terça-feira, 30 de junho de 2020

Nem Todas as Crianças Que Morrem na Infância São Eleitas e Salvas!!!



Este tema tem sido alvo de várias polêmicas no mundo reformado, a ponto de alguns reformados terem abandonado os símbolos de fé de sua igreja(Bíblia, Confissão de Fé e Catecismos Maior e Menor de Westminster), para afirmarem que todas as crianças que morrem na infância, sem exceção, são eleitas e salvas, Por exemplo, o Dr. Augustus Nicodemos, em seu vídeo “EPP #115 | CRIANÇA QUANDO MORRE VAI PARA O CÉU?”(https://www.youtube.com/watch?v=Y_-3743ACqU), afirma:

“Há uma outra linha de reformados e eu me incluo nela, que acreditam que toda a criança que morre antes da idade da razão, ou seja, antes de chegar naquele ponto que peca conscientemente, que essa criança é eleita, que Cristo na cruz do Calvário levou o pecado dela, e que ela será salva, não porque é inocente, mas porque o pecado original dela, a corrupção original que ela traz de nascimento, foi perdoada e paga por Cristo na cruz do Calvário… Bom. Contudo, existem passagens na Bíblia, como esta(Mt 19:13-15) que você leu, em que parece que Deus olha pras crianças com misericórdia. Na parte que Jesus diz: ‘Deixai vir a mim os pequeninos, e não os impeçais, porque deles é o reino dos céus’, essa é uma das passagens. Não há muitas. Mas essa é uma das poucas passagens que parecem nos dizer que as crianças que morrem numa certa idade, antes daquela fase em que elas podem pecar conscientemente, elas entram no reino dos céus... As vezes, a pessoa pensam que nós acreditamos que o filho do crente, ele já tá salvo. Nós não acreditamos nisso”.

(1)A Posição das Escrituras rejeita a opinião de ANL

Me parece que ao citar apenas Mt 19:13-15, o Dr. ANL esteja se referindo aos textos da Confissão de Fé de Westminster(1643-1649), que apresentam o ensino de que apenas as crianças eleitas, “são regeneradas e salvas por Cristo”(X:3). Mas há um outro texto a ser examinado – At 2:39.

(a)Mt 19:13:15(texto correlato a Lc 18:15-16)

O texto, em apreço, reza:

“Trouxeram-lhe, então, alguns meninos, para que sobre eles pusesse as mãos, e orasse; mas os discípulos os repreendiam. Jesus, porém, disse: Deixai os meninos, e não os estorveis de vir a mim; porque dos tais é o reino dos céus. E, tendo-lhes imposto as mãos, partiu dali”(Mt 19:13-15 ACF)

Com base nesse texto, entende-se que:

(i)Pais crentes trouxeram seus filhos pequenos para que Jesus orasse(intercedesse) e os abençoasse(‘Trouxeram-lhe, então, alguns meninos, para que sobre eles pusesse as mãos, e orasse’). O verbo grego “προσεύχομαι”(proseuchomai), aqui traduzido por “orasse”, de acordo com o Léxico Grego do Novo Testamento de Edward Robinson, significa “orar a Deus, oferecer oração ou votos a Deus”. A ideia de Mt 19:13 é que Jesus foi tido por aqueles pais crentes, como alguém em quem eles criam como um intercessor eficaz diante do Pai(Jo 14:12-14). Isso foi referendado pelo hinário da IPB - 'Novo Cântico' - (Hino nº 365 'Convite às Crianças'), onde lemos:

"Pais crentes traziam
A Cristo seus filhinhos,
Mas quando alguém os impediu,
Tentando os afastar
Ouviu-se a voz do Mestre, então,
Dizer com grande compaixão:
'Deixai as crianças que venham a mim'”(Estrofe 2).

A evidência, conforme testemunha o hinário da IPB, é que aquelas crianças dos quais 'é o reino dos céus', eram crianças que foram trazidas a Cristo, por pais crentes, não quaisquer crianças indiscriminadamente - filhas de ímpios e filhas de membros do povo da aliança(crentes).

(ii)O texto se refere a “alguns meninos”, não todos os meninos sem exceção, mas exclusivamente àqueles que foram levados a Jesus por pais que criam que Jesus era intercessor de seus filhos, diante de Deus.

(iii)O texto não fala em cada criança, sem exceção, mas em “alguns meninos”, isto é, em crianças que estavam indo a Jesus(‘Deixai os meninos, e não os estorveis de vir a mim’). O verbo grego “ἀφίημι’(aphiēmi), aqui traduzido por “deixai’, de acordo com o Léxico Grego do Novo Testamento de Edward Robinson, tem o sentido de “deixar estar”. Jesus está ordenando ‘Deixem estes meninos estarem comigo’, e não impeçam o acesso deles a mim. Cada criança, sem exceção, fora ou pode ser trazido por seus pais a Jesus? Não, porque para que isso aconteça é necessário que seus pais creiam que Jesus possa oferecer a Deus orações por ela. Cada pai humano, sem exceção, foi dotado de fé salvífica em Cristo? Não!(Mt 11:20-26; 13:11; Lc 8:10; Jo 10:16,27; At 13:44, 48; 16:6-7; 2 Ts 3:2; Tt 1:1).

(iv)O texto não fala que cada criança, sem exceção, pertence ao reino dos céus(‘porque dos tais é o reino dos céus’). O adjetivo grego “τοιοῦτος”(toioutos), aqui traduzido por “tais”, de acordo com o Léxico Grego do Novo Testamento de Edward Robinson, tem o sentido de “tal como esta”. O sentido é de uma criança que fazia parte de um grupo seleto - “alguns meninos”(Mt 19:13), que foi trazida até Jesus por pais que criam que Jesus podia abençoá-la e interceder por ela a Deus(‘Trouxeram-lhe, então, alguns meninos, para que sobre eles pusesse as mãos, e orasse’).

(v)O texto não fala que cada criança, sem exceção, pertence ao reino dos céus, mas uma criança como uma daquelas(‘porque dos tais é o reino dos céus’). Ao dizer que aquele grupo seleto de meninos era membro do “reino dos céus”, Jesus assegurava que aquele grupo, não cada menino, sem exceção, era regenerado, pois, segundo Ele, ninguém podia ver ou entrar no reino de Deus, sem antes ter nascido de novo(Jo 3:3,5). Jesus estava afirmando que aquele seleto grupo de meninos(‘alguns meninos’), era composto de meninos que haviam nascido de novo.

O entendimento dos comentaristas reformados das Escrituras é que quando Jesus diz “dos tais é o reino dos céus”(Mt 19:14 ACF), não está aludindo a todas as crianças indiscriminadamente, mas apenas aos filhos de pais crentes:

"Essa narrativa é altamente útil; pois mostra que Cristo recebe não apenas aqueles que, movidos pelo santo desejo e fé, se aproximam livremente dele, mas aqueles que ainda não têm idade para saber o quanto precisam da Sua graça. Essas crianças ainda não têm entendimento para desejar sua bênção; mas quando lhe são apresentados, ele os recebe gentil e gentilmente e os dedica ao Pai por um solene ato de bênção. Devemos observar a intenção daqueles que apresentam os filhos; pois se não houvesse uma convicção arraigada em suas mentes, que o poder do Espírito estivesse à sua disposição, que ele pudesse derramar sobre o povo de Deus, seria irracional apresentar seus filhos"(João Calvino[1509-1564], Com. de Mt 19:13)

"Então lhe foram trazidas crianças. Lucas(Lc 18:15 )usa uma palavra que implica infância. O fato de terem sido trazidos (podemos supor por suas mães) indica que havia algo na aparência e nos modos de nosso Senhor que atraía os filhos e impressionou seus pais com o sentimento de que Ele os amava. Podemos acreditar que esse sentimento foi aprofundado por Seus atos e palavras quando Ele tomou em seus braços a criança que colocou diante de Seus discípulos como um padrão da verdadeira grandeza da humildade, e ensinou-lhes que os anjos daqueles pequenos viu o rosto de seu pai(Mt 18:10)"(John C. Ellicot[1819-1905], Ministro Anglicano, Com de Mt 19:13)

"No caminho para Sua cruz as mães não esqueciam Aquele que abençoou seus filhos, ou deixaram de falar sobre o evento quando eram mais velhas"(William R. Nicoll[1851-1923], Ministro Presbiteriano, Com de Mt 19:15)

"Então foram trazidos a ele pequenos. Por seus pais, cuidando de seu bem maior. Também devemos apresentar os nossos, como podemos, a Cristo. E orando por eles antes, depois e depois do nascimento"(John Trapp[1601-1669], Ministro Anglicano, Com de Mt 19:13)

"Pode surgir uma dúvida deste texto na mente do leitor, para que finalidade os pais ou amas trouxeram essas crianças a Cristo"(Matthew Poole[1624-1679], Ministro Congregacional, Com de Mt 19:13)

"Então foram trazidos a ele; provavelmente pelos pais. Um incentivo aos pais para trazer até 'bebês' para Cristo, pois, segundo Lucas, esses estavam entre as crianças pequenas"(Philip Schaff[1819-1893], Ministro Presbiteriano, Com de Mt 19:13)

"Que é o melhor ofício que os pais podem desempenhar do que trazer seus filhos a Cristo, para que se tornem participantes desse benefício?"(William Burkitt[1650-1703], Ministro Anglicano, Com de Mt 19:13)

"Provavelmente estes foram trazidos por alguns de seus seguidores, que desejavam não apenas se dedicar a Jesus, mas tudo o que tinham - seus filhos, assim como eles mesmos"(Albert Barnes[1798-1870], Ministro Presbiteriano, Com de Mt 19:13)

"O relato aqui dado é que foram trazidas a ele filhinhos, para que ele lhes impusesse as mãos e orasse(Mt 19:13). Provavelmente foram seus pais, guardiões ou criadas que os trouxeram para lá"(Matthew Henry[1662-1714], Ministro Presbiteriano, Com de Mt 19:13)

"Estranho é que alguém queira proibir pais piedosos de apresentarem seus filhos pequenos a Jesus, quando vemos quão positivo o mandamento de Deus era levar os filhos ao Senhor no oitavo dia desde o nascimento(Gn 17: 9-14)"(Robert Hawker[1753-1827], Ministro Anglicano, Com de Mt 19:13)

"Feliz é a igreja cujos membros recém-nascidos são tratados tanto quanto os mais antigos comunicantes!"(J. C. Ryle[1816-1900], Ministro Anglicano, Com de Mt 19:13)

Por esta razão (a alusão da eleição ou da regeneração de filhos de crentes), que os Cânones de Dort[1618-1619], dizem:

“Devemos julgar a respeito da vontade de Deus com base na sua Palavra. Ela testifica que os filhos de crentes são santos, não por natureza mas em virtude da aliança da graça, na qual estão incluídos com seus pais. Por isso os pais que temem a Deus não devem ter dúvida da eleição e salvação de seus filhos, que Deus chama desta vida ainda na infância”(I:17).

O entendimento de Mt 19:13-15 é que se aquelas crianças, filhas de pais crentes, eram consideradas por Cristo como membros de seu Reino, já haviam sido regeneradas em Cristo, pois para se fazer parte do reino de Deus, a pessoa tem que nascer de novo(Jo 3:3,5). Lembrando. Fetos, recém nascidos e crianças em geral, são por imputação do pecado de Adão, consideradas pecadoras(Gn 6:5; 8:21; Sl 51:5; 58:3; Is 48:8) e carecem do mesmo novo nascimento que adultos necessitam, pois nascem em um estado de morte espiritual(Sl 51:5; Jo 3:3,5). Repudiamos, portanto, o pelagianismo, que nega que crianças pequenas sejam pecadoras. Salomão foi claro, quando disse:

A estultícia está ligada ao coração da criança, mas a vara da correção a afugentará dela”(Pv 22:15 ACF).

O substantivo hebraico אִוֶּלֶת(ivveleth), (aqui traduzido por “estultícia”), de acordo com o Léxico Hebraico do Antigo Testamento de Wilhelm Gesenius(1786-1842), significa literalmente “impiedade”(p.21). Portanto, crianças pequenas, fazem parte da mesma massa de ímpios, que os adultos fazem. E é neste sentido que entendem a CFW e os Cânones de Dort, quando afirmam que crianças pequenas, filhas de pais crentes, necessitam do novo nascimento.

(b)At 2:28-39 =

“E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo; Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos, e a todos os que estão longe, a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar”(At 2:28-39)

O Dr. ANL evita comentar esse texto, porque é manifestamente contrário a sua visão, uma vez que o dom do Espírito Santo é prometido ao povo da aliança – aos judeus e aos seus filhos - A expressão “Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos”,se refere à promessa da regeneração pelo Espírito Santo(At 2:33), que remete ao pacto que Deus fez com Abraão, em Gn 17:7, onde lemos:

“E estabelecerei a minha aliança entre mim e ti e a tua descendência depois de ti em suas gerações, por aliança perpétua, para te ser a ti por Deus, e à tua descendência depois de ti”(ACF).

O entendimento que os reformados tem de Gn 17:7, é que Deus promete ser o Deus e Salvador dos filhos dos membros da família da aliança(crentes), não dos filhos dos ímpios e pagãos:

"Não há dúvida de que o Senhor distingue a descendência de Abraão do resto do mundo"(João Calvino[1509-1564], Com. de Gn 17:7)

"Como observado por Abraão, portanto, assim como por todos os pais crentes entre os judeus, foi uma declaração solene de sua confiança nessas promessas no próprio ato de dedicar seus filhos ao Senhor"(Robert Jamieson[1802-1880], Andrew Robert[1821–1910] e David Brown[1803-1897], Ministros Anglicanos, Com de Gn 17:7)

"Isto é, tudo o que eu sou ou tenho, tudo o que será teu e será empregado para tua proteção, consolo e salvação. Esta frase contém nela a confluência de todas as bênçãos, temporais, espirituais e eternas"(Matthew Poole[1624-1679], Ministro Congregacional, Com de Gn 17:7).

Mas, quando lemos Gn 17:7, entendemos que quando Deus está prometendo ser o Deus de Abraão e o da sua “descendência”, não está se referindo a toda a sua descendência carnal, mas aos eleitos que estão dentro de sua descendência carnal(Sl 22:10; 30-31; Is 44:3; 49:1; 59:21; Jr 1:4-5; Lc 1:15; 13:16; 19:8-10; At 3:25-26; Rm 9:7-13,27; 11:1-7; Gl 3:26-29; 4:22-23; Tg 2:23,25-26) porque nem todos os descendentes carnais de Abraão eram eleitos e alvos do amor salvífico de Deus(Mt 3:9; Lc 3:6-9; 16:19-25,27,30; Jo 8:32-44; At 13:26,32,38,42-46; Rm 9:7-13, Gl 3:27). Sobre Rm 9:6-13, Calvino entendeu assim, quando disse:

“Ora, a fim de mostrar aos judeus que a bondade de Deus não continuaria ligada à semente de Abraão, aliás, que ela de si mesma nada confere, à guisa de prova deste fato cita a Ismael e Esaú[9.6-13], os quais são rejeitados exatamente como se fossem estranhos; ainda que, segundo a carne, constituíam legítima progênie de Abraão, a bênção reside em Isaque e Jacó”(Institutas, IV; 16:14)

E sobre o Sl 22:10, o puritano e anglicano John Trapp(1601-1669), declara:

Este é um privilégio adequado para as crianças nascidas dentro do pacto, e elas podem reclamá-lo, pois elas têm a Deus por seu Deus, desde seu nascimento, e elas podem fazer suas avaliações em direção a Deus”.

Temos aí a confirmação clara e explícita de que Deus nunca prometeu que seria o Deus de cada criança sem exceção (fosse ela filha de um judeu ou gentio), mas apenas dos filhos dos membros da família do pacto, os filhos eleitos dos que creriam. Os intérpretes reformados, quando leem At 2:38-39, assim o entendem, como se segue:

“E devemos observar esses três graus, que a promessa foi feita primeiro aos judeus, e depois a seus filhos, e, finalmente, que também deve ser dada aos gentios. Sabemos o motivo pelo qual os judeus são preferidos a outras pessoas; pois eles são, por assim dizer, os primeiros gerados na família de Deus; sim, eles foram então separados das outras pessoas por um privilégio singular. Portanto, Pedro observa uma boa ordem, quando dá aos judeus a preeminência. Enquanto ele une seus filhos a eles, isso depende das palavras da promessa: Eu serei o teu Deus e o Deus da tua descendência depois de ti (Gn 17:7), onde Deus considera os filhos com os pais na graça da adoção”(João Calvino[1509-1564], Com de At 2:39).

“Nestes e em lugares semelhantes, seus descendentes ou posteridade são indicados. Não se refere apenas a crianças como crianças, e não deve ser aduzido conforme aplicável exclusivamente a bebês. É uma promessa para os pais que as bênçãos da salvação não se limitem aos pais, mas também se estendam à sua posteridade. Sob essa promessa, os pais podem ser encorajados a treinar seus filhos para Deus; eles estão autorizados a devotá-los a ele na ordenança do batismo cristão, e podem confiar em seu gracioso propósito para perpetuar as bênçãos da salvação de uma era para outra”(Albert Barnes[1798-1870], Ministro Presbiteriano, Com de At 2:39)

“É para você e para seus filhos - da descendência de Abraão; e depois depois de você(pois a regra era ‘primeiro do judeu')’”(Robert Jamieson[1802-1880], Andrew Robert[1821–1910] e David Brown[1803-1897], Com de At 2:39).

O diabo varre todos (na plenitude) que não são chamados, como fora da aliança”(John Trapp[1601-1669], Ministro Anglicano, Com de At 2:39).

“São Pedro lhes dá uma base de esperança, sendo eles descendentes de Abraão, a quem especialmente isso foi prometido”(Mathew Poole[1624–1679], Ministro Congregacional, Com de At 2:39).

“Vocês judeus. Aos seus descendentes, filhos e filhas de At 2:17”(A. T. Robertson[1836-1934], Ministro Batista Calvinista, Com de At 2:39).

O texto de At 2:39 é muito semelhante ao texto de 1 Co 7:14, onde Paulo diz:

“Porque o marido descrente é santificado pela mulher; e a mulher descrente é santificada pelo marido; de outra sorte os vossos filhos seriam imundos; mas agora são santos”(ACF).

