segunda-feira, 12 de abril de 2021

O herético 'dispensacionalismo revisado', e a negação da eleição na eternidade!

Olha só... Um cara se diz 'calvinista'[preferí apenas printar suas falas e colar aqui, pra salvaguardar sua imagem], ao mesmo tempo que se diz 'dispensacionalista', negando que a Igreja existiu, em outro lugar, que não no NT. Uma pessoa dessa, que, por ser vitima de um sistema escatológico confuso e estranho, e que infelizmente não tem nem o básico conhecimento do que significa o termo "Igreja", seja nas línguas originais, seja no texto no NT, traz grandes problemas para a Igreja. O seu maior problema é sem dúvida alguma sua péssima hermenêutica. Tomemos, por exemplo, Mt 16:18, que diz:

"Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja ([ἐκκλησί] ekklēsia], e as portas do inferno não prevalecerão contra ela"(ACF)

(a)O Léxico Grego Português do Novo Testamento, Baseado em Domínios Semânticos", de J. Louw e E. Nida, afirma que 'ἐκκλησία'[ekklēsia], significa literalmente "Uma congregação de cristãos, ficando implícita a interação entre os membros - 'congregação, IGREJA"(p.115) . No entanto, esses autores, deixam uma interessante observação:

"Na tradução de ἐκκλησία, É PRECISO EVITAR UM TERMO QUE SE REFERE A UMA CONSTRUÇÃO, E NÃO A UMA CONGREGAÇÃO DE CRISTÃOS"(Ibidem).

A idéia aqui é que o sentido primário e geral de "igreja" é de uma reunião ou congregação de pessoas, não ao estabelecimento visível desse grupo, no Pentecostes, como entende essa pessoa, querendo dizer que a 'Igreja" só passou a existir no dia de Pentecostes. Os autores, insistem nessa assertiva, afirmando:

"O termo 'ἐκκλησία'[ekklēsia] já circulava livremente durante vários séculos ANTES DA ERA CRISTÃ E ERA USADO EM REFERÊNCIA A UMA ASSEMBLEIA DE PESSOAS CONSTITUÍDA POR PARTICIPAÇÃO BASEADA EM CRITÉRIOS BEM DEFINIDOS. Normalmente, EM SEU USO COMUM, DESIGNAVA UMA ENTIDADE SÓCIO-POLÍTICA BASEADA NO FATO DE TODOS OS SEUS MEMBROS SEREM CIDADÃOS DE UMA CIDADE-ESTADO"(Ibidem)

O sentido é sempre esse - o de 'uma assembleia de pessoas', 'uma congregação', 'igreja', levando-nos a crer que sempre que existiu uma assembleia de pessoas, ou uma congregação de pessoas, reunidas para adoração a Deus, ali estava uma 'ἐκκλησία'[ekklēsia]', isto é, um povo, uma entidade, uma 'igreja', composta de todos os tipos de pessoas - homens, mulheres e crianças, exatamente como ocorre em "UMA ENTIDADE SÓCIO-POLÍTICA BASEADA NO FATO DE TODOS OS SEUS MEMBROS SEREM CIDADÃOS DE UMA CIDADE-ESTADO". Assim, como todas as pessoas que fazem parte de um Estado Político, constituem sua cidade, Estado e País, gozando de todos os direitos inalienáveis, assim, todas as pessoas que fazem parte de uma assembleia ou congregação ou povo de Deus, em qualquer época, gozam de todos os direitos que a sua membresia lhes conferem(Gn 17:7-14,24-27; Dt 31:12; Jl 2:16; Hb 9:18; Mt 19:13-15; 1 Co 7:14; 2 Tm 3:15)

A ignorância escriturística desta criatura, é de deixar qualquer um de queixo caído. É consenso geral dos reformados, sejam eles pedobatistas, credobatistas, aliancistas ou não, que o povo de Deus, em todas as eras, constitui a Sua Igreja:

"O que você crê sobre 'a santa igreja universal de Cristo'? R. Creio que o Filho de Deus reúne, protege e conserva, dentre todo o gênero humano, sua comunidade eleita para a vida eterna. Isto Ele fez por seu Espírito e sua Palavra, na unidade da verdadeira fe, desde o princípio do mundo até o fim. Creio que sou membro vivo dessa igreja, agora e para sempre"(Catecismo de Heidelberg [1563], Resp. Perg. Nº 54)

"A IGREJA CATÓLICA OU UNIVERSAL, QUE É INVISÍVEL, CONSTA DO NÚMERO TOTAL DOS ELEITOS QUE JÁ FORAM, DOS QUE AGORA SÃO E DOS QUE AINDA SERÃO REUNIDOS EM UM SÓ CORPO SOB CRISTO, seu cabeça; ela é a esposa, o corpo, a plenitude daquele que cumpre tudo em todas as coisas(Ef 1:10, 22-23; Cl 1:18)"(Confissão de Fé de Westminster[1643-1649], 25:1)

"A IGREJA UNIVERSAL OU CATÓLICA), que com respeito à obra interna do Espírito, e da verdade da graça, pode ser chamada invisível, CONSISTE NO NÚMERO TOTAL DOS ELEITOS QUE JÁ FORAM, ESTÃO SENDO, OU AINDA SERÃO CHAMADOS EM CRISTO, o Cabeça de todos. A Igreja é a esposa, o corpo e a plenitude daquele que é tudo em todos"(Confissão de Fé Batista de 1689, 26:1)

"CREMOS E CONFESSAMOS UMA IGREJA VISÍVEL DE DEUS, A SABER, AQUELES QUE, COMO FOI DITO ANTES, VERDADEIRAMENTE SE ARREPENDEM E CRÊEM, e são corretamente batizados; QUE SÃO UM COM DEUS NO CÉU, E CORRETAMENTE INCORPORADOS À COMUNHÃO DOS SANTOS AQUI NA TERRA. ESTES CONFESSAMOS SER A GERAÇÃO ELEITA, o sacerdócio real, a nação santa, QUE É DECLARADA A NOIVA E ESPOSA DE CRISTO, sim, filhos e herdeiros da vida eterna, uma tenda, tabernáculo e habitação de Deus no Espírito, edificada sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, dos quais, o próprio Jesus Cristo é declarado a Pedra Angular(sobre a qual Sua igreja é construída). Esta igreja do Deus vivo, que Ele adquiriu, comprou e redimiu com Seu próprio sangue precioso; com o qual, de acordo com Sua promessa, Ele está e permanecerá sempre, até o fim do mundo, para consolação e proteção, sim, habitará e andará entre eles e os preservará, de modo que nenhuma inundação ou tempestade, nem mesmo as portas do inferno se moverão ou prevalecerão contra eles - esta igreja, dizemos, pode ser conhecida por sua fé escriturística, doutrina, amor e conversação piedosa, como, também, pela frutífera observância, prática e manutenção de as verdadeiras ordenanças de Cristo, que Ele tão fortemente ordenou a Seus discípulos"(Confissão de Fé de Dordrecht [1632] Menonita [Anabatista-Credobatista], VIII).

Note, as três confissões de fé(Westiminster/Batista de 1689 e a Anabatista) afirmam que a verdadeira igreja consiste dos eleitos, que crêem e se arrependem. A fá salvífica e o arrependimento ficaram restritas à época no NT?(Jn 3:5-8). Não. Logo, a Igreja de Deus sempre existiu, quando homens foram agraciados pela fé e arrependimento. E é por isso, que a Confissão de Fé Batista de 1689(Credobatista), diz:

"Tudo isto, em essência, aplicava-se também aos crentes que viviam sob a lei. Sob o Novo Testamento, porém, a liberdade cristã é ampliada, na libertação do jugo da lei cerimonial a que A IGREJA JUDAICA estava sujeita, na maior ousadia de acesso ao trono da graça, e maior medida do livre Espírito de Deus do que os crentes normalmente desfrutavam sob a lei"(21:1)

(b)Mt 16:18 não está negando que a Igreja de Deus existia no AT. O termo grego "ἐκκλησία"(ekklēsia), que aparece em Mt 16:18, de acordo com o Léxico Grego do Novo Testamento de J. H. Thayer, se refere literalmente a "TODO O CORPO DE CRISTÃOS ESPALHADOS POR TODA A TERRA; COLETIVAMENTE, QUE ADORAM E HONRAM A DEUS E A CRISTO EM QUALQUER LUGAR QUE ESTEJAM". A referência a 'Igreja" em Mt 16:18 é justamente a Igreja Visível,que embora contenha dentro dela a Igreja Invisível [os eleitos], também tem em seu seio os réprobos, não eleitos e irregenerados(Mt 8:11-12; 13:41-43). É desta "Igreja", que Jesus fala, quando alude "e sobre esta pedra EDIFICAREI a minha igreja"(Mt 16:18). Vejam que o verbo grego "οἰκοδομέω"(oikodomeō) aqui traduzido por "edificarei", de acordo com o Léxico Grego do Novo Testamento de Edward Robinson, tem o sentido de "UM DESENVOLVIMENTO NA FÉ, edificação, AVANÇO NA VIDA DIVINA, USADO PARA A IGREJA CRISTÃ E SEUS MEMBROS"(p.629). O sentido aqui, se refere ao estabelecimento da Igreja Visível no dia de Pentecostes, pois foi lá, e a partir de lá, que a fé cristã foi implantada, iniciada e continuada visivelmente(At 2:41-46), de formas que Lucas diz: "E TODOS OS DIAS ACRESCENTAVA O SENHOR À IGREJA AQUELES QUE SE HAVIAM DE SALVAR"(At 2:47)

(c)Vale a pena salientar que o termo grego "ἐκκλησία"(ekklēsia) é uma junção de "ἐκ"(ek) e "καλέω"(kaleō). "ἐκ"(ek) tem o sentido de "FORA DE"(Robinson, p.276) e "καλέω"(kaleō) tem o sentido de "chamar"(Ibidem, p.466), apresentando a ideia de 'chamados para fora' do mundo escravizado pelo pecado, nos dando a ideia de que a Igreja, é composta apenas de pessoas que foram chamadas dentro do tempo para a salvação[através da pregação do evangelho - Jo 10:16; Rm 8:30), mas eternamente, através da eleição, visto que "καλέω"(kaleō) também aparece em Gl 1:15 (onde é traduzido por 'me chamou'), e que significa literalmente "ESCOLHER"(Ibidem, p.467). Isso quer dizer que Paulo, como eleito de Deus, foi eternamente chamado de "eleito", mas não meramente e apenas, para o ofício apostólico, mas para a própria salvação, já que ninguém pode ser apóstolo, sem que antes seja dotado da fé salvífica, dada aos eleitos:

"Paulo, servo de Deus, E APÓSTOLO DE JESUS CRISTO, SEGUNDO A FÉ DOS ELEITOS DE DEUS E O CONHECIMENTO DA VERDADE, que é segundo a piedade"(Tt 1:1)

Essa ideia é reforçada por Paulo, que diz:

"Que NOS SALVOU, E CHAMOU [καλέω] com uma santa vocação; não segundo as nossas obras, MAS SEGUNDO O SEU PROPÓSITO E GRAÇA QUE NOS FOI DADA EM CRISTO JESUS ANTES DOS TEMPOS DOS SÉCULOS"(2 Tm 1:9)

(d)Temos várias evidências que mostram que a Igreja de Deus sempre existiu, preexistindo ao NT, uma vez que o povo [eleito e salvo] de Deus constitui sua Igreja:

"E dará à luz um filho e chamarás o seu nome JESUS; porque ELE SALVARÁ O SEU POVO dos seus pecados"(Mt 1:21)

"Ainda TENHO OUTRAS OVELHAS que não são DESTE APRISCO; também me convém agregar estas, e elas ouvirão a minha voz, e haverá UM REBANHO e um Pastor"(Jo 10:16)

"Para que também desse a conhecer as riquezas da sua glória nos vasos de misericórdia, que para glória já dantes preparou, Os quais somos nós, a quem também chamou, não só dentre OS JUDEUS, mas também dentre OS GENTIOS? Como também diz em Oséias: Chamarei MEU POVO ao que não era meu povo; E AMADA à que não era amada"(Rm 9:23-25)

"Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz; Vós, que em outro tempo não éreis povo, MAS AGORA SOIS POVO DE DEUS; que não tínheis alcançado misericórdia, mas agora alcançastes misericórdia"(1 Pe 2:9-10)

Diante desses textos, vemos as argumentações desse dispensacionalista, eivadas do erro do anti-calvinismo, senão vejamos:

(i)Em Mt 1:21, o anjo diz que Jesus salvará "O SEU POVO". Quem é esse 'povo'? Se o dispensacionalista disser "Israel", então, os gentios estão excluídos da salvação. Se ele disser 'Os gentios', ou a 'Igreja' do NT, então, os judeus estão excluídos da salvação. Olhem só.... O substantivo masculino grego "λαός"(laos), aqui traduzido por "povo", de acordo com o Léxico Grego do Novo Testamento de J. H. Thayer, significa literalmente "UM POVO, tribo, nação, TODOS AQUELES QUE SÃO DO MESMO TIPO E LÍNGUA; UNIVERSALMENTE, DE QUALQUER POVO"(p.372) Essa palavra grega é a mesma usada em Hb 11:25, com o sentido de "O POVO QUE DEUS ESCOLHEU PARA SI, ESCOLHIDO COMO PECULIARMENTE SEU"(Ibidem). Em Hb 4:9, onde o escritor apostólico alude a salvação eterna, aludindo ao 'povo de Deus', é também usada essa palavra grega "λαός"(laos), que segundo Thayer, ao aludir ao nome 'povo de Deus', diz que no texto grego original de Hb 4:9 "O NOME É TRANSFERIDO PARA A COMUNIDADE DOS CRISTÃOS, COMO AQUELES QUE PELA BENÇÃO DE CRISTO VIERAM OCUPAR O LUGAR DO POVO TEOCRÁTICO DE ISRAEL'(Hb 4:9; Ap 18:4)(Ibidem).

