, algum veneno, vão parar ou no hospital, ou na cidade dos pés juntos!!! kkkkkk

(b)Hipócritas

A atitude dos 'continuístas' é eivada de hipocrisia. Afirmam que crêem que Deus hoje fala ao seu povo por meio de línguas,. profecias, sonhos, visões. Alguns deles citam os espúrios casos da Escócia, onde supostamente profecias e visões ocorreram. Mas, nenhum deles tem a coragem de dizer que estas línguas, profecias, sonhos e sonhos hoje 'ocorridos'em alguns lugares (como no Brasil, Estados Unidos, ou na Escócia, ou em qualquer outro lugar, ou) no atual movimento continuista, são da mesma natureza que os mesmos dons operados na era apostólica - línguas, profecias, sonhos, visões, que foram descritos como revelação parcial do conhecimento de Deus(1 Co 13:8-9), isto é, como palavra de Deus(At 2:4; Mt 2:12-13,19,22; At 9:19; 16:10; 21:10-11; 18:9; 26:19; 1 Co 14:21-22; 2 Pd 1:21; Ap 1:10-11).Porque se afirmarem isso, estarão negando que toda revelação do Espírito está limitada às Escrituras(Is 8:20-21; 1 Co 4:6; At 20:27; Gl 1:8-9; Ap 22:18), e ao fazê-lo, estarão negando o princípio do 'Sola Scriptura'(Somente a Escritura), isto é, a doutrina reformada da suficiência das Escrituras.

(c)Falsos profetas

Se os dons miraculosos e revelacionais do Espírito são descritos como credenciais do apostolado(Mc 16:17-18,20; 2 Co 12:11-12), e se são descritos como restritos a era apostólica(Mc 16:20), e se os apóstolos não deixaram sucessores, significando que hoje não temos apóstolos, para uso dessas credenciais, e se os continuístas de hoje afirmam serem possuidores destas mesmas credenciais, então, ao afirmarem falar o que Deus não lhes deu para falarem, e por afirmarem ter o que Deus nunca lhes deu, não passam de falsos profetas(Dt 18:22; Jr 28:15-17), além de violadores do 3º mandamento(Ex 20:7); do 8º mandamento(Ex 20:15) e do 9º mandamento(Ex 20:16). Eles, com suas falsas doutrinas e práticas, estão em pecado de rebelião contra Deus e contra a sua igreja.










sexta-feira, 17 de maio de 2019

Calvinismo, Orígem dos Primitivos e Verdadeiros Batistas!!!



Alguns historiadores e outros eruditos batistas tem afirmado que a orígem primitiva dos batistas remonta ao século XVII, a homens como John Smith(1570-1612) e Thomas Helwys(1550-1616), como os verdadeiros pais das primitivas e modernas igrejas batistas:

- José dos Reis Pereira(História dos Batistas, p. 79).
- Pablo A. Deiros(Historia Del Cristianismo, p.170).
- Zaqueu Moreira de Oliveira(História do Cristianismo em Esboço, pp.201-202)
- Dale Mody(Baptism: Foundation For Christian Unity, p.241).

Contudo, essa 'versão' tem sido desmascarada como falsa por historiadores batistas sérios como Henry C. Vedder Justo Anderson, Joseph Iviney e tantos outros.

(1)Henry C, Vedder(1835-1935), em sua obra "A Breve História dos Batistas"(1907), aludindo a John Smith e sua igreja, afirma:

"A história das igrejas batistas não pode ser transportada pelo método científico, mais antigo que o ano de 1611, quando a primeira igreja anabatista consistindo inteiramente de ingleses, foi fundada em Amsterdã por John Smith, o Se-batista. Esta não era, estritamente falando, uma igreja batista, mas era a progenitora direta das igrejas na Inglaterra que alguns anos depois se tornou Batista, e portanto a história começa aí”(p.4[Introdução]).

Ele ainda dispara:

"Nossa preocupação é, no entanto, com a segunda igreja em Amsterdã. O Pastor Smith se familiarizou, possivelmente pela primeira vez, com a teologia de Arminio, e aqui, também é razoável supor que ele aprendeu a teoria menonita da natureza da igreja"(Ibidem, p.503).


Posteriormente, falando de um dos discípulos batizados por John Smith - Thomas Helwys(se referindo a este como um fundador de uma igreja anabatista, não batista), diz Vedder:


"Helwys, John Murton e outros retornaram a Londres, provavelmente algum tempo em 1611, e fundou a primeira igreja anabatista composta por ingleses conhecidos em solo Inglês. Esta igreja também era arminiana em teologia, e igrejas deste tipo vieram mais tarde a ser chamados batistas gerais, porque eles sustentavam uma expiação geral por todos os homens, enquanto os calvinistas ortodoxos sustentavam uma expiação 'particular', apenas para os eleitos"(Ibidem, p.205)


(2)Joseph Iviney(1773–1834), historiador batista, afirma que na época que John Smith se batizou e depois a Helwys e os demais, formando sua igreja, ele foi questionado e combatido por vários líderes antipedobatistas, que o denunciaram como promotor de idéias heréticas e como ministro ilegítimo para a prática do batismo:

"Os outros ministros separatistas aparentemente trataram o Sr.Smith com grande aspereza. Eles o acusaram de ter proclamado a guerra aberta contra a eternidade do pacto de Deus, e como sendo aquele que mataria as almas de bebês, privando-os dos selos visíveis da salvação. Eles também disseram, que não tendo sido ele capaz de encontrar qualquer ministro que tivesse sido batizado em uma profissão de fé, e contestando os sentimentos doutrinários dos batistas alemães, ele havia profanado a aliança ao primeiro batizar-se a si mesmo e depois seus seguidores”(A History of the English Baptists: including an investigation of the history of baptism in England, 1811, p.115)

O mesmo historiador batista afirma que Smith e seus liderados, eram heréticos pelagianos:

"O Sr. Smith e seus seguidores negaram o pecado original"(Ibidem, p.503)

(3)Justo Anderson. em sua obra "História dos Batistas"(Volume 2), ao falar de John Smith, nunca o considerou alguém influenciado pelos princípios batistas, mas menonitas:

"John Smith, Tomas Helwys e John Murton carregavam os sinais da influência menonita"(p,54).

Posteriormente, Anderson afirma que Smith também sofreu influência congregacionalista. Ele diz:

"Sem dúvida, o crescente 'brownismo' de Judson e seus presbíteros, mais outras questões de ordem eclesiástica, ocasionaram uma divisão e resultou na fundação de uma segunda igreja separatista de língua inglesa em Amsterdã. Esta igreja, encabeçada por Smith e Helwys, era 'brownista' em seu congregacionalismo"(Ibidem, pp.67-68)

O próprio John Smith, ex-ministro anglicano, escreveu acerca de seu abandono do puritanismo, para abraçar o congregacionalismo:

"Que nos aleijemos da profissão do puritanismo para abraçar o brownismo, e do brownismo avançamos ao batismo de crentes"(Ibidem, p.69).

Para ficar ainda mais claro que John Smith não pode ser coniserado pai dos primitivos batistas, vê-se por exemplo, heresias, como a negação da justificação somente pela fé. Em sua "Breve Confissão de Fé em 20 Artigos"[1609], Smith ensina essa heresia, afirmando:

"Nós cremos com o coração e com a boca confessamos que a justificação do homem perante o tribunal divino (que é o trono da justiça e da misericórdia) consiste, em parte, na imputação da justiça de Cristo apreendida pela fé, e em parte da justiça inerente, nos próprios santos, pela operação do Espírito Santo, que é chamada de regeneração ou santificação; uma vez que alguém é justo, ele pratica a justiça"(X)

Ou seja, ele ensinou a salvação pelas obras

Posteriormente, o historiador batista Justo Anderson nega ser John Smith o pai das primitivas igrejas batistas, não só devido a estas inconstâncias eclesiológicas do mesmo, mas devido ao fato de John Smith nunca haver sido batizado por imersão:

"A maior parte dos historiadores consideram a Smith e a sua congregação como os fundadores da denominação batista. Sem dúvida, a meu parecer, faltava um elemento muito importante, o batismo por imersão. Por suposição, a questão do candidato ao batismo era muito mais importante do que o modo! De nenhuma maneira queremos menosprezar a façanha de Smith, porém, os anabatistas já haviam descoberto aquela verdade. Se Smith tivesse sido batizado por imersão, sem dúvida, seria nosso fundador"(Ibidem, p.69)

"Por isso considero Smith e seus companheiros como 'precursores' e não 'fundadores' de nossa denominação"(Ibidem, p.74)

(4)O Dr. William H. Whitsitt(1841-1911), historiador batista, se refere a John Smith e Thomas Helwys, não como pais da igreja batista, mas simplesmente como 'anabatistas', citando uma carta de Matthew Saunders e Cuthbert Hutton, à igreja de Johnson, na data de 8 de julho de 1611:

"Mestre Smith, um anabatista de um tipo, e Mestre Helwys, de outro, e Mestre Busher, de outro"(A Question in Baptist History, p.68)

Mas há outras razões elencadas pelo historiador batista Justo Anderson, para não considerar Smith, como o fundador dos batistas, além da questão do modo do batismo - A inconstância doutrinária-eclesiológica e as heresias de John Smith. Aludindo a inconstância doutrinária e eclesiológica de Smith, diz o historiador Justo Anderson:

"Uns meses depois, Smith se arrependeu de seu 'auto-batismo', admitindo que havia se equivocado e que os menonitas waterlander tinham um batismo correto e, desta forma, uma igreja corretamente constituída. Por conseguinte, uns trinta e um membros e Smith, em fevereiro de 1610, prepararam em latim uma solicitação de ingresso e a levaram a Igreja Menonita. Com esse feito termina a peregrinação eclesiástica de John Smith. A Igreja Menonita demorou muito em aceitá-los. Houve um intercambio de Confissões de Fé que constituem peças muito importantes no desenvolvimento doutrinário dos batistas. Smith faleceu de tuberculose em Agosto de 1612. Sua congregação não foi aceita pelos menonitas até Janeiro de 1615"(História dos Batistas, Volume II, pp.69,70).

Sobre Helwys e sua igreja, ainda declara Anderson:

"Esta congregação era arminiana em sua teologia(por isso a palavra 'geral'), porém, apesar da perseguição, cria na magistratura. Batizavam por afusão. Era brownista em sua eclesiologia. O arminianismo moderado de Helwys é um reflexo da influência do anabatismo"(Ibidem, p.75)

De formas, que para o historiador batista Justo Anderson, o arminianismo endossado por Helwys, não é uma herança dos batistas, mas dos anabatistas

O mesmo historiador Justo Anderson, afirma que após Helwys, batizado por Smith, tomar conhecimento de que Smith havia se filiado a Igreja Menonita, e aderido doutrinas heréticas, o excomungou, juntamente com a maioria dos membros de sua igreja anabatista:

"Quando Smith e a maioria pediram ingresso a Igreja Menonita, Helwys e a maioria discordaram. Se reuniram e excomungaram a Smith e aos outros. ´É interessante examinar brevemente as diferenças entre os dois grupos, tal como se revelam na correspondência entre o grupo de Helwys e da Igreja Menonita. Helwys acusa Smith de crer em: (1)Uma Cristologia Hofmanita(carne celestial de Jesus); (2)Uma soteriologia pelagiana; (3)A inculpabilidade do primeiro homem; (4)Que a igreja e o ministério devem vir de uma sucessão correta; (5)Que um presbítero de uma congregação deve ser reconhecido por todas as congregações; (6)Que os magistrados não podem ser membros da igreja. Contudo, à luz de nosso estudo do anabatismo, e confiando na veracidade de Helwys, é patente a influência dos menonitas sobre Smith. Todos estes pontos tem a ver com a doutrina e prática dos anabatistas. Por isso, Helwys, sem deixar de apreciar a Smith, pensava que este havia pecado contra o Espírito Santo ao negar a eficácia de seu 'auto-batismo' e da congregação resultante. Portanto, Helwys e seu grupo tendo enfrentado o custo, retornaram a Inglaterra, e, em 1612, fundaram a primeira igreja 'batista geral' em solo inglês em um lugar chamado Spitalfields, nas periferias de Londres"(Ibidem, pp.70-71).

O mesmo historiador Justo Anderson, afirma que a igreja 'batista geral', fundada por Helwys, mais tarde, tentou se fundir aos menonitas:

"A antiga igreja de Helwys e Murton, juntamente com mais quatro, propuseram uma união com os menonitas. Sem dúvida, os menonitas rechaçaram o pedido à raiz da intransigência dos batistas ingleses sobre os pontos do juramento, a administração dos sacramentos, e a magistratura. As cinco congregações dos assim chamados 'batistas gerais' existentes em 1626 se multiplicaram e em 1644 havia quarenta e sete delas. Lutavam pela liberdade religiosa, e contra um crescente 'socinianismo' em suas fileiras. Eram arminianos em sua teologia e evangelizadores em seu propósito. Batizavam apenas a crentes, mas até 1641 praticavam a afusão"(Ibidem, pp.72-73).

As acusações de Helwys, que o motivaram a excomungar John Smith, procediam e eram verdadeiras. John Smith, em sua "Breve Exposição de Fé em Vinte Artigos"(1609), afirma:

"Que não há pecado original(literalmente, nenhum pecado devido a origem ou descendência), mas todo pecado é real e voluntário, isto é, uma palavra, um feito ou um desígnio contra a lei de Deus; e, portanto, as crianças não têm pecado"(V)

Há outras heresias claras em sua confissão de fé, quando ele nega existir a eterna reprovação de Deus, ainda emitida na eternidade, ou quando ele afirma que todos os homens sem exceção, foram destinados a vida eterna, apregoando assim um universalismo:

"Que Deus criou e redimiu a raça humana à sua própria imagem, e ordenou a todos os homens (ninguém sendo reprovado) para a vida"(II)

Quanto ao Thomas Helwys, também alegado como um dos fundadores dos batistas, suas crenças também se demonstraram heréticas, quando por exemplo ensinou a salvação pelas obras, além de negar que os filhos pequenos dos cristão estão excluídos da possibilidade de herdarem o pecado ou de receberem a regeneração, em sua "Declaração de Fé do Povo Inglês que Permanece em Amsterdã"(1611):

"E, portanto, que nenhum homem presuma pensar que, porque ele tem, ou teve uma vez graça, portanto, ele sempre terá graça: Mas que todos os homens tenham certeza de que, se eles persistirem até o fim, eles serão salvos; mas que todos trabalhem a sua salvação com temor e tremor"(VII)

"Que o batismo ou a lavagem com água é a manifestação externa de morrer para o pecado e andar em novidade de vida(Rm 6:2-4) E, portanto, de maneira nenhuma, pertence a crianças"(XIV)

Se as crianças estão excluídas do processo de morrerem para o pecado e de andarem em novidade de vida, estão excluídas não só da contaminação do pecado, como também da regeneração.

Sua confissão de fé ainda apresenta contradições - ora admitindo a perseverança dos santos(baseada nas obras do homem), ora, negando-a:

"Que Deus, antes da fundação do mundo, predestinou que todos os que nele crerem serão salvos(Ef 1:4, 12; Mc 16:16) e todos os que crerem não serão condenados(Mc 16:16),todos os que ele conheceu de antemão(Rm 8:29)"(V)

"Que um homem justo pode abandonar a sua justiça e perecer(Ez 18:24, 26). E, portanto, que nenhum homem presuma pensar que, porque ele tem, ou teve uma vez graça, portanto, ele sempre terá graça: Mas que todos os homens tenham certeza de que, se eles persistirem até o fim, eles serão salvos; mas que todos trabalhem a sua salvação com temor e tremor"(VII).

É uma mistura de agostinianismo, pelagianismo e romanismo.

Mas, há ainda outros erros em sua confissão de fé. Ele ensina que pessoas que não foram legalmente ordenadas por Deus nem pela igreja, podem administrar os sacramentos, além de ensinar a contemporaneidade do dom de profecia:

"Que, embora em relação a CRISTO, a Igreja seja uma(Ef 4:4), ainda que consiste em diversas congregações particulares, tantas quantas houver no mundo, cada uma das quais congregação, embora sejam apenas dois ou três, tenha CRISTO dado a eles, com todos os meios de sua salvação(Mt 18:20. Rm 8:32. 1 Co 3:22). São o Corpo de CRISTO (1 Co 12:27) e toda a Igreja(1 Co 14:23) E, portanto, podem, e devem, quando estão reunidos, orar, profetizar, partir o pão e administrar todas as santas ordenanças, embora ainda não tenham oficiais, ou que seus oficiais estejam na prisão, doentes, ou por qualquer outro meio impedidos pela Igreja(1 Pd 4:10; 2:5)"(XI).

Sobre isso, o historiador batista Justo Anderson, diz:

"Os 'gerais' autorizavam os leigos a administrarem as ordenanças quando não tinha um pastor, coisa que os menonitas repugnavam"(Historia dos Batistas, Volume II, p.76)

Em outra confissão de fé - 'Uma Breve Confissão de Fé'(1610), também de Thomas Helwys, lemos:

"O primeiro homem caiu no pecado e na ira e foi novamente por Deus, através de uma doce e confortável promessa, restaurada e afirmada para a vida eterna, com todos aqueles que eram culpados através dele, para que nenhum de sua posteridade (em razão desta instituição) seja culpado, pecaminoso ou nascido no pecado original"(IV)

"Que o batismo externo da água deve ser administrado somente sobre pessoas penitentes e fiéis como são (supracitado), e não sobre crianças inocentes, ou pessoas iníquas (Mt 3:2-3), comparado com Mt 24:19.20 e Jo 4:1"(LXX)

Aqui, Helwys repete o pelagianismo de Smith.

Em outro lugar nega a doutrina da reprovação:

"As causas e a base, portanto, da destruição e condenação do homem, são a livre escolha do homem das trevas ou do pecado, e nele vivendo. A destruição, portanto, sai de si mesmo, mas não do bom Criador. Por ser a bondade perfeita e o próprio amor (seguindo a natureza do amor e da bondade perfeita), ele deseja a saúde, o bem e a felicidade de suas criaturas; portanto de modo algum predestinou que elas devam ser condenadas, nem destinadas..."(VII)

Em seguida, afirma que batismo e ceia são sacramentos:

"Ele pregou as boas-novas prometidas, designou e ordenou os sacramentos"(XI)

"Neste santa igreja Deus ordenou os ministros do Evangelho, as doutrinas da santa Palavra, o uso dos santos sacramentos, a supervisão dos pobres e os ministros dos mesmos ofícios; além disso, o exercício da admoestação e correção fraterna e, finalmente, a separação do impenitente; quais santas ordenanças, contidas na Palavra de Deus, devem ser administradas de acordo com o seu conteúdo"(XXIII)

"Há dois sacramentos designados por Cristo, em sua santa igreja, cuja administração ele atribui ao ministério de ensino, a saber, o Santo Batismo e a Santa Ceia"(XXVIII)

E em outra confissão sua - 'Proposições e Conclusões Sobre a Verdadeira Religião Cristã"(1612-1614), Helwys, diz, negando o pecado original:

"Que o pecado original é um termo ocioso, e que não existe tal coisa como os homens pretendem pela palavra(Ez 18:20), porque Deus ameaçou a morte somente para Adão(Gn 2:17) não para sua posteridade, e porque Deus criou a alma(Hb 12:9)"(XVIII)

"Que as crianças são concebidas e nascidas em inocência sem pecado, e que assim morrendo são, sem dúvida, salvas, e que isso deve ser entendido de todas as crianças debaixo do Céu(Gn 5:2; 1:27 em comparação com 1 Co 15:49), pois onde não há lei não há transgressão, o pecado não é imputado enquanto não há lei(Rm 4:15,13), mas a lei não foi dada a crianças, mas para aqueles que pudessem entender (Rm 5:13; Mt 13:9; Ne 8:3)"(XX).