O substantivo grego “τέκνον”(teknon), aqui traduzido por “filhos”, de acordo com o Léxico do Novo Testamento Grego/Português, de F. W. Gingrich e F. W. Danker, significa literalmente “criança”(p.204). Mas, o que Paulo quer dizer, quando ensina que uma criança, filha de um pai crente, é “santa”? O adjetivo grego “ἅγιος”(hagios), aqui traduzido por “santos”, de acordo com o Léxico do Novo Testamento Grego/Português, de F. W. Gingrich e F. W. Danker, significa literalmente “Santo, puro, separado por/para Deus”(Ibidem, p.10). Isso indica, que, os filhos de um eleito, regenerado e cristão (pois Paulo está falando com pessoas adultas, que para ele, foram ‘lavadas’, ‘santificadas’, e ‘justificadas” ‘em nome do Senhor Jesus, e pelo Espírito do nosso Deus’ - 1 Co 6:11), e apenas este, é considerado ‘separado por Deus’ e ‘separado para Deus’, distinguindo-o dos filhos dos incrédulos. O interessante é que, quando Paulo diz: “Porque o marido descrente é santificado pela mulher; e a mulher descrente é santificada pelo marido”(1 Co 7:14), o termo grego “ἁγιάζω”(hagiazō), aqui traduzido por “santificado”, segundo o Léxico Grego do Novo Testamento de Edward Robinson, significa “considerado não como impuro, nem como idólatra, mas como ligado à comunidade cristã”(pp.8-9). Robinson também diz que o termo grego “ἅγιος”(hagios), aqui(1 Co 7:14) traduzido por “santos”, em referência aos filhos dos crentes significa “considerado não como impuro, nem como idólatra, mas como ligado à comunidade cristã”(pp.8-9). O sentido aqui me parece levar a ideia de que conjugues descrentes são influenciados por seus conjugues crentes, de uma maneira tal, que são considerados e tratados como membros da Igreja. A ideia aqui indica que pelo testemunho deles, houve conversões operadas em seus conjugues(Cf 1 Pe 3:1). Mas, o fato que prevalece é – filhos de um pai crente são distinguidos dos filhos dos descrentes, pois não são considerados “imundos”(como os filhos de ambos os pais incrédulos), mas “santos”. Jerônimo[347-420], um dos pais da Igreja e comentarista das Escrituras, diz:

"Quem poderia acreditar que ao pontífice pagão Albino deveria nascer - em resposta aos votos de uma mãe - uma neta cristã; que um avô encantado deveria ouvir hesitante dos lábios o aleluia de Cristo, e que, na velhice, ele amamentaria em seu seio uma das virgens de Deus? Nossas expectativas foram totalmente satisfeitas”(Epístola 107, 1).

Agostinho(354-430), diz:

"Portanto, o que diz o apóstolo, quando exorta os crentes que não se separem dos conjugues descrentes: 'Pois o marido descrente é santificado pela esposa, e a mulher descrente é santificada pelo marido; de outra maneira, os vossos filhos seriam impuros, mas agora são santos'(1 Co 7:14), deve ser interpretado ou como nós já interpretamos em outro lugar e, como explicou Pelágio, quando tratava da mesma carta aos Coríntios, que já havia exemplos precedentes de maridos que as esposas conquistaram e de esposas que os maridos conquistaram para Cristo, e de filhos, que a vontade cristã, mesmo de um só dos pais, convenceu de se tornarem cristãos..."(O Castigo, o Perdão dos Pecados e o Batismo de Crianças, 3:21).

Isso mostra que, a Igreja Primitiva cria que apenas os filhos de um pai crente eram considerados como ‘separados por Deus’ e ‘separados para Deus’, como admitem os comentaristas reformados das Escrituras:

“Este é um argumento com base no efeito: ‘Se vosso matrimônio fosse impuro, então, vossos filhos também nasceriam impuros; no entanto, eles são santos, visto que vosso matrimônio é também santo. Portanto, assim como a impiedade de um dos pais não impede o filho de nascer santo, assim ela não impede o matrimônio de ser inerentemente imaculado’... Portanto, esta passagem é mui notável e se acha fundamentada na mais profunda teologia. Pois ela revela que os filhos dos crentes são separados dos demais por um privilégio especial, de modo que são considerados santos na Igreja”(João Calvino[1509-1564], Reformador de Genebra, Com de 1 Co 7:14)

“Nada pode ser mais aparente do que o fato de a palavrasantosignificar pessoas que podem ser admitidas a participar dos rituais distintivos do povo de Deus”(Albert Barnes[1798-1870], Ministro Presbiteriano, Com de 1 Co 7:14).

“Os filhos de tais casamentos eram considerados filhos cristãos; e como o fruto é santo, devemos considerar santa a árvore da qual brota”(Charles J. Ellicot[1819-1895], Ministro Anglicano. Com de 1 Co 7:14).

O fato de os filhos dos cristãos, o povo espiritual de Deus, serem santos, é tacitamente assumido como uma questão de curso, a partir do precedente do povo da antiga aliança de Deus”(Henry Alford[1810-1871]. Ministro Anglicano. Com de 1 Co 7:14).

A fraseologia está de acordo com a dos judeus, que consideravam os pagãos comoimpurose toda a nação eleita comosanta’, ou seja, participantes da santa aliança. As crianças foram incluídas na aliança, como Deus fez não somente com Abraão,mas com sua ‘semente depois’ dele[Gn 17:7]”(Robert Jamieson[1802-1880], Andrew Robert[1821–1910] e David Brown[1803-1897], Ministros Anglicanos, Com. De 1 Co 7:14).

“Que assim é, o apóstolo prova pelo fato de que, se os pais são santos, os filhos são santos; se os pais são impuros, os filhos são impuros. Isto está dizendo literalmente o que é expresso figurativamente em Rm 11:6 = ‘Se a raiz é santa, também são os ramos’. Deve-se lembrar que as palavras santo e impuro não expressam, neste contexto, caráter moral, mas são equivalentes a santo e profano. Os que estão dentro da aliança são santos, os que não estão são profanos, ou seja, não são consagrados a Deus”(Charles Hodge[1797-1878], Ministro Presbiteriano, Com de 1 Co 7:14).

“Paulo apela ao instinto dos pais religiosos; o pai ou a mãe cristã não pode ver os filhos, dados por Deus através do casamento, como coisas impuras. A descendência é santa, como ligada ao pai santo; e esse princípio de solidariedade familiar mantém o vínculo conjugal não menos que o filial derivado dele”(William R. Nicoll[1851-1923], Ministro Presbiteriano, Com de 1 Co 7:14).

(2)Outras Evidências Escriturísticas negam que Deus tenha eleito e salvo cada criança, sem exceção:

(a)A condenação a morte física precede a condenação a morte eterna:

(i)As crianças afogadas no dilúvio.

E expirou toda a carne que se movia sobre a terra, tanto de ave como de gado e de feras, e de todo o réptil que se arrasta sobre a terra, e todo o homem. Tudo o que tinha fôlego de espírito de vida em suas narinas, tudo o que havia em terra seca, morreu. Assim foi destruído todo o ser vivente que havia sobre a face da terra, desde o homem até ao animal, até ao réptil, e até à ave dos céus; e foram extintos da terra; e ficou somente Noé, e os que com ele estavam na arca”(Gn 7:21-23)

“Porque também Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus; mortificado, na verdade, na carne, mas vivificado pelo Espírito; No qual também foi, e pregou aos espíritos em prisão; Os quais noutro tempo foram rebeldes, quando a longanimidade de Deus esperava nos dias de Noé, enquanto se preparava a arca; na qual poucas (isto é, oito) almas se salvaram pela água. Que também, como uma verdadeira figura, agora vos salva, o batismo, não do despojamento da imundícia da carne, mas da indagação de uma boa consciência para com Deus, pela ressurreição de Jesus Cristo”(1 Pe 3:18-21)

O texto de Pedro é esclarecedor, nesse assunto. Com exceção das oito pessoas que estavam dentro da arca, todas as demais perecerem submersas nas águas do dilúvio, e a condenação à morte física Pedro acrescenta a condenação à morte eterna, afirmando que todas as pessoas mortas (e isto inclui tanto adultos quanto crianças) no dilúvio, tiveram destino semelhante ao dos demônios, estarem aprisionados na inferno - “espíritos em prisão” - (2 Pe 2:4; Jd 6). O texto hebraico, quando menciona a destruição do homem, não exclui pessoas por questão de idade:

“E disse o Senhor: Destruirei o homem que criei de sobre a face da terra...”(Gn 6:7).

O substantivo hebraico “אָדָם"(Adam), aqui traduzido por “homem”, de acordo com o Léxico Hebraico do Antigo Testamento de Driver, Brown e Briggs, significa literalmente “homem, humanidade”(p.9). Isto indica que toda raça humana, composta de incrédulos e seus filhos pequenos ou adultos, foi destruída pelo Senhor, no dilúvio. Se as crianças pequenas, filhas dos incrédulos contemporâneos de Noé, fossem eleitas e salvas, teria Deus destruído todas elas? Teria Deus considerado culpadas as crianças, as quais lavou seus pecados, salvando-as? Teria Deus considerado culpadas as crianças, cuja corrupção original foi perdoada por Ele mesmo? Teria o próprio Deus, que disse: “Para que o sangue inocente não se derrame no meio da tua terra”(Dt 19:10), tido como culpadas todas as crianças que ele declarou inocentes, lavando-as os pecados, perdoando-as? Isso contraria Rm 8:22, que diz:

Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica”(ACF)

Se é Deus quem justificou todas estas crianças, perdoando-lhes e lavando-as de todos os seus pecados, absolvendo-as de todas as culpas, como pode Ele considerá-las culpadas, matando-as? Esse Deus do ANL é o mesmo do profeta, que diz dEle: “ao culpado não tem por inocente”?(Nm 1:3). As crianças, filhas dos incrédulos contemporâneos de Noé, ao serem afogadas por Deus, foram afogadas, por terem sido consideradas “culpadas” ou “inocentes”? Ademais, se a arca é símbolo de Cristo, e se essas crianças estavam foram da arca, não estavam fora do número daqueles a quem Cristo perdoaria e lavaria de todos os pecados? Alguém pode ser salvo, não estando em Cristo? Definitivamente, não:

Se alguém não estiver em mim, será lançado fora, como a vara, e secará; e os colhem e lançam no fogo, e ardem”(Jo 15:6).

A posição dos Pais da Igreja é que, com exceção de Noé e sua família, nenhum outro tipo de ser humano, era considerado eleito ou perdoado por seus pecados:

"Portanto, Deus deu a conhecer a Noé e informou-o da vinda do dilúvio e da destruição dos iníquos"(Hipólito[170-235], Fragmentos sobre o Pentateuco, A Lei, Seção I-II).

"Deus sendo ofendido por essas coisas, e especialmente pela maldade da humanidade, que tinha ido além da medida, determinou destruir toda a raça humana. Mas ele isentou Noé, um homem justo e de vida sem culpa, da destruição destinada. Ele foi avisado por Deus de que um dilúvio caía sobre a terra, construiu uma arca de madeira de tamanho imenso e a cobriu de breu para torná-la impermeável à água.Ele foi confinado junto com sua esposa e seus três filhos e suas três noras"(Suplício Severo[236 + d.C], História Sagrada, I:3)

"E novamente o exemplo de Noé expõe a vergonha dos inimigos de Cristo; pois ali também Ele não disse: 'Eu não sabia', mas 'Eles não sabiam até que chegou o dilúvio'(Mt 24:39). Pois os homens não sabiam, mas Aquele que causou o dilúvio (e era o próprio Salvador) sabia o dia e a hora em que abriu as cataratas do céu, rompeu o grande abismo e disse a Noé: 'Entre com toda a sua casa na arca'(Gn 7:1). Pois, se ele era ignorante, não havia predito a Noé: 'Ainda sete dias e trarei uma inundação sobre a terra'. Mas se, ao descrever o dia, Ele faz uso do paralelo do tempo de Noé e conheceu o dia do dilúvio, também conhece o dia de Sua própria vinda"(Atanásio[296-373], Discurso Contra os Arianos, III; 23:45).

"Portanto, Ele disse que não, quando há paz, mas quando eles falam de paz e segurança, indicando que sua insensibilidade é semelhante à dos tempos de Noé, pois, em meio a tais males, eles viviam em luxúria"(Crisóstomo[347-407], Homília 77 sobre Mateus, 2).

"Que o dilúvio veio sete dias depois que Noé entrou na arca; como somos batizados na esperança do descanso futuro, que foi indicado pelo sétimo dia. Que toda a carne na face da terra, fora da arca, foi destruída pelo dilúvio; como, além da comunhão da Igreja, embora a água do batismo seja a mesma, ela é eficaz apenas para a destruição, e não para a salvação"(Agostinho[354-430], Contra Fausto, II:17)

"Mas porque essa coisa também foi um tipo de evento futuro, esse dilúvio foi um tipo de batismo para os crentes e de destruição para os incrédulos, como na figura em que, não por uma transação, mas por palavras, duas coisas são previstas em relação a Cristo, quando Ele é representado nas Escrituras como uma pedra destinada a ser tanto para os incrédulos uma pedra de tropeço, como para os crentes uma pedra fundamental"(Agostinho, Epístola 164, 4:16).

A posição dos comentaristas das Escrituras, é de que não havia nenhum salvo entre eles:

"E todo homem: exceto os que estão na arca; e supõe-se que o número deles seja tão grande, se não maior, do que os atuais habitantes da terra, por aqueles que são hábeis no cálculo do aumento dos homens. Pensa-se que pode ser facilmente permitido que o número deles chegue a onze bilhões; e alguns fizeram seu número ser oitenta bilhões. O apóstolo Pedro os chama de 'mundo dos ímpios'(2 Pe 2:5)'"(John Gill[1697-1771], Ministro Batista, Com de Gn 7:22)

"Toda carne morreu que se moveu sobre a terra. A palavra hebraica comumente traduzida como 'terra' é usada com muita frequência também para denotar 'terra', 'país' ou 'regiões' e as expressões 'toda a terra' ou 'toda a terra' são traduzidas em muitos casos. em nossa versão, 'a terra', 'toda a terra', às vezes descrevendo vários países coletivamente como uma região extensa e, outras vezes, apontando para uma região. Em vários casos, como 1 Re 10:24, Jr 51:7,25,40; Daniel 2:39,40, onde é traduzida como 'toda a terra', há uma referência óbvia e inegável apenas a partes da terra. Em conformidade com o uso desses termos nas Escrituras, nós, pelas razões que serão declaradas na sequência, restringimos sua aplicação nesta passagem e entendemos as frases 'toda carne', 'tudo em cujas narinas era o sopro da vida', e 'toda substância viva', para ser universal apenas com relação aos objetos compreendidos na denúncia divina - a raça sem Deus dos homens antediluvianos, cuja enorme maldade era a causa moral do julgamento, juntamente com os animais inferiores alistados em seus serviços ou residindo em sua vizinhança; que, de acordo com o curso usual da Providência, sofreria na calamidade geral"(Robert Jamieson[1802-1880], Andrew R. Fausset[1821–1910] e David Brown[1803-1897], Ministros Anglicanos, Com de Gn 7:21)

"Este foi o último aviso de Deus, disparado contra esses pecadores confiantes, para despertá-los, se eles pudessem despertar da 'armadilha do diabo', que ficaram 'cativos por ele, por sua vontade'... Agora, esses zombadores contemplam a arca com despeito, que eles viram com escárnio; eles próprios desejam no canto mais escuro, que ultimamente riram e talvez tenham feito o possível para impedir o final. Sim, alguns, provavelmente, para salvá-los do afogamento, apanhados e agarrados tão rapidamente à parte externa da arca quanto Joabe, pela mesma causa, fez às pontas do altar. Mas tudo em vão... Que todas as eras seguintes, considerando esse monumento permanente da ira de Deus contra o pecado (de onde se tornou, como dizem os Doutores, sobre algumas doenças, corruptio totius substantiae), possam ouvir e temer, e não o fazem mais"(John Trapp[1601-1669], Ministro Anglicano, Com de Gn 7:12,21,23).

"Isso é repetido com tanta frequência, que pode ser mais profundamente enraizado nas mentes sem graça e no coração duro dos homens, ensinar aos homens que eles devem considerar uma e outra vez essa terrível instância da justiça de Deus contra o pecado e os pecadores incorrigíveis"(Matthew Poole[1624-1679], Ministro Congregacional, Com de Gn 7:23).

"As águas das grandes profundezas agora quebravam seus limites, fluíam sobre a superfície submersa e afogavam o mundo do homem, com todos os seus habitantes... Não podemos dizer qual foi a taxa de aumento. Mas, supondo que cada casal tenha dez filhos e, portanto, a proporção comum seja cinco, o número total de nascimentos seria de cerca de cinco milhões, e a população no tempo de Noé seria inferior a quatro milhões. É provável que eles não tenham se espalhado além das necessidades e conveniências da vida exigidas. Em uma região fértil,uma área igual à das ilhas britânicas seria amplamente suficiente para quatro milhões de homens, mulheres e crianças. Expirou toda a carne. - A morte resultante de todos por afogamento é aqui narrada. 'Tudo em cujas narinas o sopro do espírito da vida morreu'. Esta afirmação refere-se apenas ao homem, cuja vida superior é expressa exclusivamente pela frase חיים נשׁמת nı̂shmat chayı̂ym 'sopro da vida'(Gn 2:7). Afirma a morte de toda a humanidade. A soma total da vida animal e vegetal, com exceção da arca, é aqui declarada extinta"(Albert Barnes[1798-1870], Ministro Presbiteriano, Com de Gn 7:10-16,19,21-23).

"Todos os homens, mulheres e crianças que estavam no mundo (exceto os que estavam na arca) morreram. Todo homem (Gn 7:21,23), e talvez eles fossem tantos quantos estão agora na face da terra, se não mais. Agora, (1)Podemos facilmente imaginar que terror e consternação os apreenderam quando se viram cercados. Nosso Salvador nos diz que até o dia em que o dilúvio chegou eles estavam comendo e bebendo (Lc 17:26,27) eles foram afogados em segurança e sensualidade antes de se afogarem nessas águas, chorando Paz, paz, para si mesmos, surdos e cego a todas as advertências divinas. Nessa postura, a morte os surpreendeu(Lc 17:26-27; 1 Sm 30:16,17; Pv 1:24,25; Mt 7:22,25: Is 10:3; 1 Sm 30:16,17). Mas ó que espanto eles estavam então! Agora eles vêem e sentem aquilo em que não acreditam e temem, e estão convencidos de sua loucura quando é tarde demais, agora não encontram lugar para o arrependimento, embora o procurem cuidadosamente com lágrimas. (2)Podemos supor que eles tentaram todos os meios e meios possíveis para sua preservação, mas todos em vão. Alguns sobem ao topo de árvores ou montanhas e espalham seus terrores por algum tempo. Mas o dilúvio os atinge, finalmente, e eles são forçados a morrer com mais deliberação. É provável que alguns se apeguem à arca e agora esperam que essa seja a segurança deles que eles há tanto tempo praticavam. Talvez alguns cheguem ao topo da arca e esperem mudar para lá, mas perecem por falta de comida ou, por um despacho mais rápido,uma chuva de chuva os lava daquele convés. Outros, talvez, esperassem prevalecer com Noé para serem admitidos na arca, e alegaram que o velho conhecido, Não comemos e bebemos em tua presença? Não ensinaste nas nossas ruas? 'Sim', pode Noé dizer, 'que eu tenho, muitas vezes, com pouco objetivo. Liguei, mas você recusou que não pusesse em nada todo o meu conselho'(Pv 1:24,25), e agora não está em meu poder ajudá-los: Deus fechou a porta e eu não posso abri-la'. Assim será no grande dia. Nem subir em uma profissão externa, nem reivindicar relação com pessoas boas, trará homens ao céu(Mt 7:22,25:8-9). Aqueles que não são encontrados em Cristo, a arca, certamente são destruídos, perdidos para sempre em relação a própria salvação não podem se salvar(Ver Is 10:3).(3)Podemos supor que alguns daqueles que pereceram no dilúvio ajudaram Noé, ou foram empregados por ele, na construção da arca, e ainda assim não foram tão sábios quanto ao arrependimento para garantir um lugar nela. Assim, os ministros iníquos, embora possam ter sido instrumentais para ajudar os outros ao céu, serão empurrados para o inferno"(Matthew Henry[1662-1714], Ministro Presbiteriano, Com de Gn 7:21-24).