(ii)E Jo 10:16, Jesus ensina que os gentios eleitos, ainda não regenerados e incorporados a Igreja Visível, são membros de suas "OVELHAS"(TENHO OUTRAS OVELHAS), e que farão parte deste "APRISCO" e "REBANHO"('e elas ouvirão a minha voz, e haverá UM REBANHO e um Pastor'). Vejam, que diante de judeus e gentios eleitos e posteriormente salvos, Jesus tem 'UM APRISCO", "UM REBANHO", não dois apriscos e dois rebanhos. Mas, note. Ele usa os termos "APRISCO" e "REBANHO", no singular. Jesus usa o termo "ovelhas", sempre pra se referir aos eleitos, regenerados e membros de sua Igreja Invisível e Visível. Sim, o termo "ovelhas" é usado para significar aqueles que foram eleitos, que crerão(Jo 10:27-28). O termo 'ovelhas' é usado para significar aqueles que foram eleitos, que crerão em Cristo, e vou mais além - 'Ovelhas' é um termo usado para designar aqueles por quem Cristo viria morrer:

"Eu sou o bom Pastor; O BOM PASTOR DÁ A SUA VIDA PELAS OVELHAS... Eu sou o bom Pastor, e conheço as minhas ovelhas, e das minhas sou conhecido. Assim como o Pai me conhece a mim, também eu conheço o Pai, E DOU A MINHA VIDA PELAS OVELHAS"(Jo 10:11,14-15)

Sim. "Ovelhas" é um termo usado para designar aqueles que já pertencem ao 'rebanho' de Cristo(Igreja Invisível)('Ainda tenho outras ovelhas que não são deste aprisco; também me convém agregar estas' - Jo 10:16) ainda antes de fazer parte deste rebanho visível('e elas ouvirão a minha voz, e haverá um rebanho e um Pastor' - Jo 10:16). Quando o termo "ovelhas", é aqui usado para designar os gentios eleitos ainda não salvos, e que farão parte deste rebanho visível, e por quem Cristo iria dar a sua vida('Eu sou o bom Pastor; O BOM PASTOR DÁ A SUA VIDA PELAS OVELHAS... Assim como o Pai me conhece a mim, também eu conheço o Pai, E DOU A MINHA VIDA PELAS OVELHAS' - Jo 10:11,15), o termo está sendo usado para designar sua igreja eleita eternamente para a salvação:

"E quando o Filho do homem vier em sua glória, e todos os santos anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória; E todas as nações serão reunidas diante dele, A APARTARÁ UNS DOS OUTROS, COMO O PASTOR APARTA DOS BODES AS OVELHAS; E PORÁ AS OVELHAS À SUA DIREITA, MAS OS BODES À ESQUERDA. ENTÃO DIRÁ O REI AOS QUE ESTIVEREM À SUA DIREITA: VINDE, BENDITOS DE MEU PAI, POSSUÍ POR HERANÇA O REINO QUE VOS ESTÁ PREPARADO DESDE A FUNDAÇÃO DO MUNDO... Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos... E irão estes para o tormento eterno, mas os justos para a vida eterna"(Mt 25:31-23,41,46)

"Vós, maridos, amai vossas mulheres, COMO TAMBÉM CRISTO AMOU A IGREJA, E A SI MESMO SE ENTREGOU POR ELA"(Ef 5:25)

Veja que o verbo grego "ἀγαπάω"(agapaō), aqui traduzido por "amou", de acordo com o Léxico Grego do Novo Testamento de J. H. Thayer, tem o sentido de "TER PREFERÊNCIA"(p.8). A ideia aqui é a de que Cristo exerceu o ato de "preferir"('DAR PRIMAZIA A UMA PESSOA OU COISA EM DETRIMENTO DE OUTRAS' - Michaelis Online), denotando a ideia de "eleger", "escolher", já que "escolher" é "INDICAR PREFERÊNCIA POR ALGUÉM OU POR ALGUMA COISA; OPTAR ENTRE DUAS OU MAIS PESSOAS OU COISAS"(Michaelis Online). Os apóstolos referendaram esta doutrina de Cristo, afirmando que o termo 'ovelhas' é aplicado aos eleitos na eternidade, remidos e regenerados dentro do tempo:

"Porque ÉREIS COMO OVELHAS DESGARRADAS; MAS AGORA TENDES VOLTADO AO PASTOR E BISPO DE VOSSAS ALMAS"(1 Pe 2:25)

Quem, mesmo quando ainda estavam "desgarrados"(afastados, na incredulidade, mortos em delitos e pecados) do 'Pastor' e 'Bispo' de suas almas, já eram suas ovelhas? A Igreja Universal, composta de cristãos gentílicos, que são descritos como eleitos na eternidade para serem aspergidos pelo sangue de Cristo, santificados por seu Espírito e serem santos:

"Pedro, apóstolo de Jesus Cristo, AOS ESTRANGEIROS DISPERSOS NO PONTO, GALÁCIA, CAPADÓCIA, ÁSIA E BITÍNIA; ELEITOS segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, PARA a obediência E ASPERSÃO DE JESUS CRISTO: Graça e paz vos sejam multiplicadas. Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo que, segundo a sua grande misericórdia, NOS GEROU DE NOVO para uma viva esperança, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos"(1 Pe 1:1-3).

"VÓS, TAMBÉM, COMO PEDRAS VIVAS, SOIS EDIFICADOS CASA ESPIRITUAL E SACERDÓCIO SANTO, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo... MAS VÓS SOIS A GERAÇÃO ELEITA, O POVO ADQUIRIDO, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz; Vós, que em outro tempo não éreis povo, MAS AGORA SOIS POVO DE DEUS"(1 Pe 2:5,9-10)

O conceito que este dispensacionalista tem de 'Igreja', apresenta um Cristo que não era o Pastor de suas ovelhas, isto é, de sua Igreja, antes que ela fosse visivelmente estabelecida em Pentecostes. Mas Cristo, aludindo aos seus eleitos na eternidade, como suas ovelhas, se apresenta como Eterno Pastor de suas ovelhas, de sua Igreja, antes mesmo que todos os membros dela se achegassem a ela, por meio de fé e arrependimento: "EU SOU O BOM PASTOR; O BOM PASTOR DÁ A SUA VIDA PELAS OVELHAS.... Eu sou o bom Pastor, e conheço as minhas ovelhas, e das minhas sou conhecido. Assim como o Pai me conhece a mim, também eu conheço o Pai, E DOU A MINHA VIDA PELAS OVELHAS. AINDA TENHO OUTRAS OVELHAS QUE NÃO SÃO DESTE APRISCO; TAMBÉM ME CONVÉM AGREGAR ESTAS, e elas ouvirão a minha voz, e haverá um rebanho e um Pastor"(Jo 10:11,14-16)

Sim. Jesus já era Pastor daquelas ovelhas que estavam dentre os gentios ainda não remidos, regenerados e salvos. Segundo Ele, estes eleitos, ainda não remidos e regenerados, já eram membros do grupo de suas ovelhas[igreja invisível], e estavam de antemão destinadas a serem parte do rebanho visível('TAMBÉM ME CONVÉM AGREGAR ESTAS, e elas ouvirão a minha voz, E HAVERÁ UM REBANHO e um Pastor' - Jo 10:16)

(iii)A interpretação que Paulo dá em Rm 9:23-27, é um forte golpe no dispensacionalismo herético, que cria "dois povos eleitos e salvos - judeus e gentios", e que situa a Igreja Invisível de Cristo, à igreja estabelecida visivelmente em Pentecostes:

"Para que também desse a conhecer as riquezas da sua glória NOS VASOS DE MISERICÓRDIA, que para glória já dantes preparou, OS QUAIS SOMOS NÓS, A QUEM DEUS TAMBÉM CHAMOU, NÃO SÓ DENTRE OS JUDEUS, MAS TAMBÉM DENTRE OS GENTIOS? Como também diz em Oséias: CHAMAREI MEU POVO ao que não era meu povo; E AMADA à que não era amada. E sucederá que no lugar em que lhes foi dito: Vós não sois meu povo; Aí serão chamados filhos do Deus vivo. Também Isaías clama acerca de Israel: Ainda que o número dos filhos de Israel seja como a areia do mar, O REMANESCENTE É QUE SERÁ SALVO"(Rm 9:23-27)

Vejam a interpretação que Paulo dá a Is 10:21-22. Ele mostra que judeus e gentios fazem parte do grupo 'DOS VASOS DE MISERICÓRDIA"(Rm 9:23-24); e que os gentios que seriam salvos, seriam "POVO" de Deus(Rm 9:25) e "AMADA" de Deus, ao invés de 'um dos povos de Deus" ou "uma das amadas de Deus". A ideia é que mesmo antes da Nova Aliança, no AT, no sentido eletivo-salvífico, judeus e gentios são o mesmo "POVO" de Deus, a mesma "AMADA" de Deus. Deus não tem dois povos; Deus não tem duas amadas, duas esposas, duas igrejas. Deus não é bígamo; como Ele diz, por Salomão: "UMA É A MINHA POMBA, A MINHA IMACULADA"(Ct 6:9). Isaías diz: "Porque o teu Criador É O TEU MARIDO; o Senhor dos Exércitos é o seu nome; e o Santo de Israel é o teu Redentor; que é chamado o Deus de toda a terra"(Is 54:5)

Paulo diz que a Igreja é "UMA VIRGEM PURA PARA UM MARIDO, A SABER, A CRISTO"(2 Co 11:2).

(iv)Jesus remonta ao passado, para falar que Ele é o Eterno [não o Pastor, a partir do estabelecimento da igreja visível em Pentecostes) Pastor de suas ovelhas:

"Tornou, pois, Jesus a dizer-lhes: Em verdade, em verdade vos digo que EU SOU A PORTA DAS OVELHAS. TODOS OS QUE VIERAM ANTES DE MIM SÃO LADRÕES E SALTEADORES; MAS AS OVELHAS NÃO OS OUVIRAM"(Jo 10:7-8).

Essa palavra de Jesus, é muito decisiva. Ela mostra que Ele considerava que já existia o rebanho de Deus antes mesmo de sua vinda. Olha só... O substantivo neutro grego "πρόβατον"(probaton), aqui traduzido por "ovelhas", de acordo com o Léxico Grego do Novo Testamento de J. H. Thayer, tem o sentido "DA HUMANIDADE, QUE NECESSITANDO DE SALVAÇÃO OBEDECE ÀS DETERMINAÇÕES DAQUELE QUE A PROVÊ E CONDUZ A ELA; O MESMO OCORRE COM OS SEGUIDORES DE CRISTO"(p.537). Assim, Thayer afirma que judeus crentes do AT e os cristãos do NT pertencem a mesma categoria - são ovelhas de Cristo.