Helwys ainda negou, que após a queda, os homens estão debaixo da ira de Deus:

"Que Adão sendo caído Deus não o odiou, mas amou-o ainda, e buscou o seu bem(Gn 3:8-15), nem ele odeia qualquer homem que cai com Adão, mas que Ele ama a humanidade, e de Seu amor enviou Seu Filho unigênito ao mundo, para salvar o que estava perdido, e para buscar as ovelhas que se desviaram(Jo 3:16)"(XXII)

Helwys ensinou a guarda do sábado:

"Que todas as pessoas mortificadas também são enterradas com Cristo, pelo batismo na Sua morte(Rm 6:4; Cl 2:12); guardando o seu sábado com Cristo no sepulcro(isto é)descansando de suas próprias obras, como Deus fez a partir dEle(Hb 4:10), esperando ali na esperança de uma ressurreição(Sl 16:21)"(XXXIX)

Helwys também ensinou que o batismo com o Espírito Santo e o com fogo são o mesmo:

"Que embora haja diversos dons do Espírito, ainda assim existe apenas um Espírito, o qual distribui a cada um como Ele quer (I Co 12:12, EF 4:4), que os dons exteriores do espírito que o Espírito Santo derrama sobre o dia de Pentecostes sobre os discípulos, em línguas e profecias, e dons e curas, e milagres, que é chamado de Batismo do Espírito Santo e fogo(Atos 5), eram apenas um figura e uma maneira de levar a coisas melhores, até mesmo os dons mais apropriados do espírito de santificação, que é a nova criatura; o qual é o único batismo (Ef 4:4, comp. com os de At 2:33,38 e Lc 17:20)"(LIII).

Helwys também ensina a ordenação feminina:

"Que Cristo estabeleceu em Sua igreja exterior dois tipos de ministros: a saber, alguns que são chamados pastores, mestres ou anciãos, que administram na palavra e sacramentos, e outros que são chamados diáconos, homens e mulheres: cujo ministério é, para servir as mesas e lavar os pés dos santos(At 6:2-4; Fl 1:1 1 Tm 3:2.2-3, 8)"(LVI)

Será que todas estas crenças e práticas, professadas por John Smith e Thomas Helwys, representam a posição e a fé histórica de todos os batistas?

Por estas e outras razões mencionadas, é que o historiador batista Justo Anderson afirma que os pais das primitivas igrejas batistas, são os calvinistas:

"Primeiro, porque os 'particulares' foram os pais históricos dos batistas modernos"(História dos Batistas, Volume 2, p.77).

"Os batistas desejam ser mais coerentes que os mesmos protestantes na prática de seus princípios. Se consideram a ponta de lança da Reforma. Encontram sua orígem denominacional no puritanismo inglês que era, na realidade, outra forma de calvinismo"(História dos Batistas, Volume I, p.152)

Até o historiador batista Albert Henry Newman, falando dos batistas modernos que tem abandonado o calvinismo, reconhece que a denominação batista é originada do sistema calvinista:

"Os partidos batistas dos tempos modernos, cujas relações históricas com os anti-pedobatistas do século XVI são evidentes, tem rechaçado o sistema calvinista, enquanto que os que surgiram do puritanismo inglês, com o Lolardismo como precursor e o calvinismo anglicano como sua principal característica, se tem destacado a causa de sua adesão aos princípios calvinistas; não, supostamente por causa da autoridade de Calvino ou de outros puritanos, senão porque lhes pareceram mais escriturísticos"(Antipedobatistas, p.5)(Justo Anderson; Historia dos Batistas, Volume 1, p.152).

(d)O historiador batista Champlin Burrage(1874-1951), aludindo a John Smith e Thomas Helwys, se referindo a eles, não como 'batistas', escreve:

"OS GERAIS INGLESES, OU ARMINIANOS ANABATISTAS ENTRE 1632 a 1641”(The Early English Dissenters In the Light of Recent Research [1550-1641] Volume 1, Capítulo XI).

Ele ainda diz:

Helwis, como Smith, COMO UM ARMINIANO, OU GERAL, ANABATISTA, CRIA NA REDENÇÃO UNIVERSAL, OU SEJA, QUE CRISTO MORREU PARA SALVAR A TODO O HOMEM E NÃO APENAS CERTAS PESSOAS ELEITAS, mas, em uma terceira publicação, procura mostrar que, embora ele detém essa doutrina, ele não sustenta a 'grande condenável heresia' do ´livre arbítrio, que normalmente deveria ser naturalmente concomitante com a doutrina anterior”(p.254)

(e)O historiador batista John T. Christian(1854–1925), em sua obra "Uma História dos Batistas"(Volume I, 1922 - Capítulo XVI[O Episódio de John Smith']), aludindo a John Smith e sua igreja, negando ser ele e sua igreja, fundadores dos batistas, diz:

"Afirmou-se que as Igrejas Batistas Gerais originaram-se com a igreja de Smith; que esta era a igreja mãe dos batistas; e mesmo que a denominação batista tenha se originado aqui no ano de 1609. Após um longo período de investigação, não podemos encontrar evidências de que alguma igreja batista tenha crescido a partir desta".

(f)J. B. Grambell, presidente da Convenção Batista do Sul dos Estados Unidos, em seu livro "Os Princípios Batistas Reestabelecidos", declara:

"Podemos revigorar nossa fé e renovar nossa coragem com a reflexão de que o poder divino tem sempre acompanhado a pregação da doutrina, quando feita no verdadeiro espírito da pregação. Grandes reavivamentos tem brotado da ação heróica da pregação das doutrinas da graça - predestinação, eleição, e toda aquela elevada cadeia montanhosa de doutrinas, sobre as quais Jeová se assenta entronizado, soberano em graça, bem como em todas as outras coisas. Deus honra a pregação que honra a Ele. Existe muita pregação aguada hoje em dia, tentando induzir os pecadores a entrarem em trégua com o seu Criador - 'Parem de pecar e venham para a Igreja'. Mas a situação não requer uma trégua, e, sim, uma rendição. Vamos trazer a artilharia pesada do céu e trovejar contra essa nossa época presunçosa, como fizeram Whitefield, Edwards, Spurgeon, e Paulo, e haverá muitos mortos para o Senhor, ressuscitando para andarem em novidade de vida"(Dr. Thomas J. Nettles., Por Sua Graça e Por Sua Glória, 1986, p.216)

(g)Robert B. Selph, ministro batista, em seu livro "Os Batistas e a Doutrina da Eleição", diz:

"Estou plenamente confiante de que uma investigação de mente aberta conduzirá a mesma conclusão a que eu também cheguei: a doutrina da eleição incondicional é a herança doutrinária básica da Convenção Batista do Sul dos Estados Unidos e dos batistas em geral"(pp.19-20).

(h)Edwin S. Gaustad(1923-2011), Professor de História da Universidade de Califórnia, Estados Unidos, em seu livro "Piedade Batista: A Última Vontade e Testemunho de Obadias Holmes", diz:

"O caráter calvinista destes batistas da Nova Inglaterra, no Século XVII, fica assim claramente definido, e o testemunho de Obadias Holmes o coloca bem no centro dessa discussão"(p.84)

(i)Richard Fuller(1804-1876), fundador do Movimento Batista do Sul dos Estados Unidos, em seu livro "Doutrina Batista", diz:

"'Você aceita a doutrina da predestinação?'. Certamente que sim. A fim de rejeitá-la, eu teria que estultificar meu intelecto, descartar as profecias que se baseiam nessa doutrina, renunciar aos inequívocos ensinos da Bíblia, acreditar que Deus abandonou a Terra ao acaso e a desordem, e mergulhar em não sei quantos absurdos"(Dr. Thomas J. Nettles., Sermões Batistas do Sul, p.112)

(i)Thomas Armitage(1819-1896), historiador batista, diz:

"Depois disso, os batistas galeses, que eram principalmente firmes, hiper-calvinistas sustentando os cinco pontos dos particulares, tiveram uma calorosa controvérsia entre si sobre o arminianismo. A 'heresia arminiana', como era chamada, estava entrando, no entanto, e pelo menos três ministros foram afetados por isso. O principal ponto em disputa era se era o dever de pecadores a se voltarem para Deus, por causa de suas obrigações com a lei moral. Mas em 1733, Enoque Francisco teve o bom senso de publicar sua 'Palavra na Estação', na qual ele levou a terreno calvinista moderado, tão habilmente apresentado posteriormente por Andrew Fuller, a saber: 'Que a expiação de Cristo é suficiente para toda a humanidade, mas que sua eficácia é confinada somente aos eleitos, e que a oferta de salvação deve, portanto, ser feita a todos que ouvem o Evangelho'. Essa posição amenizou a controvérsia, mas continuou até o presente século, e causou grandes problemas nas igrejas que tinham mais de um ministro, que discordou sobre o assunto. Em Hengoed, Morgan Griffith era um calvinista estagnado, mas Charles Winter, seu co-pastor, era um arminiano completo, e eles debateram o assunto calorosamente. Foi combinado que Winter não deveria pregar nada contrário, para Griffith, que arranjo se manteve até a morte de Griffith em 1738, quando a Igreja expulsou Winter e outras 24 pessoas com ele, que formaram uma Igreja Batista Arminiana, perto de Merthyr Tydvil, que, no entanto, logo se extinguiu. Outras igrejas tiveram problemas"(History of the Baptists [New York, 1890, Bryan, Taylor & Co], p.536)

(j)Adam Taylor(1738–1816), historiador batista, tentando procurar fundamento histórico para amalgamar os primitivos batistas com o arminianismo, diz:

"Embora vários autores atrasados ​​tenham classificado a congregação em Bellalley entre as igrejas batistas específicas e tenham afirmado que os senhores Lamb e Denne eram calvinistas estritos, ainda assim, sem hesitação, os classificamos entre os batistas gerais"(The history of the English General Baptists. Volume 1, [1818], p.99)

Todavia, mais tarde coloca os supostos batistas gerais como 'uma seita desprezada':

"É muito evidente, que os oponentes do bispo eram batistas gerais: como o Dr. Calamy nos informa que eles concordaram com seu domínio sobre o livre arbítrio, etc. um modo de falar, pelo qual os calvinistas freqüentemente se esforçavam para desprezar o caráter dessa seita desprezada"(Ibidem, p.296)

Os Primitivos Batistas Brasileiros eram calvinistas!:

Com relação a história dos primitivos batistas brasileiros, as igrejas da CBB representavam a primitiva denominação batista brasileira, fundada em 15.10.1882, por William Bagby, um missionário da Convenção Batista do Sul dos Estados Unidos, a parte calvinista da denominação batista norte-americana. O historiador batista José dos Reis Pereira, falando da fundação da Igreja Batista do Brasil, afirma que William Buck Bagby, missionário da Convenção Batista do Sul dos Estados Unidos[batistas calvinistas] foi o fundador da igreja batista:

"Propomos, portanto: [a]Que a data de 15 de outubro de 1882, quando foi fundada pelos Missionários William e Ana Bagby, Zacarias e Kate Taylor e pelo ex-padre Teixeira de Albuquerque, a Primeira Igreja Batista da Bahia, seja considerada, oficialmente, a data do início da obra batista brasileira"(História dos Batistas no Brasil - 1882-1982, 1982, p308)

"Em 15 de outubro de 1882, cinco pessoas estabeleceram a igreja batista brasileira, com cerca de 650 mil membros"(Ibidem, p.313)

"O trabalho batista no Brasil foi iniciado por missionários norte-americanos, enviados pela Junta de Missões Estrangeiras da Convenção Batista do Sul dos Estados Unidos, a Junta de Richmond"(Ibidem, p.315)

Após a Igreja Batista do Brasil ser estabelecida por William Bagby, por influência de Bagby e de diversas igrejas batistas, a então recém formada Igreja Batista do Brasil, na Convenção Batista de 1916, endossa a Confissão de Fé Batista de New Hampshire[1833] como a 'Declaração de Fé das Igrejas Batistas do Brasil', conforme testemunho do historiador batista José Pereira Reis:

"Antes, entretanto, foi organizada a igreja, no dia 15 de outurbro de 1882. Eram cinco os membros fundadores: o casal Bagby, o casal Taylor e o ex-padre Teixeira de Albuquerque. Bagby foi acolhido para moderador e Albuquerque para secretário. A igreja adotou a Confissão de Fé de New Hampshire, posteriormente adotada pela Convenção Batista Brasileira com o nome de 'Declaração de Fé das Igrejas Batistas do Brasil'"(Ibidem, p.22)

"Na Convenção de 1910 em São Paulo, foi eleito presidente o Dr. Joaquim Nogueira Paranaguá. Reeleito em 1911, na Convenção de Campos, o Dr. Paranaguá foi o único leigo eleito para a presidência da Convenção até dos dias de hoje.

Nessa Convenção foi, pela primeira vez, na palavra do Missionário J. J. Taylor, levantada a questão sobre se a Convenção era de igrejas ou de mensageiros. O Missionário Bagby propôs que o artigo dos Estatutos referente à constituição da Convenção fosse modificado no sentido de que a Convenção fosse composta por de mensageiros das igrejas. Na Convenbção de 1916, realizada em São Paulo, suas duas idéias foram aprovadas: a Convenção passou a ser composta de mensageiros das igrejas e deveria reunir-se de dois em dois anos. Manteve-se, nos Estatutos, a disposição de que as igrejas poderiam nomear um mensageiro e tinham direito a nomear mais um, na proporção de cada cinquenta mil réis, contribuídos durante o ano para a Convenção ou suas Juntas. Esse dispositivo caiu posteriormente, sendo a representação das igrejas determinada apenas pelo número de seus membros. Nessa mesma Convenção de 1916, foi adotada a Confissão de Fé de New Hampshire, sob o título de 'Declaração de Fé das Igrejas Batistas do Brasil"(Ibidem, p.87)

"A décima Convenção foi realizada em São Paulo, em junho de 1916, e F. F. Soren foi, pela quarta vez, eleito presidente. Nela foram informados os Estatutos e resolvida a realização das assembléias de dois em dois anos. Foi quando também se oficializou, como já foi visto, a Confissão de New Hampshire como Declaração de Fé"(Ibidem, pp.91-92)

Pois bem, as primitivas igrejas batistas, oriundas de Bagby, segundo José Reis Pereira), em 1916-1917, endossaram essa mesma confissão, posteriormente chamada de a “A Declaração de Fé das Igrejas do Brasil”, na qual professavam a crença nos cinco pontos do calvinismo: Total Depravação, eleição Incondicional, Expiação Limitada[Particular], Graça Irresistível[Vocação Eficaz ou Chamada Eficaz] e Perseverança dos Santos:

"Cremos que o homem foi criado em santidade, sob a lei de seu Criador; mas por transgressão voluntária caiu daquele santo e feliz estado; em conseqüência do que todos os homens são agora pecadores, não por constrangimento, mas por escolha; sendo por natureza completamente destituídos daquela santidade requerida pela Lei de Deus, inegavelmente inclinado para o mal, e por isso sob justa condenação à ruína eterna, sem defesa ou desculpa"(III)

"Cremos que, a fim de serem salvos, os pecadores devem ser regenerados, ou nascidos de novo; que a regeneração consiste em dar uma disposição santa à mente; que ela é efetuada de uma maneira acima da nossa compreensão pelo poder do Espírito Santo, em conexão com a verdade divina, de maneira a assegurar nossa obediência voluntária ao evangelho; e que sua evidência apropriada aparece nos santos frutos do arrependimento, fé e novidade de vida"(VII)

"Cremos que o arrependimento e a fé são deveres sagrados, e também graças inseparáveis, operadas em nossas almas pelo Espírito regenerador de Deus; pelo que sendo profundamente convencidos de nossa culpa, perigo e incapacidade, e do caminho da salvação por Cristo, nós retornamos para Deus com contrição, confissão e súplica por misericórdia não fingidas; ao mesmo tempo recebendo genuinamente o Senhor Jesus Cristo como nosso profeta, sacerdote e Rei, e confiando nele somente como único e todo-suficiente salvador"(VIII)

"Cremos que a eleição é eterno propósito de Deus, segundo o qual Ele graciosamente regenera, santifica e salva pecadores; que sendo perfeitamente consistente com a livre agência do homem, abrange todos os meios em conexão com o fim; que é uma demonstração gloriosíssima da bondade soberana de Deus, sendo infinitamente livre, sábia, santa, e imutável; que ela exclui completamente a vanglória, e promove humildade, amor, oração, louvor, confiança em Deus, e ativa imitação de sua livre misericórdia; que ela encoraja o uso dos meios no mais alto grau; que ela pode ser percebida pelos seus efeitos em todo aquele que verdadeiramente crê no evangelho; que é o alicerce da segurança cristã; e que verificá-la com respeito a nós mesmos demanda e merece a máxima diligência"(IX)

Da mesma forma, o Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, elaborou sua própria confissão de fé, denominada “Declaração de Fé do Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil”(1955), igualmente professa a sua crença nos cinco pontos do calvinismo(Artigos V,VI,VIII, XII):

(1)Total Depravação:

"Deus originalmente criou o homem à sua própria imagem e livre do pecado, mas pela tentação de Satanás, o homem transgrediu o mandamento de Deus, caiu de sua santidade e justiça original, sendo que sua posteridade, tendo herdado sua natureza corrompida e totalmente oposta a Deus e a sua Lei, está debaixo de condenação; e tão logo os filhos de Adão sejam capazes de ação, tornam-se transgressores efetivos pela prática do mal"(VI)

(2)Eleição Incondicional, expiação particular, graça irresistível e perserverança dos santos:

"A eleição é a eterna escolha, da parte de Deus, de algumas pessoas para a vida eterna - não por algum mérito que nelas tivesse previsto, mas unicamente pela misericórdia de Deus em Cristo - em consequência da qual elas são chamadas, justificadas e glorificadas"(V)

"Regeneração é uma transformação de coração, operada pelo Espírito Santo, que desperta os mortos em transgressões e pecados, iluminando as suas mentes, para poderem compreender a Palavra de Deus, para levá-los à salvação, renovando toda a sua natureza de modo a serem levados a viver em amor e santidade prática. É uma obra somente da livre e especial graça de Deus"(VIII)

"Aqueles a quem Deus aceitou no Amado e santificopu pelo seu Espírito nunca cairão do estado de graça, para o qual Deus, na sua infinita misericórdia, os trouxe; e certamente perseverarão até o fim; ainda que caiam por sua negligência e tentação em pecado, pelao que entristecem o Espírito, prejudicam a sua tranquilidade de alma, trazem vitupérios sobre a Igreja e castigos temporais sobre si mesmos; porém serão outra vez renovados para o arrependimento e serão guardados pelo poder de Deus por meio da fé para a salvação"(XII)

O próprio fundador do "Jornal Batista", William Entzminger, escreveu um artigo no Jornal Batista, em 16 de março de 1916 esclarecendo que os batistas brasileiros sustentavam a mesma visão calvinista presbiteriana e congregacional da predestinação:

"No mundo protestante a doutrina em questão desde séculos tem dado causa a acalorados debates, e mesmo a disputas agressivas, principalmente entre os calvinistas e arminianos, achando-se no Brasil estas duas correntes teológicas representadas, de um lado pelos presbiterianos, batistas e congregacionalistas, que aceitam a doutrina da Predestinação; do outro lado pelos metodistas, que a contestam"(p.2)

Na mesma página, ele ainda diz:

"Segundo a doutrina da predestinação, Deus, desde a eternidade decretou o que ía fazer através dos ciclos dos anos a decorrer; formulou os seus decretos acerca da criação dos mundos; da sua conservação e governo; desde a eternidade organizou o programa a ser executado desde a fundação dos mundos até a sua consumação".

Todavia, mais tarde, na 67ª Assembleia da CBB(em 1985), estas duas antigas confissões foram substituídas por uma confissão híbrida(arminiana-calvinista), a Declaração Doutrinária da Convenção Batista Brasileira. Nela encontramos as doutrinas calvinistas da “Depravação Total”(4º Artigo); e da “Perseverança dos Santos”(6º Artigo), ao mesmo tempo que encontramos os dogmas arminianos do “livre-arbítrio”, “eleição condicional”(6º Artigo) e da “expiação geral”(5º Artigo)(J. Reis Pereira; Breve História dos Batistas, pp.91,104-106).