"Estes foram gradualmente prolongados no tempo; mas agora eles estão todos concentrados na única revelação feita a Noé. Com isso, houve, ao mesmo tempo, a promessa de que Noé e sua família deveriam ser salvos. Como os atos de libertação de Deus estão conectados no tempo com seus atos de julgamento (já que seus julgamentos são sempre separações dos piedosos dos ímpios e, nesse sentido, salvamentos e libertações), o mesmo ocorre com as revelações do julgamento ao mesmo tempo, revelações de libertação e a fé dos eleitos que lhes corresponde Isaías, ao mesmo tempo, fé no julgamento e fé na salvação"(Johann P. Lange[1802-1884], Com de Gn 7:5)

"Com naturezas profundamente sensíveis à beleza e à atratividade superficial, alguns são chamados a fazer sua escolha entre um apego consciente a Deus e um apego àquilo que na forma é perfeita, mas no coração é defeituoso, depravado, sem Deus. Onde existe uma grande atração externa, o homem luta contra o crescente sentimento de falta de simpatia interior e se convence de que é muito escrupuloso e caridoso ou que é um mau leitor de caráter. Pode haver uma corrente oculta de aviso; ele pode sentir que toda a sua natureza não está satisfeita e pode lhe parecer ameaçador que o que é melhor dentro dele não floresça em seu novo apego, mas sim o que é inferior, se não o que é pior.Mas todos esses presságios e advertências são desconsiderados e sufocados por algum pensamento tolo, pois essa consideração e cálculo estão fora de lugar em tais assuntos. E qual é o resultado? O resultado é o mesmo de sempre. Em vez da ascensão ímpia ao nível dos piedosos, ele afunda na dela. O estilo mundano, as diversões, as modas que antes lhe eram desagradáveis, mas permitiram que ela se tornasse familiar, e finalmente substituíram totalmente os costumes antigos e divinos, os arranjos que deixavam espaço para o reconhecimento de Deus na família; e há um agregado familiar a menos como ponto de resistência à incursão de um tom ímpio na sociedade, um desertor mais acrescentado às fileiras já superlotadas de ímpios e ao tempo de vida, se não a eternidade de uma alma, amargurada. Não sem a consideração das tentações que realmente desviam os homens, a lei ordena: 'Não farás aliança com os habitantes da terra, nem levarão suas filhas para teus filhos'"(William R. Nicoll[1851-1923], Ministro Presbiteriano, Com de Gn 7:1-24).

Quando lemos a narrativa de Pedro sobre o dilúvio, entendemos que sua visão sobre a destruição daqueles que não pertenciam a família de Noé, equivaleria a uma destruição onde não havia nenhum salvo de seus pecados, ou alguém que tenha sido remido deles, e fosse tido como um dos santos de Deus, pois ele alude ao "dilúvio sobre o mundo dos ímpios"(2 Pe 2:5). Todos os que morreram afogados no dilúvio, eram portadores de impiedade. Pedro denomina todos os mortos pelo dilúvio como "espíritos em prisão"(1 Pe 3:19), indicando que todos estavam no inferno. Os comentaristas reformados das Escrituras, quando aludem a esta narrativa de Pedro, acompanham nosso raciocínio:

“Além disso, a estranha noção daqueles que pensam que os incrédulos quanto à vinda de Cristo, após sua morte, foram libertados de seus pecados, não precisa de refutação longa; pois é uma doutrina indubitável das Escrituras que não obtemos salvação em Cristo, exceto pela fé; então não resta esperança para aqueles que continuam até a morte incrédulos. Eles falam o que é um pouco mais provável, que dizem que a redenção obtida por Cristo beneficiou os mortos, que no tempo de Noé eram incrédulos por muito tempo, mas se arrependeram pouco tempo antes de serem afogados pelo dilúvio. Eles então entenderam que sofriam na carne o castigo devido à sua perversidade, e ainda assim foram salvos por Cristo, para que não perecessem para sempre. Mas essa interpretação não pode permanecer; é de fato inconsistente com as palavras da passagem, pois Pedro atribui a salvação apenas à família de Noé e cede à ruína de todos os que não estavam na arca”(João Calvino[1509-1564], Reformador de Genebra, Com de 1 Pe 3:19)

“O objetivo era direcioná-los ao fato de que ele foi preservado como resultado de sua firmeza para com Aquele que o ordenara a pregar àquela geração ímpia”(Albert Barnes[1798-1870], Ministro Presbiteriano, Com de  1 Pe 3:19).

A arca era um tipo de Cristo, em quem entrar pela fé, ou quem crer, será salvo; mas, como os que entraram na arca eram poucos, também os que entram pela porta estreita, ou crêem em Cristo; e os que entraram na arca foram salvos pela água que levava a arca, mesmo pela que outros foram destruídos; como a mesma coisa, por diferentes razões, é a causa ou o meio de destruição e salvação; então Cristo está preparado, pois a queda e a elevação de muitos é uma pedra de tropeço para alguns, e o poder e a sabedoria de Deus para outros; e o Evangelho, e os ministros dele, são o sabor da vida para a vida de alguns, e o sabor da morte até a morte para os outros”(John Gill[1697-1771], Ministro Batista, Com de 1 Pe 3:20)

“Não se abalem de espírito pela maioria que se endureceu contra a graça de Cristo agora: foi ainda mais no dilúvio, quando todos, exceto 'oito', pereceram pela incredulidade”(Robert Jamieson[1802-1880], Andrew Robert[1821–1910] e David Brown[1803-1897], Ministros Anglicanos, Com de 1 Pe 3:20)

“Grego, o antítipo. Duas vezes essa palavra ocorre nas Escrituras; uma vez(Hb 9:24),, onde significa simplesmente um tipo, exemplo ou representação; e aqui, onde implica a semelhança ou correspondência de um tipo com outro, significando a mesma coisa: de modo que aqui possam haver dois tipos, a libertação de Noé e sua família no dilúvio e o batismo, do qual o primeiro era um tipo deste último, ainda que ambos representem a salvação da igreja; na medida em que as águas do dilúvio erguendo a arca e salvando a família de Noé fechada nela, significavam a salvação da igreja; do mesmo modo, o batismo significa a salvação daqueles que estão na igreja (como em uma arca) daquela destruição comum que envolve o resto do mundo: ou, significa a própria verdade, como resposta ao tipo ou figura; e assim a salvação temporal de Noé, etc. do dilúvio, na arca, era o tipo,e a salvação eterna dos crentes pelo batismo é o antítipo, ou verdade figurada por ele. Nossa tradução parece favorecer a primeira”(Matthew Poole[1624-1679], Ministro Congregacional, Com de  1 Pe 3:21).

(ii)As crianças queimadas vivas em Sodoma e Gomorra:

“Então o Senhor fez chover enxofre e fogo, do Senhor desde os céus, sobre Sodoma e Gomorra; E destruiu aquelas cidades e toda aquela campina, e todos os moradores daquelas cidades, e o que nascia da terra”(Gn 19:24-25).

Esta descrição mostra que Deus queimou vivas todas as crianças de Sodoma e Gomorra. Mas se é verdade, que Deus justificou todas estas crianças, perdoando-lhes e lavando-as de todos os seus pecados, absolvendo-as de todas as culpas, porque nenhuma delas foi mencionada como pertencendo ao número dos justos pelos quais Deus não pouparia a cidade? =

“Disse mais: Ora, não se ire o Senhor, que ainda só mais esta vez falo: Se porventura se acharem ali dez? E disse: Não a destruirei por amor dos dez. E retirou-se o Senhor, quando acabou de falar a Abraão; e Abraão tornou-se ao seu lugar”(Gn 18:32-33).

A palavra do Senhor foi decisiva e clara. Não havia em Sodoma e Gomorra sequer 10 justos. Isso indica que nenhum sodomita ou gomorrita foi contemplado entre o número daqueles que o Senhor contemplou como ‘justos’. O adjetivo hebraico “צַדִּיק”(tsaddiyq) aqui traduzido por “justos”, de acordo com o Léxico Hebraico do Antigo Testamento de Driver, Brown e Briggs, significa “justo, justiça em conduta e caráter, com relação a Deus”. Sim. De acordo, com o próprio Senhor não havia nas cidades de Sodoma e Gomorra sequer dez sodomitas e gomorritas, portadores da ‘justiça em conduta e caráter, com relação a Deus’. E Deus estava certo. Em Sodoma e Gomorra, só havia três portadores de ‘justiça em conduta e caráter, com relação a Deus’ - Ló e suas duas filhas, que não eram sodomitas, mas parentes de Abraão, dentro daquelas cidades ímpias(Gn 19:29-30). Moral da história: Não havia ninguém, dentro de Sodoma e Gomorra, portador de ‘justiça em conduta e caráter, com relação a Deus’. Logo, não havia nenhum adulto ou criança, portador de ‘justiça em conduta e caráter, com relação a Deus’. Todos eram portadores de injustiça, no que concernia a Deus. Não havia, portanto, nenhum eleito e salvo, dentro de Sodoma e Gomorra, exceto Ló e suas filhas. Essa opinião é mantida pelos pais da Igreja:

Sobre esse assunto, entre os pais da Igreja, Ambrósio(340-397), disse:

“E assim, através de uma sequência de perguntas e respostas, mesmo que dez fossem encontrados na cidade. Deus prometeu não punir toda a população, graças à retidão de alguns. A partir disso, devemos entender como um baluarte poderoso uma pessoa justa pode ser para o país e como não devemos ter ciúmes da pessoa santa ou criticá-la com temeridade. De fato, a fé deles nos salva. a retidão deles nos preserva da destruição. Mesmo Sodoma, se tivesse dez homens justos, seria capaz de ser salva”(De Abraão, I. 6:84).

Já Agostinho(354-430), declara:

“Ele não poupou os habitantes de Sodoma, ele destruiu Sodoma; ele consumiu totalmente Sodoma com fogo, não adiando isso até o dia do julgamento; ele infligiu àquela cidade o castigo que ele reservou para todos os outros iníquos no dia do julgamento. Nenhum dos habitantes de Sodoma permaneceu vivo. Não sobrou nada, de rebanhos, de pessoas, de casas, o fogo engoliu absolutamente tudo e todos”(Sermão 397).

Essa mesma opinião também é mantida pelos comentaristas reformados:

“E ele disse: Não a destruirei por dez; embora não houvesse mais pessoas justas nela”(John Gill[1697-1771], Ministro Batista, Com de Gn 18:32).

“Se Deus não recusou a oração pelos sodomitas iníquos, mesmo no sexto pedido, quanto mais ele concederá as orações dos piedosos pela Igreja aflita?”(Bíblia de Estudo de Genebra[1590], Com de Gn 18:32).

“Eis que toda a escravidão e miséria que haviam sofrido ainda não produziram dez homens bons nessas cinco cidades ruins”(John Trapp[1601-1669], Ministro Anglicano, Com de Gn 18:32)

“Sem dúvida, Abraão lembrou-se de Ló em suas orações; mas aquela alma grande e generosa não podia se contentar com a preservação de Ló, mas visava salvar todas as cidades, que quando viu serem duvidosas e improváveis, orou por sua libertação dessa destruição comum, como pode ser obtido em Gn 19:29”(Matthew Poole[1624-1679], Ministro Congregacional, Com de Gn 18:32).

“E apesar de Abraão não ter encontrado dez, nem sequer um homem justo em Sodoma para salvar aquela cidade da destruição; todavia, o próprio Jeová encontrou um em Sodoma da nossa terra, por causa de quem poupou e poupará eternamente seus remidos. Sim! O Senhor apoiou alguém poderoso, cujo nome é maravilhoso. Jesus foi achado tabernaculoso em nossa natureza, por cuja perfeita obediência e morte, ele magnificou a lei divina, e a tornou honrosa, e trouxe uma justiça eterna, que é para todos e sobre todos que crêem. Oh! Bendito seja Deus por Jesus Cristo!”(Robert Hawker[1753-1827], Ministro Anglicano, Com de Gn 18:33).

“Ele começa com uma oração para que os justos entre eles possam ser poupados, e não envolvidos na calamidade comum, tendo um olho particularmente apenas em Ló, cujo com portamento dissimulado para ele, que ele há muito perdoara e esquecera, testemunha seu zelo amigável. resgatando-o antes por sua espada e agora por suas orações”(Matthew Henry[1662-1714], Ministro Presbiteriano, Com de Gn 18:32).

A posição dos Pais da Igreja e dos comentaristas reformados é que não havia nenhum eleito e salvo em Sodoma e Gomorra, com exceção de Ló e suas duas filhas.

(iii)As crianças mortas em Jericó:

E tudo quanto havia na cidade destruíram totalmente ao fio da espada, desde o homem até à mulher, desde o menino até ao velho, e até ao boi e gado miúdo, e ao jumento”(Js 6:21).

Voltamos a perguntar: Se é Deus quem justificou todas estas crianças, perdoando-lhes e lavando-as de todos os seus pecados, absolvendo-as de todas as culpas, como pode Ele considerá-las culpadas, matando-as? Esse Deus do ANL é o mesmo do profeta, que diz dEle: “ao culpado não tem por inocente”?(Nm 1:3). O contexto, mostra que estas crianças, bem como todos os demais moradores de Jericó(com exceção de Raabe e os seus parentes, seus pais e seus irmãos – Js 6:23), estavam debaixo da maldição do Senhor:

Porém a cidade será anátema ao Senhor, ela e tudo quanto houver nela; somente a prostituta Raabe viverá; ela e todos os que com ela estiverem em casa; porquanto escondeu os mensageiros que enviamos”(Js 6:17).

O substantivo hebraico “חֵרֶם"(cherem), aqui tradizido por “anátema”, de acordo com o Léxico Hebraico do Antigo Testamento de Driver, Brown e Briggs, se refere ao “massacre de todos os habitantes”(p.355), e significa propriamente “anatematizar, excomungar”(Ibidem). Mas, se Deus justificou todas estas crianças, perdoando-lhes e lavando-as de todos os seus pecados, absolvendo-as de todas as culpas, como pode Ele considerá-las ‘amaldiçoadas’, ‘excomungadas’, isto é, culpadas, matando-as? Não. Se todas as crianças de Jericó tivessem sido eleitas, salvas e regeneradas, poderia Deus excomungá-las? Isso contraria Jo 6:37, que diz:

"Todo o que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora"(ACF)

Deus não justificou, perdoou, lavou e absolveu todas aquelas crianças de todos os seus pecados. Apenas Raabe, seus pais e seus irmãos, foram considerados como livres do anátema divino(Js 6:23). A posição de Paulo é que, com exceção de Raabe(e seus parentes), todos os demais moradores de Jericó foram considerados como famílias destituídas de qualquer traço ligado a fé:

Pela fé Raabe, a meretriz, não pereceu com os incrédulos, acolhendo em paz os espias”(Hb 11:31).

O ensino de Paulo era que a promessa de salvação incluía os crentes e a sua parentela(At 16:31), não àqueles que estavam fora da família do pacto. No NT, aqueles que estavam sob o eterno anátema de Deus, eram os “bodes”, os da “esquerda”(Mt 25:32-33,41), aqueles que são denominados “filhos de maldição”(2 Pe 2:14), justamente porque foram “feitos para serem presos e mortos”(2 Pe 2:12), porque “perecerão na sua corrupção”(2 Pe 2:12).

Os da “direita”, as “ovelhas”, os eleitos recebiam o epíteto de “benditos de meu Pai”(Mt 25:33-34). De formas, que o entendimento das Escrituras nos levam a entender que além de Raabe e seus parentes, todos os demais pereceram em sua condenação.

A Igreja Pos-Apostólica, se manifestou sobre esse assunto, negando haver alguma criança eleita ou salva naquele lugar.

(1)Clemente de Roma[30-100], diz:

“Por causa de sua fé e da hospitalidade, a prostituta Raabe foi salva… A hospitaleira Raabe, que os tinha escolhido, escondeu-os no andar superior, sob os feixes de linho… Além disso, deram-lhe um sinal: pendurar na casa algo escarlate. Dessa forma, tornavam claro que o sangue do Senhor resgataria todos aqueles que creem e esperam em Deus. Vede, caríssimos, que nessa mulher havia não só a fé, mas também a profecia”(Epístola aos Coríntios, 12:1,3,7-8).

(2)Irineu[130-200], diz:

E quando toda a cidade onde ela morava desmoronou ao fragor dos sete trombeteiros, entre todos Raabe, a prostituta, era salva com toda a sua família pela fé no sinal escarlate, como o Senhor dizia aos fariseus que não aceitavam a sua vinda, e anulavam o sinal escarlate que era a Páscoa, a libertação e a saída do povo do Egito”(Contra Heresias, IV; 20:12).

(3)Orígenes[185-253], diz:

“Mas estes se tornaram como a prostituta Raabe, que recebeu os espiões de Josué, e foi salva com toda a sua casa(Js 6:25)”(Comentário do Evangelho de Mateus, XII:4).

(4)Afrahat[+ 345 d.C], diz:

“Josué, filho de Num, fez viver Raabe, a prostituta; e Jesus, nosso Redentor, reuniu-se e deu vida à Igreja, embora poluída pela prostituição (da idolatria)”(Demonstração 21[Da Perseguição]).

(5)Efraim, o Sírio[+ 373 d.C], diz:

“Este Josué que reuniu e transportou, e trouxe consigo o fruto, estava desejando provar a Árvore da vida, o fruto que vivifica tudo. Para Ele, Raabe também estava olhando; pois quando o fio escarlate do tipo a resgatou da ira, no modelo que ela provou da Verdade”(Hino 1[Da Natividade]).

(6)Crisóstomo[347-407], diz:

“Seria então vergonhoso, se você parecer mais infiel do que uma prostituta. No entanto, ela ouviu o que os homens relatavam e imediatamente creu. Então, o fim também se seguiu; pois quando todos pereceram, ela sozinha foi preservada”(Homília 27 sobre Hebreus, 3).

(7)Jerônimo[347-420], diz:

“Mas se, em apoio do segundo casamento, ele insta o exemplo de Boaz e Rute, que ele sabe que no Evangelho(Mt 1:6) ainda para tipificar a Igreja, Raabe, a meretriz, é contada entre os ancestrais de nosso Senhor”(Contra Joviniano, I:23).

A posição dos comentaristas das Escrituras, não dista da opinião dos pais da Igreja:

“Portanto, foi graças a fé que ela escapou incólume da ruína geral de sua cidade”(João Calvino[1509-1564], Reformador de Genebra, Com de Hebreus 11:32)

“Mas ainda assim é estranho dizer que não houve um deles que se arrependeu do pecado ou que até pediu misericórdia, a não ser aquela mulher que era prostituta. Ela, e apenas ela, foi libertada, única entre uma multidão”(Arthur W. Pink[1886-1952], Com de Hb 11:32)

Eles não demonstraram fé como Raabe e, portanto, foram destruídos”(Albert Barnes[1798-1870], Ministro Presbiteriano, Com de Hb 11:31)

Pela fé, portanto, uma mulher pagã desprezada tornou-se unida ao povo de Deus”(Charles John Ellicott[1819-1895], Ministro Anglicano. Com de Hb 11:31).