Mesmo antes do aparecimento de Jesus, suas ovelhas já existiam, e por serem suas ovelhas (eleitos e crentes), não deram ouvidos àqueles, que,. no tocante aos seus ensinos pregados ao povo no tempo passado, não passavam de "ladrões e salteadores". Alguns comentaristas das Escrituras, são cirúrgicos e precisos, quando comentam tal texto:

"E, ASSIM, DE ACORDO COM A ELEIÇÃO SECRETA DE DEUS, JÁ SOMOS OVELHAS em nós mesmos pela vocação, por meio da qual Ele nos congrega ao seu rebanho"(João Calvino[1509-1564], Com de Jo 10:8)

"AS OVELHAS - O POVO DE DEUS - A PARTE PIEDOSA DA NAÇÃO JUDAICA. Embora a grande massa do povo estivesse corrompida, sempre houve alguns que eram o povo humilde e dedicado de Deus. Compare Rm 11: 3-4"(Albert Barnes[1798-1870], Ministro Presbiteriano, Com de Jo 10:8)

"Mas as ovelhas não os ouviram; OS ELEITOS DE DEUS, ALGUNS DOS QUAIS EXISTIRAM EM TODAS AS ÉPOCAS, embora seu número seja comparativamente pequeno, não atenderam aos falsos profetas, falsos mestres e pastores idólatras; não receberam suas doutrinas, nem seguiram suas práticas; pois não é possível que estes sejam finalmente e totalmente enganados, ou levados com o erro dos ímpios"(John Gill[1697-1771]. Ministro Batista, Com de Jo 10:8)

"Isso não deve ser entendido com referência aos profetas, mas apenas pelos que vieram antes de Cristo, não sendo enviados por ele: todos aqueles que ensinaram outra forma de vida e salvação, do que crer no Messias, que havia de ser revelado para o salvação do mundo; todos esses procuraram apenas a si mesmos, não o bem das almas do povo; e destruíram almas em vez de trazer-lhes benefício ou fazer-lhes algum bem. MAS AQUELES QUE ERAM MEUS POR UMA ELEIÇÃO ETERNA, OU POR UMA GRAÇA ESPECIAL CONCEDIDA A ELES, NÃO OS ABRAÇARAM"(Matthew Poole[1624-1679], Ministro Congregacional, Com de Jo 10:8)

(v)A afirmação de que não existia Igreja de Deus no AT, é de uma infantilidade e ignorância sem tamanho. O primeiro mártir do Evangelho, Estevão, rebate essa insanidade, afirmando:

"Este é o que esteve entre A IGREJA no deserto, com o anjo que lhe falava no monte Sinai, e com nossos pais, o qual recebeu as palavras de vida para no-las dar"(At 7:38 KJV, 1611)

Harold K. Moulton diz que "ἐκκλησία"(ekklēsia) no NT tem o sentido de "congregação dos filhos de Israel(At 7:38), TRANSFERIDO O SIGNIFICADO PARA O CORPO CRISTÃO, DO QUAL A CONGREGAÇÃO DE ISRAEL ERA FIGURA, A IGREJA"(Léxico Grego Analítico, p.132). G. Kittel e G. Friedrich, aludindo ao significado de "ἐκκλησία"(ekklēsia) afirmam que "A DENOTAÇÃO É SEMPRE A 'ASSEMBLÉIA [DE DEUS]'. A PALAVRA 'IGREJA' SUGERE O ASPECTO UNIVERSAL E, ETIMOLOGICAMENTE, O FATO DE PERTENCER AO SENHOR, mas ela tem a desvantagem de ter adquirido uma nuança hierárquica. A PALAVRA 'CONGREGAÇÃO' DESTACA O FATO DE QUE A PEQUENA IRMANDADE JÁ É IGREJA, e salienta o aspecto da reunião, mas tem a desvantagem de chamar atenção para o grupo individual, por vezes num sentido sectário"(Dicionário Teológico do Novo Testamento, p.444). O Léxico Grego Analítico do Novo Testamento Grego, de William D. Mounce, diz que "ἐκκλησία"(ekklēsia), no NT, se refere "a congregação dos filhos de Israel(At 7:38); TERMO TRANSFERIDO PARA O GRUPO CRISTÃO, DO QUAL A CONGREGAÇÃO DE ISRAEL ERA FIGURA, A IGREJA"(p.217). Veja que uma das definições de 'Igreja", está ligada a 'pertencer ao Senhor'; e o conceito de 'congregação' está ligado a 'uma irmandade que já é igreja'. Não pode existir uma assembléia, congregação ou irmandade que não aponte outra coisa senão 'Igreja', como atesta o escritor aos Hebreus: "Dizendo: Anunciarei o teu nome A MEUS IRMÃOS. Cantar-te-ei louvores NO MEIO DA CONGREGAÇÃO"(Hb 2:12)

As definições de Moulton, Kittel, Friedrich, Mounce de que o termo "congregação", no AT, aplicado a Israel, foi 'transferido" "PARA O GRUPO CRISTÃO"; 'PARA O CORPO CRISTÃO', satisfaz plenamente o pensamento de Paulo no NT, que afirma que "PORQUE NÃO É JUDEU O QUE O É EXTERIORMENTE, NEM É CIRCUNCISÃO A QUE O É EXTERIORMENTE NA CARNE"(Rm 2:28); e "PORQUE NEM TODOS OS QUE SÃO DE ISRAEL SÃO ISRAELITAS; NEM POR SEREM DESCENDÊNCIA DE ABRAÃO SÃO TODOS FILHOS; mas: Em Isaque será chamada a tua descendência. ISTO É, NÃO SÃO OS FILHOS DA CARNE QUE SÃO FILHOS DE DEUS, MAS OS FILHOS DA PROMESSA SÃO CONTADOS COMO DESCENDÊNCIA"(Rm 9:6-8). Veja que Paulo chama a Igreja de "O ISRAEL DE DEUS"(Gl 6:16). A expressão grega 'ὁ Ἰσραήλ τοῦ Θεοῦ'('o Israel de Deus'), que aparece em Gl 6:17, de acordo com o Léxico Grego do Novo Testamento de J. H. Thayer, se refere literalmente aos "CRISTÃOS"(p.307). G. Kittel e G. Friedrich, afirmam que o adjetivo grego "Ἰσραήλ"(israēl), que aparece em Gl 6:16, "ENVOLVE TODOS OS QUE SEGUEM A REGRA DE PAULO, QUER SEJAM CIRCUNCIDADOS OU NÃO"(Dicionário Teológico do Novo Testamento, p. 416). O Léxico Grego Português do Novo Testamento, Baseado em Domínios Semânticos", de J. Louw e E. Nida, afirma que em Gl 6:16 "Ἰσραήλ"(israel) é "UMA REFERÊNCIA METAFÓRICA AOS CRISTÃOS COMO O VERDADEIRO ISRAEL"(p.734). F. Rienecker e C. Rogers afirmam que expressão grega 'ὁ Ἰσραήλ τοῦ Θεοῦ'('o Israel de Deus') pode se referir "AOS ISRAELITAS FIÉIS QUE SE TORNARAM CRISTÃOS, OU PODE INDICAR TODOS OS CRISTÃOS, TANTO JUDEUS QUANTO GENTIOS"(Chave Linguística do Novo Testamento Grego, p.385). Ou seja, não pode existir nenhum judeu salvo, que esteja fora da Igreja Cristã. Essa é a interpretação dada pelos comentaristas das Escrituras, como se segue:

"Agora o apóstolo chama O ISRAEL DE DEUS A QUEM, ELE HAVIA ANTERIORMENTE CHAMADO DE FILHOS DE ABRAÃO PELA FÉ. Assim, ELE ABRAÇA TODOS OS FIÉIS REUNIDOS NUMA SÓ IGREJA, tanto gentios como judeus'(João Calvino[1509-1564], Com de Gl 6:16)

"OS VERDADEIROS CRISTÃOS, CHAMADOS AQUI DE ISRAEL DE DEUS, para distinguÍ-los de Israel segundo a carne"(Adam Clark[1760-1832], Ministro Metodista, Com de Gl 6:16)

"A VERDADEIRA IGREJA DE DEUS; TODOS OS QUE SÃO SEUS VERDADEIROS ADORADORES"(Albert Barnes[1798-1870], Ministro Presbiteriano, Com de Gl 6:16)

"'Israel de Deus', NO VERDADEIRO SENTIDO, SEGUNDO PAULO, NUNCA FOI O ISRAEL RACIAL, MAS O ISRAEL ESPIRITUAL"(John Coffman[1848–1899], Ministro Menonita, Com de Gl 6:16)

"Que é uma descrição adicional das pessoas, por quem ele ora por essas bênçãos; e não deve ser entendido como uma distinção deles, mas como uma amplificação de seu caráter; e como apontando o Israel, por meio de ênfase, o Israel, OU ISRAELITAS DE FATO, O ISRAEL ESPIRITUAL, como distinto de Israel segundo a carne(veja 1 Co 10:18). O 'Israel de Deus', ou como diz a versão árabe, 'Israel, propriedade de Deus'; ao qual ele tem direito e sobre o qual ele tem direito; que são escolhidos por ele, ISRAEL SEU ELEITO; QUE SÃO REDIMIDOS POR ELE, DE TODA TRIBO, LÍNGUA, POVO E NAÇÃO, que são chamados por sua graça, e são denominados Israel como seu chamado; que são justificados em seu Filho e pela sua justiça"(John Gill[1697-1771], Ministro Batista, Com de Gl 6:16)

"NÃO O ISRAEL SEGUNDO A CARNE, entre o qual aqueles professores desejam matriculá-lo; MAS A SEMENTE ESPIRITUAL DE ABRAÃO PELA FÉ"(Robert Jamieson[1802-1880], Andrew Robert Fausset[1821-1910] e David Brown[1803-1897], Ministros Anglicanos, Com de Gl 6:16)

"Então ὅσοι irá se referir aos cristãos individuais, judeus e gentios, E O ISRAEL DE DEUS AOS PRÓPRIOS CRISTÃOS, CONSIDERADOS COLETIVAMENTE, e formando a verdadeira comunidade messiânica"(Marvin Vincent[1834-1922], Ministro Presbiteriano, Com de Gl 6:16)

"A paz e a misericórdia estejam com eles, E COM ISRAEL, ISTO É, A IGREJA DE DEUS - Que consiste em todos aqueles, e somente aqueles, de todas as nações e famílias, que andam por esta regra"(John Wesley[1703-1791], Ministro Metodista, Com de Gl 6:16)

"O apóstolo não promete, ou profetiza, misericórdia e paz para todos os israelitas, MAS SOMENTE PARA O ISRAEL DE DEUS; ISTO É, PARA OS CRENTES QUE RECEBERAM E ABRAÇARAM JESUS CRISTO oferecido no evangelho"(Matthew Poole [1624–1679], Ministro Congregacional, Com de Gl 6:16)

"Todos os crentes em Cristo provêm dos judeus, OU SEJA, HERDEIROS ou seja, herdeiros físicos E ESPIRITUAIS DE ABRAÃO"(Alexander Maclaren[1826-1910], Ministro Batista, Com de Gl 6:16)

"É UMA DAS ÊNFASES DO NOVO TESTAMENTO QUE A IGREJA É O VERDADEIRO ISRAEL, o Israel de Abraão, Isaque e Jacó"(Peter Pett, Ministro Batista, Com de Gl 6:16)

"E (a saber) sobre o Israel de Deus, os verdadeiros filhos de Israel, o povo de Deus, COMO DISTINTO DOS MEROS DESCENDENTES CARNAIS. SIGNIFICA OS CRISTÃOS CRENTES EM GERAL(não exclusivamente os cristãos judeus) se referem"(Philip Schaff[1819-1893], Ministro Presbiteriano, Com de Gl 6:16)

"AQUELES QUE ANDAM PELA DIREÇÃO DO ESÍRITO SÃO DECLARADOS REALMENTE O VERDADEIRO ISRAEL DE DEUS, não os judeus que têm o nome de Israel, mas são realmente apenas filhos de Abraão segundo a carne"(William R. Nicoll[1851-1923], Ministro Presbiteriano, Com de Gl 6:16)