Se De fato, J. Reis Pereira, historiador batista, deixa claro que os batistas da CBB, numa canetada, como os mórmons e testemunhas de jeová fizeram, mudaram a doutrina ofical da denominação, abandonando os cem anos anos de calvinismo, que a denominação havia endossado, desde William Buck Babgby:

"A aprovação, na 67ª Assembléia da Convenção Batista Brasileira, de uma 'Declaração Doutrinária' que vem substituir a 'Declaração de Fé das Igrejas Batistas do Brasil'"(Breve História dos Batistas, p.91)

Caros irmãos, o termo 'batistas' definitivamente não rima com arminianos, mas com calvinistas. Que façamos a prosa e verso de uma maneira verdadeiramente linda e poética!

segunda-feira, 13 de maio de 2019

Arminianismo, a Mecânica Enferrujada da Salvação!!!




Arminianismo, a Mecânica Enferrujada da Salvação!!!

De uma maneira falaciosa e falsa, o Pr. Silas Daniel, ministro arminiano das AD, em sua obra "Arminianismo, A Mecânica da Salvação"(CPAD, 2ª Edição, RJ, 2017), em um capítulo espúrio, chamado 'A Mecânica da Salvação na patrística pré-Agostinho', tenta de uma forma desesperada e apócrifa, atribuir cunho arminiano a algumas declarações dos Pais da Igreja anteriores a Agostinho, escrevendo, nas pp.29-38 a seguinte expressão "Declarações dos Pais Pré-Agostinho ou coevos dele sobre livre arbítrio, expiação, graça resistível e eleição". Tendo lido uma a uma das declarações, me certifiquei se tratar de um argumento fraudulento, falso e espúrio, escrito para ludibriar as mentes dos incautos e ignorantes, que nada sabem de teologia patrística. Examinemo-as uma por uma:

1º Argumento: "Agora, pois, como seja certo que tudo é por Ele visto e ouvido,temamos e abandonemos os execráveis desejos de más obras,a fim de sermos protegidos por sua misericórdia nos juízos vindouros. Porque ‘para onde algum de nós poderá fugir de sua poderosa mão?’ Que mundo acolherá os que deserdam de Deus?” (Clemente de Roma [35-97], 1 Coríntios, XXVIII, 1 e 2).

Resposta:(a)Não existe nenhuma vírgula, jota ou til do falso dogma do livre arbítrio do ímpio, em questões espirituais, nesse texto. Clemente está se referindo e falando aos membros da Igreja de Corinto, não aos pagãos e descrentes de sua época. De quem se exorta que se afaste das más obras? Será que é aos ímpios? Não. Até porque os verbos "temamos"; "abandonemos" e "sermos" subentendem "nós"(se referindo aos cristãos de Corinto), invés de "eles", se referindo aos que não fazem parte daquela igreja - os pagãos e descrentes. Da mesma, isso se confirma ma própria expressão posterior: "algum de nós", invés de 'alguns deles'. O bispo de Roma, Clemente, está aqui apenas afirmando que aqueles que serão alvo da eterna misericórdia de Deus, serão justamente aqueles que perseverarão na santidade, se afastando do pecado; e isso não diz respeito a nenhum dos pagãos ou incrédulos da época, mas apenas a cada um dos crentes da Igreja de Corinto - 'algum de nós'. (b)A tradução 'Que mundo acolherá os que deserdam de Deus?' sequer existe no texto original, no mesmo molde de tradução feita pelo Silas Daniel. O texto original em inglês, diz:

"Ou que mundo receberá qualquer um daqueles que fogem dele?"
http://www.newadvent.org/fathers/1010.htm

Mas, mesmo nesse texto, não há nenhuma menção do falso dogma do livre arbítrio, porque no restante do texto de Clemente, onde ele cita as Escrituras, a menção que se faz é de indivíduos que são filhos de Deus, e que não podem jamais se esconder de Deus:

"De fato, a Escritura diz em algum lugar: 'Aonde irei e me esconderei de sua face? Se subo até o céu, aí estás; se vou até aos confins da Terra, aí está a tua direita; se deito nos abismos'(Sl 139:7-10). Para onde alguém pode se retirar? Para onde fugir, longe daquele que tudo abrange?"(Ibidem, 28:2-4).

O que o texto restante diz, é que nenhum filho de Deus pode se esconder diante da presença de Deus; não que o homem ímpio, morto em delitos e pecados, possa ter qualquer capacidade de escolhas para as coisas de esferas espirituais. É flagrante a falácia argumentativa do Silas Daniel.

2º Argumento: "Olhemos fielmente para o sangue de Cristo e vejamos quão precioso esse sangue é para
Deus, que, tendo sido derramado por nossa salvação, conquistou para todo o mundo a graça do arrependimento” (Clemente de Roma, 1 Coríntios, VII)
.

Resposta: (a)Esse texto, é usado desesperada e ingenuamente por Silas Daniel, cremos, em apoio a falsa crença da 'expiação ilimitada'. Mas note os verbos "olhemos" e "vejamos". Eles subentendem "nós", invés de "eles" ou "todos". Veja também a expressão "nossa salvação". A expressão subentende a salvação dos cristãos de Corinto, não a salvação de todos os homens sem exceção, tampouco a salvação de cada um dos homens, sem exceção. (b)A expressão "conquistou para todo o mundo a graça do arrependimento" está inserido no mesmo contexto da expressão anterior - "tendo sido derramado por nossa salvação", aludindo que a graça do arrependimento foi conquistada por Cristo para todo o mundo, invés de dizer que 'a graça do arrependimento foi conquistada por todo o mundo'. Não. Clemente não diz que todos os homens sem exceção, 'conquistaram' a graça do arrependimento, mas que Cristo conquistou esta graça do arrependimento, isto é, que a posse dessa graça do arrependimento está nEle e pertence a Ele, e que Ele é o possuidor da graça do arrependimento, e que através dEle e nEle, romanos e gregos são objetos desta graça, isto é, que através dele, romanos e gregos se arrependem. É justamente isso que vemos nos versos posteriores:

"Vamos nos voltar para todas as eras passadas e aprender que, de geração em geração, o Senhor concedeu um lugar de arrependimento a todos os que se convertessem a ele"(7:5)

"Na sua onipotente vontade, ele decidiu que todos os seus amados tenham possibilidade de arrependimento"(8:5).

O que entendemos tanto da expressão citada pelo Silas Daniel, quanto das citadas por mim acima, é que o pensamento de Clemente é que para aqueles que foram salvos, para aqueles que foram amados por Ele, o Senhor, por sua vontade, não por suas vontades, dá a graça do arrependimento. Nestes textos, Clemente nega tanto o dogma do livre arbítrio, quanto o da expiação ilimitada, pois afirma que o Senhor conquistou para pessoas de todas as nações - judeus, gregos e romanos convertidos a graça do arrependimento; e que foi por sua vontade divina, que Ele decidiu que todos os seus amados fossem agraciados com a possibilidade do arrependimento. E, ao dizer isso, alude a pregação da mensagem de arrependimento, uma vez que também disse dentro do mesmo contexto:

"Noé pregou o arrependimento, e os que o ouviram foram salvos. Jonas proclamou a destruição dos ninivitas, e estes se arrependeram de seus pecados..."(7:6-7).

Estas frases, omitidas pelo Silas Daniel, apregoam a doutrina da graça irresistível. É mais um duro golpe no arminianismo.

3º Argumento:"Vigiai sobre a vossa vida; não deixai que vossas lâmpadas se apaguem,nem afrouxai vossos cintos.Ao contrário,estai preparados porque não sabeis a hora em que virá o Senhor.Reuni-vos frequentemente, procurando o que convém a vossas almas; porque de nada vos servirá todo o tempo a vossa fé se não fordes perfeitos no último momento”(Didaquê [primeiro século], XVI, 1 e 2)"

Resposta: (a)Esse texto não favorece nenhum dos cinco pontos do arminianismo. Quando o Didaché se refere a 'lampadas', deve ser entendido, usando da fraseologia bíblica, se referindo as Escrituras(Sl 119:105). A exortação é que o cristão não deixe as Escrituras em desuso, como se as mesmas viessem a se transformar em livros empoeirados. (b)Da mesma forma, a expressão 'nem afrouxai vossos cintos', se refere a não deixarem de estarem revestidos ou vestidos espiritualmente, de uma forma firme. Nesse sentido, vemos o Didaché exortando o cristão a perseverança tanto na leitura das Escrituras, bem como na firmeza espiritual. Na junção destas duas expressões apenas entendemos que não deixar de estar atento às Escrituras, equivale a não se deixar despido de sua própria espiritualidade, porque é na crença firme nas Escrituras, isto é, na Palavra de Deus, que o cristão é considerado como revestido de poder(Lc 24:49). E é nesse sentido, que se norteia tanto as exortações a vigilância('Vigiai sobre a vossa vida')e ao contínuo ajuntamento na assembléia solene('Reuni-vos frequentemente'), como uma prática de ordem escriturística(Sl 122:1; Lc 24:53; Hb 10:25). (c)Da mesma forma, a expressão "porque de nada vos servirá todo o tempo a vossa fé, se não fordes perfeitos no último momento", está apenas a dizer que 'a fé sem obras é morta'(Tg 2:26). Assim, o Didaché está exortando o cristão a perseverar na prática das boas obras, isto é, na obediência. Contudo, apesar desta exortação, o Didaché não está em nenhum momento afirmando que a salvação final do cristão depende ou vem das próprias forças do cristão, mas sim, de Deus:

"Contudo, aqueles que permanecerem firmes firmes na fé serão salvos por Aquele que os outros amaldiçoam"(16:5)

4º Argumento: "Portanto, eis que temos sido remodelados, como novamente Ele diz em ,outro profeta: ‘Eis, diz o Senhor, que vou tirar destes’, isto é, daqueles a quem o Espírito do Senhor previu, ‘os seus corações de pedra, e eu vou colocar corações de carne dentro deles’, porque Ele era para ser manifestado em carne, e para peregrinar entre nós. Pois, meus irmãos, a morada do nosso coração é um templo consagrado ao Senhor” (Epístola de Barnabé [segundo século], VI)".

Resposta: (a)A citação está na 'Epístola de Barnabé'(6:14-15). A ingenuidade do Silas Daniel, é impressionante e flagrante. Sua débil interpretação imagina que a 'Epístola de Barnabé' está aludindo a eleição condicional. Lamentável seu analfabetismo funcional. O texto faz alusão a presciência de pessoas, não de suas obras: 'isto é, daqueles a quem o Espírito do Senhor previu'. O texto diz que o Senhor sabia de antemão quem eram as pessoas a quem Ele iria tirar o coração de pedra, e colocar um coração de carne. Em outros lugares, a Epístola de Barnabé deixa bem claro que seu autor não excluiu a ideia de uma eleição incondicional, quando afirmou:

"Então Jacó disse a José: 'Eu sei, meu filho, eu sei. O mais velho servirá ao mais jovem, e este que será abençoado'. Vede a quem ele se referia ao decidir que este povo seria o primeiro e o herdeiro da aliança"(13:5-6).

"...Com efeito, Ele não vem chamar a pessoa pela aparência, mas aqueles que o Espírito preparou"(19:7).

Sim. Para o autor da 'Epístola de Barnabé', a decisão sobre quem seria herdeiro da benção e da aliança, estava baseada, não na vontade daqueles que seriam, abençoados e herdariam a aliança, mas numa decisão anterior a vontade de qualquer um deles. Sim. Para o autor da 'Epístola de Barnabé', a decisão sobre quem seria chamado salvificamente por Deus, não estava baseada em nada previsto no indivíduo que seria chamado salvíficamente, mas na preparação do Espírito.

5º Argumento: "Que você possa contemplar’, acrescentou, ‘a grande misericórdia do Senhor, que é grande e glorioso, e deu Seu Espírito para aqueles que são dignos de arrependimento’. Disse eu: ‘Por que, então, senhor, não fez Ele com que todos se arrependessem?’. Ele respondeu: ‘Para aqueles cujos corações Ele viu que se tornariam puros e obedientes a Ele, deu o poder de se arrependerem de todo o coração. Mas para aqueles cujo engano e maldade Ele percebeu, e viu que tinham a intenção de arrepender-se hipocritamente,ele não concedeu o arrependimento, para que não profanassem novamente o seu nome’” (O Pastor de Hermas [segundo século], Livro III, 8, VI)".

Resposta: (a)É impressionante o delírio do Silas Daniel. Sua citação deste texto (O Pastor, 72), talvez foi feita na sua interpretação de que o texto se referia a algum tipo de eleição condicional, o que não é visto no texto. O que vemos no texto, é que para Hermas não aprouve ao Senhor conceder a graça do arrependimento a todos os homens sem exceção. Se segundo o texto, Deus viu de antemão pecadores que creriam nEle e pecadores que jamais creriam de verdade nEle, está configurado aqui não só uma dupla predestinação(uma para a perdição, e outra para a salvação), mas uma doutrina da irresistibilidade da graça divina, além da doutrina da perseverança dos santos, visto que segundo Hermas, Deus viu de antemão pessoas que seriam purificadas e obedientes. Da mesma forma, também vemos uma alusão a doutrina da total depravação, visto que Hermas diz que aqueles a quem Deus viu de antemão que se arrependeriam, Ele mesmo disse que Deus, por sua grande misericórdia, deu seu Espírito Santo a estes que sabia de antemão que creriam nEle. Mas a razão pela qual moveu Deus a dar seu Espírito àqueles que Ele previu que creriam nEle, não é meramente pelo fato dEle haver previsto que eles se arrependeriam, se tornariam puros e seriam obedientes, mas sim por causa de duas coisas: (i)Da imutabilidade do decreto, onde seu Filho está inserido como chamando salvificamente os homens:

"De fato, o Senhor teve compaixão, e me enviou para oferecer a ocasião de penitência a todos, embora alguns, por causa de suas obras, sejam indignos da salvação. O Senhor, porém, é paciente e quer que o chamado feito pelo Filho não seja invalidado"(O Pastor, 77)

(ii)Uma outra razão que moveu Deus a dar seu Espírito àqueles que Ele previu que creriam nEle, não ser meramente pelo fato dEle haver previsto que eles se arrependeriam, se tornariam puros e seriam obedientes, é o fato destes a quem Ele haver conhecido de antemão terem sido eleitos por Ele:

"A porta branca é o mundo que se aproxima, onde habitarão os eleitos de Deus, pois os eleitos de Deus para a vida eterna serão puros e sem máculas"(O Pastor, 24)

"Com efeito, o Senhor vos experimentou e vos inscreveu no número dos nossos, e toda a vossa posteridade habitará com o Filho de Deus, pois recebeste do Seu Espírito"(Ibidem, 101).

6º Argumento: "Como Salvador O enviou, e com vocação para persuadir, não para compelir-nos; porque violência não tem lugar no caráter de Deus” (Epístola a Diogneto [120 d.C.], Exórdio, VII).

Resposta:O delírio do Silas Daniel, é impressionante. Esta criatura imagina que este texto ensina o dogma do livre arbítrio, ou nega a predestinação. Mas a Epístola a Diogneto não está ensinando o livre arbítrio do ímpio, em esferas espirituais, mas o negando. E por que? Simples. Quando Quadrato diz aqui que o Salvador veio até nós com sua vocação(chamada) para nos persuadir, diz que Ele nos chamou e nos convenceu. Isto é, está afirmando que chamada é eficaz, irresistível, pois Ele chama e convence o pecador, sem coagí-lo. Por isso, em outro lugar, Quadrato, negando o espúrio dogma do livre arbítrio, diz:

"Quando Deus dispôs tudo em si mesmo juntamente com seu Filho, no tempo passado, ele permitiu que nós, conforme a nossa vontade, nos deixássemos arrastar por nossos impulsos desordenados, levados por prazeres e concupiscências. Ele não se comprazia com os nossos pecados, mas apenas os suportava. Também não aprovava aquele tempo de injustiça, mas preparava o tempo atual de justiça, para que nos convencêssemos de que naquele tempo, por causa de nossas obras, éramos indignos da vida, e agora, só pela bondade de Deus, somos aptos para ela. Também para que ficasse claro que por nossas próprias forças era impossível entrar no Reino de Deus, e que somente pelo seu poder nos tornamos capazes disso”(Epístola a Diogneto, IX:1).

7º Argumento: "Mas Aquele que ressuscitou dentre os mortos nos ressuscitará também, se fizermos a Sua vontade, e caminharmos em Seus mandamentos e amarmos o que Ele amou, mantendo-nos afastados de toda injustiça” (Policarpo [100- 150], Filipenses, II).

Resposta: (a)O que Policarpo está dizendo aqui simplesmente é que apenas os que perseverarem até o fim, alcançarão a glorificação, não que nossa perseverança é um produto de nossos esforços, tornando nossa salvação final - glorificação - um produto de nossos méritos ou obras, contrariando textos das Escrituras como Rm 8:30; Fl 1:6.. Em outro lugar, ele afirma que essa infalível perseverança a nós exortada, é oriunda, não de nossas forças, mas do próprio poder do Filho de Deus:

"Congratulo-me grandemente, em nosso Senhor Jesus Cristo, pela alegria que experimentais ao acolher aqueles que são as imagens da verdadeira caridade, e ao acompanhar, enquanto que possível, os presos por esses santos ferros, que são o diadema régio dos verdadeiros eleitos de Deus e de nosso Senhor. Congratulo-me também porque as firmes raízes da vossa fé conhecidas desde os primeiros tempos, permanecem até hoje e ainda produzem frutos para nosso Senhor Jesus Cristo. Perseveremos pois imutavelmente firmes em nossa esperança e naquele que constitui o penhor de nossa justiça, Jesus Cristo”(Epístola aos Filipenses, I:1-2).

8º Argumento: "Deus, no desejo de que homens e anjos seguissem sua vontade, resolveu criá-los livres para praticar a retidão. Se a Palavra de Deus prediz que alguns anjos e homens certamente serão punidos, isso é porque ela sabia de antemão que eles seriam imutavelmente ímpios, mas não porque Deus os criou assim. De forma que quem quiser, arrependendo-se, pode obter misericórdia” (Justino Mártir [100-165], Diálogos, CXLI).

Resposta: (a)O uso dessa citação é cheia de falhas e lacunas. Coitados dos nossos amigos armênias. Mas vamos lá debulhar isso. (b)Claro que Deus criou Adão e Eva livres, visto que eles foram agentes livres em seu pecado(Ec 7:29). (c)A expressão “porque ele sabia de antemão que eles seriam imutavelmente ímpios”, já é uma negação do livre arbítrio deles, pois fala de uma coisa que jamais poderá ser alterada, algo que eles não tem a capacidade para mudar. Se eles, por seu livre arbítrio, pudessem deixar de serem ímpios, onde estaria a presciência de Deus? Se eles não podem deixar de serem ímpios, onde está o livre arbítrio deles? Rsrsrs... A citação dessa frase de Justino, é um tiro no próprio pé, praticado pelos arminianos. (d)A expressão “quem quiser”, não é a mesma coisa que “pode querer”. O texto fala que alguém vai quer, não que todos podem ter essa vontade.

9º Argumento: "Mas agora Ele nos persuade e nos conduz à fé para que sigamos o que lhe é grato por livre escolha, através das potências racionais com as quais Ele mesmo nos presenteou” (Justino Mártir, Apologia Primeira, XI, 4).