“A queda de Jericó e o extermínio de seus habitantes sugerem a fuga de Raabe, em seu significado estrito, é introduzido para enfatizar o poder da fé; ela não pereceu com os desobedientes; eles sabiam que o Senhor entregou a terra a Israel, mas não se submeteram ao propósito reconhecido de Jeová. Raabe agiu de acordo com sua crença nesse propósito e em vez de entregar os espiões como inimigos de seu país ‘os recebeu em paz’, isto é, como amigos, arriscando sua vida por causa de sua fé”(William R. Nicoll[1851-1923], Ministro Presbiteriano, Com de Hb 11:31)

Os habitantes de Jericó, que eram incrédulos e desobedientes, e todos pereceram à espada; mas Raabe não pereceu, nem temporalmente nem eternamente; sua salvação temporal era um emblema e tipo de sua salvação espiritual; ela receber os espiões era um emblema de uma alma recebendo o Evangelho, e seus ministros; o fio escarlate pendurado era um emblema do sangue de Cristo, por tais pecados, embora escarlates, são tornados brancos como lã; e a salvação de toda a sua família é um emblema da salvação completa de todos os eleitos, alma e corpo, por Cristo”(John Gill[1697-1771], Ministro Batista, Com de Hb 11:31).

É bom, e às vezes útil, ter ligação com aqueles que creem; como foi com os parentes e a família desta Raabe. Mas o que é acrescentado de sua família em Israel intimamente sua união solene ao povo de Deus em fé e adoração”(John Owen[1616-1683], Ministro Congregacional, Com de Hb 11:31)

“Uma pecadora tão notório quanto ela, e também uma cananeia, foi preservada da destruição infligida pelos israelitas sobre os habitantes incrédulos e desobedientes de Jericó, sendo, após sua exclusão da vida simples, para purificação legal, admitida na igreja de Deus e honrada por ela ser mãe em Israel, da qual o Messias deveria descender”(Matthew Poole[1624-1679], Ministro Congregacional, Com de Hb 11:31).

“Raabe, a prostituta, e cananeia, não pereceu com aqueles que, tendo ouvido falar dos milagres de Deus em nome de Israel(Js 2:10), persistiram em seu desafio e recusaram a submissão”(Philip Schaff[1819-1893], Ministro Presbiteriano, Com de Hb 11:31)

“O benefício e a vantagem que ela recebeu por sua fé, ela não pereceu; isto é, quando o povo incrédulo e idólatra de Jericó foi destruído, ela e sua família foram preservados”(William Burkitt[1650-1703], Ministro Anglicano, Com de Hb 11:31).

“Aqui você tem fé, unindo-se ao povo de Deus: ela não pereceu com os que não criam, pois havia saído do meio deles e se aliado ao povo de Deus ao receber os espiões”(Charles H. Spurgeon[1834-1892], Ministro Batista, Com de Hb 11:31)

(iv)As crianças mortas dos amalequitas:

“Vai, pois, agora e fere a Amaleque; e destrói totalmente a tudo o que tiver, e não lhe perdoes; porém matarás desde o homem até à mulher, desde os meninos até aos de peito...”(1 Sm 15:3a)

Voltamos a perguntar: Se Deus justificou todas estas crianças, perdoando-lhes e lavando-as de todos os seus pecados, absolvendo-as de todas as culpas, como pode Ele considerá-las culpadas, matando-as? O pensamento de Deus, no AT, é que Amaleque e toda a sua descendência(o que incluía crianças) seriam objetos do ódio eterno de Deus:

“E disse: Porquanto jurou o Senhor, haverá guerra do Senhor contra Amaleque de geração em geração”(Ex 17:16)

Como evidência de que todos os descendentes de Amaleque seriam para sempre como objetos do ódio divino e jamais contemplados no número daqueles a quem Deus desejava que se reconciliassem com Ele, se entende o fato de o próprio Deus assegurar que nenhum de seus descendentes Ele deixaria viver:

E assim Josué desfez a Amaleque e a seu povo, ao fio da espada. Então disse o Senhor a Moisés: Escreve isto para memória num livro, e relata-o aos ouvidos de Josué; que eu totalmente hei de riscar a memória de Amaleque de debaixo dos céus”(Ex 17:13-14).

“….então apagarás a memória de Amaleque de debaixo do céu; não te esqueças”(Dt 25:19).

“E vendo os amalequitas, proferiu a sua parábola, e disse: Amaleque é a primeira das nações; porém o seu fim será a destruição”(Nm 24:20)

Que todos os descendentes de Amaleque estavam debaixo do irrevogável ódio de Deus, o entendem os comentaristas reformados das Escrituras:

“Agora vá ferir Amaleque ... A Septuaginta, por assim dizer, para aumentar a perpetuidade do comando, introduziu no texto várias cláusulas que foram manifestamente inicialmente inseridas apenas como notas explicativas na margem: 'Agora vá ferir Amaleque e Jerim, e todas as coisas que são dele; não tirarás proveito de nada dele, mas o destruirá completamente; considerarás ele e todos os seus como jazendo sob uma maldição, e não o poupará 'etc”(Robert Jamieson[1802-1880], Andrew R. Fausset[1821–1910] e David Brown[1803-1897], Ministros Anglicanos, Com de 1 Sm 15:3).

“Amaleque, por molestar o Israel de Deus, é totalmente destruído”(John Trapp[1601-1669], Ministro Anglicano, Com de 1 Sm 15:3).

Pelo crime e punição de seus pais; o que não era injusto, porque Deus é o Senhor supremo e doador da vida, e pode exigir o que é seu quando quer; os bebês também nascem em pecado(Sl 51:5) e, portanto, sujeitos à ira de Deus(Ef 2:3) e até a morte(Rm 5:12,14). Sua morte também foi mais uma piedade do que uma maldição para eles, como sendo a ocasião de impedir o vasto aumento de seus pecados e punições”(Matthew Poole[1624-1679], Ministro Congregacional, Com de 1 Sm 15:3).

“O Senhor jurara ter guerra com Amaleque, de geração em geração(Ex 17:8-16). E agora chegara o ano da vingança do Senhor, e a iniquidade de Amaleque está cheia. Leitor! Se você é um filho de Deus, não negligencie nesta Escritura o que é lido nela: a saber, o Senhor subjugará todos os seus inimigos diante de seu rosto. Ele se envolveu em sua aliança prometendo fazer isso. E, leitor, não inveje, portanto, os triunfos de curta duração dos ímpios, o Senhor viu que seu dia está chegando. Todo dano causado a um dos aflitos de Deus deve, mais cedo ou mais tarde, ser contabilizado(Sl 37:13)”(Robert Hawker[1753-1827], Ministro Anglicano, Com de 1 Sm 15:3).

(v)Ez 9:4-5,9 =

“E disse-lhe o Senhor: Passa pelo meio da cidade, pelo meio de Jerusalém, e marca com um sinal as testas dos homens que suspiram e que gemem por causa de todas as abominações que se cometem no meio dela. E aos outros disse ele, ouvindo eu: Passai pela cidade após ele, e feri; não poupe o vosso olho, nem vos compadeçais… Matai velhos, jovens, virgens, meninos e mulheres, até exterminá-los; mas a todo o homem que tiver o sinal não vos chegueis; e começai pelo meu santuário. E começaram pelos homens mais velhos que estavam diante da casa”(ACF).

Esse texto, bem como o seu contexto, esmagam a tese de ANL e de vários amiraldistas. O contexto mostra que Deus falou ao “homem vestido de linho, que tinha o tinteiro de escrivão à sua cintura”(Ez 9:3), pedindo que ele marcasse com um sinal as testas que estavam angustiados e incomodados pelas abominações(pecados) que estavam sendo cometidas em Jerusalém(vv.3-4), ao passo, que os demais, que não por ele marcados na testa, devem ser destruídos(vv.5-6). Calvino, falando desse verso, diz:

Alguns, cuja opinião eu não rejeito completamente, restringem isso a Cristo”.

Ao que parece, este selo pode se referir aqueles que como prova de que são propriedades de Deus, são identificados com o selo do Espírito Santo(Ef 1:12-14). Isso mostra que todos os demais, que não foram marcados nas testas, não pertenciam ao grupo daqueles que eram uma representação de aversão ao pecado. São pessoas que identificadas como cheias de violência e “perversidade”(Ez 9:9), não reconhecendo a Soberania e Domínio de Deus sobre a Terra, afirmando que Deus entregou todo o seu povo ao abandono(Ez 9:9). Estas pessoas ímpias não são alvo da misericórdia de Deus(Ez 9:10), A marca ou sinal nas testas, no NT, é uma referência àqueles que são eleitos, salvos e que pertencem a Deus e a Cristo, e que estarão com Eles nos céus:

“Dizendo: Não danifiqueis a terra, nem o mar, nem as árvores, até que hajamos selado nas suas testas os servos do nosso Deus”(Ap 7:3)

“E olhei, e eis que estava o Cordeiro sobre o monte Sião, e com ele cento e quarenta e quatro mil, que em suas testas tinham escrito o nome de seu Pai. E ouvi uma voz do céu, como a voz de muitas águas, e como a voz de um grande trovão; e ouvi uma voz de harpistas, que tocavam com as suas harpas. E cantavam um como cântico novo diante do trono, e diante dos quatro animais e dos anciãos; e ninguém podia aprender aquele cântico, senão os cento e quarenta e quatro mil que foram comprados da terra. Estes são os que não estão contaminados com mulheres; porque são virgens. Estes são os que seguem o Cordeiro para onde quer que vá. Estes são os que dentre os homens foram comprados como primícias para Deus e para o Cordeiro. E na sua boca não se achou engano; porque são irrepreensíveis diante do trono de Deus”(Ap 14:1-5).

A evidência, dentro do texto, mostra que aqueles que não foram marcados ou identificados como membros do grupo dos que são regenerados, santos e aversos ao pecado, não pertencem ao grupo dos eleitos, que compõe-se dos mesmos que são regenerados, santos e aversos ao pecado. Cipriano[200-258], um dos Pais da Igreja, entendeu assim essa questão:

“Por que somente aqueles que escapam recém-nascidos e assinados com o sinal de Cristo, Deus diz em outro lugar, quando, enviando Seus anjos para a destruição do mundo e a morte da raça humana, Ele ameaça mais terrivelmente. na última vez, dizendo: ‘Vá e fira, e não deixe seus olhos pouparem. Não tenha piedade de velhos ou jovens, e mate as virgens, os pequeninos e as mulheres, para que sejam completamente destruídos. Mas não toque em ninguém sobre quem está escrita a marca’(Ez 9: 5) Além disso, qual é essa marca e em que parte do corpo é colocada, Deus expõe em outro lugar, dizendo: ‘Atravessa o meio de Jerusalém e põe uma marca na testa dos homens que suspiram e clamam por todas as abominações que são feitas no meio dela”(Ez 9:4) E que o sinal pertence à paixão e ao sangue de Cristo, e que todo aquele que é achado neste sinal é mantido em segurança e ileso, também é provado pelo testemunho de Deus, dizendo: ‘E o sangue vos será por um sinal sobre as casas em que você estará; e verei o sangue e te protegerei, e a praga da diminuição não cairá sobre você quando ferir a terra do Egito’(Ex 12:13). O que anteriormente precedido por uma figura no cordeiro morto é cumprido em Cristo, a verdade que se seguiu depois. Como, então, quando o Egito foi ferido, o povo judeu não pôde escapar senão pelo sangue e pelo sinal do cordeiro; assim também, quando o mundo começar a ser desolado e ferido, quem for encontrado no sangue e somente no sinal de Cristo escapará”(Cipriano[200-258], Tratado V, 22).

A mesma opinião foi endossada por vários comentaristas reformados das Escrituras:

“Agora o Profeta mostra por que o anjo foi incluído aos caldeus, ou seja, para pôr um freio neles, para que não se enfurecesse promiscuamente e sem seleção contra os eleitos e réprobos. Esta é uma passagem notável, porque dela aprendemos, primeiro, que Deus efetivamente ameaça os ímpios, para que ele tenha servos sempre à mão para obedecê-lo; então, mesmo os incrédulos fazem guerra sob a direção de Deus, e são governados por sua vara, e não fazem nada, exceto por sua vontade”(João Calvino[1509-1564], Com de Ez 9:3).

“Mas Deus não promete aos crentes isenção de todo sofrimento, mas apenas do que será realmente e duradouramente prejudicial para eles. Tomando em consideração os ímpios Ele se volta para a destruição deles, e os deixa sem perdão”(Robert Jamieson[1802-1880], Andrew R. Fausset[1821–1910] e David Brown[1803-1897], Ministros Anglicanos, Com de Ez 9:6)

“Uma desagradável missão; vemos eles totalmente executados(2 Cr 36:17): todos os tipos, sexos e tamanhos de pessoas foram corrompidos; e como não havia esperança de cura, naquele lugar deveria haver cortes”(John Trapp[1601-1669], Ministro Anglicano, Com de Ez 9:6).

Não considere estado ou sexo, nem a beleza da virgem, nem o encanto da criança, nem a beleza e a gravidade da mulher de meia idade; não poupe ninguém: no entanto, em seu fervor de vingança, você não se aproxima de nenhuma testa selada; você pode vê-los; embora corem por seus próprios pecados e pelos pecados dos outros, ainda assim eles me olham e me esperam no caminho de meus julgamentos, eles levantam suas cabeças e olham para você nos rostos”(Mathew Poole[1624–1679], Ministro Congregacional, Com de Ez 9:6).

“Peço ao leitor que observe comigo a ordem que o Senhor aqui observou, em suas visitas. Ele primeiro protege seu povo, antes de executar o julgamento contra os ímpios. Ele marca primeiro e reúne suas ovelhas no seu rebanho; e então os ímpios, como bodes, são expulsos de sua presença, com destruição eterna”(Robert Hawker[1753-1827], Ministro Anglicano, Com de Ez 9:6).

“Eles são ordenados a destruir tudo. (1)Sem exceção. Eles devem atravessar a cidade e ferir deveriam matar completamente, arruinar à morte, dar-lhes a ferida da morte. Eles não devem fazer distinção de idade ou sexo, mas golpear velhos e jovens, nem a beleza das virgens, nem a inocência dos bebês os garantirão. Isso foi cumprido na morte de multidões por fome e pestilência, especialmente pela espada dos caldeus, no que diz respeito à execução militar. Às vezes, mesmo um trabalho sangrento como esse tem sido o trabalho de Deus. Mas que coisa maligna é o pecado, que provoca o Deus da infinita misericórdia com tanta severidade! (2)Sem compaixão: "Não deixes os teus olhos poupados, nem tenhas piedade”(Ez 9:6). Não salve ninguém a quem Deus tenha condenado à destruição, como Saul fez a Agague e aos amalequitas, pois isso estava fazendo a obra de Deus ralaxadamente(Jr 48:10)”(Matthew Henry[1662-1714], Ministro Presbiteriano, Com de Ez 9:6).

“As últimas palavras introduzem senão o relato da punição a Jerusalém, que é dada naturalmente na forma simbólica sugerida pelo cenário da visão. Enquanto isso, Jeová subiu de Seu trono perto dos querubins e fica na entrada do templo. Lá, convoca a seu lado os destruidores que devem executar Seu propósito - seis anjos, cada um com uma arma de destruição na mão. Uma sétima classe mais alta, vestida de linho, aparece com os instrumentos de um escriba no cinto. Estes estão ‘ao lado do altar de bronze’ e aguardam os mandamentos de Jeová. O primeiro ato do julgamento é um massacre dos habitantes da cidade, sem distinção de idade, posição ou sexo. Mas, de acordo com sua visão estrita da justiça divina, Ezequiel é levado a conceber esse último julgamento como fazendo distinção entre os justos e os iníquos. Todos aqueles que se separaram interiormente da culpa da cidade por meio do sincero ódio das iniquidades cometidas em seu meio, são distinguidos por uma marca na testa antes do início do trabalho de matança”(William R. Nicoll[1851-1923], Ministro Presbiteriano, Com de Ez 9:6).

vi. A morte dos primogênitos do Egito:

"Chamou pois Moisés a todos os anciãos de Israel, e disse-lhes: Escolhei e tomai vós cordeiros para vossas famílias, e sacrificai a páscoa.Então tomai um molho de hissopo, e molhai-o no sangue que estiver na bacia, e passai-o na verga da porta, e em ambas as ombreiras, do sangue que estiver na bacia; porém nenhum de vós saia da porta da sua casa até à manhã.Porque o Senhor passará para ferir aos egípcios, porém quando vir o sangue na verga da porta, e em ambas as ombreiras, o Senhor passará aquela porta, e não deixará o destruidor entrar em vossas casas, para vos ferir... E aconteceu, à meia-noite, que o Senhor feriu a todos os primogênitos na terra do Egito, desde o primogênito de Faraó, que se sentava em seu trono, até ao primogênito do cativo que estava no cárcere...E Faraó levantou-se de noite, ele e todos os seus servos, e todos os egípcios; e havia grande clamor no Egito, porque não havia casa em que não houvesse um morto"(Ex 12:21-23,29-30).

A grande questão não se gira apenas ao livramento da morte física, mas aspecto simbólico do livramento através do sangue de um cordeiro, restrito aos filhos primogênitos do povo de Deus.Como Paulo diz:

"Pela fé celebrou a páscoa e a aspersão do sangue, para que o destruidor dos primogênitos lhes não tocasse"(Hb 11:28)

Evidente, que pela expressão "a aspersão do sangue", o escritor está aludindo a uma cerimônia que não só tipificava um livramento físico, mas eterno, pois diz em outro lugar:

"E a Jesus, o Mediador de uma nova aliança, e ao sangue da aspersão, que fala melhor do que o de Abel"(Hb 12:24)

Os comentaristas reformados afirmam que o evento prefigura não só um livramento físico, mas a salvação da condenação do pecado, mediante o sangue do Filho de Deus:

"Um emblema da aspersão dos corações e consciências dos crentes com o sangue de Cristo, e os purificando de todo pecado por ele... Que eles podem não estar no caminho do destruidor; e embora o anjo destruidor distinguisse um israelita de um egípcio, ainda assim essa seria a ordenança de proteção para eles, habitando em suas casas, marcada com o sangue do cordeiro pascal; significando que a segurança deles estava em estar sob aquele sangue, assim como a segurança dos crentes reside em serem justificados pelo sangue de Cristo; pois é por isso que eles são salvos da ira vindoura: esta é a cobertura púrpura sob a qual eles passam com segurança por este mundo para a glória celestial(Rm 5:9), essa circunstância era peculiar à páscoa no Egito; em tempos posteriores não havia o mesmo perigo"(John Gill[1697-1771], Ministro Batista, Com de Ex 12:22)

"E é notável que, nos arranjos de uma providência onisciente, foi ordenado que os soldados romanos usassem indevidamente, por sua parte, essa planta simbólica para Cristo quando, como Páscoa, Ele foi sacrificado por nós[Jo 19:29]"(Robert Jamieson[1802-1880], Andrew R. Fausset[1821–1910] e David Brown[1803-1897], Ministros Anglicanos, Com de Ex 12:22)

"O cordeiro foi morto e o sangue aspergido pelo chefe de cada família: nenhum sacerdócio separado ainda existia em Israel; suas funções pertenciam, desde o início, ao pai da família: quando o sacerdócio foi instituído, a matança do cordeiro ainda era devotada à cabeça das famílias, embora o sangue fosse aspergido no altar pelos sacerdotes; um ato que essencialmente pertencia ao seu escritório.O caráter típico desta parte da transação é claro. Nosso Senhor foi oferecido e Seu sangue derramou como sacrifício expiatório e propiciatório, mas toda a sua humanidade é transfundida espiritualmente e efetivamente em Sua Igreja, um efeito que é ao mesmo tempo simbolizado e assegurado na sagrada comunhão, a Páscoa cristã"(Albert Barnes[1798-1870], Ministro Presbiteriano, Com de Ex 12:9)

"Não sejas 'daqueles que se retiram para a perdição, mas daqueles que crêem na salvação da alma'[Hb 10:39] Não se misture mais com os egípcios"(John Trapp[1601-1669], Ministro Anglicano, Com de Ex 12:22).