"A BENÇÃO É DIRIGIDA, NÃO A DOIS GRUPOS DISTINTOS DE PESSOAS ('aqueles que seguem esta regra' e 'o Israel de Deus'), MAS AO MESMO GRUPO DE PESSOAS descritas de maneiras diferentes. 'E' é, portanto, equivalente a 'a saber': 'Sim, sobre o Israel de Deus. PELO 'ISRAEL DE DEUS' AQUI SE ENTENDE O 'ISRAEL ESPIRITUAL'; não os convertidos do judaísmo apenas, mas todos os que provam sua real afinidade com Abraão por uma fé como a de Abraão"(Charles J. Ellicott[1819–1905], Ministro Anglicano, Com de Gl 6:16)

"Em distinção do Israel da carne. Nessa frase concisa, Paulo incorpora triunfantemente sua grande doutrina DE QUE A TEOCRACIA DEIXOU O ANTIGO RITUAL E PARTIU COM A NOVA IGREJA DO ESPÍRITO"(Daniel Whedon[1808-1885], Ministro Metodista, Com de Gl 6:16)

Mesmo, os comentaristas dispensacionalistas, se renderam a essa visão:

"É a esses, verdadeiros filhos de Deus, que o apóstolo deseja a paz. Não foi Israel circuncidado segundo a carne que foi o Israel de Deus. Se houvesse alguém daquele povo circuncidado de coração, que se gloriou na cruz de acordo com os sentimentos da nova criatura, esse era o Israel de Deus. Além disso, todo verdadeiro cristão era um deles de acordo com o espírito de sua caminhada"(John Darby[1800-1882], Ministro da Igreja dos Irmãos de Plymouth, Com de Gl 6:16)

“Paulo não se vangloria do que fez, nem das virtudes de realizar ou não uma determinada cerimônia religiosa. Ele se gaba apenas do que Cristo fez por ele na cruz. Cristo deu-lhe uma nova vida, para que as coisas pecaminosas não possam mais atraí-lo e sua natureza pecaminosa não as deseje mais(vv.14-15). AQUELES QUE VIVEM DE ACORDO COM ESTE PRINCÍPIO SÃO O VERDADEIRO POVO DE DEUS, OS VERDADEIROS DESCENDENTES DE ABRAÃO(v16)“(Donald C. Flemming, Com de Gl 6:16)

“Israel de Deus. A antítese de Israel segundo a carne[1 Co10:18]”(Ethelbert W. Bullinger[1837 -1913], Ministro Anglicano, Com de Gl 6:16)

“Ele desejava isso especialmente para o ‘Israel de Deus’. ESTE TÍTULO INCOMUM SE REFERE A JUDEUS SALVOS. Descreve um segundo grupo no versículo, não o mesmo grupo. Observe a repetição de ‘sobre’ que faz essa distinção. Também ‘Israel’ sempre se refere a judeus físicos em todos os outros lugares do Novo Testamento (65 vezes). Portanto, esperaríamos esse significado aqui, a menos que indícios de um significado diferente estivessem presentes, o que não é verdade. ALÉM DISSO SERIA NATURAL PARA PAULO DESTACAR OS JUDEUS CRISTÃOS PARA UMA MENÇÃO ESPECIAL, visto que nesta epístola ele soou quase anti-semita. Portanto, é melhor tomar essa frase em seu uso regular, em vez de como uma designação única para a igreja como um todo, como fazem muitos não dispensacionalistas”(Dr. Thomas Consatable, Fundador do Dallas Seminary's Field Education Department, Com de Gl 6:16)

"A forte confirmação desta posição [ou seja, que ‘Israel ‘ se refere aos judeus no Novo Testamento] vem da ausência total de uma identificação da igreja com Israel até 160 d.C.; e também da ausência total, MESMO ENTÃO, O TERMO SE REFERINDO AOISRAEL DE DEUS PARA CARACTERIZAR A IGREJA”(Peter Richardson, Israel na Igreja Apostólica, p. 83, n.2.]

Esse mesmo substantivo grego feminino "ἐκκλησία"(ekklēsia), a King James Version [1611] traduziu por "igreja" é a mesma palavra usada na LXX em Jl 2:16 para se referir a Israel como a "CONGREGAÇÃO" que era alvo de ritos de purificação. O sentido literal, que mesmo credobatistas e não aliancistas, como o grande batista John Gill[1697-1771], dão a At 7:38 a interpretação de que o povo de Israel constituía a Igreja de Deus no AT:

"O que deve ser entendido pelos filhos de Israel, QUE ERAM A ENTÃO IGREJA DE DEUS, A QUEM ELE HAVIA ESCOLHIDO E SEPARADO DO RESTO DO MUNDO, PARA SER UM POVO PECULIAR PARA SI MESMO, a quem foram dadas a palavra e as ordenanças, o serviço de Deus, e as promessas; E DEUS SEMPRE TEVE E TERÁ UMA IGREJA, EMBORA AS VEZES SEJA NO DESERTO; QUE BEM TEM SIDO O CASO SOB A DISPENSAÇÃO DO EVANGELHO, bem como antes(Ap 12:6) e foi uma honra peculiar para Moisés, QUE ELE ESTAVA NESTA IGREJA, EMBORA FOSSE NO DESERTO; uma honra ainda maior do que estar na corte de Faraó. Isso tem um respeito particular pela época em que todo o Israel estava acampado ao pé do Monte Sinai, quando Moisés não estava apenas no meio deles, e à frente deles"(Com de At 7:38).

Mesmo o dispensacionalista C. I. Scofield[1834-1921](Ministro Congregacional), se rendeu a esta verdade, declarando:

"No deserto, ISRAEL ERA UMA IGREJA VERDADEIRA (G. ecclesia = assembléia chamada), mas em notável contraste com o N.T. eclésia"(C. I. Scofield[1834-1921], Ministro Congregacional Dispensacionalista, Com de At 7:38).

Outros comentaristas, pedobatistas[aliancistas], credobatistas [não aliancistas] também se renderam a esta verdade:

"'NA IGREJA' - O CORPO COLETIVO DO POVO ESCOLHIDO DE DEUS; portanto, usado para denotar todo o corpo de fiéis sob o Evangelho, ou seções particulares deles"(Robert Jamieson[1802-1880], Andrew Robert Fausset[1821-1910] e David Brown[1803-1897], Ministros Anglicanos, Com de At 7:38)

"A palavra 'igreja' significa literalmente 'o povo chamado para fora' E É APLICADA COM GRANDE PROPRIEDADE À ASSEMBLÉIA OU MULTIDÃO CHAMADA DO EGITO E SEPARADA DO MUNDO. Não tem, entretanto, necessariamente a nossa ideia de uma igreja, mas significa a 'assembléia', ou povo chamado para fora do Egito e colocado sob a conduta de Moisés"(Albert Barnes[1798-1870], Ministro Presbiteriano, Com de At 7:38)

"Esta não é uma referência à igreja de Cristo, MAS À CONGREGAÇÃO DE ISRAEL NO DESERTO, QUE É UMA REPRESENTAÇÃO DA IGREJA DE CRISTO. Eles foram batizados em Moisés na nuvem e no mar (1 Co10:2); e seu teste durante as peregrinações no deserto foi típico do teste dos cristãos durante sua presente provação"(John Coffman[1848–1899], Ministro Menonita [Anabatista], Com de At 7:38)

"Supondo que ecclesia foi traduzido em outro lugar, pode-se admitir, certo, por uma questão de consistência, QUE DEVERIA SER USADO AQUI, COMO APRESENTANDO O PENSAMENTO, QUE FOI ENFATIZADO NO DISCURSO DE ESTEVÃO, QUE A SOCIEDADE DOS CRENTES EM CRISTO ERA SEMELHANTE, EM CARÁTER E EM SUA RELAÇÃO COM DEUS, AO DE ISRAEL. A nova eclésia foi o desenvolvimento da antiga"(Charles J. Ellicott [1819–1905], Ministro Anglicano, Com de At 7:38)

"‘A IGREJA DE DEUS’, escreve Wordsworth AQUI, 'NÃO SE LIMITAVA À JUDÉIA'. ELA ESTAVA NO DESERTO; e ali estava Moisés, seu grande legislador, com ele; e lembre-se de que ele morreu lá no deserto e nunca teve permissão de entrar na Terra Prometida, à qual você restringiria os favores de Deus"(Philip Schaff [1819-1893], Ministro Presbiteriano, Com de At 7:38)

(vi)O apóstolo Paulo foi bem claro, falando que a Igreja Universal foi arrolada nos céus:

"À UNIVERSAL ASSEMBLÉIA E IGREJA DOS PRIMOGÊNITOS, QUE ESTÃO INSCRITOS NOS CÉUS, e a Deus, o juiz de todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados"(Hb 12:23)

Aqui temos o verbo grego "ἀπογράφω"(apographō), traduzido por "inscritos", que de acordo com o Léxico do Novo Testamento Grego de Edward Robinson, se refere ao "LIVRO DA VIDA"(p.97). Assim, o texto está dizendo que a Igreja Universal foi arrolada no livro da vida, o que significa que todos aqueles que foram inscritos no livro da vida, são partes da Igreja. Quando lemos nas Escrituras, sobre os eleitos, em todas as épocas, entendemos que eles fazem parte de um grupo, que antes de crer em Jesus, já tem seus nomes previamente escritos nos céus(Is 4:3; Lc 10:20; Ap 3:5; 13:8; 17:8). A referência aqui é que os eleitos de todas as épocas constituem a Igreja Universal, como o entendem todos os comentaristas reformados das Escrituras, como se segue:

"Diz ele 'arrolados no céu', PORQUANTO SOMOS INFORMADOS QUE DEUS TEM TODOS OS ELEITOS ESCRITOS EM SEU LIVRO, ou em seu catálogo secreto, de acordo com Ezequiel"(João Calvino[1506-1564], Com de Hb 12:23)

"Por 'igreja' não se entende nenhuma igreja particular ou congregacional, nem nacional; MAS A IGREJA CATÓLICA, OU UNIVERSAL, QUE CONSISTE APENAS DOS ELEITOS DE DEUS, E DE TODOS ELES, EM TODOS OS TEMPOS E LUGARES; e alcança até mesmo os santos no céu: ESTA IGREJA É INVISÍVEL no presente, e nunca sucumbirá; da qual Cristo é a cabeça"(John Gill[1697-1771], Ministro Batista, Com de Hb 12:23)

"Aqui, INSCRITOS COMO MEMBROS DA COMUNIDADE CELESTIAL; CIDADÃOS DO CÉU"(Marvin Vincent[1834-1922], Ministro Presbiteriano, Com de Hb 12:23)

"Que estão escritos no céu: eles não eram, como a igreja no Sinai, de uma inscrição terrestre, registrada aqui para conhecer suas famílias e descendência, fossem judeus e sacerdotes legítimos ou não, cuja genealogia foi preservada para esse fim(Ed 2:43), MAS TIVERAM SEU REGISTRO NO CÉU, FORAM ESCRITOS NO LIVRO DA VIDA DO CORDEIRO, para serem descendentes celestiais, nascidos de Deus, participantes da natureza divina, e que teriam o direito pela fé em Cristo à herança celestial, e seriam habitantes livres para ela(Lc 10:20), e teriam todos os privilégios celestiais derivados dele(Lc 20:12,19; 21:17)"(Matthew Poole[1624–1679], Ministro Congregacional, Com de Hb 12:23)

"Que estão escritos no céu; INSCRITOS LÁ NO LIVRO DA VIDA DO CORDEIRO"(Justin Edwards[1787-1853], Ministro Congregacional, Com de Hb 12:23)

Hb 12:23 cria um grande e insolúvel problema para os que negam que existia a Igreja de Deus no Velho Pacto, visto que afirma que a Igreja Universal foi arrolada nos céus. Isso faz com que todos os eleitos que foram arrolados nos céus, isto é, escritos no livro da vida, não sejam considerados outra coisa, que não parte da Igreja eleita em todas as épocas.