Resposta:Esta frase não existe no capítulo e verso da obra citada:
http://www.newadvent.org/fathers/0126.htm

10º Argumento: "Do que dissemos anteriormente, ninguém deve tirar a conclusão de que afirmamos que tudo o que acontece, acontece por necessidade do destino, pelo fato de que afirmamos que os acontecimentos foram conhecidos de antemão. Por isso, resolveremos também essa dificuldade. Nós aprendemos dos profetas e afirmamos que esta é a verdade: os castigos e tormentos, assim como as boas recompensas, são dadas a cada um conforme as suas obras. Se não fosse assim, se tudo acontecesse por destino,não haveria absolutamente livre arbítrio. Com efeito, se já está determinado que um seja bom e o outro mau, nem aquele merece elogio, nem este vitupério. Se o gênero humano não tem poder de fugir, por livre determinação, do que é vergonhoso e escolher o belo, ele não é responsável por nenhuma ação que faça. Mas que o homem é virtuoso e peca por livre escolha, podemos demonstrar pelo seguinte argumento: vemos que o mesmo sujeito passa de um contrário a outro. Ora, se estivesse determinado ser mau ou bom, não seria capaz de coisas contrárias, nem mudaria com tanta frequência. Na realidade, nem se poderia dizer que uns são bons e outros maus, desde o momento que afirmamos que o destino é a causa de bons e maus, e que realiza coisas contrárias a si mesmo, ou que se deveria tomar como verdade o que já anteriormente insinuamos, isto é, que a virtude e maldade são puras palavras, e que só por opinião se tem algo como bom ou mau.Isso, como demonstra a verdadeira razão, é o cúmulo da impiedade e da iniquidade. Afirmamos ser destino ineludível que aqueles que escolheram o bem terão digna recompensa e os que escolheram o contrário, terão igualmente digno castigo. Com efeito, Deus não fez o homem como as outras criaturas. Por exemplo: árvores ou quadrúpedes, que nada podem fazer por livre determinação. Nesse caso, não seria digno de recompensa e elogio, pois não teria escolhido o bem por si mesmo, mas nascido já bom; nem, por ter sido mau, seria castigado justamente, pois não o seria livremente, mas por não ter podido ser algo diferente do que foi” (Justino Mártir, Apologia Primeira, XLIII).

Resposta: (a)A falácia do Silas Daniel, citando uma passagem de Justino, fora do contexto, é impressionante. Até parece Satanás citando o Sl 91 fora do contexto, para levar Jesus a queda na tentação no deserto. Justino de Roma aqui está condenando o Fatalismo, mostrando que as coisas não ocorrem em vista de uma força cega ou impessoal, mas através de um Deus soberano, e que tudo que ocorre com o homem não é produto do acaso, através de causas externas(‘sob o domínio da necessidade’) e que o homem é um ser moralmente responsável ou agente livre. Na primeira parte da citação, omitida pelo Silas Daniel, ele deixa isso claro, afirmando:

"Do que dizemos anteriormente, ninguém deve tirar a conclusão de que afirmamos que tudo o que acontece, acontece por necessidade do destino, pelo fato de dizermos que os acontecimentos foram conhecidos de antemão"(Primeira Apologia, 43:1).

Logicamente, Justino está se referindo aqui nesta passagem a todos os eventos profetizados de antemão sobre os eventos ligados ao nascimento, morte e ressurreição de Cristo, como eventos que ocorreriam imutavelmente por estarem preditos e vaticinados nas Escrituras:

"Esclarecemos também o caso no qual o Espírito profético fala do futuro como já realizado, como já se pode conjecturar na passagem antes mencionada, a fim de que também nisso os que lêem não tenham desculpa. O que é absolutamente conhecido como algo que acontecerá, é predito pelo Espírito profético como já conhecido. Que as coisas devam ser assim, ponde toda atenção de vossa mente ao que vamos dizer. Davi fez a profecia citada, mil e quinhentos anos antes que Cristo feito homem fosse crucificado, e nenhum dos antes nascidos ofereceu, ao ser crucificado, alegria para as nações, e ninguém também depois dele"(Ibidem, 42:1-3).

11º Argumento: "Viva para Deus e, apreendendo-o, coloque de lado sua velha natureza. Não fomos criados para morrer, mas morremos por nossa própria falha. Nosso livre-arbítrio nos destruiu, nós que fomos livres nos tornamos escravos; fomos vendidos pelo pecado. Nada de mal foi criado por Deus; nós próprios manifestamos impiedade; mas nós, que a temos manifestado, somos capazes de rejeitá-la novamente” (Taciano, o Sírio [120-180], Cartas, XI).

Resposta:(a)Taciano está negando aqui o dogma do livre arbítrio, ao afirmar que em sua primitiva liberdade, os homens estão destruídos, deixaram de ser livres (‘nós QUE FOMOS LIVRES’), e agora são escravos, e que estão vendidos sob o pecado. (b)Quando lemos ‘mas nós, que a temos manifestado, somos capazes de rejeitá-la novamente’, entendemos que a referência a rejeição ao mal, segundo ele, pelo contexto, não é a todos os homens, mas aos cristãos, visto que nesta obra ('Discurso Contra os Gregos'), ele diz no começo do v.11=

“Não quero ser um rei; Não estou ansioso para ser rico; Eu conheço profundamente o declínio militar; Eu detesto prostituição; Eu não sou impelido por um amor insaciável de lucro para ir para o mar; Eu não disputo colar de pérolas; Estou livre de uma sede louca pela fama...".

Em outro lugar fica claro a sua rejeição ao dogma do livre arbítrio, quando diz:

“São os demônios aqueles que, por sua maldade, se enfurecem contra os homens e, com variadas e enganosas representações desviam os pensamentos dos homens, JÁ POR SI INCLINADOS PARA BAIXO, a fim de torna-los INCAPAZES DE EMPREENDER SUA MARCHA DE ASCENSÃO PARA OS CÉUS. Mas nem a nós ficam ocultas as coisas do mundo NEM A VÓS SERÁ DIFÍCIL COMPREENDER AS DIVINAS, CONTANTO QUE CHEGUE ATÉ VÓS O PODER DO VERBO QUE IMORTALIZA A ALMA”(Discurso Contra os Gregos, 16)

12º Argumento: "Deus fez o homem livre, e esse poder sobre si mesmo [...] Deus lhe concede como um dom por filantropia e compaixão, quando o homem lhe obedece. Pois como o homem, desobedecendo, atraiu morte sobre si mesmo, assim, obedecendo à vontade de Deus, aquele que deseja é capaz de obter para si mesmo a vida eterna” (Teófilo de Antioquia [120?-186], Livro a Autólico, I, 27).

Resposta: (a)Silas Daniel citando este texto, imaginando Teófilo ensinando o espúrio dogma do livre arbítrio. Olha a satanagem arminiana. Cita a frase “Deus fez o homem livre, e esse poder sobre si próprio”, mas omite a parte anterior da frase:

“Mas se se voltasse para as coisas da morte, desobedecendo a Deus, SERIA A CAUSA DA MORTE PARA SI MESMO, porque Deus fez o homem livre e senhor de seus atos”(Primeiro Livro a Autólico, XXVII [Versão da Editora Paulus)

Portanto, Teófilo está falando de Adão e Eva, no 17º capítulo de seu 2º ivro, razão pela qual, por citação indireta de Rm 5:12, quando diz “Pois como o homem, desobedecendo, atraiu morte sobre si próprio”.

Quanto a expressão “aquele que deseja é capaz de obter para si mesmo a vida eterna”(tradução do google), não é endossada pela Paulus, que reza:

assim também, obedecendo a vontade de Deus que quer, pode adquirir para si a vida eterna”

Em outro lugar, Teófilo deixa claro a sua rejeição ao dogma arminiano do livre arbítrio:

“Do mesmo modo, ó homem, TU TENS OS OLHOS DE TUA ALMA OBSCURECIDOS POR TUAS FALTAS E TUAS AÇÕES... ASSIM TAMBÉM, Ó HOMEM, TUAS IMPIEDADES PROJETAM SOBRE TI TREVAS E TU NÃO PODES VER A DEUS”(Primeiro Livro a Autólico, II).

“Ó homem, se compreenderes isso, e viveres de maneira pura, piedosa e justa, poderás ver a Deus. ANTES DE TUDO, PORÉM, ENTREM EM TEU CORAÇÃO A FÉ E O TEMOR DE DEUS, E ENTÃO COMPREENDERÁS ISSO”(Primeiro Livro a Autólico, VII).

“...mas por causa de sua desobediência que o homem atraiu trabalho, dor, tristeza e caiu finalmente sob poder da morte”(Segundo Livro a Autólico, 25)

13º Argumento: "A expressão:‘Quantas vezes eu quis reunir os seus filhos[...]mas vocês não quiseram’ ilustra bem a antiga lei da liberdade do homem, porque Deus o fez livre desde o início, com vontade e alma para consentir nos desejos de Deus sem ser coagido por Ele.Deus não faz violência,e o bom conselho o assiste sempre,por isso dá o bom conselho a todos, mas também dá ao homem o poder de escolha, como o tinha dado aos anjos, que são seres racionais, para que os que obedecem recebam justamente o bem, dado por Deus e guardado para eles. [...] Se não dependesse de nós o fazer e o não fazer, por qual motivo o apóstolo, e bem antes dele o Senhor, nos aconselhariam a fazer coisas e a nos abster de outras? Sendo, porém, o homem livre na sua vontade, desde o princípio, e livre é Deus, à semelhança do qual foi feito, foi-lhe dado, desde sempre, o conselho de se ater ao bem, o que se realiza pela obediência a Deus” (Ireneu de Lião [130-202], Contra as Heresias, IV, 37, 1 e 4).

Resposta: (a)Veja a falácia do Silas Daniel... Ele corta a citação do v.1 com a expressão ‘dado por Deus e guardado para eles’... A parte omitida, diz:

“...enquanto os desobedientes SERÃO JUSTAMENTE FRUSTADOS NESTE BEM E SOFRERÃO O CASTIGO MERECIDO. Pois Deus, na sua bondade, tinha lhes dado o bem, MAS ELES NÃO O GUARDARAM COM DILIGÊNCIA E NÃO O JULGARAM PRECIOSO E ATÉ DESPREZARAM A EXCELÊNCIA DA VONTADE. ABANDONANDO E RECUSANDO O BEM INCORRERÃO NO JUÍZO DE DEUS, como o testemunha Paulo((Rm 2:4-5; 2:10). Portanto, Deus ofereceu o bem, como o testemunha o Apóstolo na epístola mencionada, e os que o praticam receberão glória e honra por tê-lo feito, quando podiam não fazê-lo; os que não o fazem receberão o justo julgamento de Deus por não ter feito o bem que podiam fazer”;

Portanto, o contexto aqui, se refere meramente a fazer o bem, em sentido moral, não fazer um bem espiritual, isto é, desejar a Deus, querê-lo, ou exercer fé nEle.

(b)Quanto ao v.4, o contexto está mostrando que se está falando na liberdade da vontade dos cristãos, não dos ímpios, onde Irineu cita textos como 1 Co 6:12; 10:23; 1 Pd 2:16/ Ef 4:25; 1 Co 6:11. Por isso, em outro lugar, falando sobre o bem espiritual ou salvífico, ele diz:

“Por isso também ele deve ser justamente condenado, porque, tendo sido criado um ser racional, ELE PERDEU A VERDADEIRA RACIONALIDADE, E VIVE IRRACIONALMENTE, OPONDO-SE A JUSTIÇA DE DEUS, ABANDONANDO-SE A TODO O ESPÍRITO TERRESTRE, E ATENDENDO A TODOS OS DESEJOS, como diz o profeta, o homem, embora esteja em honra, NÃO ENTENDE; ELE FOI ASSIMILADO A BESTAS SEM SENTIDO, E TORNOU-SE COMO ELAS”(Contra Heresias, IV; 4:3).

“Por esta razão, portanto, o próprio Senhor, que é o Emanuel da Virgem(Is 7:14) é o sinal de nossa salvação, uma vez que foi o próprio Senhor que os salvou, PORQUE ELES NÃO PODIAM SER SALVOS POR SUA PRÓPRIA INSTRUMENTALIDADE e portanto, quando Paulo apresenta fraqueza humana, ele diz: Porque eu sei que lá habita na minha carne, não habita bem nenhum(Rm 7:18) MOSTRANDO QUE A COISA BOA DA NOSSA SALVAÇÃO NÃO VEM DE NÓS, MAS DE DEUS”(Contra Heresias,III: 20:3).

14º Argumento: "Por isso, dizia aquele presbítero: não devemos nos sentir orgulhosos nem reprovar os antigos; ao contrário, devemos temer; não ocorra que, depois de conhecermos a Cristo, façamos aquilo que não agrada a Deus e,consequentemente, já não nos sejam perdoados os nossos pecados, nos excluindo de seu Reino. Paulo disse a este propósito: ‘Se não perdoou os ramos naturais, tampouco te perdoará, pois sois oliveira silvestre enxertada nos ramos da oliveira e recebes da sua seiva’” (Ireneu de Lião, Contra as Heresias, IV, 27, 2).

Resposta: (a)Silas Daniel usa fora do contexto a expressão "já não nos sejam perdoados os nossos pecados, nos excluindo de seu Reino" para insinuar que Irineu estava ensinando a perda da salvação. Na realidade, pelo contexto, Irineu, está se referindo a uma punição de orígem eclesiástica, embora vindo de orígem divina. Nisso, ele faz uma comparação entre os cristãos de sua época com os santos de Deus no passado:


"Ouví certo presbítero dizer, - que o que ele tinha ouvido dos apóstolos e dos seus sucessores, - que para os antigos bastava a correção das Escrituras, por aquilo que faziam sem o conselho do Espírito, porque Deus, que não faz distinção de pessoas, dava uma correção conveniente àquilo que não era conforme a sua vontade. Este foi o caso de Davi... Quando, levado pela paixão, tomou para si Bate-seba, a mulher de Urias, a Escritura diz: 'A ação de Davi pareceu má aos olhos do Senhor'. E foi-lhe enviado o profeta Natã para lhe mostrar o seu pecado, para que, julgando-se a si mesmo e condenando-se, obtivesse a misericórdia e o perdão de Cristo... E lhe expôs detalhadamente o resto, repreendendo-o e enumerando-lhe os benefícios do Senhor e mostrando-lhe que tinha irritado o Senhor agindo assim; que aquela ação não agradava a Deus e que uma grande ira se abateria sobre a sua casa... A mesma coisa se deu com Salomão... Quando tomou para si mulheres estrangeiras; e aconteceu que no tempo da velhice de Salomão o seu coração não era perfeito com o Senhor seu Deus; as mulheres estrangeiras desviaram o seu coração para os deuses delas e Salomão fez o mal diante do Senhor; não seguiu o Senhor como Davi, seu pai. E o Senhor se irritou com Salomão, porque o seu coração não era perfeito com o Senhor como tinha sido o coração de Davi, seu pai'(1 Re 11:1-9). A Escritura o repreendeu fortemente, como diz o presbítero, para que nenhuma carne se glorie diante do Senhor... Foi para nossa correção que foram escritos os seus atos para que primeiramente aprendêssemos que tanto para eles como para nós há somente um Deus que não aprova os pecados, mesmo quando cometidos por pessoas famosas e também para que nos abstenhamos do mal. Se, com efeito, os antigos que nos precederam na graça e pelos quais o Filho de Deus ainda não tinha sofrido, incorreram em tais repreensões por ter cometido uma falta e ter-se tornado escravos da concupiscência carnal o que deverão sofrer os de agora que desprezam a vinda do Senhor e se tornam escravos de suas paixões?"(Contra Heresias; IV; 27:1-2)

Portanto, com a expressão "já não nos sejam perdoados os nossos pecados, nos excluindo de seu Reino", de acordo com o contexto, se entende que Irineu está falando que assim como Deus não deixou os pecados de Davi e de Salomão, sem castigo, dando as mulheres de Davi a um outro homem, além de matar o recém nascido de Davi(2 Sm 12:11,14); enquanto que a Salomão, levantou inimigos contra ele e excluiu-o do reino de Israel(1 Re 11:11-14); da mesma forma deve ser entendido com relação a nós, no sentido de que o Senhor não vai deixar nossos pecados sem o devido castigo e punição, bem como pode nos excluir de seu reino, não no sentido salvífico, mas no sentido de excluir-nos de bençãos oriundas deste reino, como fez com Davi e Salomão. É basicamente isto que Irineu nos ensina, quando diz mais adiante:

"Da mesma forma as culpas do povo foram escritas não para os que então pecavam, e sim para nossa correção e para que saibamos que um só e idêntico é o Deus contra o qual eles pecavam e contra o qual pecam agora alguns que fazem profissão de fé. É isso que o Apóstolo mostra claramente na epístola aos Coríntios(1 Co 10:1-12). Sem equívocos nem contradições, o Apóstolo mostra que é um só e mesmo Deus que condenou aquelas ações e agora julga as presentes e indica o motivo pelo qual isso foi escrito"(Contra Heresias, IV; 27:4).

Assim, a descrição de Irineu, ao citar 1 Co 10:1-12, mostra que a exclusão do reino, significa a morte física, não a morte espiritual. Assim, mais uma falácia arminiana, cai por terra!

Ademais, com a citação de Rm 11:22, feita por Irineu, a questão gira em torno da expressão “também tu serás cortado”. O verbo grego aqui traduzido por “cortado” é o verbo ἐκκοπήσῃ (ekkopēsē), que de acordo com o Léxico Grego do Novo Testamento de Edward Robinson, tem o significado de “golpear fora ou cortar fora ou remover”(p.287). É a mesma palavra usada por nosso Senhor em Mt 5:30; 18:8, para se referir a amputação de um membro do corpo, e pode evidentemente ser entendido tanto em sentido temporal(exclusão de vida física, morte) como também em sentido material(exclusão de bençãos materiais), ou espiritual(excomunhão da igreja). E foi nesse sentido que Irineu norteou sua interpretação da expressão 'nos excluindo de seu Reino', invés de se referir a exclusão da vida eterna, como pretende deliradamente o Silas Daniel

15º Argumento: "O Senhor, pois, nos remiu através de seu sangue, dando sua vida em favor da nossa vida, sua carne por nossa carne. Derramou o Espírito do Pai para que fosse possível a comunhão de Deus e do homem. Trouxe Deus aos homens mediante o Espírito, e levou os homens a Deus mediante sua encarnação”(Ireneu de Lião, Contra as Heresias, V, 1, 2).

Resposta: (a)Não se sabe a que tipo de ponto do arminianismo, que o Silas Daniel imagina estar esse texto se referindo. A citação está em 'Contra Heresias"(V:1:1), não em 'Contra Heresias'(V; 1-2). (b)Pela expressão "nos remiu", se subentende "nós", invés de "eles", ou 'todos os homens'; e pelas expressões "nossa vida" e "nossa carne" também se subentende "nós", invés de "eles" ou "todos os homens". Nisso, já está descartado o dogma da expiação ilimitada, pois o texto se refere a um grupo específico de pessoas. Pode alguém imaginar, nesta expressão 'O Senhor, pois, nos remiu através de seu sangue', a expiação ilimitada? O texto fala não na morte de Cristo para tentar nos remir dos pecados, mas na morte de Cristo, como obtendo eficazmente a remissão de nossos pecados. Todos os homens, sem exceção, foram remidos por Cristo? A resposta é "não"(1 Pd 1:2; Jo 10:11; 17:2). (c)Pela expressão "Derramou o Espírito do Pai para que fosse possível a comunhão de Deus e do homem", descarta o dogma do livre arbítrio, pois mostra que Deus, ao conceder seu Espírito, toma a iniciativa do processo de comunhão com o homem, invés do homem ser o autor dessa resolução. Daí sua expressão - "Trouxe Deus aos homens mediante o Espírito". Isso mostra que para Irineu, após a Queda, é Deus que vai ao homem, não o homem, a Deus. A vontade do homem é passiva, não ativa. (d)Da mesma forma, mostra que os homens foram até Deus, mediante a encarnação de Cristo, mostrando que foi o Filho de Deus que levou os homens até Deus, invés dos homens, irem até Deus por meio de seu 'livre arbítrio', ou sua vontade. Sim. Mais uma vez, Irineu mostra que na reconciliação de Deus com o homem, a vontade do homem é passiva, e a de Deus, ativa. 0% de base para o livre arbítrio. Todavia, o Silas Daniel omite a parte anterior do texto, onde Irineu afirma que apenas os predestinados para a vida eterna, foram destinados a serem adotados como filhos de Deus:

"...Dele, que é perfeito desde antes da criação, recebêssemos nós, criados há pouco, o crescimento; dele que é o único bom e excelente, recebêssemos a semelhança com Ele; daquele que possui a incorruptibilidade, recebêssemos este dom, depois de sermos predestinados a ter a semelhança com Ele”(Contra Heresias, V:1).