"Para um memorial, ou monumento, tanto dessa libertação do Egito, quanto de sua redenção por Cristo, da qual isso é um tipo, como até os judeus antigos entenderam, que também notou que Israel seria redimido nos dias do Messias no mesmo dia em que foram libertados do Egito, ou seja, no décimo quinto dia do mês de Nisan. Nesse dia, nosso abençoado Senhor foi crucificado para a redenção de seu povo"(Matthew Poole[1624-1679], Ministro Congregacional, Com de Ex 12:14)

"O estado impecável do Cordeiro não era um emblema da imaculada santidade do Senhor Jesus Cristo?"(Robert Hawker[1753-1827], Ministro Anglicano, Com de Ex 12:5).

"O sangue da aspersão é a segurança do santo em tempos de calamidade comum; é isso que os marca para Deus, pacifica a consciência e lhes dá ousadia de acesso ao trono da graça,e assim se torna um muro de proteção em volta deles e um muro de separação entre eles e os filhos deste mundo"(Matthew Henry[1662-1714], Ministro Presbiteriano, Com de Ex 12:22).

"É a visão de Deus do sangue de Cristo, que é o assunto mais importante; quando olha para Cristo na cruz e fica satisfeito com a expiação que ele ofereceu, o Senhor passa por todos aqueles por quem Cristo morreu como um substituto"(Charles H. Spurgeon[1834-1892], Ministro Batista, Com de Ex 12:13).

"Mas isso é apenas metade da doutrina dessa ação. O que ele deveria assim declarar abertamente era sua confiança (como mostramos) em expiar sangue. E no dia de nosso perigo, qual será a nossa confiança? Que nossas portas são pisadas apenas por visitantes ortodoxos? Que os lintéis estão limpos e os habitantes são temperados e puros? Ou que o Sangue de Cristo limpou nossa consciência?"(William R. Nicoll[1851-1923], Ministro Presbiteriano, Com de Ex 12:22)

vii. Os descendentes de Esaú:

"Peso da palavra do SENHOR contra Israel, por intermédio de Malaquias. Eu vos tenho amado, diz o Senhor. Mas vós dizeis: Em que nos tens amado? Não era Esaú irmão de Jacó? disse o Senhor; todavia amei a Jacó, E odiei a Esaú; e fiz dos seus montes uma desolação, e dei a sua herança aos chacais do deserto. Ainda que Edom diga: Empobrecidos estamos, porém tornaremos a edificar os lugares desolados; assim diz o Senhor dos Exércitos: Eles edificarão, e eu destruirei; e lhes chamarão: Termo de impiedade, e povo contra quem o Senhor está irado para sempre"(Ml 1:1-4)

"Somente Israel manteria seu nome, como tem; Edom deve ser totalmente destruído para sempre"(Albert Barnes[1798-1870], Ministro Presbiteriano, Com de Ml 1:4)

"O significado parece ser o seguinte: O Senhor, cuja presença protetora paira especialmente sobre a fronteira de Israel, agora é grande, pois restaurou Israel, mas destruiu a nacionalidade dos descendentes iníquos do Esaú sem Deus"(John C. Ellicot[1819-1905], Ministro Anglicano, Com de Ml 1:4).

"Não somente por setenta anos, como contra os judeus(Zc 1:12), mas para sempre; e agora não são mais um povo; eles estão completamente extintos; seu nome e nação estão perdidos; não há a menor aparência deles; quando os judeus, embora estejam espalhados pelo mundo, ainda são um povo, e distintos de todos os outros"(John Gill[1697-1771], Ministro Batista, Com de Ml 1:4).

"O povo da ira de Deus(Is 10:6), e de sua maldição(assim é chamado Idumea)(Is 34:5). E esse povo era Amaleque, com quem Deus (pôs a mão em seu trono e) jurou que teria uma guerra perpétua por causa de seu tratamento contra seu Israel"(John Trapp[1601-1669], Ministro Anglicano, Com de Ml 1:4).

"Eles provocaram tão grandemente a Deus, que sua indignação será acesa contra eles e queimará para sempre"(Matthew Poole[1624-1679], Ministro Congregacional, Com de Ml 1:4).

"Todos os que os vêem os chamarão de fronteira da iniquidade, uma nação pecaminosa, de maneira incurável e, portanto, o povo contra quem o Senhor se indignou para sempre. Visto que sua iniquidade é tal que nunca será corrigida, suas desolações serão tais que nunca serão reparadas"(Matthew Henry[1662-1714], Ministro Presbiteriano, Com de Ml 1:4).

(2)A ideia de eleição ou salvação de todas as crianças que morrem na infância é uma negação das doutrinas da eleição e da expiação particulares

A ideia da eleição, em si, tanto pela etimologia da palavra, quanto pela explanação das Escrituras, não pode se referir a ‘acolher todas as crianças’. Veja a definição que o Dicionário Aurélio dá destes termos:

“Eleger - Escolher, preferir entre dois ou mais

“Escolher – Dar preferência à; eleger, preferir. Fazer seleção de; joeirar. Optar (entre duas ou mais pessoas
ou coisas)”.

As Escrituras mostram que quando Deus elege alguém, Ele, automaticamente rejeita outro alguém:

“E deixareis o vosso nome aos meus eleitos por maldição; e o Senhor DEUS vos matará; e a seus servos chamará por outro nome”(Is 65:14-15)

“Porque a palavra da promessa é esta: Por este tempo virei, e Sara terá um filho. E não somente esta, mas também Rebeca, quando concebeu de um, de Isaque, nosso pai; Porque, não tendo eles ainda nascido, nem tendo feito bem ou mal (para que o propósito de Deus, segundo a eleição, ficasse firme, não por causa das obras, mas por aquele que chama), Foi-lhe dito a ela: O maior servirá ao menor. Como está escrito: Amei a Jacó, e odiei a Esaú’”(Rm 9:9-13).

“Porque está escrito que Abraão teve dois filhos, um da escrava, e outro da livre. Todavia, o que era da escrava nasceu segundo a carne, mas, o que era da livre, por promessaMas nós, irmãos, somos filhos da promessa como Isaque. Mas, como então aquele que era gerado segundo a carne perseguia o que o era segundo o Espírito, assim é também agora. Mas que diz a Escritura? Lança fora a escrava e seu filho, porque de modo algum o filho da escrava herdará com o filho da livre. De maneira que, irmãos, somos filhos, não da escrava, mas da livre”(Gl 4:22-23,28-31).

“Assim os derradeiros serão primeiros, e os primeiros derradeiros; porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos”(Mt 20:16 ACF)

“E os servos, saindo pelos caminhos, ajuntaram todos quantos encontraram, tanto maus como bons; e a festa nupcial foi cheia de convidados. E o rei, entrando para ver os convidados, viu ali um homem que não estava trajado com veste de núpcias. E disse-lhe: Amigo, como entraste aqui, não tendo veste nupcial? E ele emudeceu. Disse, então, o rei aos servos: Amarrai-o de pés e mãos, levai-o, e lançai-o nas trevas exteriores; ali haverá pranto e ranger de dentes. Porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos”(Mt 22:10-14 ACF).

Sim, a ideia de salvação de todas as crianças que morrem na infância é uma negação da doutrinas da expiação particular, visto que a aspersão do sangue de Cristo, não é destinada a cada pessoa sem exceção, mas apenas a cada eleito:

“Pedro, apóstolo de Jesus Cristo, aos estrangeiros dispersos no Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia; Eleitos segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e aspersão do sangue de Jesus Cristo: Graça e paz vos sejam multiplicadas”(1 Pe 1:1-2)

Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor; E nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade, Para louvor da glória de sua graça, pela qual nos fez agradáveis a si no Amado, Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a remissão das ofensas, segundo as riquezas da sua graça”(Ef 1:4-7)

“Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; e todas as tribos da terra se lamentarão, e verão o Filho do homem, vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória. E ele enviará os seus anjos com rijo clamor de trombeta, os quais ajuntarão os seus escolhidos desde os quatro ventos, de uma à outra extremidade dos céus… Então, estando dois no campo, será levado um, e deixado o outro; Estando duas moendo no moinho, será levada uma, e deixada outra”(Mt 24:30-31,40,41)

“E quando o Filho do homem vier em sua glória, e todos os santos anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória; E todas as nações serão reunidas diante dele, e apartará uns dos outros, como o pastor aparta dos bodes as ovelhas; E porá as ovelhas à sua direita, mas os bodes à esquerda”(Mt 25:31-33).

“Respondeu-lhe Jesus: Não vos escolhi a vós os doze? E um de vós é um diabo. E isto dizia ele de Judas Iscariotes, filho de Simão; porque este o havia de entregar, sendo um dos doze”(Jo 6:70-71).

“Se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as fizerdes. Não falo de todos vós; eu bem sei os que tenho escolhido; mas para que se cumpra a Escritura: O que come o pão comigo, levantou contra mim o seu calcanhar”(Jo 13:17-18).

“Estando eu com eles no mundo, guardava-os em teu nome. Tenho guardado aqueles que tu me deste, e nenhum deles se perdeu, senão o filho da perdição, para que a Escritura se cumprisse”(Jo 17:12)

“E, orando, disseram: Tu, Senhor, conhecedor dos corações de todos, mostra qual destes dois tens escolhido, Para que tome parte neste ministério e apostolado, de que Judas se desviou, para ir para o seu próprio lugar”(At 1:24-25).

(3)A posição dos Reformadores

(a)Martinho Lutero(1483-1546), disse:

Quantos milhares estão no inferno e na condenação eterna que não tem a milésima parte de nossos pecados! Quantas virgens, meninos e outros que nós consideramos inocentes [estão ali]!”(14 Consolações Para Os Que Sofrem e Estão Onerados [1520], Martinho Lutero, Obras Selecionadas, Volume 2, p.23).

“Além disso temos que incluir aqui a grande quantidade de infiéis, gentios, judeus e crianças: se a eles tivesse sido concedido o que foi concedido a nós, não estariam no inferno, mas no céu, e teriam pecado muito menos”(Ibidem, p.24).

(b)Úlrico Zuínglio(1484-1531), o reformador de Zurique, declara:

Os filhos nascidos de pais crentes são filhos de Deus, tais como os que nasceram na vigência do Antigo Testamento, e podem conseguintemente receber o batismo”(J. H. M. D’Aubigné, História da Reforma do Século XVI, Volume 4, pp.80,81).

E em sua obra “Do Batismo”(1525), declara:

“E o falso argumento de que os infantes não tem o Espírito Santo é inútil e tolo, pois quando estamos falamos da habitação de Deus, onde ele implanta os dons que Ele nos concede, seja no útero da mãe, ou na juventude ou na velhice? Jeremias foi santificado no ventre da mãe, e no útero de sua mãe, João Batista, reconheceu o Salvador com muito mais alegria do que nós, como adultos”(Zwingli and Bullinger, p.149).

(c)João Calvino(1509-1564), disse:

“Nós, por outro lado, sustentamos que, uma vez que o batismo é a promessa e figura do perdão dos pecados, e também de adoção por Deus, não deve ser negado às crianças, a quem Deus adota e lava com o sangue de seu Filho. Sua objeção, que o arrependimento e novidade de vida também são indicados por ele, é facilmente respondida. Os infantes são renovados pelo Espírito de Deus, de acordo com a capacidade da sua idade, até que o poder que está escondido dentro deles cresça aos poucos, e se manifeste plenamente no momento adequado”(Comentário de Mateus 19:13-15).

“Mas os filhos dos crentes eram batizados na infância visto que eram adotados desde o ventre materno e pertenciam a corporação da Igreja por direito de promessa”(Comentário de Hebreus 6:2).

“Este é um argumento com base no efeito: ‘Se vosso matrimônio fosse impuro, então, vossos filhos também nasceriam impuros; no entanto, eles são santos, visto que vosso matrimônio é também santo. Portanto, assim como a impiedade de um dos pais não impede o filho de nascer santo, assim ela não impede o matrimônio de ser inerentemente imaculado’... Portanto, esta passagem é mui notável e se acha fundamentada na mais profunda teologia. Pois ela revela que os filhos dos crentes são separados dos demais por um privilégio especial, de modo que são considerados santos na Igreja”(Comentário de 1 Coríntios 7:14)

“Mas é possível que se diga ser arriscado que, estando alguém enfermo, se vier a falecer sem o batismo, seja privado da graça da regeneração. De forma alguma. Pois Deus mesmo diz que adota para si nossas criancinhas antes que nasçam, quando promete que nos será por Deus, tanto a nós quanto à nossa semente depois de nós[Gn 17.7]. Nesta palavra de promessa está contida nossa salvação”(Institutas, IV; 15:20).

"Por isso, os filhos dos judeus, sendo também feitos herdeiros desse pacto, uma vez que se distinguiam dos filhos dos ímpios, eram chamados semente santa [Es 9.2; Is 6.13]; pela mesma razão, ainda agora, os filhos dos cristãos são considerados santos, ainda que nascidos só de um genitor fiel; e, segundo o testemunho do Apóstolo [1 Co 1.14], eles diferem da semente imunda dos idólatras"(Institutas, IV; 16:6).

“Ora, assim como ali Paulo argúi que os judeus são santificados por seus pais, assim também em outro lugar [1´Co 7.14] ensina que os filhos dos cristãos recebem dos pais a mesma santificação. Do quê se conclui com razão que são separados dos demais, os quais, ao contrário, são condenados por sua impureza[1 Co 7.15]”(Ibidem, IV; 16:15)

“Mas, de que maneira, argumentam eles, as crianças são regeneradas, se não conhecem o mal e o bem? Respondemos, porém, que a obra de Deus, ainda que não esteja ao alcance de nossa apreensão, entretanto não deixa de existir. Com efeito, não é de forma alguma obscuro que as crianças são antes regeneradas pelo Senhor a fim de serem salvas, uma vez que, certamente, algumas estão plenamente salvas desde essa idade. Ora, se levam consigo a corrupção que lhe é inerente desde o ventre materno, importa que sejam purificadas da mesma antes que possam ser admitidas ao reino de Deus, no qual nada entra poluído ou manchado [Ap 21.27]. Se nascem pecadoras, como Davi [Sl 51.5] e Paulo [Ef 2.3], respectivamente, afirmam, ou permanecem rejeitadas e odiosas a Deus, ou necessariamente são justificadas. E o que buscamos além, quando o próprio Juiz afirma abertamente que ninguém tem ingresso à vida celeste senão os renascidos[Jo 3.3,5]? E para fechar a boca a todos os amigos de contradizentes, João Batista ofereceu prova, a quem santificou no ventre da mãe[Lc 1.15], o que poderia fazer nos demaisMas é possível ver mui claramente que o anjo, quando anunciara isso a Zacarias, ele quis dizer outra coisa, isto é, que João Batista, mesmo antes de nascer já era cheio do Espírito Santo. Portanto, não tentemos impor lei a Deus, a ponto de não santificar aqueles a quem ele queira fazê-lo, como santificou a João, quando nada lhe foi subtraído de seu poder”(Ibidem, IV; 16:17)

“E foi por isso que Cristo se santificou desde a primeira infância, para que a seus eleitos, de qualquer idade e sem distinção, também os santificasse em si mesmo. Ora, visto que, para destruir a culpa da desobediência que fora perpetrada em nossa carne, a si mesmo revestiu-se dessa mesma carne, na qual, por nossa causa e de sua parte, prestasse perfeita obediência, assim foi concebido do Espírito Santo para que, embebido plenamente de sua santidade na carne que assumira, no-la transmitisse. Se temos em Cristo o mais perfeito exemplo de todas as graças com que Deus cumula a seus filhos, também nesta parte, evidentemente, ele nos será por prova de que a idade da infância não é até esse ponto incompatível com a santificação. Entretanto, seja como for, tenhamos por certo que o Senhor não leva desta vida a nenhum de seus eleitos sem que primeiro seja santificado e regenerado por seu Espírito”(Ibidem, IV; 16:18).

“Em suma, esta objeção pode ser solucionada sem qualquer dificuldade: as crianças são batizadas para futuro arrependimento e fé, os quais, embora ainda não formados nelas, no entanto, pela secreta operação do Espírito, a semente de um e de outra está nelas latente”(Ibidem, IV; 16:20).

“Por isso, a verdade presente que queremos considerar no batismo das crianças é que ele é o testemunho de sua salvação, que sela e confirma o pacto que Deus estabeleceu com elas”(Ibidem, IV; 16:21).

Esta é a razão pela qual Deus diz que os filhos dos israelitas são seus filhos, como se ele mesmo os gerasse[Ez 16.20; 23.37], pois sem dúvida alguma ele se considera Pai de todos aqueles a quem prometeu ser o Deus dos mesmos e de sua descendência. Em troca, o que nasce de pais infiéis não são contados no pacto até que, pela fé, se una com Deus. Portanto, não se deve estranhar que não compartilhe do sinal, cujo significado seria nele falaz e sem proveito! Nesta linha, Paulo também escreve que as pessoas, sempre que estiveram imersas em sua idolatria, estavam do lado de fora do testamento[Ef 2.12]”(Ibidem, IV; 16:24).

“Aliás, segundo Paulo testifica, mesmo que por natureza estejam perdidos os que são nascidos de fiéis, contudo eles são santos por graça sobrenatural[1Co 7.14]”(Ibidem, IV; 16:31).

“Quem se atreverá a concluir daqui que as crianças não devam ser batizadas; às quais, embora geradas segundo a carne, Deus as consagra e dedica a si mesmo por uma adoção gratuita?”(Ibidem, IV; 16:31)

“Se aqui realmente ele quer aplicar figuras, me prontifico a replicar que todos os primogênitos, tão logo abriam a madre, eram sagrados a Deus[Ex 13.2]; daí ser necessário que fosse morto um cordeiro de um ano [Ex 12.5]. Do quê se segue estar mui longe de que se deva esperar o vigor viril, mas que, antes, são por Deus escolhidos para os sacrifícios até mesmo os recém-nascidos e os ainda tenros”(Ibidem; IV, 16:31).