Se um determinado dispensacionalista está afirmando que a Igreja de Jesus, só é considerada 'Igreja', a partir seu visível estabelecimento no dia de Pentecostes, está consequentemente, como consequência lógica de sua crença, afirmando e situando a eleição da Igreja dentro do tempo [particularmente no Pentecostes], visto que está afirmando que a Igreja, pra ser considerada 'Igreja', teria que ser visivelmente estabelecida em Pentecostes. Nesse caso, Paulo estaria mentindo, quando disse que "CRISTO AMOU A IGREJA, E A SI MESMO SE ENTREGOU POR ELA"(Ef 5:25). Quando Cristo, morreu, a Igreja ainda não tinha sido estabelecida em Pentecostes, visto que seu estabelecimento visível, foi evidenciado pelos dons do apostolado e da profecia(Mc 16:17-18,20; 1 Co 13:8-12; 2 Co 12:12; Ef 2:20; Hb 2:3-4), que seria derramado apenas quando Jesus partisse(Jo 16:7 comp. com At 2:1-21; 1 Co 12:7-12; 28). Será que nosso Senhor amou quem não existia sob qualquer tipo de forma? Será que Ele devotou amor na cruz do Calvário por ninguém? O sentido do verbo grego "ἀγαπάω"(agapaō), aqui [em Ef 5:26] traduzido por "amou", de acordo com o Léxico Grego do Novo Testamento de J. H. Thayer, tem o sentido de "TER PREFERÊNCIA"(p.8). A idéia aqui é a de que Cristo exerceu o ato de "preferir"('DAR PRIMAZIA A UMA PESSOA OU COISA EM DETRIMENTO DE OUTRAS' - Michaelis Online), denotando a ideia de "eleger", "escolher", já que "escolher" é "INDICAR PREFERÊNCIA POR ALGUÉM OU POR ALGUMA COISA; OPTAR ENTRE DUAS OU MAIS PESSOAS OU COISAS"(Michaelis Online). Assim, o sentido da palavra no texto original grego, mostra que Cristo estava morrendo por sua Igreja Eleita. A Igreja já era previamente considerada igreja, ainda antes de seu estabelecimento visível em Pentecostes, por ser eleita e preferida por Ele e dEle.

O ensino dos evangelistas e dos apóstolos deixa claro, que não temos dois povos salvos, dois corpos de Cristo, mas ambos, judeus e gentios, como UM ÚNICO CORPO ELEITO E SALVO(Jo 11:49-52; 1 Co 12:13,27; Gl 3:27-29; Ef 2:11-19; Cl 3:10-12; Ap 5:9-10). Isaías diz: "Porque o teu Criador É O TEU MARIDO; o Senhor dos Exércitos é o seu nome; e o Santo de Israel é o teu Redentor; que é chamado o Deus de toda a terra"(Is 54:5). Paulo diz que a Igreja é "UMA VIRGEM PURA PARA UM MARIDO, A SABER, A CRISTO"(2 Co 11:2). Cristo não tem duas esposas. Cristo não é bígamo e adúltero.

Assim, fica mais do que provado, exegética e hermeneuticamente que a Igreja de Deus sempre existiu em todas as épocas(inclusive no AT), visto que o povo de Deus constitui a Sua Igreja

Os Símbolos de Fé de Westminster não beneficiam o Pré-milenismo, mas o Amilenismo

(I)A Confissão de Fé de Westminster(1643-1649), concernente a questão do reino de Deus sobre a Terra, ensina duas coisas:

(a)Que este reino é a Igreja:

A IGREJA VISÍVEL, que também é católica ou universal sob o Evangelho (não sendo restrita a uma nação, como antes sob a Lei) consta de todos aqueles que pelo mundo inteiro professam a verdadeira religião, juntamente com seus filhos; É O REINO DO SENHOR JESUS, a casa e família de Deus, fora da qual não há possibilidade ordinária de salvação”(XXV:2)

“O Senhor Jesus, COMO REI E CABEÇA DA SUA IGREJA, nela instituiu um governo nas mãos dos oficiais dela; governo distinto da magistratura civil. A ESTES OFICIAIS ESTÃO ENTREGUE AS CHAVES DO REINO DO CÉU. Em virtude disso eles têm respectivamente o poder de reter ou remitir pecados; fechar esse reino a impenitentes, tanto pela palavra como pelas censuras; abri-lo aos pecadores penitentes, pelo ministério do Evangelho e pela absolvição das censuras, quando as circunstâncias o exigirem”(XXX:1-2)

“Todos os crentes, portanto, têm por obrigação sustentar as ordenanças religiosas onde já estiverem estabelecidas e contribuir, por meio de suas orações e ofertas e por seus esforços, PARA A DILATAÇÃO DO REINO DE CRISTO POR TODO O MUNDO”(XXXV:4)

(b)Que Cristo voltará pela segunda vez, não para estabelecer um reino sobre a Terra, mas para estabelecer julgamento:

“Este ofício o Senhor Jesus empreendeu mui voluntariamente. Para que pudesse exercê-lo, foi feito sujeito à lei, que ele cumpriu perfeitamente; padeceu imediatamente em sua alma os mais cruéis tormentos e em seu corpo os mais penosos sofrimentos; foi crucificado e morreu; foi sepultado e ficou sob o poder da morte, mas não viu a corrupção; ao terceiro dia ressuscitou dos mortos com o mesmo corpo com que tinha padecido; com esse corpo subiu ao céu, onde está sentado à destra do Pai, fazendo intercessão; DE LÁ VOLTARÁ NO FIM DO MUNDO PARA JULGAR OS HOMENS E OS ANJOS”(VIII:4)

DEUS ESTABELECEU UM DIA EM QUE, SEGUNDO A JUSTIÇA, HÁ DE JULGAR O MUNDO POR JESUS CRISTO, a quem foram pelo Pai entregues o poder e o juízo. Nesse dia não somente serão julgados os anjos apóstatas, mas também todas as pessoas que tiverem vivido sobre a terra comparecerão ante o tribunal de Cristo, a fim de darem conta dos seus pensamentos, palavras e obras, e receberem o galardão segundo o que tiverem feito, bom ou mau, estando no corpo.

. O fim que Deus tem em vista, determinando esse dia, é manifestar a sua glória - a glória da sua misericórdia na salvação dos eleitos e a glória da sua justiça na condenação dos réprobos, que são injustos e desobedientes. Os justos irão então para a vida eterna e receberão aquela plenitude de gozo e alegria procedente da presença do Senhor; mas os ímpios, que não conhecem a Deus nem obedecem ao Evangelho de Jesus Cristo, serão lançados nos eternos tormentos e punidos com a destruição eterna proveniente da presença do Senhor e da glória do seu poder.

Assim como Cristo, para afastar os homens do pecado e para maior consolação dos justos nas suas adversidades, quer que estejamos firmemente convencidos de que haverá um dia de juízo, assim também quer que esse dia não seja conhecido dos homens, a fim de que eles se despojem de toda confiança carnal, sejam sempre vigilantes, NÃO SABENDO A QUE HORA VIRÁ O SENHOR, E ESTEJAM SEMPRE PRONTOS PARA DIZER - ‘VEM LOGO, SENHOR JESUS’. AMÉM”(XXXIII:1-3)

(II)O Catecismo Maior de Westminster(1647), diz:

(a)Primeiro, que este reino de Cristo, é a sua Igreja:

P.42 Por que foi o nosso Mediador chamado Cristo? R. O nosso Mediador foi chamado Cristo, porque foi acima de toda a medida ungido com o Espírito Santo; e assim separado e plenamente revestido com toda a autoridade e poder para exercer as funções de profeta, sacerdote E REI DA SUA IGREJA, tanto no estado da sua humilhação, como no da sua exaltação”.

“P. 45. COMO CRISTO EXERCE AS FUNÇOES DE REI? R. CRISTO EXERCE AS FUNÇÕES DE REI CHAMANDO DO MUNDO UM POVO PARA SI, DANDO-LHE OFICIAIS, LEIS E DISCIPLINAS PARA VISIVELMENTE O GOVERNAR; DANDO GRAÇA SALVADORA AOS SEUS ELEITOS; RECOMPENSANDO A SUA SABEDORIA E CORRIGINDO-OS POR CAUSA DOS SEUS PECADOS; PRESERVANDO-OS POR CAUSA DE SEUS PECADOS, PRESERVANDO-OS E SUSTENTANDO-OS EM TODAS AS TENTAÇÕES E SOFRIMENTOS; RESTRINGINDO E VENCENDO TODOS OS SEUS INIMIGOS, E PODEROSAMENTE DIRIGINDO TODAS AS COISAS PARA A SUA GLÓRIA E PARA O BEM DO SEU POVO; e também castigando os que não conhecem a Deus nem obedecem ao Evangelho”.

P.191. O que pedimos na segunda petição? R.Na segunda petição, que é: “Venha o teu reino”- reconhecendo que nós e todos os homens estamos, por natureza, sob o domínio do pecado e de Satanás -, pedimos que o domínio do mal seja destruído, O EVANGELHO SEJA PROPAGADO POR TODO O MUNDO, OS JUDEUS CHAMADOS,E A PLENITUDE DOS GENTIOS CONSUMADA; QUE A IGREJA SEJA PROVIDA DE TODOS OS OFICIAIS E ORDENANÇAS DO EVANGELHO, PURIFICADA DA CORRUPÇÃO, aprovada e mantida pelo magistrado civil; que as ordenanças de Cristo sejam administradas com pureza, feitas eficazes para a conversão daqueles que estão ainda nos seus pecados, e para a confirmação, conforto e edificação dos que estão já convertidos; que Cristo reine nos nossos corações, aqui, e apresse o tempo da sua segunda vinda e de reinarmos nós com ele para sempre; que lhe apraza exercer o reino de seu poder em todo o mundo, do modo que melhor contribua para estes fins”.

(b)Que Cristo voltará pela segunda vez, não para estabelecer um reino sobre a Terra, mas para estabelecer julgamento:

“P.51. Qual é o estado de exaltação de Cristo? R.O estado de exaltação de Cristo compreende a sua ressurreição, ascensão, o estar sentado à destra do Pai, E A SUA SEGUNDA VINDA PARA JULGAR O MUNDO”.

“P.56. Como há de ser Cristo exaltado EM VIR SEGUNDA VEZ PARA JULGAR O MUNDO? R. CRISTO HÁ DE SER EXALTADO NA SUA VINDA PARA JULGAR O MUNDO, em que, tendo sido injustamente julgado e condenado pelos homens maus, VIRÁ SEGUNDA VEZ NO ÚLTIMO DIA com grande poder e na plena manifestação da sua glória e da do seu Pai, com todos os seus santos e anjos, com brado, com voz de arcanjo e com a trombeta de Deus, para julgar o mundo em retidão com grande poder e na plena manifestação da sua glória e da do seu Pai, com todos os seus santos e anjos, com brado, COM VOZ DE ARCANJO E COM A TROMBETA DE DEUS, PARA JULGAR O MUNDO EM RETIDÃO”.

(III)O Catecismo Menor de Westminster(1648), diz:

(a)Primeiro, que este reino de Cristo, é a sua Igreja:

P 26. Como exerce Cristo as funções de rei? R. CRISTO EXERCE AS FUNÇÕES DE REI, SUJEITANDO-NOS A SI MESMOS, GOVERNANDO-NOS E PROTEGENDO-NOS, E SUBJUGANDO TODOS os seus E OS NOSSOS INIMIGOS”.

P 102. Pelo que oramos na segunda petição? R.Na segunda petição, que é: "Venha o Teu reino", PEDIMOS QUE O REINO DE SATANÁS SEJA DESTRUÍDO E QUE O REINO DA GRAÇA SEJA ADIANTADO; QUE NÓS E OS OUTROS A ELE SEJAMOS GUIADOS E NELE GUARDADOS, e que cedo venha o reino da glória”.

(b)Que Cristo voltará pela segunda vez, não para estabelecer um reino sobre a Terra, mas para estabelecer julgamento:

“P.28. Em que consiste a exaltação de Cristo? R.A exaltação de Cristo consiste em Ele ressurgir dos mortos no terceiro dia; em subir ao Céu e estar sentado à mão direita de Deus Pai, E EM VIR PARA JULGAR O MUNDO NO ÚLTIMO DIA”.