16º Argumento: "Justamente como homens que possuem liberdade de escolha assim como virtude e defeito (porque você não honraria tanto o bom quanto puniria o mau, a menos que o defeito e a virtude estivessem em seu próprio poder, e alguns são diligentes nos assuntos confiados a eles, e outros são infiéis), assim são os anjos” (Atenágoras de Atenas [133-190], Apelo em Favor dos Cristãos, XXIV).

Resposta: Aqui, Silas Daniel, delira, imaginando Atenágoras ensinando o dogma do livre arbítrio para o ímpio, em coisas espirituais. Onde Atenágoras ensina que o ímpio tem capacidade para desejar o bem espiritual, crer em Deus? Só rindo com esse arminiano. O que ele apenas diz aqui, é que o homem é um ser moral, e livremente pratica o bem ou o mal. E é só isso.. Em outros lugares, Atenágoras rejeita o dogma do livre arbítrio, afirmando:

“Desviando-se da grandeza de Deus E INCAPAZES DE REMONTAR PELO RACIOCÍNIO, pois não sentem simpatia pelo lugar celeste, se consomem e se afundam nas formas da matéria, divinizam as mudanças dos elementos, tão absurdo como alguém confundir o navio em que viaja com o piloto que o dirige”(Petição em Favor dos Cristãos, XXII)

“E isso acontece a uma alma, especialmente quando participa do espírito material e torna-se misturada com ele, e não olha para as coisas celestes e seu Criador, mas para baixo, para o terreno, como sendo agora mera carne e osso, e não espírito mais puro. Estes movimentos irracionais e fantásticas da alma, geram imagens de frenética idolatria. Quando, também, uma alma terna e sensível, que não tem conhecimento ou experiência de doutrinas mais sólidas, E NÃO CONTEMPLA A VERDADE NEM COMPREENDE O PAI E O CRIADOR, SE IMPRESSIONANDO COM OPINIÕES FALSAS sobre si mesma...”(Petição em Favor dos Cristãos, XXVII)

17º Argumento: "Mas nós, que temos ouvido pelas Escrituras que a escolha auto- determinadora e a recusa foram dadas pelo Senhor ao ser humano, descansamos no critério infalível da fé, manifestando um espírito desejoso, visto que escolhemos a vida e cremos em Deus através de sua voz” (Clemente de Alexandria [150-215], Stromata, II, 4).

Resposta: (a)Esta declaração de Clemente, é um comentário dele de seu texto anterior(Stromata, II:3), onde lemos:

“Nem irá aquele que não acredita, não sendo o autor [de sua incredulidade], encontrar com uma recompensa devida; e aquele que acredita não é a causa [de sua crença]. E toda a peculiaridade e a diferença de crença e incredulidade não será abrangida pelo louvor ou censura, Se refletirmos, com razão, uma vez que não atribui a ele o antecedente natural da necessidade, procedente do Todo-Poderoso. E se nós somos puxados como coisas inanimadas como fantoches, cordas de poderes naturais, vontade e falta de vontade e impulso, que é o antecedente de ambos, serão meras redundâncias. E, pela minha parte, sou totalmente incapaz de conceber um animal como tendo esses desejos, Que são movidos por causas externas, sob o domínio de necessidade. E que motivo há para um grande arrependimento do que uma vez foi um incrédulo, através do qual vem o perdão dos pecados? Assim que nem tampouco o batismo racional, nem o Bendito Selo, nem o Filho, nem o Pai. Mas Deus, como eu penso, acaba por ser o distribuidor dos poderes naturais dos homens, QUEM NÃO TEM COMO FUNDAMENTO DA SALVAÇÃO A FÉ VOLUNTÁRIA”.

Portanto, Clemente está condenando o Fatalismo, mostrando que as coisas não ocorrem em vista de uma força cega ou impessoal, mas de um Deus soberano, e que pensar que tudo que ocorre com o homem é produto do acaso, através de causas externas(‘sob o domínio da necessidade’) e que o homem não é um ser moralmente responsável ou agente livre, mas um mero fantoche, seria até um desestímulo para o arrependimento dos pecados e do sacramento do batismo, ao mesmo tempo que exclui, anula e omite o Deus Triúno desse processo. Por fim, ele mostra que Deus é o distribuidor dos poderes naturais do homem, ainda que a salvação dele não se baseia em uma fé que procede da própria vontade do homem.

(b)Nesse sentido, e com base nesse contexto, entendemos que a expressão “visto que escolhemos a vida e cremos em Deus através de sua voz” simplesmente mostram que nossa rendição a Ele, bem como nossa fé, são causadas por sua salvífica voz, mostrando assim a irresistibilidade de sua chamada. Por isso, ele diz sobre esta fé:

“Mas para obedecer a palavra, que chamamos de instrutor, é crer nele, indo contra ele em nada. Pois como podemos assumir uma posição de hostilidade para Deus? Conhecimento, por conseguinte, é caracterizado pela fé; E FÉ, COMUMENTE POR UMA ESPÉCIE DE UMA HARMONIA DIVINA, tornando-se caracterizada pelo conhecimento”(Stromata, II:4, &4)

Posteriormente, ensina que a fé salvífica depende de uma compreensão espiritual do homem:

“Agora ouvir é compreender. Se, então, a fé é nada mais do que um pré-conceito da mente em relação ao que é o sujeito do discurso, e obediência é assim chamado, e compreensão e persuasão; NINGUÉM PODE APRENDER QUALQUER COISA SEM FÉ, uma vez que ninguém [aprende nada], sem pré-conceito. Consequentemente, há uma mais ampla demonstração da verdade completa do que foi dito pelo profeta ‘A menos que você creia, nem você vai entender’(Is 7:9)”(Stromata, II:4, &5).

18º Argumento: "Cristo livremente traz [...] Salvação a toda a raça humana”(Clemente de Alexandria, Pedagogo, XI).

Resposta: (a)A "honestidade" intelectual do Silas Daniel é de fazer o diabo corar de vergonha. Primeiro, ele aqui se utiliza de citações de um livro- 'Cristo morreu somente pelos eleitos? - Um tratado sobre a extensão da vida de Cristo', de Norman F. Douty(p.136). (b)Segundo, ele dificulta a verificação da citação, ao citar o capítulo, sem citar o livro, pois Clemente escreveu sete volumes desta obra. Ao que parece, esta citação não existe, como citada pelo Silas Daniel, nas obras de Clemente de Alexandria. Todavia, queremos deixar bem claro que Clemente de Alexandria nunca negou que apenas os predestinados seriam os herdeiros da salvação em Cristo:

"Portanto, em substância e ideia, em sua origem, em preeminência, dizemos que a antiga Igreja Católica é uma só, reunida na unidade de uma fé que resulta dos singulares Testamentos, ou melhor, o Testamento em diferentes momentos, pela vontade de um único Deus, por meio de um só Senhor os que Ele tem ordenado, a quem Deus predestinou que haviam de ser santos, sabendo antes da fundação do mundo que eles seriam justos"(Stromata, VII:17).

"A virtude, então, que encerra a Igreja em seu alcance, como o Pastor diz, é a Fé, pela qual os eleitos de Deus são salvos"(Stromata, II:12)

(b)Ademais, mesmo esta frase, citada sem documentar a fonte original, não prova a expiação ilimitada. Dizer que Cristo traz salvação a toda a toda a raça humana, é simplesmente dizer que nenhuma nação, grupo ou etnia, foram excluídos de seu amor salvífico.

19º Argumento: "Como é que Deus não nos fez de modo que não pecássemos e não incorrêssemos na condenação? Se o ser humano fosse feito assim, não teria pertencido a si mesmo, mas seria instrumento daquele que o moveu. [...] E como, nesse caso, diferiria de uma harpa, sobre a qual outro toca; ou de um navio, que outra pessoa dirige, onde o louvor e a culpa residem na mão do músico ou do piloto, [...] eles sendo somente instrumentos feitos para uso daquele em quem está a habilidade? Mas Deus, em sua benignidade, escolheu fazer assim o ser humano; pela liberdade ele o exaltou acima de muitas de suas criaturas” (Bardesano, o Sírio [154-222], encontrado em fragmentos).

Resposta: (a)A ignorância e despreparação do arminiano Silas Daniel, é flagrante, imaginando que o autor esteja ensinando o dogma do livre arbítrio. O que ele chama de “fragmentos”, na realidade, trata-se da obra “O Livro das Leis de Vários Paises”, de Bardesanes. Todavia, não só este texto citado, mas o próprio contexto dele mostra que o autor está apenas afirmando que os homens são agentes livres. No entanto, ele revela, falando dos não cristãos, não serem estes possuidores do conhecimento salvífico, serem eles espiritualmente incapazes no sentido salvífico:

“Muitos homens estão lá QUE NÃO TEM FÉ, E NÃO RECEBERAM O CONHECIMENTO DA VERDADEIRA SABEDORIA. EM CONSEQUÊNCIA DISSO, ELES NÃO SÃO COMPETENTES PARA FALAREM E DAREM INSTRUÇÕES PARA OS OUTROS, NEM SÃO PRONTAMENTE INCLINADOS PARA OUVIR. Porque eles não têm o fundamento de fé para arquitetar sob o alto, nem têm qualquer fé para basearem sua esperança. Além disso, porque eles estão acostumados a duvidar até mesmo a respeito de Deus, eles também não têm em si o temor a Ele, que poderia, em si livrá-los de todos os outros medos, porque quem não tem temor a Deus é o escravo de todos os tipos de medos. Pois mesmo no que diz respeito a essas coisas de vários tipos que eles negam, eles não estão certos de que eles não acreditam nelas, com razão, mas eles estão abalados em suas opiniões, E NÃO TENDO NENHUMA CRENÇA FIXA, E O SABOR DE SEUS PENSAMENTOS É INSÍPIDO EM SUA PRÓPRIA BOCA; e eles estão sempre contagiados pelo medo, e inchados de agitação, e imprudência”(10º Parágrafo).

20º Argumento: "Acho, então, que o ser humano foi feito livre por Deus, senhor de sua própria vontade e poder, indicando a presença da imagem de Deus e a semelhança com Ele [...] Você verá que, quando Ele coloca diante do ser humano o bem e o mal, a vida e a morte, o curso total da disciplina está disposto em preceitos pelos quais Deus chama o ser humano do pecado, ameaça e exorta-o; e isso em nenhuma outra base, senão pela fato de o ser humano ser livre, com vontade ou para a obediência ou para a resistência [...] Portanto, tanto a bondade quanto o propósito de Deus são revelados no dom da liberdade dado ao ser humano por Sua vontade” (Tertuliano [160-220], Contra Marcião, II, 5).

Resposta: (a)Silas Daniel, delirando, imaginando estar este pai da Igreja, ensinando o dogma espúrio do livre arbítrio. Tertuliano está aqui aludindo a Adão e Eva, como lemos:

“Se Deus é bom e presciente do futuro, e foi capaz de evitar o mal, porque ele permitiu o homem, imagem e semelhança de Si mesmo e, pela origem da sua alma, sua própria substância também, SER ENGANADO PELO DIABO, cair da obediência da lei à morte?”(Contra Marcião, II:5).

A outra declaração (omitida pelos arminianos), feita logo após essa citadas pelos arminianos, corrobora que ele, citando de forma reminiscente Gn 2:16-17; 3:11; está se referindo a Adão e Eva:

ESTE SEU ESTADO FOI CONFIRMADO AINDA PELA PRÓPRIA LEI QUE DEUS ENTÃO LHE IMPÔS. Pois uma lei não pode ser imposta em cima de um que tinha não em seu poder prestar essa obediência que é devida à lei; nem mais uma vez, seria a pena de morte ameaçada contra o pecado, se o desprezo a lei fosse impossível ao homem ao homem na liberdade de sua vontade”(Contra Marcião, II:5).

Em outra obra sua(‘Da Alma, 39’), Tertuliano nega o dogma do livre arbítrio, afirmando:

“Todos estes dons da alma que foram concedidos nela no momento do nascimento, AINDA SÃO OBSCURECIDOS E DEPRAVADOS PELO SER MALÍGNO, que, no início, os considerava com inveja nos olhos, de modo que eles nunca são vistos em sua ação espontânea, nem eles são administrados como elas deveriam ser. POIS CADA PESSOA DA RAÇA HUMANA NÃO DESEJA TRASPASSAR O ESPÍRITO DO MAL, INCLINADO A PRENDER SUAS ALMAS DESDE O PORTAL DO SEU NASCIMENTO, na qual ele é atraído a estar presente em todos os supersticiosos processos que acompanham a gravidez. Assim, acontece que todos os homens são trazidos pela parteira PARA O NASCIMENTO COM A IDOLATRIA, enquanto os próprios ventres onde eles são carregados, AINDA CARREGADOS COM OS LAÇOS QUE FORAM COBERTOS ANTES DOS ÍDOLOS, DECLARANDO A SUA PROLE COMO CONSAGRADA A DEMÔNIOS”.

21º Argumento: "Ora,deve ser conhecido que os santos apóstolos, na pregação da fé de Cristo,pronunciaram-se com a maior clareza sobre certos pontos que eles criam ser necessários para todo mundo. [...] Isso também é claramente definido no ensino da Igreja de que cada alma racional é dotada de livre- arbítrio e volição” (Orígenes de Alexandria [185-253], Sobre os Princípios, Prefácio).

Resposta: (a)Silas Daniel, mais uma vez delirando, além de ser muito "honesto", fazendo o diabo corar diante de tanta 'piedade'. A parte omitida da citação do “prefácio” do “Tratado Sobre os Princípios”, diz:

“...e que para ela há um combate contra o diabo e seus anjos, e contra os seus poderes adversos, que querem carregar a alma com pecados, mas que, se nós nos conduzirmos por uma vida reta e prudente, conseguiremos nos livrar dessa mancha. Portanto, É PRECISO ENTENDER QUE NÃO ESTAMOS SUBMETIDOS À NECESSIDADE A PONTO DE SER CONSTRANGIDO DE QUALQUER MODO, MESMO QUANDO NÃO QUEREMOS, A FAZER O BEM, OU O MAL. De fato, se assumirmos nosso livre arbítrio, por mais que certos poderes nos ataquem para nos conduzir ao pecado, e outros para nos ajudar na salvação, NEM POR ISSO SOMOS OBRIGADOS A AGIR BEM, OU MAL – como opinam aqueles para os quais o movimento e o percurso dos astros são a causa dos atos humanos, não só daqueles que acontecem espontaneamente sem relação com o livre arbítrio, , mas também daqueles que estão em nosso alcance”(v)

Portanto, Orígenes aqui, meramente combate o Fatalismo, mostrando não somos governados for uma força cega e impessoal, como corpos celestes do Universo, ao mesmo tempo que realça que os homens são agentes livres.

22º Argumento: "Quando Deus se comprometeu no início a criar o mundo, como nada que vem a ser o é sem uma causa, cada uma das coisas que haveriam de existir foram apresentadas à Sua mente.Ele viu no que resultaria quando cada uma dessas coisas fossem produzidas; e quando o resultado fosse completado, o que mais iria acompanhar;e o que mais seria resultado dessas coisas quando elas fossem acontecer; e assim por diante até a conclusão da sequência de eventos,Ele sabia o que seria, sem ser totalmente a causa do que vem a ser de cada uma das coisas que Ele sabia que aconteceriam”(Orígenes de Alexandria, Comentários sobre Gênesis, Livro III, 6).

Resposta:Quando Orígenes diz: 'Ele sabia o que seria,sem ser totalmente a causa do que vem a ser de cada uma das coisas que Ele sabia que aconteceriam', está apenas afirmando que suas criaturas seriam agentes livres, agindo sem serem forçadas. Todavia, nunca negou que todos os acontecimentos ocorrem, sem terem procedido de Deus:

"É por isso que a Escritura divina nos ensina a acolher tudo o que acontece como vindo de Deus, sabendo que sem Deus nada se faz"(Tratado sobre os Princípios, III; 2:6).

23º Argumento: "Há, de fato, inúmeras passagens nas Escrituras que estabelecem com extrema clareza a existência da liberdade da vontade” (Orígenes de Alexandria, Sobre os Princípios, III, 1).

Resposta: Silas Daniel delira, tentando achar 'livre arbítrio' arminiano em Orígenes. A citação do “Tratado Sobre os Princípios”(3:1), visto que ele ainda diz na parte omitida pelos arminianos:

“A fim de compreender o que é o livre arbítrio, É PRECISO EXPLICAR ESTA NOÇÃO, de tal modo que o objeto desta pesquisa, seja exposto com exatidão quando ELA FICAR CLARA”.

Se bem, que a definição do próprio prefácio, dá-nos a entender a concepção de livre arbítrio de Orígenes, nesta obra, quando, rebatendo o fatalismo, mostra que o homem não é um mero marionete, mas agente livre e responsável em seus atos. Isso posto, mostra que Orígenes nunca ensinou que o homem possui livre arbítrio em um sentido absoluto, somo se ele fosse um ser divino. Nesse mesmo 3º livro, ele rebate essa idéia, afirmando:

“Se é Deus quem, quando quer, retira os corações de pedra, e no seu lugar põe os corações de carne para nos permitir cumprir as suas ordens e respeitar seus mandamentos, NÃO É EM NÓS QUE ESTÁ O PODER DE AFASTAR A MALDADE... Se é Deus que promete fazê-lo, se, antes que ele retire os corações de pedra, NÓS NÃO PODEMOS PÔ-LOS DE LADO, É EVIDENTE QUE NÃO ESTÁ EM NÓS O AFASTAR A MALDADE; E SE NÃO SOMOS NÓS QUE AGIMOS PARA COLOCAR EM NÓS UM CORAÇÃO DE CARNE, MAS SE É OBRA DE DEUS, NÃO DEPENDE DE NÓS VIVER VIRTUOSAMENTE, MAS SERÁ INTEIRAMENTE UMA GRAÇA DE DEUS”(De Princípios, III, 1:15)

24º Argumento: "O homem possui a capacidade de autodeterminação, na medida em que ele é capaz de querer e não querer, e é dotado com o poder de fazer as duas coisas” (Hipólito de Portus [terceiro século], Refutação de Todas as Heresias, X, 29).

Resposta: (a)Não existe nenhum Hilário de Portus, mas Hilário de Poitiers. Até personagem fantasma o Silas Daniel cria, para confundir os leitores. Agora, a frase acima, nem estabelece o dogma do livre arbítrio para as coisas espirituais, com relação ao homem ímpio, tampouco nega a predestinação. O que ela afirma é que o homem é um agente livre, que não é forçado, quando toma alguma atitude. Em outros lugares, deixa bem claro que nenhum homem caído e morto espiritualmente, tem qualquer condição de desejar algo referente as coisas espirituais:

"É preciso que ninguém duvide que, para o conhecimento das coisas divinas, devem ser empregadas as doutrinas divinas. Pois a fraqueza humana não obterá por si mesma a ciência das coisas celestes, e a inteligência das coisas corpóreas não poderá adquirir o conhecimento do que é invisível”(Da Trindade, IV:14).

25º Argumento: “Ora, aqueles que decidem que o ser humano não possui livre-arbítrio e afirmam que ele é governado pelas necessidades inevitáveis do destino [...] são culpados de impiedade para com o próprio Deus, fazendo-O ser a causa e o autor dos males humanos” (Metódio de Olimpos [250-311], O Banquete das Dez Virgens, XVI. Lembrando que Metódio escreveu ainda uma obra inteira em defesa do livre-arbítrio do homem, intitulada Concernente ao Livre-Arbítrio).