“Pois não nos é frágil estímulo educá-los no sério temor de Deus e na observância da lei, quando refletimos que já desde o nascimento são por ele tidos e reconhecidos no lugar de filhos. Portanto, salvo se apraz obscurecer perversamente a benevolência de Deus, ofereçamos-lhe nossos filhos, aos quais ele atribui lugar entre seus familiares e domésticos, isto é, os membros da Igreja”(Ibidem; IV, 16:31)

A ênfase de Calvino, é que apenas, os filhos de eleitos e fiéis crentes, eram considerados como eleitos, regenerados, salvos e ou membros da família de Deus.

(d)Zacarias Ursinus (1534-1583), em seu “Comentário do Catecismo de Heidelberg”, declara:

“E ainda mais: os recém-nascidos têm o Espírito Santo, e são regenerados por Ele. João Batista foi cheio do Espírito Santo já desde o ventre de sua mãe, e Jeremias disse ter sido santificado antes de ele vir para fora do útero(Lc 1:15). E se as crianças agora têm o Espírito Santo, Ele certamente opera nelas a regeneração , boas inclinações, novos desejos , e essas outras coisas que são necessárias para a sua salvação, ou que, pelo menos, lhes fornece tudo o que é necessário para seu batismo , de acordo com a declaração de Pedro: ‘Pode alguém porventura recusar a água, para que não sejam batizados estes, que também receberam como nós o Espírito Santo?”(At 10:47). É por esta razão que Cristo enumera crianças entre aqueles que crêem , dizendo: ‘qualquer que escandalizar um destes pequeninos que crêem em mim’(Mt 18:6)”(Comentário a Resposta da Pergunta nº 74).

E ainda no “Comentário a Resposta da Pergunta nº 74”, ele ainda diz:

Assim João Batista foi santificado desde o ventre de sua mãe. Quem examinar diligentemente estes testemunhos da Palavra de Deus, verá que isto não é apenas legal, mas que o batismo deve ser administrado também as crianças, porque são santas, a promessa é para elas, o reino dos céus é delas, e Deus, que certamente não é o Deus dos ímpios, declara que Ele também será o seu Deus”.

Estas declarações de Ursinus, mostram que para ele, os filhos dos cristãos regenerados, são santos, e não ímpios. Sim, para Ursinus, os filhos de pais regenerados.

(e)Pierre Viret(1511-1575), em sua obra “Instrução Cristã’, declara:

“Porque a sua salvação, nem a de qualquer homem, não está associada com sinais visíveis do batismo ou a Ceia, mas depende apenas da eleição e graça de Deus, do dom gratuito de Jesus Cristo, e sob seu Espírito Santo. E, em seguida, comunica este benefício aos seus eleitos, no tempo e nos meios que lhe agradam, e opera a qualquer momento, nelas, de acordo com a sua boa vontade. Porque elas já são santificadas desde o ventre materno, uma vez que temos vários santos, como encontramos claras evidências nas Escrituras Sagradas”(Capítulo XXXVI).

(4)A ideia da eleição e salvação de todas as crianças, sem exceção, contraria os Símbolos de Fé Reformados:

(a)A 'Fidei Ratio'(Razão da Fé), de Ulrico Zuínglio[1530], diz:

“Portanto, como os filhos dos cristãos não menos que os adultos são membros da igreja visível, é evidente que eles não menos que os pais são do número daqueles que julgamos eleitos”(V).

(b)A Confissão de Fé Tetrapolitana[1530], diz:

“Nossos teólogos ensinam que também deve ser dado aos bebês, nada menos do que anteriormente sob Moisés eles foram circuncidados. Pois, de fato, somos filhos de Abraão; portanto, não menos para nós do que para os antigos pertence à promessa: 'Eu serei o teu Deus e o Deus da semente'”(XXII).

(c)A Primeira Confissão Helvética[1536], diz:

“Nesta pia sagrada, lavamos nossos bebês de tal modo que é errado rejeitá-los (nós que somos o povo de Deus), como nascidos da companhia do povo de Deus, não somente designados dessa maneira pela voz divina, especialmente porque sua eleição têm sido piedosamente aceita(Tt 3; Às 10; Gn 17; 1 Co 7; Lc 18). Nós batizamos nossas crianças justamente porque não desejamos privar da comunhão do povo de Deus estes que por nosso intermédio são nascidos no povo de Deus, ao qual elas são chamadas por meio da Palavra de Deus, e são, até o ponto que o homem possa saber, membros dos eleitos de Deus”(XXII).

(d)O Catecismo de Calvino[1538), diz:

“Nisto que, portanto, a aliança do Senhor conosco é principalmente ratificada pelo batismo, batizamos corretamente nossos bebês, como partes da aliança eterna, pela qual o Senhor promete que Ele será o Deus não apenas de nós, mas também de nossos descendentes”(XXVIII).

(e)O Consenso de Genebra(1552), diz:

“Agora havia a mesma condição natural de nascimento e morte, tanto no bebê que morreu em Sodoma como naqueles que morreram em Jerusalém, e suas obras, ou melhor, nenhuma obra, eram exatamente as mesmas. Como é, então, que Cristo separa no último dia um do outro, colocando um na sua mão direita e outro na sua esquerda? Quem aqui não gosta extremamente do glorioso julgamento de Deus, que ordenou que a parte em que essas crianças deveriam nascer em Jerusalém; daí, através do conhecimento da verdade, elas pudessem depois ser traduzidas para uma vida melhor, enquanto as outras deveriam nascer naquela ampla entrada no inferno, Sodoma? Como, portanto, sustento, na verdade, que Cristo, no último dia, recompensará os eleitos com a recompensa da justiça, de modo que eu não cederá falsamente ao afirmar que os réprobos naquele dia pagarão o castigo de sua injustiça e de seus pecados e iniquidades”.

(f)A Confissão de Fé da Congregação Inglesa em Genebra[1556], diz:

“Pois, como pelo batismo, uma vez recebido, significa que nós (assim como os bebês, como os demais com idade de razão) somos estranhos a Deus pelo pecado original, somos recebidos na família e na congregação, com plena certeza de que, embora essa raiz do pecado ocultos em nós, mas aos eleitos não será imputado”(IV).

(g)A Confissão de Fé dos Estudantes de Genebra[1559]), diz:

“Além disso, como a promessa de adoção é mantida até a posteridade dos fiéis, reconheço que é necessário que os bebês dos crentes sejam recebidos na igreja por meio do batismo; e sobre esta questão, eu abomino os delírios dos anabatistas”.

(h)A Confissão de Fé Francesa[1559], diz:

“Cremos que essa mancha do pecado original é realmente pecado; pois tem um poder malicioso para condenar toda a humanidade, todos os bebês que ainda não nasceram, ainda no ventre de sua mãe, e o próprio Deus considera isso; sim, que mesmo depois do batismo, quanto à sujeira, é sempre pecado. No entanto, aqueles que são filhos de Deus nunca serão condenados por isso, porque Deus de Sua rica graça e misericórdia soberana não lhes imputa”(XI).

(i)A Confissão de Fé de Teodoro de Beza[1560], diz:

“Segundo, há uma consideração especial a ser dada aos filhos dos crentes, pois, embora eles não tenham fé em efeito como os que são maiores de idade, ainda assim eles têm a semente e a primavera em virtude da promessa que receberam e apreendidos pelos mais velhos. Pois Deus promete não apenas ser nosso Deus se crermos nele, mas também que ele será o Deus de nossa descendência e semente, sim, até o milésimo grau, isto é, até o fim (Ex 20: 6). Assim, batizamos os filhos pequenos dos crentes, como foi feito desde a época dos apóstolos na Igreja de Deus (Orígenes, Comentário de Romanos), e não duvidamos que Deus por essa marca (unido às orações de a Igreja, seus assistentes) sela adoção e eleição naqueles a quem Ele predestinou eternamente, se eles morrem antes da era da discrição ou se eles vivem para produzir os frutos de sua fé no devido tempo e de acordo com os meios que Deus ordenou”(4ª Parte, 48).

(j)A Confissão Belga[1560], diz:

Cristo, de fato, derramou seu sangue para lavar, igualmente, as crianças dos fiéis e os adultos”(XXXIV).

(l)A Confissão de Fé Católica Húngara[1562], diz:

“Sob certo aspecto, o Espírito Santo cria a fé nos eleitos, pela pregação da Palavra, como diz Romanos 10:17. Em parte extraordinariamente, o Espírito Santo forma a semente da fé, através da graça de Deus, da audição interna na faculdade secreta, como nas crianças eleitas e naqueles que creem no testemunho de Cristo(Mt 18) e em outros que não são capazes de ouvir o Palavra exterior (assim as Escrituras com os pais)”(‘A respeito da dupla fé dos eleitos’).

“Crianças prematuras também que são concebidas no ventre de sua mãe, se elas são filhas eleitas dos santos e morrem na aliança; uma vez que ainda não se rebelaram da aliança paterna, certamente serão salvos mesmo se tiverem um mês ainda. Aqueles nascidos prematuramente e crianças dos vasos de ira não eleitos perecerão”(Ibidem, ‘Todos os filhos são ilegítimos salvos?’).

(m)A Confissão de Fé de Tarcal[1562] e de Torda[1563], declara:

“Segundo, é um assunto bem diferente para bebês nascidos de pais cristãos. Pois, embora não exista natureza de fé neles, como é possuído pelos adultos crentes, não é impossível que a semente e o germe da fé estejam naqueles a quem Deus santificou do útero e se distinguiu da prole dos incrédulos. Pois a promessa recebida pela fé pelos pais também inclui seus filhos, por mil gerações. Portanto, por essa regra alguém os priva do selo daquilo que o Senhor lhes deu (1 Co 7:14; Êx 20: 6)? Se alguém objeta que nem todos são eleitos e, por esse motivo, não são santificados, nascidos de pais crentes, uma vez que nem todos os filhos de Abraão e Isaac foram eleitos, não estamos sem resposta. Pois, apesar de nunca negarmos que essas coisas são assim, não obstante, dizemos que esse é um julgamento secreto e deve ser confiado a Deus; e declaramos abertamente com base na promessa de que, em geral, qualquer nascido de pai crente é santo, mesmo que apenas um dos dois seja cristão (a menos que algo se oponha a isso, do qual poderíamos avançar na opinião contrária)(2 Tm 2: 9; 1 Co 7:14)"(4ª Parte, 48)

“E essa prática, consumada nos antigos, veio até nós dos apóstolos, para que o Senhor possa selar com este sinal, unida às orações da Igreja, sem qualquer dúvida, a eterna adoção de filhos; no caso de crianças eleitas desde a eternidade, ou aquelas que morrem antes de crescer, ou antes de atingirem uma idade em que os frutos da verdadeira fé possam ser gerados, tendo sido chamados efetivamente pelo Senhor na hora e momento que lhe agradam”(Ibidem, 49).

(n)O Catecismo de Heidelberg[1563], diz:

“P. 74. As crianças pequenas devem ser batizadas? R. Devem, sim, porque tanto as crianças como os adultos pertencem à aliança de Deus e à sua igreja. Também a elas como aos adultos são prometidos, no sangue de Cristo, a salvação do pecado e o Espírito Santo que produz a fé. Por isso, as crianças, pelo batismo como sinal da aliança, devem ser incorporadas à igreja cristã e distinguidas dos filhos dos incrédulos”.

(o)O Sínodo de Szikszó[1568], diz:

“As Escrituras ordenam que todos os adultos e crianças apresentados à Igreja (que não são cães e porcos ou desprezam o ministério celestial, como Cristo diz em Mt 7:6) sejam batizados em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, e isso por causa da aliança de Deus, que também é adequado para os filhos dos eleitos e por causa do único mandamento universal de Deus; Da mesma forma, a semelhança com a circuncisão”(XXII).

(p)Os Documentos do Sínodo de Debrecen[1576]

Deus aceitou os filhos dos eleitos no concerto como Ele tem seus pais. Ele é Deus, Deus Pai, Salvador e preservador de filhos eleitos como de seus pais, que são eleitos fielmente”(LX).

“A questão do sacramento, a própria aliança, a justiça, a vida, a entrada na Igreja e a regeneração pertencem também aos filhos dos eleitos da aliança de Deus”(Ibidem, LXIII)

(q)A Confissão de Fé de Westminster[1643-1649], diz:

Crianças eleitas, morrendo na infância, são regeneradas e por Cristo salvas, por meio do Espírito, que opera quando, onde e como quer, Do mesmo modo são eleitas todas as outras pessoas incapazes de serem exteriormente chamadas pelo ministério da palavra”(X:3)(Reformed Confessions of the 16º and 17º Centuries in English Centuries, Volume 4, p.247).

(r)A Declaração de Fé e Ordem de Savoy[1658], diz:

Crianças eleitas, morrendo na infância, são regenerados e salvas por Cristo, que opera quando e como Ele quer: assim também todas as outras pessoas eleitas que são incapazes de serem chamadas externamente pelo ministério da Palavra”(X:3)(Reformed Confessions of the 16º and 17º Centuries in English Centuries, Volume 4, p.469).

(s)A Confissão de Fé Batista de 1677, diz:

Crianças eleitas, morrendo na infância, são regeneradas e salvas por Cristo, por meio do Espírito(Jo 3: 3,5-6), que trabalha quando, onde e por quem Ele deseja (Jo 3:8): assim também são eleitas todas as pessoas, que são incapazes de serem chamadas externamente pelo ministério da Palavra”(X:3)(Reformed Confessions of the 16º and 17º Centuries in English Centuries, Volume 4, p.546).

(4)Os Reformados creem que seu recém nascido, antes de ser batizado, não é um salvo, como disse o Dr. Augustus Nicodemos?

A posição do ANL é essa:

"As vezes, as pessoas pensam que nós acreditamos que o filho do crente, ele já tá salvo. Nós não acreditamos nisso”(https://www.youtube.com/watch?v=Y_-3743ACqU, minuto 10.35)

Essa não é uma posição bíblica, confessional, reformada ou presbiteriana.

(a)Não é bíblica, porque quando Jesus disse que aquelas crianças pequenas eram membras do reino de Deus(Lc 18:15-17), e se o reino de Deus é a Igreja(Mc 9:1[comp. com At 18], Lc 17:20-21; 1 Co 4:8; Ef 2:5-6; Cl 1:13; Rm 14:17; Ap 1:6; 5:9-10), e se ninguém pode entrar no reino de Deus, sem nascer de novo(Jo 3:3,5), conclui-se que antes da criança se tornar membro da igreja, ela já nasceu de novo, e, portanto, recebeu a salvação em Cristo.

(b)Não é confessional, reformada ou presbiteriana, pois o Catecismo de Heidelberg(1563), declara:

"P. 74. As crianças pequenas devem ser batizadas? R. Devem, sim, porque tanto as crianças como os adultos pertencem à aliança de Deus e à sua igreja (1). Também a elas como aos adultos são prometidos, no sangue de Cristo, a salvação do pecado e o Espírito Santo que produz a fé (2). Por isso, as crianças, pelo batismo como sinal da aliança, devem ser incorporadas à igreja cristã e distinguidas dos filhos dos incrédulos”.

E o Diretório de Culto de Westminster(1644), diz:

"Que as crianças, por Batismo, são solenemente recebidas no seio da Igreja visível, distinguidas do mundo e daqueles que estão fora, e unidas com os crentes; e que todos os que são batizados em nome de Cristo renunciam ao Diabo, ao mundo e à carne e pelo seu Batismo estão obrigados a lutar contra eles; que são cristãos, e santos por estarem ligados já antes do batismo, e consequentemente são batizados”.

Nesse sentido, pelas palavras do Diretório, conclui-se e crê-se que:

(i)Os filhinhos dos regenerados cristãos são distinguidos do mundo – coisa própria dos regenerados(Jo 14:17; 15:19; 17:9,16; 1 Jo 4:4-6).

(ii)Que os filhos dos cristãos, pelo ato do batismo, renunciam a Satã, ao mundo e a carne - coisas próprias dos regenerados(Tg 4:7; 1 Pd 5:8-9; 1 Jo 2:14-15; 5:4; Gl 6:8; Rm 8:9).

(iii)Que são batizados por serem considerados cristãos e santos já antes do batismo – coisas próprias dos regenerados e filhos de Deus(1 Pd 4:14-16; Ef 2:19]; Fl 1:1; 1 Co 1:2; Hb 3:1; Cl 3:12). Realmente, ninguém pode ser santo, sem ser também regenerado(1 Co 6:11). Nesse sentido, pode-se e deve-se crer que os filhinhos dos cristãos regenerados são tão regenerados, a ponto de que, caso morram, serão salvos, conforme ensina os Cânones de Dort(1618-1619):

“Devemos julgar a respeito da vontade de Deus com base na sua Palavra. Ela testifica que os filhos dos crentes são santos, não por natureza mas em virtude da aliança da graça, na qual estão incluídos com seus pais. Por isso os pais que temem a Deus não devem ter dúvida da eleição e salvação de seus filhos, que Deus chama ainda desta vida na infância”(Capítulo I, 17º Artigo).

E o Diretório de Culto de Westminster(1644), declara:

“E orando, para que o Senhor continue ainda, e diariamente confirme cada vez mais este seu inenarrável favor. Que receba o infante ora batizando, e solenemente recebido na família da fé, na instrução e defesa Paternal, e se lembre com o favor que demonstra a seu povo; que se ele for levado desta vida na infância, que o Senhor, rico em misericórdia, se agrade em recebê-lo na glória; e se ele viver, e chegar aos anos de discrição, que o Senhor assim o ensine pela sua palavra e espírito, e torne seu batismo efetivo para ele, e assim o sustente pelo seu poder e graça divinos, para que pela fé ele possa prevalecer contra o diabo, o mundo e a carne, até que por fim ele obtenha uma vitória plena e final, e assim seja guardado pelo poder de Deus pela fé à salvação, por Jesus Cristo nosso Senhor”.

As declarações do Catecismo de Heidelberg, dos Cânones de Dort e do Diretório de Culto de Westminster afirmam que os filhos dos cristãos, pertencem a aliança de Deus, e que, em virtude dela, pertencem a Igreja e são santos. Tendo como prisma tais declarações, faz-se mister tecermos as seguintes considerações:

(i)Se temos que considerar que nossos filhinhos pertencem a aliança de Deus, então também somos obrigados a reconhecer que que estes só podem ter parte disto, sendo regenerados!(Is 59:21).

(ii)Se é verdade que os filhinhos dos cristãos pertencem a Igreja, então somos obrigados a considera-los como regenerados, pois sendo a Igreja o reino de Deus(Ap 1:6), ninguém tem direito a entrar nesse reino, sem ser regenerado!(Jo 3:3,5).