Assim, confesso e não entendo como alguns que juram serem presbiterianos e confessionais, subscrevam o pré-milenismo, se nenhuma das descrições dos símbolos de fé apresentam duas vindas de Cristo, um arrebatamento secreto, ou um estabelecimento literal do seu reino aqui na Terra, após a sua vinda. É realmente estranho. Esse conceito é até contrário a alguns credos históricos da Igreja:

“Creio em Deus Pai, todo poderoso, Criador do céu e da terra. Creio em Jesus Cristo, Seu único Filho, nosso Senhor, o qual foi concebido por obra do Espírito Santo; nasceu da Virgem Maria; padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado; desceu em Hades; ressurgiu dos mortos ao terceiro dia; subiu ao Céu; está sentado à mão direita de Deus Pai todo poderoso; DONDE HÁ DE VIR A JULGAR OS VIVOS E OS MORTOS. Creio no Espírito Santo; na santa Igreja universal; na comunhão dos santos; na remissão dos pecados; na ressurreição do corpo; na vida eterna. Amém.”(Credo Apostólico)

“Pois assim como uma alma racional e carne constituem um só homem, assim Deus e homem constituem um só Cristo. O qual sofreu por nossa salvação, desceu ao Hades, ressuscitou dos mortos ao terceiro dia. Ascendeu ao céu, sentou à direita de Deus Pai onipotente, DE ONDE HÁ DE VIR PARA JULGAR OS VIVOS E OS MORTOS. EM CUJA VINDA, TODO HOMEM RESSUSCITARÁ COM SEUS CORPOS, E PRESTARÃO CONTA DE SUAS OBRAS. E aqueles que houverem feito o bem irão para a vida eterna; aqueles que houverem feito o mal, para o fogo eterno. Esta é a fé Universal, a qual a não ser que um homem creia firmemente nela, não pode ser salvo”(Credo Atanasiano, 35-39).

“Também por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos; padeceu e foi sepultado. Ressuscitou ao terceiro dia, conforme as escrituras; E subiu aos céus, onde está sentado à direita do Pai. E DE NOVO HÁ DE VIR, EM SUA GLÓRIA, PARA JULGAR OS VIVOS E OS MORTOS E O SEU REINO NÃO TERÁ FIM”(O Credo Niceno-Constantinopolitano)

Amilenismo, o único conceito bíblico coerente!!!

As Escrituras ensinam, por meio dos profetas, que Deus anunciou que um dia o Senhor estabeleceria uma nova aliança(Jr 31:31-34) e UM NOVO REINO no qual os homens dde todas as nações se UNIRIAM para serví-lo0(Sl 22:27-31; 110:7). Cristo estabeleceu a nova aliança(Hb 8:6-3) e começou a reinar em seu reino, a Igreja(At 2:30-36; Ef 1:19-23; 2:5-6; 1 Co 15:23-26). A Igreja é frequentemente descrita como um REINO(Mt 13:11,18-19; Cl 1:13; Ap 1:6-9). Os profetas também anunciaram o TEMPO e o LUGAR do estabelecimento da Igreja. Isaías, por exemplo, profetizou que “A CASA DO SENHOR” seria estabelecida durante “OS ÚLTIMOS DIAS” em “JERUSALÉM”,(Is 2:1-3). A Igreja é sempre descrita como “A CASA DE DEUS”(1 Tm 3:16; Hb 3:6)

Deus falou mais especificamente sobre quando A IGREJA seria estabelecida em Dn 2:1-45. A imagem descrita por Daniel representa QUATRO REINOS do mundo(Dn 2:36-40). Nos dias do quarto reino, Deus estabeleceria o seu reino ou Igreja[Daniel identificou os três reinos]. O PRIMEIRO REINO, de ouro, é o de NABUCODONOZOR DA BABILÔNIA(Dn 2:36-38; 1:1). O SEGUNDO REINO, de prata(Dn 2:32,39) é chamado de IMPÉRIO MEDO-PERSA. O TERCEIRO, de bronze(Dn 2:32,39) é previsto em Dn 8:1-21( veja especificamente Dn 2:20-21) como sendo O IMPÉRIO GREGO. A história universal confirma a sucessão histórica destes reinos como ensinado aqui.

Mas, E QUANTO AO QUARTO REINO? A sua descrição em Dn 2:40-41 se ajusta perfeitamente ao chamado IMPÉRIO ROMANO tanto na história como na Bíblia(Lc 2:12; 3:1). ‘NOS DIAS DESTES REIS’ Deus iria levantar SEU REINO(Dn 2:44). Diversos fatos se destacam nestas profecias: A IGREJA TERIA INÍCIO EM JERUSALÉM durante OS ÚLTIMOS DIAS e, especificamente, NOS DIAS DO IMPÉRIO ROMANO. Estas profecias mostram que Deus considerou A IGREJA tão importante que Ele a ANUNCIOU com séculos de antecedência. Deus terminou de preparar a igreja ENVIANDO CRISTO para estabelecê-la[de forma visível]. Jesus viveu durante os dias do Império Romano(Lc 3:1). Será que Jesus confirmou as predições dos profetas segundo as quais A IGREJA OU REINO seria estabelecido na sua época?

Observem primeiro que JOÃO BATISTA, o precursor de Cristo, veio PREGANDO que O REINO estava “PRÓXIMO”(MT 3:2). JESUS pregou a mesma coisa mais tarde, acrescentando: “O TEMPO ESTÁ CUMPRIDO”(Mc 1:15) JESUS também mandou SEUS APÓSTOLOS pregarem que o reino estava “PRÓXIMO”(Mt 10:7), PROMETENDO a eles que CONSTRUIRIA SUA IGREJA OU REINO(Mt 16:18-19). João e Jesus criam então que havia chegado a HORA de estabelecer o reino.

PAULO explica tempos depois que Cristo amava a Igreja e morreu para comprá-la(At 20:28; Ef 2:25-26). SUA MORTE também cancelou a antiga separação que havia entre judeus e gentios(Ef 2:14-15; Cl 2:14-17). Ele uniu então judeus e gentios EM UM SÓ CORPO, A IGREJA(Ef 2:16; 1:22-23), sob uma nova aliança(Hb 9:15-17). Assim sendo, NA IGREJA, homens e mulheres de todas as nações podem SERVIR AO SENHOR E RECEBER suas bênçãos, sem qualquer distinção(Ef 3:4-6,31), realizando o “ETERNO PROPÓSITO” de Deus(Ef 3:9-11). A IGREJA é tão importante que Deus ENVIOU seu único Filho para estabelecê-la[visivelmente]. CRISTO pagou com seu sangue para comprá-la, e NELA o homem cumpre o propósito de sua existência.

Entretanto, mesmo depois da morte de Jesus, o povo ainda continuava esperando PELO REINO(Lc 23:51).Mas, vejamos agora como foi estabelecida A IGREJA OU REINO. Jesus tinha ensinado anteriormente que O REINO VIRIACOM PODERANTES DE ALGUNS DOS SEUS APÓSTOLOSPASSAREM PELA MORTE’(Mc 9:1). Jesus também disse que ficassem em JERUSALÉM até receberem este PODER, o qual viria com o ESPÍRITO SANTO(Lc 24:47-49; At 1:8). Alguns dos apóstolos de Cristo ainda estão vivos desde 33 d.C até hoje, esperando um milênio literal? Bizarro, que os mórmons, em 3 Nefi 28 e em “Doutrina e Convênios”(Capítulo 7), dizem que João, o apóstolo, e três “nefitas” teriam que permanecer vivos na Terra até a Segunda Vinda de Cristo. São os pré-milenistas mórmons?

Recapitulando, vemos então que o AT e Jesus anunciaram que O REINO OU IGREJA SERIA ESTABELECIDO (1)EM JERUSALÉM; (2)NOS ÚLTIMOS DIAS; (3)DURANTE OS DIAS DOS REIS ROMANOS; (3)ENQUANTO ALGUNS DOS APÓSTOLOS AINDA VIVESSEM; (5)COM PODER E (6)COM O ESPÍRITO SANTO. Estas profecias foram cumpridas? Sim.

Os APÓSTOLOS esperaram em JERUSALÉM pelo estabelecimento visível DO REINO PROMETIDO(At 1:4,12). NO DIA DE PENTECOSTES, uma festa judaica celebrada cerca de CINQUENTA DIAS depois da ressurreição de Cristo, DEUS REALIZOU milagrosamente TODAS AS PROFECIAS sobre o estabelecimento da Igreja. Naquele dia, DEUS encheu os apóstolos com O ESPÍRITO SANTO(At 2:4) e manifestou PODER milagrosamente(At 2:1-11). A palavra do Senhor saiu de Jerusalém enquanto anunciava que OS ÚLTIMOS DIAS tinham chegado(At 2:16-17). Ele também declarou que a ressurreição de Jesus e sua ascensão ao trono de Davi cumpririam as profecias que ensinavam que Cristo REINARIA NO TRONO DE DAVI(At 2:29-36). Muitos judeus passaram a crer e depois do arrependimento e do batismo, cerca de quase 3.000 foram acrescentados À IGREJA(At 2:37-47). Nesse dia A IGREJA TORNOU-SE [QUANDO ESTABELECIDA VISIVELMENTE] UMA REALIDADE. O quadro e os fatos mostram que tudo que era NECESSÁRIO para o estabelecimento da igreja esteve presente NO DIA DE PENTECOSTES; JERUSALÉM, ÚLTIMOS DIAS ROMANOS, VIDA DOS APÓSTOLOS, PODER, E O ESPÍRITO SANTO. O TEMPO e o LUGAR em que a Igreja começou destacaram-se claramente. TEMPO: DIA DE PENTECOSTES, cerca de 33 d.C; LUGAR: JERUSALÉM. Depois daquele dia A IGREJA OU REINO foi tida [visivelmente] como PRESENTE. Todas as referências à Igreja ANTES de Pentecostes eram FUTURAS. O DIA DE PENTECOSTES foi chamado de “O COMEÇO”(At 11:15) e A IGREJA OU REINO foi considerado como [visivelmente]ESTABELECIDO(At 5:11; 8:1). Os apóstolos identificaram A IGREJA [OS CRISTÃOS] como “TRANSPORTADOS PARA O REINO”(Cl 1:13), ‘CHAMADOS PARA O REINO’(1 Ts 2:12), ‘NO REINO’(Ap 1:9); “REINO”(Ap 1:5; 5:9-10), “SENTADOS EM LUGARES CELESTIAIS”(Ef 2:6; Ap 5:9-10). Também disseram que JESUS estava REINANDO À DEXTRA DE DEUS(Hb 1:2.13; 1 Co 15:25-26) SOBRE A IGREJA(Ef 1:19-23), E QUE ELE REINARIA ATÉ QUE CHEGASSE O TEMPO QUE A MORTE SERIA ANIQUILADA(1 Co 15:24-26), e a morte será aniquilada durante o advento da segunda vinda de Cristo(1 Co 15:22-26; 1 Ts 4:14-17), não depois dela, LOGO, NÃO EXISTE UM MILÊNIO LITERAL, DATADO POSTERIORMENTE À SEGUNDA VINDA DE CRISTO. Se você tem uma Bíblia em casa, você não pode ser outra coisa, senão amilenista! Simples assim.

Como matar o pre-milenismo... Tenha uma Bíblia em casa!

Ap 20:1-6 é um dos textos mais usados pelos proponentes do Pré-milenismo. Porém, o texto não contém uma única vírgula em prol dessa corrente de pensamento.

Os vv.1-3, falam de um anjo, que desce do céu, prende Satanás amarra, lança no abismo, o encerra lá e o sela, para impedir que ele engane as nações de uma forma ilimitada. A discussão aqui é sobre quem é este "anjo". A quem diga se tratar de uma representação de Jesus, restringindo Satanás através da influência da Igreja, pela pregação do Evangelho, que sem dúvida alguma, é o verdadeiro sentido desse texto. Nos capítulos II-III de Apocalípse, temos menção dos bispos da Igreja, como sendo "anjos"(Ap 2:1,5,12,18; 3:1,7,14). Dos "anjos" ou ministros da igreja, se diz "os que trabalham na palavra e na doutrina"(1 Tm 5:17). Eles são os guardiões da pureza do ensino: "Tu, porém, FALA O QUE CONVÉM A SÃ DOUTRINA(Tt 2:1); "Fala disto, e exorta e repreende com toda a autoridade. Ninguém te despreze"(Tt 2:15); "Como te roguei, quando parti para a macedônia, que ficasses em Éfeso, PARA ADVERTIRES A ALGUNS, QUE NÃO ENSINEM OUTRA DOUTRINA"(1 Tm 1:3); "Mas, se tardar, PARA QUE SAIBAS COMO CONVÉM ANDAR NA CASA DE DEUS, que é a igreja do Deus vivo, a coluna e firmeza da verdade"(1 Tm 3:15); "PROPONDO ESTAS COISAS AOS IRMÃOS, SERÁS BOM MINISTRO DE JESUS CRISTO, criado com as palavras da fé e da boa doutrina que tens seguido"(1 Tm 4:6); "TEM CUIDADO DE TI MESMO E DA DOUTRINA. Persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem"(1 Tm 4:16). Pois bem, os anjos são aqueles que são enviados para “servir” os herdeiros da salvação(Hb 1:14). O substantivo feminino grego “διακονία”(diaconia), tem aqui o sentido de “ASSISTÊNCIA, ministério, serviço’, por ex, COMO PARA COM UM HÓSPEDE, À MESA OU NA HOSPITALIDADE”(Edward Robinson, Léxico Grego do Novo Testamento, p.212). Quando você está servindo um hóspede em sua casa, você trabalha e cuida para que nada falte a ele. Basicamente é isso que os anjos fazem em seu serviço espiritual aos salvos. Eles trabalham para que em esferas espirituais, nada falte a eles.