Resposta: (a)Em primeiro lugar, a citação numérica da obra está errada. A frase está no “Discurso VIII, Capítúlo 16”. (b)Em segundo lugar, Metódio está aludindo aqueles que crêem que os astros governam a vida dos homens, como demonstra o contexto (os parágrafos anteriores):

“Se nenhuma ação for realizada sem um desejo anterior, e não há desejo sem um desejo, mas o Ser Divino não tem quer e, portanto, não tem nenhuma concepção do mal. E se a natureza das estrelas está mais próximo, com referência a de Deus, sendo melhor do que a virtude dos melhores homens, em seguida, da mesma as estrelas sequer produzem o mal, nem tampouco o desejam. E além do mais, cada um daqueles que estão convencidos de que o sol e a lua e estrelas são divinas, vão permitir que eles estejam longe dos maus e incapazes de ações humanas que brotam o sentido de prazer e dor; pois tais desejos abomináveis são inadequados para a natureza celestial. Mas se eles são por natureza isentos a partir desses e não desejam nada, como deveriam ser as causas dessas coisas nos homens que eles não decidiram por si mesmos, e das quais eles são isentos?”(i-ii)

(c)Em terceiro lugar, Metódio, está, como Orígenes e outros pais da igreja, combatendo o fatalismo, mostrando que Deus não rege todas as coisas por meio de um destino cego e impessoal. Justamente por isso, ele diz:

Portanto, o destino não é a causa de todas as coisas”(O Banquete das Dez Virgens, VIII:16).

Posteriormente, ele repete:

“...aqueles que acreditam em destino não fazem distinção entre justiça e injustiça, entre a imundícia e nobreza, entre licenciosidade e temperança, o que é uma contradição”(& vi)

26º Argumento: "Mais ainda, meu oponente diz que, se Deus é poderoso, misericordioso, desejando salvar-nos, que mude as nossas disposições e nos force a confiar em suas promessas. Isso, então, é violência, não é amabilidade nem generosidade do Deus supremo, mas uma luta vã e pueril na busca da obtenção do domínio. Pois o que seria tão injusto como forçar homens que são relutantes e indignos, reverter suas inclinações; imprimir forçadamente em suas mentes o que eles não estão desejando receber, e têm horror de receber?” (Arnóbio de Sica [250?-330], Contra os Pagãos, Livro II, 65).

Resposta: Arnóbio não está aqui emitindo nenhuma opinião particular sobre o assunto, mas mencionando o pensamento errôneo de seu oponente pagão concernente a obra da salvação efetuada pelo Deus dos cristãos. Por isso, ele rebate essa opinião pagã e define bem a questão, afirmando:

ENTÃO É O DIREITO DE CRISTO SOZINHO DAR A SALVAÇÃO DAS ALMAS E CONCEDER-LHES A VIDA ETERNA”(Contra os Pagãos, II:65)

E no verso, ainda falando de Cristo, diz:

“...você deve precisa receber de nós, QUE AS ALMAS NÃO PODEM RECEBER DE NINGUÉM A VIDA E A SALVAÇÃO, EXCETO DE QUEM CONCEDEU ESTE ENCARGO E DEVER. O Mestre Todo-Poderoso do mundo determinou que este deve ser o caminho da salvação — esta a porta, para assim dizer, da vida; apenas através dela há acesso à luz: nem podem os homens entrarem em outro lugar, todas as outras maneiras sendo obstruídas e presas por uma barreira impenetrável".

27º Argumento: "O conhecimento prévio dos eventos não é a causa de que tenham ocorrido. As coisas não ocorrem porque Deus sabe. Quando as coisas estão para ocorrer, Deus o sabe” (Eusébio de Cesaréia [265-339], Preparação para o Evangelho, VI, 11).

Resposta: (a)A frase não aparece na obra mencionada:
http://www.tertullian.org/fathers/eusebius_pe_06_book6.htm

(b)Esta suposta frase nem prova a eleição condicional arminiana, tampouco nega os imutáveis e eternos decretos de Deus, emitidos antes da fundação do mundo. Tudo que ela diz é que as coisas não ocorrem porque Deus previu, e isto é verdade, caso contrário, a conversão dos pagãos de Tiro, Sidom e Sodoma, prevista por Deus caso vissem os milagres de Cristo, teria ocorrido dentro do tempo(Mt 11:20-24). Deus previu que eles criam em Cristo, se presenciassem seus milagres, mas nunca decretou nem lhes deu a oportunidade de verem os milagres de Cristo e se converterem. Contudo, a frase citada pelo Silas Daniel apenas mostra que as coisas ocorrerão, não por serem previstas por Deus, mas por estarem eternamente na mente de Deus:

"E se eles não são capazes de atribuir a diferença, eles concordarão francamente que nenhuma das coisas que dizem respeito à humanidade são causadas pelas estrelas, mas como dissemos antes, são apenas indicadas, se assim for; que é o mesmo que se alguém aprendesse os eventos passados ​​e presentes, não das estrelas, mas da mente de Deus, por algum enunciado profético"(Preparação ao Evangelho, XI)

28º Argumento: "Era necessário que o Cordeiro de Deus fosse oferecido pelos outros cordeiros cuja natureza Ele assumiu e por toda raça humana” (Eusébio de Cesareia, Demonstração do Evangelho, Prefácio, X).

Resposta: (a)Esta frase não é encontrada nesta obra, segundo os termos desta tradução do Silas Daniel:
http://www.tertullian.org/fathers/eusebius_de_03_book1.htm

(b)Todavia, o que achamos lá é que para Eusébio, Cristo morreu por todo tipo de homens, tanto judeus quanto gentios:

"Desde então, segundo o testemunho dos profetas, o grande e precioso resgate foi encontrado para judeus e gregos, a propiciação para o mundo inteiro, a vida dada para a vida de todos os homens, a oferta pura por toda mancha e pecado, a Cordeiro de Deus, as ovelhas sagradas queridas a Deus, o Cordeiro que foi predito, por Cujo ensino inspirado e místico, todos nós, gentios, obtivemos o perdão dos nossos pecados anteriores, e os judeus, como a esperança nEle, são libertados da maldição de Moisés, diariamente celebrando Seu memorial, a lembrança de Seu Corpo e Sangue, e são admitidos a um sacrifício maior que o da lei antiga, nós não achamos certo recorrer aos primeiros elementos miseráveis, que são símbolos e semelhanças mas não contém a verdade em si"(Demonstração do Evangelho, I:10)

A frase de Eusébio não favorece o dogma da expiação ilimitada do arminianismo. Mas em outro lugar, Eusébio não deixa nenhuma dúvida de que sua posição era que Cristo vira para salvar não todos os homens, mas apenas alguns deles:

"Com estas palavras o apóstolo se aparta claramente da apostasia de todo o povo judeu, ele e os apóstolos e os evangelistas de nosso Salvador, como Ele e todos os judeus que agora crêem em Cristo, como a semente designada pelo profeta nas palavras: ‘Se o Senhor dos Exércitos tinha deixado para nós uma semente’. E ele implica que eles também são aquilo que é denominado em outras profecias de ‘o remanescente’, que ele diz que foi preservado pela eleição da graça. E com referência a este remanescente agora vou voltar para os profetas e explicar o que eles dizem, de modo que o argumento pode ser baseado em mais evidências, de que Deus não prometeu absolutamente a toda a nação judaica que a vinda de Cristo seria para a sua salvação, mas apenas a um número pequeno e bastante escasso que creria em nosso Senhor e Salvador, como realmente ocorreu, de acordo com as previsões”(Demonstração do Evangelho, II:3).

Em meu livro "Arminianismo Proscrito", cito essa obra sob o nome de 'Demonstração da Pregação Evangélica', mas aqui, faço menção de se tratar deste mesmo livro chamado 'Demonstratio Evangelica'('Demonstração do Evangelho')

29º Argumento: "Todos os homens estavam sujeitos à corrupção da morte. Substituindo a todos nós, o Verbo tomou um corpo semelhante ao nosso, entregando a si mesmo à morte por nós todos como um sacrifício a Seu Pai. (...) Dessa maneira, morrendo todos nEle, pode ser abolida a lei universal da mortalidade humana. A exigência da morte foi satisfeita no corpo do Senhor e, doravante, deixa de atingir os homens feitos semelhantes a Cristo. Aos homens que se haviam entregue à corrupção foi restituída a incorrupção e, mediante a apropriação do corpo de Cristo e de Sua ressurreição, os homens são redivivos da morte”(Atanásio de Alexandria [296-373], Da encarnação, VIII).

Resposta: (a)O Silas Daniel cita a obra, sem documentar livro, capítulo, versículo, para dificultar ao leitor a verificação da frase. A citação se encontra em 'A Encarnação do Verbo'(II:8). Mas, não há nenhuma vírgula, jota ou til do dogma da expiação ilimitada nesta obra de Atanásio. A 'tradução' e a menção destas palavras de Silas Daniel a Atanásio, não devem ser objeto majoritário de nossa confiança, haja visto suas reticências, omissões e cortes no texto. Em uma das frases omitidas por ele, Atanásio afirma que Deus não privou nenhuma parte da raça humana da manifestação do Salvador:

"Por esta razão, o Verbo de Deus incorpóreo, imaterial, veio a nossa Terra, embora dela não estivesse longe anteriormente(At 17:27). De fato, ele nunca abandonou parte alguma da Criação, mas tudo enche, permanecendo, contudo, unido ao Pai(Ef 4:6-10). Mas, vem por condescendência, favorecendo-nos com seu amor e manifestação"(Da Encarnação do Verbo; II; 8:1 - Versão da Paulus).

Portanto, é nesse sentido, que se deve entender as frases citadas fora do contexto, pelo Silas Daniel - Cristo, "em benefício dos homens, o Verbo, tomou, por isso um corpo igual ao nosso"(Ibidem; II; 8:2). De acordo com Atanásio, a intenção de Cristo era ser o sacrifício vicário por todo tipo de homens, a fim de com sua morte obter uma redenção eficaz, certa e infalível:

"Desta forma, uma vez que todos nEle morrem, a sentença de corrupção proferida contra os homens será ab-rogada, após ter sido inteiramente consumada pelo corpo do Senhor. De agora em diante não mais maltratará os homens, seus semelhantes. Ele reconduzirá à incorruptibilidade os homens que se haviam voltado à corrupção, vivificá-los-á, tirando-os da morte"(Ibidem; II; 8:4).

Desta forma, as frases de Atanásio, contrariam o sistema arminiano. Primeiro, afirmam que Cristo não excluiu nenhuma parte da raça humana de sua manifestação salvífica. Em segundo lugar, segundo ele, Cristo morre como substituto de todo tipo de homens. Terceiro, sua morte física causa a morte destes homens para o mundo e a conquista prévia da promessa da glorificação, isto é, estes homens por quem Cristo morreu, e que por sua morte, deixaram de viver para este mundo, serão glorificados. Isto depõe contra dois dogmas arminianos - a resistibilidade da graça e a perda da salvação. Em outro lugar, Atanásio, deixa bem claro que a morte de Cristo estava de antemão reservada aos predestinados, não a todos os homens sem exceção:

"Ou como, o Apóstolo continua a dizer, temos 'uma herança predestinada’, mas que o próprio Senhor estabeleceuantes da fundação do mundo’, para tantos quanto Ele tinha um propósito, por nossa causa, para assumir através da carne, toda a herança do julgamento que estava contra nós, e daí em diante, fomos feitos filhos nele?"(Discurso Contra os Arianos, II:22).

Notem a tradução tendenciosa e herética do Silas Daniel: "Dessa maneira, morrendo todos nEle, pode ser abolida a lei universal da mortalidade humana". Segundo sua versão, a morte vicária de Cristo não garante, mas possibilita a glorificação. Cristo não é um Salvador de fato e verdade, mas não passa apenas de um candidato a Salvador, cuja obra pode ser consumada pelo homem, colocando seu voto nele na urna de seu coração!

30º Argumento: "O Filho de Deus veio ao mundo [...] remir todos os homens [...] sofrendo em seu corpo em favor de todos os homens” (Atanásio de Alexandria, Sermão contra os Arianos).

Resposta: Silas Daniel, mais uma vez truncando as frases de um pai da igreja, para tentar fazê-lo falar arminianamente, além de não documentar a fonte com precisão, mostrando o livro, capítulo e versículo do autor, Mas nós descobrimos a sua 'astúcia'. A citação truncada está nos "Discursos Contra os Arianos"(IV; 18), onde lemos na íntegra:

"Porque o Filho de Deus veio ao mundo, não para julgar o mundo, mas para remir todos os homens, e para que o mundo fosse salvo por ele. Anteriormente o mundo era culpado, estava sob julgamento da Lei, mas agora a Palavra tem tomado sobre Si mesmo o juízo, e tendo sofrido no corpo por todos, conferiu salvação a todos sofrendo em seu corpo em favor de todos os homens".

O texto diz que este "mundo" por quem o Filho veio, foi remido e deixou de ser culpado, e que foi salvo em toda a sua totalidade. Estava Atanásio dizendo que todos os homens sem exceção, tiveram a sua culpa apagada pelo sangue de Cristo, Silas Daniel? Estava Atanásio afirmando que Jesus conferiu salvação a todos os homens sem exceção, Silas Daniel? Todos os homens sem exceção, de acordo com Atanásio, foram salvos, Silas Daniel? Você é um falacioso.

31º Argumento: "Portanto, desejando ajudar os homens, Ele, o Verbo, habitou com os homens tomando forma de homem, tomando para si mesmo um corpo semelhante ao dos outros homens. Através das coisas sensoriais, isto é, mediante as ações de seu corpo, Ele os ensinou que os que estavam privados de reconhecê-lo, mediante sua orientação e providência universais, podem por meio das ações de seu corpo reconhecer a Palavra de Deus encarnada e através dEle vir ao conhecimento do Pai” (Atanásio de Alexandria, Da encarnação, XIV).

Resposta:O delírio do truncador de frases, Silas Daniel, é impressionante. Cita agora mais uma frase de Atanásio, tentando insinuar que ele ensinara aqui alguma espécie de livre arbítrio. Mas o próprio conteúdo por ele citado, e horrivelmente traduzido, ainda assim, nega este dogma, pois menciona aqueles, que com relação a Deus, "estavam privados de reconhecê-lo". Isso mostra, que, para Atanásio, por si mesmos, os homens não tem nenhuma condição de reconhecerem espiritualmente a Deus, e que dependeram exclusivamente da morte de Cristo, e somente por Cristo, para enfim reconhecerem o Pai. A citação foi um tiro no próprio pé. Aliás, o próprio contexto anterior do texto, deixa isso bem claro:

"A Ele que, por sua própria providência e pela ordem reinante no universo transmite o ensino sobre o Pai, cabia renovar esta doutrina"(Ibidem, II; 14:8)

32º Argumento: "Porque, conforme o Evangelho, muitos são os chamados e poucos os escolhidos [...] A eleição, portanto, não é questão de juízo acidental. É uma distinção feita por intermédio de uma seleção baseada no mérito. Feliz, então, aquele a quem Deus elege: bendito em razão de ele ser digno da eleição”(Hilário de Poitiers [300-368], Tratado Sobre os Salmos, 64, V).

Resposta: A 'piedade' do Silas Daniel, deixa o diabo morrer de vergonha. Truncando novamente a frase de mais um pai da igreja - agora, Hilário. A frase inteira, sem cortes, diz:

"Bendito é aquele a quem você escolheu e conduz, para que ele habite em seus tabernáculos'(Sl 65:4). De fato, toda a carne virá, isto é, nós nos uniremos de toda raça humana: mas quem quer que seja escolhido, ele é abençoado. Porque muitos, segundo o Evangelho, são chamados, mas poucos escolhidos(Mt 22:14). Os eleitos são distinguidos em suas vestes nupciais, esplêndidos no corpo puro e perfeitos no novo nascimento. A eleição, portanto, não é uma coisa de um julgamento aleatório. É uma distinção feita por seleção baseada na virtude. Bendito, então, é aquele quem Deus elege: abençoado pela razão de que ele é honrado devido a eleição. E nos é dado saber em que respeito os abençoados serão eleitos, isto sendo claro a partir do que se segue: 'Ele habitará em seus tabernáculos'".

Mas, ele trunca e distorce toda a fala de Hilário, para fazê-lo falar arminianamente. Com gente desse tipo, Satanás tira férias.

33º Argumento: "Saiba também que você tem uma alma auto governada, a mais nobre obra de Deus, feita à imagem do Criador, imortal por causa de Deus que lhe dá imortalidade, um ser vivente racional, imperecível, por causa dele que concedeu esses dons: tendo livre poder para fazer o que deseja (Leituras, IV)”

Refutação: O contexto posterior dessa frase, omitida propositalmente pelos arminianos, prova que Cirilo está combatendo o fatalismo, não, ensinando o livre arbítrio:

“Porque não está de acordo com teu nascimento que você peque, e nem pelo poder do acaso que você comete fornicação, nem, como alguns falam à toa, que a conjunção dos astros o força a entregar-se a lascívia? Por que você encolhe confessar suas próprias maldades e atribuir a culpa às estrelas inocentes? Não atentes mais, implorando, para os astrólogos“(Leitura Catequética, IV:18)

34º Argumento: "A alma é autogovernada: e embora o Demônio possa sugerir, ele não tem o poder de obrigar a vontade. Ele lhe pinta o pensamento da fornicação, mas você pode rejeitá-lo, se quiser. Pois se você fosse fornicador por necessidade, por que razão Deus preparou o inferno? Se você fosse praticante da justiça
por natureza, e não pela vontade, por que preparou Deus coroas de glória inefável? A ovelha é afável, mas ela nunca foi coroada por sua afabilidade; visto que sua qualidade de ser afável lhe pertence por natureza, não por escolha” (Cirilo de Jerusalém, Leituras, IV).


Resposta: Aqui, o Silas Daniel, não se contém diante de seu Baal do livre arbítrio, tentando ver o seu deus em tudo que é lugar, mesmo onde ele não está. Aqui Cirilo repete a mesma questão anterior, mostrando que os homens são agentes livres, quando praticam ações más ou boas, combatendo o fatalismo. Ele, mesmo, pelo contexto, mostra que assim que a alma adentra no corpo do homem, toda a sua liberdade é contaminada com o pecado:

“E sabemos isso também, que a alma, antes de vir a este mundo, não tinha cometido nenhum pecado, mas tendo entrar sem pecado, TEMOS AGORA O PECADO DEVIDO O NOSSO LIVRE ARBÍTRIO”(Leitura Catequética, IV:19).

E tão grande é a destruição da liberdade da vontade humana pela contaminação do pecado, que Cirilo diz:

“A ferida da natureza humana é muito grande, QUE DOS PÉS À CABEÇA NÃO NELE COISA SÔ(Leituras Catequéticas, 12:7).

35º Argumento: "Sois feitos partícipes de uma videira santa: se permaneces na videira, crescerás como um cacho frutífero; porém, se não permaneces, serás consumido pelo fogo. Assim, pois, produzamos fruto dignamente. Que não nos suceda o mesmo que aquela videira infrutífera; não ocorra que, ao vir Jesus, a maldiga por sua esterilidade. Que todos possam, ao contrário, pronunciar estas palavras: ‘Eu, porém, como oliveira verde na casa de Deus, confio no amor de Deus para todo o sempre’. Não se trata de uma oliveira sensível, mas inteligível, portadora da luz. O que é próprio dEle é plantar e regar; a ti, porém, cabe frutificar. Por isso, não desprezes a graça de Deus: guardai-a piedosamente quando a receberdes” (Cirilo de Jerusalém, Catequese, I, 4).