(iii)A declaração dos Cânones de Dort, mostram que os filhinhos dos cristãos regenerados são “santos”, e que os seus pais não devem ter a menor dúvida de que estes, antes mesmo de morrer, são eleitos e salvos. Se foram eleitos, terão que ser salvos (Rm 8:30). Se terão que ser salvos, terão que ser regenerados (Rm 8:30). Se estas crianças pequenas são regeneradas já antes mesmo de morrer, por que não podem ser consideradas regeneradas, permanecendo vivas, e, antes do batismo? O erudito presbiteriano Philippe Landes(1833-1966), ministro da IPB, declara:

“E para (as crianças) serem salvas precisam de ser regeneradas pelo Espirito Santo, porque ninguém entra no Reino dos céus sem ter nascido de novo. E se a criança pode ser regenerada, também pode receber o sinal visível da sua regeneração. As crianças são salvas por Jesus, que, pelo seu Espírito lhes aplica as bençãos da redenção. Desde que nasceram no pecado, necessitam da purificação pelo sangue de Cristo para entrarem no seu reino. Mas essa redenção infantil não é somente para os que morrem na infância... Sendo assim, os nossos filhos fazem parte da família de Deus, desde a mais tenra idade, e devemos considera-los como regenerados, aplicando-lhes o sinal exterior dessa preciosa realidade”(Estudos Bíblicos Sobre o Batismo de Crianças, pp.29-30).

“Os estudos bíblicos feitos até aqui levam-nos a crer que, por determinação de Deus, os filhos dos crentes fazem parte da Igreja Visível e devem ser tidos como membros da Igreja Invisível, como criaturas remidas pelo sangue de Cristo e regenerados pelo Espírito Santo. Na educação religiosa dos nossos filhos, nós, os pais crentes, levamos grande vantagem, visto que podemos considerar desde a infância, como pequenos cristãos e podemos trata-los como tais”(Ibidem, p.37).

“Pergunta nº 34 – Quais são as conclusões que justificam pelo ensino bíblico sobre o batismo de crianças? R. Conclui-se que pais crentes devem apresentar os filhos perante a Igreja para serem batizados, pelos motivos já expostos: Primeiro, porque Deus determinou que os filhos de cristãos fossem recebidos como membros da sua Igreja Visível, e segundo, porque as promessas de Deus a pais crentes indicam que seus filhos são remidos por Cristo e chamados para fazer parte do seu reino que é o Corpo de Cristo, a sua Igreja invisível”(O Batismo Cristão – Modo de Administrá-lo – A quem batizar?, p.23).

Examinando o Catecismo de Heidelberg, vemos que para sustentar a afirmação de que “a salvação do pecado e o Espirito Sato” são prometidos aos filhinhos dos cristãos, Ursinus cita o Sl 22:10, que defende a regeneração das crianças, ainda no ventre de suas mães, uma vez que não se pode jamais afirmar que Deus pode ser Deus de ímpios. O puritano John Trapp(1601-1669), ministro anglicano, em seu “Comentário de Salmos 22:10”, declara:

Este é um privilégio adequado para as crianças nascidas dentro do pacto, e elas podem reclamá-lo, pois elas têm a Deus por seu Deus, desde seu nascimento, e eles podem fazer suas avaliações em direção a Deus”.

Se os filhos pequenos dos cristãos não forem tidos como regenerados, como Deus poderá ser o seu Deus? Será Deus um Deus de ímpios e irregenerados?

Ademais, o mesmo Catecismo diz que “pelo batismo”, os filhinhos dos cristãos são “distinguidos dos filhos dos incrédulos”. Mas, uma vez que os filhinhos dos cristãos não forem considerados como ‘regenerados’ antes de serem levados ao batismo, como pois poderíamos distingui-los dos filhos dos incrédulos, se todos são ímpios? Neste sentido, o pai e o ministro que assim procedem (não crerem que o infante seja um regenerado e filho de Deus), estarão, conscientemente, incorporando à Igreja de Cristo “pequenos ímpios”, e assim o fazendo, profanando o sacramento, a Casa do Senhor e ao usarem a fórmula trinitária, violando o 3º mandamento!(Ex 20:7).

A questão é muito clara, simples e objetiva. Presbiterianos, Reformados e Confessionais, crêem que o batismo significa(simboliza) "o limpar do pecado pelo sangue e pelo mérito de Cristo"(Diretório de Culto de Westminster), e assim, quando batizamos um adulto ou criança, faze-mo-lo, crendo que o candidato foi limpo 'do pecado pelo sangue e pelo mérito de Cristo', presumindo-lhe sua regeneração, caso contrário, estaremos violando o 3º mandamento(Ex 20:7), batizando conscientemente pessoas que não cremos serem regeneradas ou crentes em Cristo, superlotando a Igreja de Cristo de "ímpios" e "irregenerados".

A posição do Dr. ANL não é confessional, uma vez que a própria Confissão de Fé de Westminster(1643-1649), afirma que são considerados membros do Reino de Deus apenas os pais crentes e seus filhos, e que todos aqueles que não fazem parte da Igreja Visível, não podem ser considerados salvos:

"A Igreja Visível, que também é católica ou universal sob o Evangelho (não sendo restrita a uma nação, como antes sob a Lei) consta de todos aqueles que pelo mundo inteiro professam a verdadeira religião, juntamente com seus filhos; é o Reino do Senhor Jesus, a casa e família de Deus, fora da qual não há possibilidade ordinária de salvação"(25:2).

Aqueles que, como o ANL, defendem que todas as crianças que morrem na infância, são eleitas, regeneradas e salvas, deveriam por questão de coerência com sua visão, e em obediência às Escrituras(que afirmam que os que fazem parte da Igreja Invisível, devem também fazer parte da Igreja Visível, pelo batismo - At 2:38-39), batizar todos os filhos dos incrédulos. Por que não o fazem? Não seria pecado deixar fora da Igreja Visível aqueles que pertencem a Igreja Invisível? Onde está a coerência deste argumento do ANL e seus sequazes?

(5)E a questão dos doentes mentais?

A Confissão de Fé de Westminster(1643-1649), diz:

"Crianças eleitas, morrendo na infância, são regeneradas e por Cristo salvas, por meio do Espírito, que opera quando, onde e como quer. Do mesmo modo são eleitas todas as outras pessoas incapazes de serem exteriormente chamadas pelo ministério da palavra”(X:3)(Reformed Confessions of the 16º and 17º Centuries in English Centuries, Volume 4, p.247).

A CFW não apresenta um texto bíblico claro, explícito e eficiente para justificar a salvação de "outras pessoas incapazes de serem exteriormente chamadas pelo ministério da palavra". Contudo, as Escrituras não apresentam outra resposta pra essa questão, exceto se estas pessoas estejam inseridas como membros das famílias crentes, além de serem distinguidas dos ímpios, descrentes e imundos:

"E ali haverá uma estrada, um caminho, que se chamará o caminho santo; o imundo não passará por ele, mas será para aqueles; os caminhantes, até mesmo os loucos, não errarão. Ali não haverá leão, nem animal feroz subirá a ele, nem se achará nele; porém só os remidos andarão por ele. E os resgatados do Senhor voltarão; e virão a Sião com júbilo, e alegria eterna haverá sobre as suas cabeças; gozo e alegria alcançarão, e deles fugirá a tristeza e o gemido"(Is 25:8-10 ACF)

Toda pessoa, incapaz de ser exteriormente chamada pelo ministério da palavra, mas que pertencer a família dos 'caminhantes', dos 'remidos', dos 'resgatados do Senhor', será tida e considerada como eleita e salva, e apenas esse tipo de pessoa. Evidentemente, como estas pessoas são comparadas as crianças eleitas, somente no âmbito da membresia da família de Deus, é que teremos a certeza de que iremos nos encontramos com elas, assim como Davi disse que iria se reencontrar com seu falecido recém nascido:

"E disse ele: Vivendo ainda a criança, jejuei e chorei, porque dizia: Quem sabe se DEUS se compadecerá de mim, e viverá a criança? Porém, agora que está morta, por que jejuaria eu? Poderei eu fazê-la voltar? Eu irei a ela, porém ela não voltará para mim"(2 Sm 12:22-23).

As Escrituras ensinam que os cristãos jovens terão a obrigação de cuidar de seus pais idosos incapacitados, que possivelmente possam não mais estarem lúcidos(1 Tm 5:2-4), e nem por isso os seus pais idosos deixarão de serem considerados eleitos e salvos, até porque o próprio contexto os insere no grupo daqueles a quem a graça de Deus foi manifestada, como mulheres novas, maridos,filhos, netos, servos e senhores(vv.2-10), ao grupo daqueles, a quem Paulo denomina "um povo seu especial, zelo de boas obras"(Tt 2:14). Deus tem poder para fazer que "outras pessoas incapazes de serem exteriormente chamadas pelo ministério da palavra" tenham acesso à sua Palavra, mas estas pessoas sempre são parte do povo da aliança, daqueles que tem fé(Mc 7:32-36; 9:17-27).

(6)Apenas a família da aliança [os crentes] e os seus filhos foram alvos das purificações que tipificavam a salvação em Cristo:

"Porque, havendo Moisés anunciado a todo o povo todos os mandamentos segundo a lei, tomou o sangue dos bezerros e dos bodes, com água, lã purpúrea e hissopo, e aspergiu tanto o mesmo livro como todo o povo, Dizendo: Este é o sangue do testamento que Deus vos tem mandado. E semelhantemente aspergiu com sangue o tabernáculo e todos os vasos do ministério. E quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue; e sem derramamento de sangue não há remissão"(Hb 9:19-22).

Paulo afirma que todo o povo foi aspergido por aquele sangue. E isso nos remete ao fato de que aqueles purificações cerimoniais eram antítipos de Cristo, e aplicados apenas aos membros da família do pacto(aos crentes) e aos seus filhos. Os que não pertenciam ao povo de Deus, pais descrentes e seus filhos, estavam excluídos do caráter antítipo dessa purificação, que representava o fato de Deus ser o Deus de pais eleitos e crentes e de seus filhos também eleitos, ainda que fossem crianças pequenas, como pressupõe Jl 2:16. Os comentaristas reformados acompanham nosso raciocínio:

"...Todos eles sendo aspergidos com sangue, eram representações do povo de Deus, mesmo todos os eleitos de Deus, sendo aspergidos com o sangue de Cristo,chamado sangue de aspersão, pelo qual são redimidos, e que lhes fala paz e perdão”(John Gill[1697-1771], Ministro Batista, Com de Hb 9:19)

“No texto de Moisés, é dito que ele aspersou o povo; na explicação de que o apóstolo afirma que aspergiu todo o povo. E era necessário que assim fosse, e que nenhum deles fosse excluído dessa aspersão; pois todos foram levados a aliança com Deus, homens, mulheres e crianças”(John Owen[1616-1683], Ministro Congregacional, Com de Hb 9:19)

“Então ele tomou o sangue de bezerros e cabras, com água, lã escarlate e hissopo, e aplicou esse sangue por aspersão. Esse sangue e água significavam o sangue e a água que saíam do lado perfurado de nosso Salvador, para justificação e santificação, e também sombreavam os dois sacramentos do Novo Testamento, o batismo e a ceia do Senhor, com lã escarlate, significando a justiça de Cristo com o qual devemos estar vestidos”(Matthew Henry[1662-1714], Ministro Presbiteriano, Com de Hb 9:19)

Aqueles que não faziam parte da família da aliança(o Israel de Deus), receberam o sacramento que no AT tipificava Cristo, sua remissão dos pecados e a lavagem do Espírito? Paulo deixa bem claro, que as pessoas que não foram alvos do derramamento de sangue, não possuem remissão de pecados. Joel repete isso, quando diz:

"Tocai a trombeta em Sião, santificai um jejum, convocai uma assembléia solene. Congregai o povo, santificai a congregação, ajuntai os anciãos, congregai as crianças, e os que mamam; saia o noivo da sua recâmara, e a noiva do seu aposento"(Jl 2:15-16)

O entendimento dos comentaristas reformados é de que apenas as crianças pequenas, filhas de pais crentes, eram membros da religião de Deus, e participantes dessa santificação eclesiástica e pactual:

"Porque são membros da Igreja, e a elas pertencem também os perigos e calamidades públicas; fora dos quais épocas e casos, crianças e noviços não devem estar ligados a essas austeridades da religião (como mostra nosso Salvador, Mt 9:17), tão pouco quanto vinho novo deve ser colocado em vasos antigos. Acrescente aqui, que os pais, pela visão de seus filhos pobres(sujeitos à ira de Deus por padrão), sejam levados a um sentido mais distante de sua própria pecaminosidade; e movidos por seus gritos e lamentos, fervorosamente orentes e plorentes, a chorar e orar mais fervorosamente(Ef 2:3, Rm 5:12)"(John Trapp[1601-1669], Ministro Anglicano, Com de Jl 2:16)

"Que o seu jejum seja universal, não poupando as crianças de peito, leve-as com você; suas lágrimas e gritos podem talvez levar a congregação a um maior luto e súplica sincera a Deus por misericórdia, ou serão um objeto adequado para apresentar ao Deus de misericórdia para movê-lo a mostrar misericórdia. Assim, os ninivitas(Jn 3:7-8)"(Matthew Poole[1624-1679], Ministro Congregacional, Com de Jl 2:16)

"Santificai a congregação, isto é, convocar uma reunião da congregação para fins sagrados. Nenhuma idade deve ser excluída, porque todo o povo merecia punição e precisava se arrepender"(Johann P. Lange[1802-1884], Com de Jl 2:16).

(7)O AT mostra que milhares de pagãos foram privados de receberem a mensagem salvífica:

"Mostra a sua palavra a Jacó, os seus estatutos e os seus juízos a Israel. Não fez assim a nenhuma outra nação; e quanto aos seus juízos, não os conhecem. Louvai ao Senhor"(Sl 147:19-20).

Vários comentaristas das Escrituras entendem que os pagãos e seus filhos foram excluídos da graça salvífica, ao serem privados de receberam a mensagem salvífica:

"Porque, se for perguntado por que Deus prefere um povo a outro, essa preeminência certamente nos levará à eleição gratuita como sua fonte, uma vez que descobriremos que os filhos de Israel não diferem dos demais. outros em qualquer excelência ligada a si mesmos, mas porque Deus passou por outros e condescendeu em adotá-los a seu favor"(João Calvino[1509-1564], Com de Sl 147:20).

"Ou 'toda nação'; ou todas as nações debaixo dos céus; somente com a nação judaica: estes somente por muitas centenas de anos foram favorecidos com a revelação divina, com a palavra e as ordenanças de Deus; com a lei, e com o Evangelho, e com o serviço e adoração a Deus; assim como com promessas e profecias de Cristo, e coisas boas que virão por ele. Estes não foram comunicados a ninguém nação ou corpo de pessoas além deles; somente agora e então, para alguém aqui e ali entre os gentios: o Evangelho foi pregado a eles pela primeira vez na vinda de Cristo, e depois deles aos gentios, quando rejeitados por eles"(John Gill[1697-1771], Ministro Batista, Com de Sl 147:20)

"A causa dessa diferença é a misericórdia livre de Deus, que elegeu os seus em seu Filho Jesus Cristo para a salvação; e seu julgamento justo, pelo qual designou os réprobos para a condenação eterna"(Bíblia de Estudo de Genebra[1591], Com de Sl 147:20)

"Ele não tinha então; mas agora, bendito seja Deus, ele o tem tratado com muitas nações, especialmente nestes últimos dias felizes de reforma; em que o conhecimento da santa Palavra de Deus cobre a terra, como as águas cobrem o mar; e da Inglaterra pode-se dizer, como uma vez em Rhodes, sempre em Sole, sita est Rhodos, que o sol sempre brilha sobre ele"(John Trapp[1601-1669], Ministro Anglicano, Com de Sl 147:20)

"Ele deixou todos os outros à sua própria escuridão e cegueira nativas, e às obscuras revelações de Deus e de si mesmas que eles tinham da luz da natureza"(Matthew Poole[1624-1679], Ministro Congregacional, Com de Sl 147:20).

"Certamente todo filho de Deus pode prestar testemunho dessas coisas; e todo filho de Deus na contemplação da graça discriminadora dirá: Ele não o fez com nenhuma nação. Senhor, como é que tu te manifestastes para mim e não para o mundo?(Jo 14:22). E, sob um profundo senso dessas coisas, não diremos: Aleluia?"(Robert Hawker[1753-1827], Ministro Anglicano, Com de Sl 147:20)

Da mesma forma, o NT mostra que o continente asiático e a Bitínia, ficaram privados por um ano e meio de ouvirem a mensagem do Evangelho:

"E, passando pela Frígia e pela província da Galácia, foram impedidos pelo Espírito Santo de anunciar a palavra na Ásia. E, quando chegaram a Mísia, intentavam ir para Bitínia, mas o Espírito não lho permitiu"(At 16:6-7)

Todas as pessoas (adultos e crianças), que morreram durante esse período em que a pregação do Evangelho foi proibida nessas regiões, foram salvas? Pessoas podem ser salvas sem terem ouvido ou sido influenciados por quem ouviu a Palavra de Deus? Paulo diz que "não":

"E como crerão naquele de quem não ouviram? e como ouvirão, se não há quem pregue?"(Rm 10:14)

O entendimento dos comentaristas reformados das Escrituras, é que essas pessoas barradas de ouvir o Evangelho, foram excluídas da salvação, por não haver entre elas um único eleito:

"Portanto, saibamos que o evangelho brota e nos sai da única fonte de mera graça. E, no entanto, Deus não precisa de uma razão justa, pela qual ele oferece seu evangelho a alguns e do outro lado passa por cima de outros. Mas eu digo que esse motivo está escondido em seu conselho secreto. No período intermediário, informe os fiéis que foram chamados livremente quando outros foram postos de lado, para que não tomem isso para si mesmos, o que é devido somente à misericórdia de Deus"(João Calvino[1564-1564], Com de At 16:7)

"...As razões pelas quais foi proibido ser pregado aqui, neste momento, não podem ser ditas, e devem ser referidas à vontade soberana de Deus. Parece que, naquele instante, não havia escolhidos para serem chamados pela graça, e havia trabalho para o apóstolo e seus companheiros fazerem em outros lugares, a saber, na Macedônia"(John Gill[1697-1771], Ministro Batista, Com de At 16:6).

(8)Os filhos de um pai crente, são propriedade do Senhor

Interessante, que no Sl 127:3, lemos:

"Eis que os filhos são herança do Senhor, e o fruto do ventre o seu galardão"(ACF)

O substantivo hebraico "נַחֲלָה"(nachalah), de acordo com o Léxico Hebraico do Antigo Testamento de F. Brown, S. Driver e C. A. Briggs, aqui traduzida por "herança", significa literalmente "propriedade"(p.635). Portanto, o verso afirma que os filhos de um pai eleito, regenerado e crente, pertence a Deus.