Os bispos da Igreja estão entre esses herdeiros. Paulo chega a afirmar que pela fé, os cristãos poderiam “APAGAR todos os dardos inflamados do maligno”(Ef 6:16). Aqui, Paulo usa o verbo grego “σβέννυμι”(sbennymi), que é o mesmo verbo usado em 1 Ts 5:19, com o sentido de “SUPRIMIR, SUFOCAR”. “Suprimir” tem o sentido de “CANCELAR”, “FAZER QUE DESAPAREÇA OU QUE SE AFASTE”(Michaelis Online). “Sufocar” tem o sentido de “TORNAR A RESPIRAÇÃO DIFÍCIL; DIFICULTAR A RESPIRAÇÃO DE; ASFIXIAR; DESESTABILIZAR EMOCIONALMENTE, CAUSANDO-LHE DIFICULDADE EM SE EXPRESSAR OU SUFOCANDO-LHE A VOZ”(Michaelis Online). Nesse sentido, de forma semelhante, é dito que o anjo “prendeu o dragão”(Ap 20:2), e o sentido do verbo grego “δέω”(deō), aqui traduzido por “prendeu”, de acordo com o Léxico Grego do Novo Testamento de J. H. Thayer é “amarrar, prender com correntes, lançar em correntes”, e é o mesmo verbo que é usado em 2 Tm 2:9, e que tem o sentido de que “ESTES MEUS LAÇOS de forma alguma atrapalham o seu curso, ou seja, a pregação, extensão e eficácia do evangelho”. A ideia é de que Satanás está como que amarrado, semelhante a alguém que está preso com cordas. O sentido aqui é de que, por causa da influência da Igreja, e o uso de sua fé mediante o aparelhamento do Evangelho, o diabo tem sua atividade restringida, dificultada, desestabilizada. Vale a pena salientar que o verbo grego “κρατέω”, que significa literalmente “exercer poder, tomar em custódia”(F. Rienecker e C. Rogers, Chave Linguística do Novo Testamento Grego, p.636) está no aoristo indicativo ativo, tratando-se de uma ação que ocorreu no passado sem indicação do tempo(‘Ele prendeu o dragão, a antiga serpente, que é o Diabo e Satanás’ – Ap 20:2), até porque o acusativo χίλιοι ἔτος [mil anos] se trata de “um acusativo de tempo, INDICANDO A EXTENSÃO DO TEMPO”(F. Rienecker e C. Rogers, Chave Linguística do Novo Testamento Grego, p.635). Isso indica que os mil anos não são um período literal de tempo, mas um período prolongado de tempo, a nós, desconhecido, em termos literais de tempo. O contraste entre “mil anos”(Ap 20:2) e “um pouco de tempo”(Ap 20:3), quando se fala de sua soltura, confirma isso.

O sentido exegético de Ap 20:1-3, desfavorece a corrente prémilenista. Note as ações do anjo sobre Satanás:

(i)Primeiro, ele ’prendeu’ Satanás. O verbo grego “κρατέω”(krateō), aqui traduzido por “prendeu”, tem o sentido de “AGARRAR, SEGURAR FIRMEMENTE; RETER; SEGURAR ALGUÉM COM FIRMEZA, MANTER EM SUJEIÇÃO, RETER NA MENTE; GANHAR”(Edward Robinson,Léxico Grego do Novo Testamento, pp.516-517). O sentido aqui é que Satanás está 'agarrado' pelo anjo, e 'segurado firmemente por ele', e sujeito a sua vontade [o que indica limitação nas suas ações] e derrotado por ele, o que indica que suas ações maléficas, sofrendo restrições, obtiveram prejuízo. Não é justamente isso que ele sofre, quando os cristãos, em seu embate contra, se utilizam de armas como a fé e a Palavra de Deus(Ef 6:13-17), "APAGANDO TODOS OS DARDOS INFLAMADOS DO MALÍGNO"(Ef 6:16)?

(ii)Segundo, ele “amarrou” Satanás. O verbo grego “δέω”(deō), aqui traduzido por “amarrou-o”, tem o sentido literal de “atar, ligar, fixar”(Ibidem, p.203), e é usado para “cadáveres que são envoltos em mortalhas”(Ibidem), tendo também o sentido de “PROIBIR e permitir”(Ibidem), e é usado também com o sentido de ‘ordem e disciplina da Igreja E OFENSAS CONTRA ELA”(Ibidem). Mas, tem também o sentido de “prender com cadeias, ALGEMAS, GRILHÕES, POR EM GRILHÕES OU EM CONFINAMENTO COMO UM PRISIONEIRO”(Ibidem, p.204). Veja, que, o sentido de Satanás ser "amarrado" é ligado a uma ideia de "proibir e permitir", indicando que sua ação é monitorada e restringida. Isso ocorre pelo uso que os cristãos fazem de armas [Bíblia e fé] na luta contra ele, como já demonstramos. Outrossim, o entendimento do uso desse verbo para ideias de disciplina contra ofensas a Igreja, mostra que Satã sofre punições do Altíssimo, quando tenta investir contra a Igreja. Isso reforça a ideia de que sua ação é restringida pelo ministério da Igreja. Ele é considerado como um adversário detido, que está "confinado como um prisioneiro'. Isso reforça a ideia de que ele tem suas ações más restringidas por Deus, através do ministério de sua Igreja. O ato do anjo "amarrar" Satanás, é comparado aos laços da união conjugal, pois esse verbo grego verbo grego “δέω”(deō) é o mesmo usado em Rm 7:2, para dizer que "a mulher que está sujeita [δέω”(deō)] ao marido, enquanto ele viver". Isso indica, que, as restrições e limitações impostas ao diabo, vão durar nesse período indeterminado de tempo, chamado 'mil anos'. Isto é, ele continuará debaixo da sujeição a Deus, tendo suas ações restringidas e limitadas, por Deus, através do ministério da Igreja, que "apaga" todos os seus dardos malígnos(Ef 6:16), "RESISTE NO DIA MAU"(Ef 6:13), e "FICA FIRME"(Ef 6:13). Esse verbo grego é o mesmo usado em At 20:22, com o sentido de "AMARRADO NO ESPÍRITO, IMPELIDO NA MENTE, CONSTRANGIDO”(Ibidem). Isso mostra, que enquanto "amarrado" pelo poder de Deus e o ministério da Igreja, tendo suas ações restringidas e limitadas, Satanás é "impelido mentalmente"('Arremessado ou atirado com força; Forçado a fazer algo; coagido, CONSTRANGIDO, obrigado' - Michaelis Online). Sua mente não pode fazer tudo que pensar e desejar, mas está sob sujeição, de uma maneira tal, ao ponto dele estar 'CONSTRANGIDA', forçada a fazer algo, obrigado. Satanás não tem livre arbítrio, diante da vontade soberana de Deus, através da ação de sua Igreja, que lhe impõe limites.

(iii)Terceiro, ele “lançou-o no abismo”. O verbo grego “βάλλω”(ballō) aqui traduzido por “lançou-o”, tem o significado literal de “ATIRAR, LANÇAR, A UMA DISTÂNCIA, COM FORÇA E ESFORÇO”(Edward Robinson, Léxico Grego do Novo Testamento, p.144), O sentido aqui, segundo Robinson, é a de "ATINGIR". Satanás foi atingido, quando foi "lançado" no abismo, pois segundo Robinson, o verbo também indica a ideia de "ATIRAR OU LANÇAR EM ALGUMA DIREÇÃO; por ex, PARA DISTANTE DE ALGUÉM"; ‘LANÇAR FORA OU EXPULSAR". Sim. Pelo poder de Deus, através da ação de sua Igreja(usando de suas armas espirituais - Bíblia e fé), Satanás foi atingido, e foi posto bem distante daqueles que ele desejava enganar continuadamente [os ímpios] - ou atacar [os cristãos]. O sentido aqui é de alguém que é afastado de suas funções por motivo de enfermidade, visto que o verbo também tem o sentido de ‘SER POSTO NUMA CAMA, JAZER DOENTE’[p.145]. Satanás, através do poder de Deus e pelo ministério da Igreja, foi tão grandemente atingido, que está como alguém que está sob uma cama, acometido de uma doença, ao ponto que não pode mais fazer uso contínuo e ilimitado de todas as suas forças:

"E voltaram os setenta com alegria, dizendo: Senhor, pelo teu nome, até os demônios se nos sujeitam. E disse-lhes: Eu via Satanás, como raio, cair do céu. Eis que vos dou poder para pisar serpentes e escorpiões, e toda a força do inimigo, e nada vos fará dano algum. Mas, não vos alegreis porque se vos sujeitem os espíritos; alegrai-vos antes por estarem os vossos nomes escritos nos céus"(Lc 10:17-20)

"Sujeitai-vos, pois, a Deus, resisti ao diabo, e ele fugirá de vós"(Tg 4:7)

"Instruindo com mansidão os que resistem, a ver se porventura Deus lhes dará arrependimento para conhecerem a verdade, e tornarem a despertar, desprendendo-se dos laços do diabo, em que à vontade dele estão presos"(2 Tm 2:25-26)

"Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo"(Ef 6:11)

"Sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar; ao qual resisti firmes na fé, sabendo que as mesmas aflições se cumprem entre os vossos irmãos no mundo"(1 Pe 5:8-9)

"Todavia Saulo, que também se chama Paulo, cheio do Espírito Santo, e fixando os olhos nele, disse: Ó filho do diabo, cheio de todo o engano e de toda a malícia, inimigo de toda a justiça, não cessarás de perturbar os retos caminhos do Senhor? Eis aí, pois, agora contra ti a mão do Senhor, e ficarás cego, sem ver o sol por algum tempo. E no mesmo instante a escuridão e as trevas caíram sobre ele e, andando à roda, buscava a quem o guiasse pela mão"(At 13:9-11)

"E entre esses foram Himeneu e Alexandre, os quais entreguei a Satanás, para que aprendam a não blasfemar"(1 Tm 1:20)

"Conheço as tuas obras, e onde habitas, que é onde está o trono de Satanás; e reténs o meu nome, e não negaste a minha fé"(Ap 2:13)

"E o Deus de paz esmagará em breve Satanás debaixo dos vossos pés"(Rm 16:20)

"Disse então Pedro: Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo, e retivesses parte do preço da herdade? Guardando-a não ficava para ti? E, vendida, não estava em teu poder? Por que formaste este desígnio em teu coração? Não mentiste aos homens, mas a Deus. E Ananias, ouvindo estas palavras, caiu e expirou. E um grande temor veio sobre todos os que isto ouviram"(At 5:3-5)

"Para lhes abrires os olhos, e das trevas os converteres à luz, e do poder de Satanás a Deus; a fim de que recebam a remissão de pecados, e herança entre os que são santificados pela fé em mim"(At 26:18)

"E a quem perdoardes alguma coisa, também eu; porque, o que eu também perdoei, se é que tenho perdoado, por amor de vós o fiz na presença de Cristo; para que não sejamos vencidos por Satanás"(2 Co 2:10)

"Eis que eu farei aos da sinagoga de Satanás, aos que se dizem judeus, e não são, mas mentem: eis que eu farei que venham, e adorem prostrados a teus pés, e saibam que eu te amo"(Ap 3:9)