Resposta: (a)A intenção do Silas Daniel, é insinuar a perda da salvação, com as expressões "porém, se não permaneces, serás consumido pelo fogo" e "Que não nos suceda o mesmo que aquela videira infrutífera; não ocorra que, ao vir Jesus, a maldiga por sua esterilidade". Contudo, considerando que ambas as expressões estão inseridas a partir de um comentário baseado em Rm 11:24, que no seu contexto, se refere a excomunhão de um membro da igreja. A questão gira em torno da expressão “também tu serás cortado”. (i)O verbo grego aqui traduzido por “cortado” é o verbo ἐκκοπήσῃ (ekkopēsē), que de acordo com o Léxico Grego do Novo Testamento de Edward Robinson, tem o significado de “golpear fora ou cortar fora ou remover”(p.287). É a mesma palavra usada por nosso Senhor em Mt 5:30; 18:8, para se referir a amputação de um membro do corpo, e pode evidentemente ser entendido tanto em sentido temporal(exclusão de vida física, morte) como também em sentido material(exclusão de bençãos materiais), ou espiritual(excomunhão da igreja). (ii)Olhando o verso 21, perguntamos: Em que sentido Deus não poupou os ramos naturais?(Os judeus). Os judeus, como descendentes carnais de Abraão, devido a sua incredulidade, foram mantidos em sua cegueira espiritual, e assim privados da obtenção da salvação (Rm 11:7-10,19,20). Da mesma forma, os cristãos gentios poderiam sofrer algum tipo de “corte” por parte de Deus. Não, no mesmo tipo de “corte” aplicado em relação aos judeus, não sendo cortados ou privados repentinamente da salvação, mas sendo privados de certas bençãos temporais ou até materiais. Quando um justo deixa de crer na Palavra de Deus, e deixa de obedecer a Deus e a sua Palavra, a benignidade de Deus é cortada parcialmente dele e é duramente castigado por Deus(Sl 89:30-33), sendo cortado de bênçãos espirituais(Jr 11:14; Ez 8:18; Zc 7:13) e até temporais(Nm 12:9-11; Lc 15:16-17), fazendo com que o Altíssimo chegue a ferí-lo e até a matá-lo, se preciso for, para que, através dessa ocorrência, a comunhão perdida seja restaurada com Ele e o seu povo(Sl 78:22-35). Pode ainda o texto se referir a excomunhão de um cristão, exatamente como ocorreu com aquele indivíduo que cometeu incesto em Corinto(1 Co 5:1-1,13), embora não tivesse sido privado da salvação em si(1 Co 5:5). Talvez este seja o sentido mais próprio para o entendimento da expressão “também tu serás cortado”. Mas de forma alguma um cristão pode ser cortado da salvação, visto que o contexto de Rm 11:22-22 mostra que os cristãos gentios, tem a sua salvação baseada na misericórdia de Deus(Rm 11:30-31), e uma vez que os cristãos gentios foram eleitos e atraídos pela vocação de Deus(Rm 9:23-26), e como a vocação de Deus é irrevogável(Rm 11:29), os cristãos gentios não podem ter anulados a sua vocação por parte de Deus.

36º Argumento: "Não maravilha que o mundo todo foi resgatado, porque Ele não foi apenas um homem, mas o Unigênito Filho de Deus” (Cirilo de Jerusalém, Catequese, XIII, 2).

Resposta: (a)Silas Daniel, 'todos os homens, sem exceção, de acordo com Cirilo, foram redimidos por Cristo? Onde a Bíblia ensina isso? Onde estão agora as almas de Judas, Anás, Caifás, Nero, Calígula, Hitler, Mussolini, Kardec, Russell, Ellen White? Na realidade, o texto mostra que Cristo, com sua morte, obteve uma eficaz redenção de pecadores, embora não de todos os pecadores, sem exceção. Cirilo, pelo contexto, está se referindo àqueles, que através da eficácia salvífica da morte de Cristo, passaram a crer nEle e que irão para o céu:

"E se por causa da árvore de alimento eles foram expulsos do paraíso, não deverão os crentes agora mais facilmente entrarem no paraíso por causa da Árvore de Jesus?"(Leitura Catequética, 13:3)

37º Argumento: "Eles, então, que foram selados pelo Espírito até o dia da redenção e preservaram puros e intactos os primeiros frutos que receberam do Espírito, ouvirão as palavras: ‘Muito bem, servos bons! Como fostes fiéis no mínimo, tomai o governo de muitas coisas’. Da mesma forma, os que ofenderam o Espírito Santo pela maldade de seus caminhos, ou não forjaram para si o que Ele lhes deu, serão privados do que receberam e sua graça será dada a outros; ou, conforme um dos evangelistas, serão totalmente cortados em pedaços, cujo significado é ser separado do Espírito”(Basílio Magno [329-379], Sobre o Espírito Santo, XVI, 40).

Resposta: (a)Mais uma vez, Silas Daniel, faz uma citação, omitindo a frase anterior. Esta frase diz:

"Pois quem é tão ignorante das boas coisas preparadas por Deus para os que são dignos, a ponto de não saber que a coroa dos justos é a graça do Espírito, concedida em medida mais abundante e perfeita naquele dia, quando a glória espiritual ser distribuído a cada um na proporção em que ele deve ter jogado nobremente o homem? Pois entre as glórias dos santos estão muitas moradas na casa do Pai, isto é, diferenças de honra: pois, como a estrela difere da estrela na glória, assim também é a ressurreição dos mortos(1 Co 15:41-42)".

Basílio está se referindo aqueles cristãos que tinham conhecimento de que a coroa ou recompensa dos justos, é a graça do Espírito Santo, e que cada santo nos céus será honrado com um tipo de glória diferente, e desse modo, ocorrerá na ressurreição dos mortos, aludindo a diferença que haverá entre ambas as ressurreições, aludindo aos crentes verdadeiros e aos nominais. Do primeiro grupo, afirma ser este aquele que, tendo sido selado pelo Espírito Santo para o dia da redenção(aludindo a certeza e garantia da perseverança final), perseveraram na santidade, ouvirão um 'bem vindo' do Senhor; enquanto que aos outros, que tendo recebido certa graça [graça comum] do Espírito Santo, tendo ofendido este Espírito, pelos seus atos de maldades, e por não terem trabalhado naquela graça que o Espírito lhes concedeu, serão privados desses dons, isto é, terão essa graça comum do Espírito retirada deles e repassada a outras pessoas, e, posteriormente, segundo o evangelista Mateus(Mt 24:51), eles serão cortados à parte, isto é, de acordo com Mt 24:51, será separado dos demais cristãos, e o seu senhor "destinará a sua parte com os hipócritas; ali haverá pranto e ranger de dentes"(Mt 24:51). Portanto, o que Basílio diz e faz aqui, é uma distinção entre a diferença da ressurreição entre os crentes verdadeiros(possuidores da graça especial do Espírito), e os crentes nominais, possuidores da graça comum do Espírito, como Judas Iscariotes, Caifás e muitos falsos profetas(Mc 6:7-13; Jo 11:49-52; Mt 7:21-23).

(b)A tradução 'ou, conforme um dos evangelistas, serão totalmente cortados em pedaços, cujo significado é ser separado do Espírito', é uma tradução tendenciosa, feita pelo Silas Daniel, usando de cortes e retalhos de frases coladas, para dar a entender que Basílio está ensinando a possibilidade da perda da salvação. Veja a citação completa, sem cortes, retalhos e adaptações dos retalhos a frases anteriores:

"A expressão 'ser partido ao meio', significado ser completamente apartado do Espírito. Não se divide um corpo, a fim de que uma parte seja entregue ao suplício e outra fique livre. Seria um mito. Um juiz justo, sabendo que o todo é culpado, não castigará apenas a metade. Nem a alma pode ser cortada em duas, mas ela é globalmente que concebe o pensamento culpado e com o corpo coopera no mal. 'Ser partida ao meio' representa para a alma, como já disse, uma separação definitiva do Espírito. Entretanto, se o Espírito não se envolve com os desonrados, parece, todavia, tornar-se de algum modo presente aos que uma vez foram marcados com o selo, aguardando que eles se convertam e se salvem. Do contrário, será totalmente desligado da alma que tiver profanado sua graça".

Assim, o resumo e explicação de todo o pensamento de Basílio, fica mais claro. Ele está afirmando as seguintes coisas: (i)Os crentes nominais, após terem sido privados destas graças comuns do Espírito, serão totalmente apartados do Espírito, no sentido de não serem mais alvos de nenhuma operação comum de sua graça; (ii)Aqueles que forem privados da graça comum do Espírito, serão condenados na alma e no corpo; (ii)O Espírito Santo não se envolve salvíficamente com esses desonrados, se tornando presente na vida deles; (iii)Estes desonrados, embora uma vez tenham sido marcados com o selo(o Espírito Santo), no sentido de terem uma vez sido alvo das operações comuns do Espírito, não são considerados salvos e convertidos, o que prova que o texto não se refere a perda da salvação, mas da perda de certas operações comuns do Espírito, concedidas até a descrentes; (iv)Estes ímpios, desonrados, e despojados destas operações comuns do Espírito, são contemplados como exortados ao arrependimento, o que mostra que Basílio não se refere a verdadeiros crentes, mas a ímpios.

38º Argumento: "Mas uma coisa foi encontrada que era equivalente a todos os homens, [...]o santo e precioso sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, o qual foi derramado por nós todos” (Basílio Magno, Sobre Salmos 49,VII, 8, seção 4).

Resposta: A frase, aqui, novamente truncada pelo Silas Daniel. Ei-la na íntegra:

"Uma coisa foi encontrada de tal valor para pagar o preço por toda a humanidade; o sangue santo e precioso de nosso Senhor Jesus Cristo, que ele derramou em nosso favor por todos nós",

Portanto, quando Basílio diz aqui que foi encontrada uma coisa de tal valor para pagar o preço por toda a humanidade, não algo 'equivalente a todos os homens'(como traduz capciosamente Silas Daniel), está se referindo a um sacrifício expiatório que diz respeito a "nós", visto as expressões "em nosso favor" e "por todos nós". A quem Basílio dizia tais coisas? A todos os homens sem exceção, ou apenas àqueles já salvos por Cristo? A quem ele estava catequizando, nesses seus escritos - ímpios ou regenerados? Por isso, em outro comentário dos Salmos, ele diz, aludindo a eleição particular e pessoal:

"Deus não é o Deus de todos, mas daqueles que se unem a Ele em amor, como o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó; pois se fosse o Deus de todos, ele teria dado a eles um testemunho como algo muito excelente"(Comentário do Salmo 29).

Em outro lugar, restringindo o objeto de sua morte expiatória a um grupo específico, ainda diz:

"Onde os homens espirituais são os autores de conselhos, e o povo do Senhor os seguem com unanimidade, quem pode duvidar que isto é pela palavra de nosso Senhor Jesus Cristo, que derramou seu sangue pela igreja"(De Batismo, II).

39º Argumento: "...os detratores de tudo o que é louvável, entenebrecedores da luz, inculturados em relação à sabedoria, por quem Cristo morreu em vão” (Gregório de Nazianzo [329-389], Sermão 45, Segundo Sermão da Páscoa, XXVI).

Resposta: (a)Silas Daniel, xarope? Qual é realmente o sermão? o 45º ou o 2º?

(b)Silas Daniel cita a frase, truncando sua última expressão. O texto na íntegra é:

"A isto que têm para dizer aqueles descontentes, aqueles amargos pensadores sobre o Supremo, aqueles detratores de tudo o que é louvável, aqueles escurecedores da luz, incultos a respeito da sabedoria, por quem Cristo morreu em vão, aquelas criaturas ininteligíveis, o trabalho do Mal?".

(c)O Silas Daniel tenta atribuir a este frase a idéia de que Cristo morreu por todos os homens sem exceção. O texto em inglês diz: "for whom Christ died in vain".Este adjetivo inglês "vain", também pode ser traduzido por "sem valor". Da forma, que Gregório está dizendo aqui que para estes'detratores'(difamadores)de tudo que é louvável, entenebrededores(escurecedores) da luz e destituídos de sabedoria, a morte de Cristo não tem nenhum valor, pois eles não passam de 'obra do Malígno'. O pensamento completo de Gregório, é omitido pelo Silas Daniel. Gregório afirma posteriormente que a morte de Cristo só teria valor para os seus eleitos, suas ovelhas:

"Você transforma esse benefício em uma censura a Deus? Por isso, julgas pouco por ele que se humilhou para ti? Porque o Bom Pastor, aquele que dá a vida pelas suas ovelhas, veio buscar o que se desviara sobre os montes e colinas, em que estava sacrificando, e achou o errante; e, tendo encontrado, tomou sobre os Seus ombros - sobre os quais Ele também levou a Madeira da Cruz; e, tomando-o, trouxe-o de volta à vida superior; e, levando-o de volta, enumerou-o entre aqueles que nunca se desviaram".

40º Argumento: "O sacrifício de Cristo é uma expiação imperecível pelo mundo inteiro” (Gregório de Nazianzo, Sermão 2 para Páscoa).

Resposta: (a)A alegada frase, além de não ser encontrada na suposta obra, sequer denota nenhuma idéia explícita de uma expiação ilimitada, como deseja o Silas Daniel. Apenas ela afirma que nenhuma nação foi preterida desta expiação. E o pior. A frase contraria o falso dogma arminiano da perda da salvação, pois afirma que a expiação que Cristo deu sacrificialmente ao mundo é "imperecível", isto é, não pode perecer, de formas que uma vez salvos pela morte expiatória de Cristo, para sempre salvos. (b)Ao que tudo indica, a frase não existe, segundo os moldes transcritos pelo Silas Daniel. Antes é citada resumidamente e de forma reminiscente a partir de uma outra obra de Gregório:

"Ele é vendido e muito barato, pois é apenas por trinta peças de prata; mas ele redime o mundo e isso a um grande preço, pois o preço era o seu próprio sangue. Como uma ovelha Ele é levado ao massacre, mas Ele é o Pastor de Israel, e agora de todo o mundo também”(Oração XXIX, A terceira oração teológica sobre o Filho, XX).

A menção, tanto da suposta frase do Silas Daniel, como da frase por mim citada documentalmente, é que Cristo não é apenas o redentor dos judeus, mas dos judeus e dos gentios, isto é, de todo o mundo, sem distinção de nação, raça ou etnia.

41º Argumento: "Sendo à imagem e semelhança [...] do Poder que governa todas as coisas, o ser humano manteve também na questão do livre-arbítrio esta semelhança a ele cuja vontade domina tudo” (Gregório de Nissa [330-395], Sobre a Virgindade, XII).

Resposta: (a)Novamente a citação é truncada, para confundir o leitor... Veja a citação completa:

“Sendo a imagem e semelhança, como já foi dito, do poder que governa todas as coisas, o homem também manteve na questão de um livre-arbítrio esta semelhança com Ele cuja Vontade é sobre todos. ELE NÃO FOI ESCRAVIZADO POR NENHUMA NECESSIDADE EXTERNA À SUA VONTADE; seu sentimento para o que lhe agradava dependia apenas de seu próprio julgamento pessoal; ele estava livre para escolher o que quisesse; E ASSIM ELE ERA UM AGENTE LIVRE, APESAR DE ENVEREDADO PELA ASTÚCIA, QUANDO ELE ATRAIU PARA SI O DESASTRE QUE AGORA OPRIME A HUMANIDADE. ELE PRÓPRIO SE TORNOU O INVENTOR DO MAL, mas ele não inventou o que nele Deus tinha feito; porque Deus não fez a morte. O homem tornou-se, de fato, o seu fabricante, até certo ponto, o artífice do mal”.

Portanto, ele menciona Adão e Eva, e essa citação não serve para fornecer base para o dogma do livre arbítrio arminiano. Por isso, que na mesma obra, Gregório diz:

E TEM, INVÉS DA LIBERDADE DA VONTADE, A IMPIEDADE TOTAL DO PECADO”(Orat. Dominic. 5).

42º Argumento: "Então, falando do Pai, Ele acrescentou ‘Para quem estiver preparado’, para mostrar que o Pai também não está acostumado a dar atenção apenas aos pedidos, mas aos méritos; pois Deus não faz acepção de pessoas (At 10.34). Por isso também o apóstolo diz: ‘Os que dantes conheceu, também os predestinou’(Rm 8.29). Ele não predestinou-os antes de os conhecer, mas Ele predestinou à recompensa aqueles cujos méritos de antemão Ele conheceu”(Ambrósio de Milão [337-397], Sobre a Fé, Livro V, 6, 82).

Resposta: (a)A sutileza do Silas Daniel, é de deixar o diabo corado. Ambrósio não está apregoando aqui nenhuma idéia de eleição condicional. Ele não está falando da presciência divina das obras das pessoas, mas das pessoas que praticarão estas boas obras, até porque Paulo e Pedro diz que os eleitos são criados de antemão, e eleitos de antemão, para as boas obras(Ef 2:10; 1 Pd 1:2). O texto diz que "Ele predestinou à recompensa àqueles cujas recompensas de antemão Ele conheceu"(Minha tradução). O substantivo inglês "merit", também tem como significado "recompensas", embora o Silas Daniel o traduzisse aqui por "mérito". Entendemos que essa deva ser a tradução da palavra, visto que no contexto anterior da frase, Ambrósio nega que os predestinados possuam qualquer mérito diante de Deus:

"Você deve, de fato, beber do Meu cálice, Ele diz; isto é, eu não vou recusar-lhe o sofrimento, que minha carne sofrerá. Por tudo que assumi como homem, você pode imitar. Eu te dei a vitória do sofrimento, a herança da cruz. 'Mas sentar-se à minha direita e à minha esquerda não é meu para dar a você'. Ele não disse: não é meu para dar, mas: não é meu para dar a você; significando por isto, não que Ele não possuísse o poder, mas que Suas criaturas estivessem desprovidas internamente do mérito"(Sobre a Fé; V; 6:80).

43º Argumento: "Apesar de Cristo ter padecido por todos, Ele padeceu especialmente por nós”(Ambrósio de Milão, Exposição do Evangelho de Lucas, VI, 7).

Resposta: A frase atribuída a Ambrósio por Silas Daniel, é truncada, além de ser citada de forma errada numericamente, com relação ao livro e verso. A verdadeira frase de Ambrósio é a seguinte:

"E se Cristo morreu por todos, ainda sofreu particularmente por nós, porque sofreu pela igreja"(Exposição ao Evangelho de Lucas, VI:25).

No dizer de Ambrósio, dizer que Cristo morreu por todos, significa que ele sofreu particularmente pela Igreja, PORQUE ELE SOFREU POR ELA. Portanto, a expressão 'se Cristo morreu por todos", equivale a dizer que ele morreu de forma particular, por cada membro da igreja, ou por toda a igreja coletivamente falando. Ele deixa isso bem claro, ao afirmar que dizer que Cristo morreu pela igreja, equivale a dizer que ele morreu pelo mundo, pelo fato de 'mundo', significar para ele a 'igreja', e também pelo fato de que 'igreja', pra ele, significa 'os eleitos":

"O Senhor Jesus Cristo foi pendurado na cruz para que pudesse livrar todos os tipos de homens, a partir do naufrágio do mundo. E quando ele diz que Cristo morreu, e redimiu o mundo, essas frases são facilmente contabilizadas, uma vez que é bastante evidente que o mundo por ele frequentemente significa a igreja”(Sermão 53, in Feria 6, Hebdom. Sanct)

Aliás, até em seu comentário de Lucas, ele deixa isso bem claro:

"Pois um menino nos nasceu(Is 9:6); para nós que cremos, não para os judeus, que não creram, mas para nós, não para os hereges, mas para nós, não para os maniqueístas"(Comentário do Evangelho de Lucas, 1:6).

44º Argumento: "Este místico Sol da Justiça foi levantado por todos, veio para todos; Cristo padeceu por todos e ressuscitou por todos. Mas se alguém não crê em Cristo, está privando a si mesmo desse benefício universal, [...] o benefício comum do perdão divino e da remissão dos pecados [o qual] não pertence [...] aos anjos caídos. [...] Cristo veio para salvação de todos, Ele empreendeu a redenção para todos, na medida em que Ele trouxe um remédio pelo qual todos pudessem escapar, apesar de haver alguns [...] que não desejam ser curados” (Ambrósio de Milão, Sobre Salmos 118, Sermão VIII).

Resposta: (a)A alegada citação (ou nenhuma de suas frases) atribuída a Ambrósio, não existe na sua exposição do Salmo 118, de Ambrósio:
https://archive.org/stream/CSEL62/CSEL62_djvu.txt

(b)Apesar de não existir tal citação, ela aparece no site arminiano pentecostal, de onde o Silas Daniel a tirou, juntamente com outras frases atribuídas aos pais da igreja, nesse seu livro:
https://diariosdeavivamientospentecostal.wordpress.com/

(c)Sobre a posição de Ambrósio, já deixamos bem claro, citando-a acima.