A evidência escriturística é que apenas os filhos de um pai crente, são considerados como partes da Igreja Invisível. Agostinho(354-430), um dos s Pais da Igreja assim o entendia:

"Como se você perguntasse novamente, quem são os amados? Eis que os filhos, a recompensa do fruto do útero, são uma herança do Senhor(Sl 127:3). Desde que ele diz, fruto do útero, essas crianças nasceram em trabalho de parto. Há uma certa mulher, na qual o que foi dito a Eva, com tristeza você deve gerar filhos, é mostrado de maneira espiritual. A Igreja gera filhos, a Noiva de Cristo; e se ela os carrega, ela trabalha ardorosamente por eles"(Exposição sobre o Salmo 127, 5)

E os comentaristas reformados das Escrituras também:

"Ou melhor, 'uma recompensa'; isto é, são da natureza de uma recompensa por uma vida de devoção a Deus; eles estão entre as bênçãos que Deus promete e são evidências de seu favor. Nossa tradução, inserindo as palavras 'é dele', obscurece o sentido, como se o significado fosse de que elas pertencem a Deus como sua 'recompensa' pelo que ele faz por nós. O inverso disso é a verdadeira idéia - que eles são uma bênção com a qual ele recompensa ou favorece seu povo. Certamente, isso não é universalmente verdade, mas a promessa é geral, de acordo com as promessas usuais da Bíblia em relação ao resultado da piedade. As crianças devem ser contadas entre os favores divinos que nos são concedidos e, por suas vidas, sua saúde, suas virtudes e a felicidade delas derivadas, somos, como em outras coisas, dependentes dele - como na construção de uma casa, guardando uma cidade,ou no descanso e conforto derivados do trabalho"(Albert Barnes[1798-1870], Ministro Presbiteriano, Com de Sl 127:3)

"...Então, no sentido espiritual, os filhos de Cristo, o Salomão antitípico, são os presentes de seu Pai celestial para ele; sua porção e herança, e uma boa herança que ele os estima"(John Gill[1697-1771], Ministro Batista, Com de Sl 127:3).

"Os filhos são uma herança do Senhor(Gn 33:5; 48:9; Js 24:4). Como os pais deixam heranças para seus filhos (Pv 19:14), assim Deus dá a Seus filhos amados filhos como sua 'herança'. Primeiro, ele dá uma casa, segurança e meios competentes ( Salmos 127: 1-2 ); depois, filhos para apreciá-los com e depois dos pais(Sl 127:1-2)"(Robert Jamieson[1802-1880], Andrew Robert[1821–1910] e David Brown[1803-1897], Com de Sl 127:3).

"E embora Deus dê filhos e outros confortos exteriores aos homens ímpios no caminho da providência comum, ele os dá somente ao seu povo como favores, e no caminho da promessa e convênio"(Matthew Poole[1624-1679], Ministro Congregacional, Com de Sl 127:3)

(9)As Contradições de ANL.

Primeiro, diz:

"Há uma outra linha de reformados e eu me incluo nela, que acreditam que toda a criança que morre antes da idade da razão, ou seja, antes de chegar naquele ponto que peca conscientemente, que essa criança é eleita, que Cristo na cruz do Calvário levou o pecado dela, e que ela será salva, não porque é inocente, mas porque o pecado original dela, a corrupção original que ela traz de nascimento, foi perdoada e paga por Cristo na cruz do Calvário… Bom. Contudo, existem passagens na Bíblia, como esta(Mt 19:13-15) que você leu, em que parece que Deus olha pras crianças com misericórdia. Na parte que Jesus diz: ‘Deixai vir a mim os pequeninos, e não os impeçais, porque deles é o reino dos céus’, essa é uma das passagens. Não há muitas. Mas essa é uma das poucas passagens que parecem nos dizer que as crianças que morrem numa certa idade, antes daquela fase em que elas podem pecar conscientemente, elas entram no reino dos céus..."

Depois, diz:

"Por que que nós, os presbiterianos, batizamos os nossos filhos. Sim... Então. Nós não batizamos os nossos filhos porque a gente crê que os filhos dos crentes são salvos. Não é?... E nós cremos que as crianças, os nossos filhos, eles tem de se arrepender de seus pecados; e eles tem que nascer de novo. Eles tem que crê no Senhor Jesus Cristo para serem salvos. Senão, eles irão pro inferno sim... Hum Hum. Eles serão condenados como filho de qualquer pagão ou ímpio, pessoa que não quer saber de Deus. Eh. As vezes, a pessoa pensam que nós acreditamos que o filho do crente, ele já tá salvo. Nós não acreditamos nisso... Uma vez batizado, ele torna santo... Santo, né, ou parte da família de Deus. Nós não acreditamos nisso. A pessoa, só tem uma maneira de ser salvo, que é pelo arrependimento dos pecados e fé no Senhor Jesus. E pra isso, de fato, não há exceção"

Suas falas suscitam as seguintes considerações, que importam em contradições:

(a)Por que os filhos dos presbiterianos, que são batizados, não podem ser considerados salvos, antes de serem batizados, mas os filhos dos incrédulos podem ser considerados eleitos e salvos, se morrerem antes da idade da razão? Qual é o critério usado para colocar os filhos dos incrédulos no Céu, e tirar os filhos dos crentes do status de salvos?

(b)Se os filhos dos crentes tem de se arrepender de seus pecados, de nascer de novo e terem fé no Senhor Jesus Cristo para serem salvos, por que os filhos dos incrédulos podem ser considerados salvos, quando morrem na infância, se eles não se arrependeram nem tiveram fé em Cristo? Qual critério se usa para afirmar que filhos dos incrédulos podem ser salvos sem arrependimento e fé, enquanto que filhos dos crentes tem de se arrepender de seus pecados, de nascer de novo e terem fé no Senhor Jesus Cristo para serem salvos?

(c)Se 'a pessoa, só tem uma maneira de ser salvo, que é pelo arrependimento dos pecados e fé no Senhor Jesus. E pra isso, de fato, não há exceção', por que os filhos dos incrédulos podem ser considerados salvos, quando morrem na infância, sem arrependimento e fé?

(d)As afirmações do ANL - "Então. Nós não batizamos os nossos filhos porque a gente crê que os filhos dos crentes são salvos... Eh. As vezes, a pessoa pensam que nós acreditamos que o filho do crente, ele já tá salvo. Nós não acreditamos nisso", contrariam a própria Confissão de Fé de Westminster(1643-1649), que ensina que pais crentes e seus filhos são membros do reino de Deus:

"A Igreja Visível, que também é católica ou universal sob o Evangelho (não sendo restrita a uma nação, como antes sob a Lei) consta de todos aqueles que pelo mundo inteiro professam a verdadeira religião, juntamente com seus filhos; é o Reino do Senhor Jesus, a casa e família de Deus, fora da qual não há possibilidade ordinária de salvação"(25:2)

Se os pais crentes e seus filhos pertencem ao reino de Deus, ambos os grupos já nasceram de novo, pois ninguém pode pertencer ao reino de Deus, sem nascer de novo(Jo 3:3,5). Ademais a sentença final da seção 2, nega possibilidade de salvação a incrédulos e seus filhos, que não pertencem a Igreja Visível:

"...é o Reino do Senhor Jesus, a casa e família de Deus, fora da qual não há possibilidade ordinária de salvação".

Se é verdade que os filhos pequenos dos incrédulos que morrem na infância são eleitos e salvos, por que o Dr. ANL não os batiza a todos, "posto que seja grande pecado desprezar ou negligenciar esta ordenança"(CFW, 28:5)? Aliás, a própria CFW ensina que crianças, filhas de pais crentes é que serão alvo da regeneração divina:

"Não só os que professam a sua fé em Cristo e obediência a Ele, mas os filhos de pais crentes (embora só um deles o seja) devem ser batizados. Posto que seja grande pecado desprezar ou negligenciar esta ordenança, contudo, a graça e a salvação não se acham tão inseparavelmente ligadas com ela, que sem ela ninguém possa ser regenerado e salvo os que sejam indubitavelmente regenerados todos os que são batizados. A eficácia do batismo não se limita ao momento em que é administrado; contudo, pelo devido uso desta ordenança, a graça prometida é não somente oferecida, manifestada e conferida pelo Espírito Santo àqueles a quem ele pertence, adultos ou crianças, segundo o conselho da vontade de Deus, em seu tempo apropriado"(28:4-6).

Na 6ª Seção deste capítulo, a CFW cita Gl 3:27 e Ef. 5:25-26, para dizer que "a graça prometida é não somente oferecida, mas realmente manifestada e conferida pelo Espírito Santo àqueles a quem ele pertence, adultos ou crianças, segundo o conselho da vontade de Deus, em seu tempo apropriado", e estes textos se referem aos membros da Igreja. Ademais, o Catecismo Maior de Westminster(1648), afirma que os que estão fora da Igreja são "estranhos aos pactos da promessa"(Resp. Perg. nº 166).

(10)Crianças podem crer ou são apenas membros da família dos crentes?

Essa pergunta pode ser respondida, quando lemos Mt 18:1-6, que diz:

"Naquela mesma hora chegaram os discípulos ao pé de Jesus, dizendo: Quem é o maior no reino dos céus? E Jesus, chamando um menino, o pôs no meio deles, E disse: Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos fizerdes como meninos, de modo algum entrareis no reino dos céus. Portanto, aquele que se tornar humilde como este menino, esse é o maior no reino dos céus. E qualquer que receber em meu nome um menino, tal como este, a mim me recebe. Mas, qualquer que escandalizar um destes pequeninos, que crêem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma mó de azenha, e se submergisse na profundeza do mar"(ACF)

Com base nesse texto, entende-se que:

(a)Jesus chama um "menino" e o coloca no meio dos discípulos. O substantivo grego "παιδίον"(paidion), aqui traduzido por "menino", que segundo o Léxico Grego do Novo Testamento de Edward Robinson, significa "uma criança pequena"(p.678). Este é um texto correlato a Mc 9:35-37, onde se entende que ele estava falando de uma criança tão pequena, ao ponto dele tomá-la em seus braços.O verbo grego "προσκαλέω"(proskaleō) aqui traduzido por "chamando", de acordo com o Léxico Grego do Novo Testamento de J. H, Thayer, traz uma ideia de "chamar alguém a si"(p.546). É o mesmo verbo grego usado em At 2:39 para ensinar que Deus chama e atrai gentios através da pregação do Evangelho(At 2:39).

(b)Depois, Jesus afirma que se nenhum de seus discípulos se convertessem como aquela criança, de nenhuma maneira entrariam no reino dos céus. O verbo grego "στρέφω"(strephō), aqui traduzido por "converteres", de acordo com o Léxico Grego do Novo Testamento de Edward Robinson, significa "tornar-se um novo homem"(p.856). A ideia aqui é que aquela criança que atendeu o chamado de Jesus era nascida de novo, e que se seus discípulos não fossem novas criaturas, jamais entrariam no reino dos céus.

(c)Depois, Jesus diz que se alguém se tornar "humilde" como "este menino", esse é o 'maior' no reino dos céus(v.4). O termo grego "ταπεινόω"(tapeinoō), aqui traduzido por "humilde", de acordo com o Léxico Grego do Novo Testamento de Edward Robinson, significa "exibir humildade de mente e de conduta"(p.892). O sentido está ligado a circunstâncias onde o homem vai se "abaixar, humilhar, rebaixar"(Ibidem). Aqui, Jesus está dizendo: 'Qualquer que quiser ser o menor, esse será o maior no reino dos céus'.

(d)Depois Jesus diz que quem "recebe" em seu nome('ἐπὶ τῷ ὀνόματί μου ὄνομα' - isto é - 'por causa de meu nome, por minha causa' - W. Haubeck e H. V. Siebenthal, 'Nova Chave Linguística do Novo Testamento Grego', p.158)), um 'menino' como aquele, o recebia. O verbo grego "δέχομαι"(dechomai), aqui traduzido por "receber", de acordo com o Léxico Grego do Novo Testamento de J. H. Thayer, significa "receber na família para persuadir e educar"(p.120). A enfase é a um menino, que pertence a uma família que crê em Jesus, a ponto de dar-lhe instrução cristã. Seria uma família, que correspondia aquilo que Deus recomendava:

"E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração. E as ensinarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te"(Dt 6:6-7).

"Quando todo o Israel vier a comparecer perante o Senhor teu Deus, no lugar que ele escolher, lerás esta lei diante de todo o Israel aos seus ouvidos. Ajunta o povo, os homens e as mulheres, os meninos e os estrangeiros que estão dentro das tuas portas, para que ouçam e aprendam e temam ao Senhor vosso Deus, e tenham cuidado de fazer todas as palavras desta lei. E que seus filhos, que não a souberem, ouçam e aprendam a temer ao Senhor vosso Deus, todos os dias que viverdes sobre a terra a qual ides, passando o Jordão, para a possuir"(Dt 31:11-13).

"Educa a criança no caminho em que deve andar; e até quando envelhecer não se desviará dele"(Pv 22:6).

"Trazendo à memória a fé não fingida que em ti há, a qual habitou primeiro em tua avó Lóide, e em tua mãe Eunice, e estou certo de que também habita em ti"(2 Tm 1:6).

"Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste, e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido. E que desde a tua meninice sabes as sagradas Escrituras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus"(2 Tm 3:14-15).

O texto de Mt 18:5 trata de um menino que seria recebido e tratado dentro de uma família cristã, para ser persuadido e instruído na fé cristã. O texto não se refere a qualquer criança indiscriminadamente.

(e)Depois, Jesus afirma que crianças pequenas crêem nEle:

"Mas, qualquer que escandalizar um destes pequeninos, que crêem em mim..."(v.6). O verbo grego "πιστεύω"(pisteuō), aqui traduzido por "creem", de acordo com o Léxico Grego do Novo Testamento de J. H. Thayer, se refere literalmente a "ter uma fé direcionada para, crendo, ou com fé para se entregar inteiramente a Jesus"(p.511). A enfase aqui é a uma fé sem reservas, a uma confiança total em Jesus. Era esse tipo de fé, que as criancinhas pequenas tinham em Jesus, que Ele desejava que seus discípulos tivessem nEle, desejando que eles confiassem totalmente nEle. Essas crianças, que creem em Jesus, não são todas as crianças indiscriminadamente, mas apenas aquelas que como aquela, que estava com Ele, foram chamadas e atraídas por Ele. O contexto de Mt 18:1-6; Mc 9:33-36, mostra que aquele menino estava no mesmo ambiante em que estavam os discípulos. Era um menino judeu, membro do povo da aliança, não um filho de um pagão. A ênfase que Jesus dá àquele menino, considerando-o seu representante

Esse assunto nos remota a textos como Lc 1:15, onde se menciona que a criança que foi regenerada pelo Espírito Santo - João Batista - era filho de pais crentes, "ambos justos perante Deus, andando sem repreensão em todos os mandamentos e preceitos do Senhor"(Lc 1:6). O mesmo se pode dizer de Samuel, filho de Ana:

"Então Ana se levantou, depois que comeram e beberam em Siló; e Eli, sacerdote, estava assentado numa cadeira, junto a um pilar do templo do Senhor. Ela, pois, com amargura de alma, orou ao Senhor, e chorou abundantemente.E fez um voto, dizendo: Senhor dos Exércitos! Se benignamente atentares para a aflição da tua serva, e de mim te lembrares, e da tua serva não te esqueceres, mas à tua serva deres um filho homem, ao Senhor o darei todos os dias da sua vida, e sobre a sua cabeça não passará navalha. E sucedeu que, perseverando ela em orar perante o Senhor, Eli observou a sua boca. Porquanto Ana no seu coração falava; só se moviam os seus lábios, porém não se ouvia a sua voz; pelo que Eli a teve por embriagada. E disse-lhe Eli: Até quando estarás tu embriagada? Aparta de ti o teu vinho. Porém Ana respondeu: Não, senhor meu, eu sou uma mulher atribulada de espírito; nem vinho nem bebida forte tenho bebido; porém tenho derramado a minha alma perante o SENHOR.Não tenhas, pois, a tua serva por filha de Belial; porque da multidão dos meus cuidados e do meu desgosto tenho falado até agora"(1 Sm 1:9-16).

O texto de 1 Sm 1:9-16 mostra que Deus opera a regeneração em filhos de crentes eleitos, não em crianças pequenas, filhas de filhos de Belial. O mesmo se disse da mãe de Sansão:

"E o anjo do Senhor apareceu a esta mulher, e disse-lhe: Eis que agora és estéril, e nunca tens concebido; porém conceberás, e terás um filho. Agora, pois, guarda-te de beber vinho, ou bebida forte, ou comer coisa imunda. Porque eis que tu conceberás e terás um filho sobre cuja cabeça não passará navalha; porquanto o menino será nazireu de Deus desde o ventre; e ele começará a livrar a Israel da mão dos filisteus. Então a mulher entrou, e falou a seu marido, dizendo: Um homem de Deus veio a mim, cuja aparência era semelhante a de um anjo de Deus, terribilíssima; e não lhe perguntei donde era, nem ele me disse o seu nome.Porém disse-me: Eis que tu conceberás e terás um filho; agora pois, não bebas vinho, nem bebida forte, e não comas coisa imunda; porque o menino será nazireu de Deus, desde o ventre até ao dia da sua morte. Então Manoá orou ao Senhor, e disse: Ah! Senhor meu, rogo-te que o homem de Deus, que enviaste, ainda venha para nós outra vez e nos ensine o que devemos fazer ao menino que há de nascer"(Jz 13:3-8).

Em outros lugares, vemos Deus ensinando que crianças pequenas e criancinhas de peito, são descritas como louvando a Jesus(Mt 21:15-16). Será que uma criatura que louva a Deus pode não ter nenhum traço de fé nEle? A Igreja Primitiva, sem dúvida alguma tinha as crianças ou como crentes, ou como membros da família dos crentes. Nas catacumbas de Roma (um local onde os cristãos perseguidos se reuniam) foram encontradas algumas pinturas e inscrições dos primitivos cristãos. Uma dessas inscrições, datada de 200 d.C (portanto, do fim do 2º século), encontrada na sepultura do pequeno Zózimo, traz os seguintes dizeres:

Eu, Zózimus, um crente dos crentes, sepultado aqui, tenho vivido dois anos, um mês, vinte e cinco dias”.

O Dr. William Withrow, autoridade em arqueologia cristã, menciona outra inscrições nas catacumbas de Roma, mencionando crianças pequenas como parte integrante da Igreja:

“'Candido, um neófito, que viveu vinte e um meses"(Catacombs of Rome, p.532).

Flavio Jovino, que viveu três anos e trinta dias, um neófito, em paz”(Ibidem).

Não há nadas nas Escrituras, ensinando que Deus opera a regeneração em filhos pequenos de réprobos e descrentes. O Dr. ANL erra, ensinando algo contrário às Escrituras.

(10)ANL flertando com Armínio e seus sequazes? Triste!

Não encontramos apoio ao dogma que ensina que todas as crianças e doentes mentais, sem exceção, são eleitos e salvos, entre os primitivos reformadores, nem nos Símbolos de Fé Reformados dos Séculos XVI-XVII. Na realidade, na vanguarda desse dogma estava Armínio, que, em sua obra 'Um Exame do Tratado de William Perkins - 2ª Parte', declarou:

"O argumento a respeito dos tolos e das crianças é totalmente pueril. Pois quem ousa negar que muitos tolos e crianças são salvos?"(As Obras de Armínio, Volume 3, p.453).

Roger Olson, maioral do moderno arminianismo, diz:

"Na teologia arminiana, portanto, todas as crianças que morrem antes de alcançarem a idade de despertamento da consciência e de pecarem efetivamente (em oposição ao pecado inato) são consideradas inocentes por Deus e levadas ao paraíso”(Teologia Arminiana, Mitos e Realidades, pp.42-43).

Essa posição amiraldista não é bíblica, reformada, confessional e presbiteriana. É arminiana.