45º Argumento: "Esses que são chamados de acordo com a promessa são aqueles que Deus sabia que seriam verdadeiros crentes no futuro, pois eles antes mesmo de crerem já eram conhecidos [por Deus]. [...] Da mesma forma, [Deus] condenou Faraó pelo Seu pré-conhecimento, pois sabia que este não se consertaria, e escolheu o apóstolo Paulo quando ele ainda estava perseguindo a Igreja, pois sabia que ele não deixaria de ser bom mais tarde”(Ambrosiaster [370 d.C.], Comentário às Treze Epístolas de São Paulo, trechos em que comenta as passagens de Romanos 8.28 e 9.14)

Resposta: (a)A primeira citação(Ambrosiaster, Comentário de Rm 8:28), embora usada pelo Silas Daniel, para justificar a falsa crença da eleição incondicional, apenas menciona a presciência de Deus se refere às pessoas, não às suas obras. Contudo, ele omite a frase anterior do comentário, onde a obra defende a perseverança dos santos:

"Paulo diz que isso se tornou as orações daqueles que amam a Deus, mesmo que sejam ineptos, não irão cair. Deus conhece a intenção do coração e sua ignorância, e não lhes dará coisas que eles pedem se elas são prejudiciais, ao contrário, ele lhes ensina o que deve ser dado às pessoas que amam a Deus. Isso é o que o Senhor disse no Evangelho: Pois seu Pai sabe o que você precisa, mesmo antes de você perguntar a ele".

(b)A segunda frase(Ambrosiaster, Comentário de Rm 9:14) a presciência de Deus continua a se referir às pessoas que cometeriam certas obras, não às obras que estas pessoas cometeriam. Note que a obra não diz que Deus escolheu Paulo quando ele foi visto como parte da igreja, mas 'quando ele ainda estava perseguindo a igreja'. Quando a obra diz que Deus sabia que Paulo "não deixaria de ser bom", está com isso afirmando a doutrina da perseverança dos santos, o que contraria mais um ponto do arminianismo - a perda da salvação.Todavia, tal expressão acima (citada pelo Silas Daniel)não pode expressar que o Ambrosiaster veiculasse aqui alguma ideia de eleição condicional, visto que em seu "Comentário de Rm 9:13", ele diz que nada além do que está incluso da presciência de Deus, poderá acontecer:

"Paulo proclama a presciência de Deus citando esses eventos, porque nada pode acontecer no futuro além de Deus já sabe. Portanto, sabendo o que cada um deles se tornaria, Deus disse: 'O mais jovem será honrado e o mais velho desonrado'. Sua presciência escolheu um e rejeitou o outro. E naquele que Deus escolheu, seu propósito permaneceu, porque nada além do que Deus sabia e propôs nele, para torná-lo honrado devido a salvação, poderia acontecer. Da mesma forma, o propósito de Deus permaneceu naquele que ele rejeitou".

Portanto, no dizer desta obra, as coisas acontecerão no futuro, não unica ou meramente pela presciência, mas pelo propósito de Deus. Em outras palavras, as coisas são previstas como ocorrendo no futuro, porque foram antes desejadas por Deus. E isto refuta o arminianismo, derrubando dogmas como livre arbítrio, graça resistível e perda da salvação.

46º Argumento: "Para respondermos a todos que insistem em perguntar ‘Como podemos ser salvos sem contribuir com nada nessa salvação?’, Paulo nos mostra que, de fato, temos uma grande dose de contribuição nela: entramos com a nossa fé!”(João Crisóstomo [347-407], Homilia em Efésios).

Resposta: (a)Esta citação não se encontra na alegada obra:
http://www.newadvent.org/fathers/2301.htm

(b)No entanto, Crisóstomo não deixa dúvidas de que a fé não é nenhum produto oriundo do homem, tendo sua orígem apenas em Deus:

"Nem a fé vem de nós, pois se Cristo não viesse, se não nos chamasse, como poderíamos crer? 'E como poderiam crer naquele que não ouviram?'(Rm 10:14). Por conseguinte, nem a fé é nossa"(4ª Homília sobre Efésios, 8)

"Com efeito, o fato mesmo de serdes salvos pela fé não vem de vós; não fostes vós os primeiros a aceder, mas fostes chamados"(1ª Homília sobre 1 Coríntios)

"Olhemos para Cristo, 'o autor e realizador da fé'. Que sentido tem isto? Ele nos incutiu a fé, deu-nos o início"(28ª Homília sobre Hebreus).

47º Argumento: "Porquanto Deus pôs em nosso poder o bem e o mal, deu-nos o livre- arbítrio da escolha, e quando não queremos não nos força; quando, porém, queremos, nos abraça”(João Crisóstomo, Homilia sobre a Traição de Judas, I, 3).

Resposta: (a)Crisóstomo aqui combate apenas o Fatalismo, mostrando que as coisas não ocorrem em vista de uma força cega ou impessoal, mas de um Deus soberano, e que pensar que tudo que ocorre com o homem é produto do acaso, é um erro.. (b)Em sua "Homília 83 sobre o Evangelho de Mateus", afirma que Judas estava irrevogavelmente destinado a trair a Cristo:

"Mas São Lucas observa que até o exato momento em que Judas cometeu um ato tão negro, Jesus Cristo não cessou de avisá-lo: 'Judas', disse-lhe, 'você trai o Filho do Homem por um beijo'? E você não se envergonha em usar este sinal para cometer sua traição? No entanto esta reprovação tão moderada não pode reter este coração de pedra. Ele o beija, e Jesus Cristo ao seu lado sofre esse beijo parricida, para se entregar nas mãos dos pecadores".

Em outro lugar, Crisóstomo se refere a Judas novamente como alguém já de antemão predestinado a condenação, quando afirma:

"Porque o evangelista também, maravilhado com sua ousadia, diz isto. O que então diz o mais suave e gentil Jesus? Você diz. E, todavia, Ele poderia ter dito: 'Ó tu profano, tu todo profano; amaldiçoado e profano; por tanto tempo em trabalho de malícia, que seguiu seu caminho e fez pactos satânicos, e concordou em receber dinheiro, e também foi condenado por mim, você ainda se atreve a perguntar?"(Homília 81 sobre o Evangelho de Mateus).

48º Argumento: "Disse alguém: ‘Então é suficiente crer no Filho para se ganhar a vida eterna?’ De maneira nenhuma. Escuta esta declaração do próprio Cristo, dizendo: ‘Nem todo aquele que me diz: ‘Senhor, Senhor’ entrará no reino dos céus’; e a blasfêmia contra o Espírito é suficiente para lançar um homem no inferno” (João Crisóstomo, Homilia sobre o Evangelho de João, XXXI, 1).

Resposta: (a)Crisóstomo está falando da fé intelectual, que dista da fé salvífica, que produz frutos. O texto citado por ele - Mt 7:21-23 - pelo contexto, menciona homens "vestidos como ovelhas, mas, interiormente, lobos devoradores"(Mt 7:15). João menciona a possibilidade de filhos do diabo possuírem mera fé intelectual em Jesus(Jo 8:30-44), sem possuírem verdadeira fé salvífica(Jo 8:45-47). (b)Por não crerem verdadeiramente em Jesus como Filho de Deus, estavam cometendo a blasfêmia contra o Espírito Santo(Mc 3:22-29). Certamente, "aquele que não crê no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus sobre ele permanece"(Jo 3:36). Por isso, Jesus mesmo diz que "aos incrédulos...a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre; o que é a segunda morte"(Ap 21:8). De fato, a blasfêmia contra o Espírito Santo, que é a persistente incredulidade em Cristo, leva o homem para o inferno. O escritor arminiano Claudionor Correa de Andrade, afirma que tal pecado consiste na "rejeição contínua, persistente e sistemática da verdade"(Dicionário Teológico, CPAD, 1996, p.53).

49º Argumento: "Isto é o que Marcião pergunta, e todo o grupo de hereges que mutilam o Antigo Testamento, com a maior parte de seu argumento girando em torno de algo como isto: ou Deus sabia que o homem, colocado no Paraíso, transgrediria Sua ordem, ou Ele não sabia. Se Ele sabia, o homem não tem culpa, pois não pôde evitar a presciência de Deus, pois Aquele que o criou o fez de tal forma que ele não poderia escapar do conhecimento de Deus. E se Ele não sabia, estará privando-o da Sua presciência, então também estará tirando Sua divindade. Mediante essa mesma argumentação, Deus será merecedor de culpa por escolher Saul, que se provaria um dos piores dos reis. E o Salvador deve ser condenado seja por ignorância ou por injustiça, na medida em que Ele disse no Evangelho: ‘Não vos escolhi a vós os doze, e um de vós é um diabo?’. Pergunte a Ele por que escolheu Judas, um traidor? Por que Ele confiou a ele a bolsa, quando Ele sabia que ele era um ladrão? Devo dizer-lhe a razão? Deus julga o presente, não o futuro. Ele não faz uso de sua presciência para condenar um homem que Ele sabe que vai mais à frente desagradá-lo; mas essa é a Sua bondade e misericórdia indizível, que Ele escolhe um homem que, Ele sabe, vai, entretanto, ser bom e, quem sabe, vai acabar mal, dando-lhe assim a oportunidade de ser convertido e de se arrepender. Esse é o significado das palavras do apóstolo, quando ele diz: ‘Tu não sabes que a bondade de Deus te leva ao arrependimento? Mas, com a dureza e impenitência do teu coração, acumulas ira para ti no dia da ira e da revelação do justo juízo de Deus, que retribuirá a cada um segundo as suas obras’. Adão não pecou porque Deus sabia que ele faria assim, mas Deus,justamente pelo fato de ser Deus, sabia de antemão o que Adão faria pela sua livre escolha” (Jerônimo [347-420] Contra os Pelagianos, Livro III, 6).

Resposta: (a)Nenhuma das palavras de Jerônimo aqui citadas fora do contexto pelo Silas Daniel, provam que Deus toma suas prévias decisões sobre o destino do homem baseadas na presciência das futuras obras deles. De acordo com Jerônimo, a razão de Deus de conceder a oportunidade de um homem "ser convertido" é baseada não meramente na previsão das obras deste homens. Note a expressão - 'ser convertido' - Nesse caso, sua escolha para eleger um homem que ele sabe que no futuro vai ser bom ou mau, não se baseia na previsão das obras deste homem, mas na 'Sua bondade e misericórdia'. Note que a vontade ou as futuras obras do homem nunca são levadas em consideração. A expressão "ser convertido" mostra que na conversão, a vontade do homem é passiva, e a de Deus, ativa; e que simultaneamente a conversão, ocorre o arrependimento, sem que ambas as coisas sejam vistas no homem como algo ativo, mas é passivo, uma vez que Jerônimo cita Rm 2:4, onde é dito que o arrependimento do homem, é oriundo, não do próprio homem, mas de Deus.

(b)Na opinião de Jerônimo, a presciência de Deus não compeliu ou forçou Adão a pecar. Nesse sentido, para ele, Adão foi um agente livre, pecando voluntariamente, sem ser coagido por uma força alheia a sua vontade.

(c)Contudo, tanto sua afirmação de que na conversão e no arrependimento, a vontade do homem é absolutamente passiva, como na afirmação de que Adão foi um agente livre quando pecou contra Deus, não importam no ensino do dogma do livre arbítrio em esferas espirituais, como quer o arminiano Silas Daniel. O próprio contexto desta obra de Jerônimo, citada por Silas Daniel, nega o dogma do livre arbítrio em esferas espirituais e até mesmo em esferas naturais. Primeiro, nega que o homem possua livre arbítrio até em coisas naturais:

"Encontre-me um homem que nunca tenha fome, sede ou frio, que não saiba nada de dor, febre ou tortura da matança, e lhe concederei que um homem não pode pensar em nada além de virtude"(Ibidem, II:4)

Segundo, nega que o homem tenha livre arbítrio em coisas espirituais, como por exemplo, ficar sem pecar contra Deus um dia sequer:

"Quanto à sua afirmação de que um homem pode ficar sem pecado se ele escolher, mostre que isso aconteceu no passado, ou em todo caso, que isso acontece nos dias de hoje; o futuro se revelará"(Ibidem, II:3)

"Lembre-se tanto do que você manteve quanto do que eu digo. Você argumentou que um homem pode ser livre do pecado se ele escolher. Eu respondo que isso é uma impossibilidade"(Ibidem, II:3).

"Mostre-me qualquer lugar na Sagrada Escritura onde nós achamos que, estando o poder da livre escolha perdido, um homem faz o que de si mesmo ele não faria, ou não poderia fazer"(Ibidem; II:7)

"Devemos usar as palavras da Escritura não como você propõe, mas como a verdade e a razão exigem. Jacó diz em sua oração: 'Se o Senhor Deus estiver comigo, e assim me manterei assim, eu irei, e me dará pão para comer, e roupa para vestir', para que eu volte para a casa de meu pai. paz, então o Senhor será meu Deus, e esta pedra, que eu estabeleci como sinal, será a casa de Deus; e de tudo quanto me deres, certamente te darei o dízimo. Ele não disse: Se você preservar meu livre arbítrio, eu ganho com minha comida e vestuário e volto para a casa de meu pai. Ele atribui tudo à vontade de Deus, para que ele seja encontrado honrado a respeito de receber aquilo pelo qual ele ora"(Ibidem; II:8)

"Quando Ele diz: 'Ninguém pode vir a Mim', Ele quebra o orgulho do livre arbítrio; porque, mesmo que um homem vá a Cristo, exceto que se realize o que se segue - a menos que Meu Pai celestial o atraia - o desejo não tem propósito, e o esforço é em vão"(Ibidem; II:9)

50º Argumento: "‘Talvez’, diz Ele, ‘eles podem ouvir e serem convertidos’(Jr 26.3). A incerteza da palavra ‘talvez’ não pode pertencer à majestade do Senhor, mas é falado por conta de nossa condição, para que o livre-arbítrio do homem possa ser preservado, para que não suponham que, em vista de Sua presciência, existe, por assim dizer, uma espécie de necessidade, quer de fazer algo ou de não o fazer” (Jerônimo, Comentários sobre Jeremias, V, 35,5).

Resposta: Aqui, Jerônimo condena o Fatalismo, ao afirmar que a presciência de Deus não anula a livre agência do homem, não o tornando um ser irresponsável diante de seus atos, como se fosse uma marionete ou fantoche. Contudo, preste atenção a expressão no verso - "serem convertidos". Esta mostra que na conversão, a vontade do homem ímpio, é passiva, não ativa. Isto depõe contra o dogma do livre arbítrio;

51º Argumento: "Tal qual uma pena utilizada para escrever ou uma flecha que precisa de um agente que dela faça uso, também a graça de Deus tem a necessidade de corações crentes”(Cirilo de Alexandria [375-444], Leituras Catequéticas, I,1).

Resposta: Esta frase inexiste na referida obra, livro e capítulo:
http://www.newadvent.org/fathers/310101.htm

52º Argummento: "A morte de uma carne é suficiente para o resgate de toda a raça humana, porque aquela pertenceu ao Logos, o Unigênito de Deus Pai” (Cirilo de Alexandria, Sermão sobre a “Recta Fide”, II, 7).

Resposta: (a)O Silas Daniel 'adora' truncar frases dos pais da igreja. Mas vou citá-la na íntegra:

"A lei, pronunciando-se ele maldito, que está em transgressão e pecado, Aquele que não conheceu pecado - isto é, Cristo - foi submetido a julgamento, tendo uma sentença injusta e sofrendo o que era devido àqueles debaixo da maldição, que ele era equivalente a o universo, morrendo por todos, poderia carregar tudo das acusações de desobediência e comprar todos que estão debaixo do céu com seu próprio sangue. Portanto, não seria um equivalente para todos, seria um mero homem. Mas se ele é considerado como Deus encarnado e sofrendo em Sua própria carne, toda a criação é pequena para comparação; e a morte de uma carne é suficiente para o resgate da raça humana, pois pertence ao Logos, o Filho de Deus Pai".

O texto de Cirilo diz que com o seu sangue, Jesus poderia comprar 'todos os que estão debaixo do céu'. Estava Cirilo afirmando que Jesus poderia comprar todos os homens sem exceção, contrariando a própria Escritura, que afirma que ele comprou para Deus homens (não todos os homens sem exceção) de toda a tribo, lingua, povo e nação?(Ap 5:9-10). Se Cirilo estivesse de fato afirmando que Cristo comprou todos os homens sem exceção, então também estaria dizendo com isso que todos eles terminariam suas vidas como reis e sacerdotes com Cristo(Ap 5:10). Estaria, Judas, o Falso Profeta e o Anticristo incluídos nisso?

53º Argumento: "A parte de Deus é derramar graça, mas a vossa é aceitá-la e guardá-la”(Cirilo de Alexandria, Leituras Catequéticas, I, 1).

Resposta: Essa frase inexiste na obra citada, livro e capítulo:
http://www.newadvent.org/fathers/310101.htm

54º Argumento: "Aqueles cuja intenção Deus previu, Ele predestinou desde o princípio. Aqueles que predestinou, Ele chamou e justificou pelo batismo. Os que foram justificados, Ele glorificou, chamando-os filhos. (...) Que ninguém diga que a presciência de Deus foi a causa unilateral dessas coisas. Não foi sua
presciência que justificou as pessoas, mas Deus sabia o que aconteceria, porque Ele é Deus” (Teodoreto de Cirro [393-466], Interpretação de Romanos, trecho onde comenta Romanos 8.30).


Resposta: (a)Silas Daniel continua truncando frases dos pais da igreja. Mas vamos citar essa frase na íntegra, documentando livro e capítulo:

"’Aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a estes também justificou, e aos que justificou, a esses também glorificou’. Aqueles cuja finalidade, ele havia conhecido de antemão, os que no início Ele predestinou, e predestinando-os, também os chamou, e chamando-os, justificando-os pelo batismo, e justificando-os, os glorificou, designando-os filhos, e dotando-os com a graça do Espírito Santo. Mas ninguém diga que tal presciência é a causa destas coisas, pois a presciência não torna as tais como elas são, mas Deus como Deus, previu desde os tempos antigos tudo o que seria”(Comentário Sobre Romanos, Livro 3, VIII).

(b)Agora, vem a pergunta que não quer calar: 'Por que o Silas Daniel omitiu a expressão "e dotando-os com a graça do Espírito Santo"? Não seria para continuar em seu culto desenfreado ao seu falso deus chamado 'livre arbítrio'?

(c)A última frase de Teodoreto repudia o arminianismo, pois mostra que a presciência de Deus não é a causa de todas aquelas graças destinadas aos eleitos, incluindo a predestinação.

55º Argumento: "Quando o cabeça da raça [Adão] foi condenado, toda a raça foi condenada com ele; e então, quando o Salvador destruiu a maldição, a natureza humana ganhou liberdade” (Teodoreto de Cirro, Diálogos, III).

Resposta: Quando vemos o contexto omitido pelo Silas Daniel, entendemos que a 'liberdade' aqui mencionada, não é a liberdade da vontade ou arbítrio, mas a libertação do jugo do pecado e do diabo:

"Assim, com razão, o Criador, com a intenção de destruir qualquer poder, assumiu a natureza contra a qual a guerra estava sendo travada e, mantendo-a livre de todo pecado, a libertou da soberania do diabo e, por seus meios. destruiu o domínio do diabo. Pois desde que a morte é o castigo dos pecadores, e a morte injustamente, e contra a lei divina se apoderou do corpo sem pecado do Senhor, Ele primeiro levantou o que foi ilegalmente detido, e então prometeu soltura aos que estavam com a justiça aprisionada".

Lamentável vermos esses líderes arminianos usarem deste tipo de expediente, truncando frases dos pais da igreja, ou as distorcendo, para fazerem eles falarem arminianamente. Deus nos livre destes homens!!!