(iv)Quarto, ele “pôs selo sobre ele”(Ap 20:3). O verbo grego “σφραγίζω”(sphragizō), aqui traduzido por “pôs selo”, de acordo com o Léxico Grego do Novo Testamento de J. H. Thayer, tem o sentido de “FECHÁ-LO, PARA QUE SATANÁS, DEPOIS DE SER LANÇADO NELE, NÃO SAIA". Robinson reza “σφραγίζω”(sphragizō), por “selar, por um selo, p. ex, POR MOTIVO DE SEGURANÇA SOBRE UM TÚMULO, OU PRISÃO(Mt 27:66, Ap 20:3). O sentido, segundo Robinson é o de “GUARDAR PARA ALGUÉM, ASSEGURAR, isto é, ENTREGAR COM SEGURANÇA”. A ideia aqui, é que, uma vez selado pelo anjo, de forma semelhante ao túmulo de Jesus, que foi fechado com uma "pedra"(Mt 27:69), Satanás não pode sair desse estado de restrição e limitação de seu poder. Ele está 'guardado'[detido, preso], pelo poder de Deus e influência de sua Igreja com segurança, de maneira tal, a não poder continuadamente enganar as nações. Como Tiago disse: "Sujeitai-vos, pois, a Deus, RESISTÍ AO DIABO, e ele fugirá de vós"(Tg 4:7). O verbo grego "ἀνθίστημι"(anthistēmi), aqui traduzido por "resisti", de acordo com o Léxico Grego do NT, de Edward Robinson, tem o sentido literal de "OPOR-SE"(p.69), enquanto que o verbo grego "φεύγω"(pheugō), aqui traduzido por "fugirá", tem, de acordo com o mesmo Robinson, o sentido literal de "CORRER, PÔR-SE EM FUGA, EVITAR, AFASTAR-SE"(pp.956,957). Assim, pelo poder de Deus, através do uso que sua Igreja faz das Escrituras e da fé, Satanás está tão limitado em suas forças, como um cadáver dentro de um sepulcro, fechado por uma pedra, de uma forma tal, que sendo-lhe a Igreja oposta, através das Escrituras e pela fé, põe-se ele em desabalada carreira dos cristãos! O Reino de Deus, isto é, sua Igreja(Mc 9:1; Lc 17:21; Ef 2:5-6; Cl 1:13; Ap 1:6; 5:9-10) lhe impõe todas essas restrições à continuidade de suas obras más, durante o tempo em que Jesus reinar, até que, depois de derrotá-lo, e, por fim, derrotar seu último inimigo - a morte - (1 Co 15:20-25), Jesus volta, para entregar o Reino [a Igreja] ao Pai(1 Co 15:24-26)

(b)Ap 20:4, interpretado frase por frase, não contém uma única vírgula de pré-milenismo:

(1)A expressão “E vi tronos; e assentaram-se sobre eles, e foi-lhes dado o poder de julgar”(Ap 20:4). O substantivo masculino grego “θρόνος”(thronos), de acordo com o Léxico Grego do Novo Testamento de J. H. Thayer, “é atribuído no NT a reis, portanto, por metonímia, PARA PODER REAL, REALEZA”. Aqui, se subentende que já havia um reino, e isso já antes da vinda de Cristo. Isso, por si só, já refuta o pré-milenismo. Quem são os “reis”, que no NT, Deus afirmou que se assentaram em tronos, para julgar? A Igreja. Ela é chamada de “reis e sacerdotes para Deus e seu Pai”(Ap 1:6), e ela passa a reinar, anos depois da morte de Cristo:

“E cantavam um novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro, e de abrir os seus selos; PORQUE FOSTE MORTO, e com o teu sangue nos compraste para Deus de toda a tribo, e língua, e povo, e nação; E PARA O NOSSO DEUS NOS FIZESTES REIS e sacerdotes; E REINAREMOS SOBRE A TERRA”(Ap 5:9-10)

É a ela que caberia exercer o julgamento:

“Não sabeis vós que OS SANTOS HÃO DE JULGAR O MUNDO?”(1 Co 6:2)

“Não julgueis segundo a aparência, MAS JULGAI SEGUNDO A RETA JUSTIÇA”(Jo 7:24)

“E Jesus disse-lhes: Em verdade vos digo que vós, que me seguistes, quando, na regeneração, o Filho do homem se assentar no trono da sua glória,TAMBÉM VOS ASSENTAREIS SOBRE DOZE TRONOS, PARA JULGAR AS DOZE TRIBOS DE ISRAEL”(Mt 19:28). E como ela(a Igreja) julgaria? O substantivo feminino grego "παλιγγενεσία"(palingenesia), aqui traduzido por "regeneração", de acordo com o "The New Strong's Expanded Dictionary of Bible Words", sifgnifica literalmente "NOVO NASCIMENTO' (palin, 'de novo', 'gênese' - 'nascimento'), E É USADO PARA 'REGENERAÇÃO ESPIRITUAL'(Tt 3:5), ENVOLVENDO A COMUNICAÇÃO DE UMA NOVA VIDA, OS DOIS PODERES OPERACIONAIS PARA PRODUZIR, QUE SÃO 'A PALAVRA DA VERDADE'[Tg 1:18; 1 Pe 1:23] E O ESPÍRITO SANTO(Jo 3:5); o 'loutron', 'a pia, a lavagem', É EXPLICADO EM EF 5:23 'TENDO PURIFICADO PELA LAVAGEM [loutron] DA ÁGUA COM A PALAVRA. Syn: 'Anakainose' é o resultado da paliggenesia. A 'paliggenesia' É AQUELE ATO GRATUITO DA MISERICÓRDIA E PODER DE DEUS PELO QUAL ELE REMOVE O PECADOR DO REINO DAS TREVAS, E O COLOCA NO REINO DA LUZ; É AQUELE ATO PELO QUAL DEUS O TRAZ DA MORTE PARA A VIDA"(p.1284).

O sentido aqui é a referência ao estabelecimento da Igreja Visível em Jerusalém, no dia de Pentecoste, quando quase 3.000 pessoas creram, e foram acrescentadas à Igreja(At 2:38-41,47), e também no caso de Cornélio e sua família(At 10:44-48; 11:14-18) e de forma contínua, sempre que pessoas são regeneradas, isto é, batizadas com o Espírito Santo, formando o Corpo de Cristo(1 Co 12:13), sendo essas pessoas ingressadas nesse corpo, semelhante aos doze apóstolos, portadoras do ato de exercer juízo sobre pecadores(1 Co 6:2), conforme relatado em Mt 19:28, através da explanação das Escrituras, visto que apóstolos (e os cristãos como um todo), receberem de Jesus o uso das chaves dos reino dos céus(Mt 16:19; 19:15—19), e estas chaves nada mais eram que as próprias Escrituras. Através da exposição ou não exposição destas, se abria ou se fechava o reino dos céus aos pecadores(Lc 11:52), se concedia ou se retia a possibilidade de perdão de pecados, já que as mesmas eram fonte de vida eterna(Jo 5:39). Assim, pela exposição das Escrituras, a Igreja exercia, exerce e exercerá juízo sobre o mundo, até que Jesus venha(Mc 16:15-16; Jo 12:48; At 13:45-49).

(2)A expressão “e vi as almas daqueles que foram degolados pelo testemunho de Jesus, e pela palavra de Deus”(Ap 20:4), é uma mera repetição daquilo que ele já vira em Ap 6:9-11; 7:9, onde os mártires foram contemplados por ele, como portadores de “vestes brancas”(Ap 6:11; 7:9). Quando digo ‘mera repetição’, estou dizendo que ele está enfatizando o martírio daqueles que, enquanto estavam no céu, aguardavam que outros cristãos, na Terra, também fossem martirizados, para se juntarem a eles no Céu(Ap 6:11). Isso mostra que o martírio dos cristãos coexistia durante o tempo em que eles eram reis e estavam exercendo juízo sobre judeus e gentios incrédulos. Isso mostra que a morte física ainda existia, e se existia, Cristo ainda não tinha vindo visivelmente pela segunda vez, uma vez que, nessa sua segunda vinda visível, ele, depois de destruir todos os outros inimigos(demônios e ímpios), destrói seu último inimigo – a morte(1 Co 15:21-26).

(3)A expressão “e viveram, e reinaram com Cristo durante mil anos”(Ap 20:4), não está falando que estes mártires teriam ressuscitado; até porque, uma vez que a morte ainda existia, Cristo ainda não tinha voltado para aniquilá-la, como seu último inimigo(1 Co 15:21-26), e sem contar que Cristo foi o único a ressuscitar para não mais morrer fisicamente(At 26:23;1 Co 15:20; 1 Tm 6:16; Cl 1:18). Somente Ele é o único que ressuscitou para nunca mais morrer fisicamente. O verbo grego “ζάω”(zao), que o reformado João Ferreira de Almeida traduziu por “viveram”, ao invés de “ressuscitaram”, o que é uma coisa bem diferente. Veja que esse verbo grego “ζάω”(zao) que aparece aqui, de acordo com o Léxico do Novo Testamento Grego/Português, de E. W. Gingrich e F. W. Danker, significa literalmente “DA VIDA NATURAL; DA CONDUTA DE VIDA; Estar bem”(pp.91-92) e é esse o sentido da expressão “e viveram”, isto é, tiveram “uma conduta de vida”, aludindo a uma vida de retidão e piedade, como expressão daqueles que “reinaram com Cristo durante mil anos”, isto é, daqueles que eram membros do reino de Deus, aqui na Terra – a Igreja. Note, que o verbo grego “βασιλεύω”(basileuō), aqui traduzido por “reinaram”, de acordo com com o Léxico do Novo Testamento Grego/Português, de E. W. Gingrich e F. W. Danker, está no “aoristo”, tratando-se de uma ação que ocorreu no passado sem indicação do tempo, é que é “INGRESSIVO”(p.41), mostrando que esses que viviam uma vida reta, estavam ingressando dentro do reino. Sim, o aoristo está no ingressivo, significando literalmente “ELES COMEÇARAM A REINAR”(F. Rienecker; C. Rogers, Chave Linguística do Novo Testamento Grego, p.636). Como é que alguém passa a fazer parte do reino de Deus, isto é, a reinar, senão através do novo nascimento? Paulo confirma isso, afirmando:

E NOS RESSUSCITOU JUNTAMENTE COM ELE E NOS FEZ ASSENTAR NOS LUGARES CELESTIAIS, EM CRISTO JESUS”(Ef 2:6).

Se a Cabeça [Cristo] está assentada a direita de Deus (isto é, junto com Deus, reinando[Mt 22:40; 26:64; Lc 20:42; 22:69; Ef 1:20; Mc 14:62; 16:19; At 2:42; 7:55-56; Rm 8:34), Cl 3:1; Hb 12:2]; lembrando que 'sentar a direita', é uma expressão que indica 'reinar'[Mt 10:21; At 2:33-36; 5:31; 1 Pe 3:22;Hb 1:3,13; 10:12;]), o Corpo também se senta lá com Ele:

"E nos RESSUSCITOU JUNTAMENTE COM ELE e NOS FEZ ASSENTAR NOS LUGARES CELESTIAIS, EM CRISTO JESUS'[EF 2:6];

"Ao que vencer LHE CONCEDEREI QUE SE ASSENTE COMIGO NO MEU TRONO; assim como eu venci, E ME ASSENTEI COM MEU PAI NO SEU TRONO"(Ap 3:21).

O texto fala que todos os vencedores, isto é, aqueles que nasceram de novo, derrotando Satanás, seus sequazes e o mundo(1 Jo 2:13-14; 4:4; 5:4-5; Ap 17:14), estão assentados juntamente com Cristo [que é Cabeça de Seu Corpo, a Igreja], no 'seu trono', assim, como Cristo sentou-te juntamente com seu Pai[que é o seu Cabeça - 1 Co 11:3], no seu trono. Não dá pra separar a Cabeço do Corpo, nem o Filho do Pai, meu piedoso doutor. Além do mais, sua ressurreição e sua ascensão ao trono do Pai, espiritualmente nos garantem nossa ressurreição e ingresso no seu reino, como seus reis. Como disseram Barnes, Henry e Spurgeon, todos calvinistas:

“Em conexão com ele; ou em virtude de ter sido levantado da sepultura. O significado é que havia tal conexão entre Cristo e aqueles a quem o Pai deu a ele, que sua ressurreição do túmulo envolveu sua ressurreição para a vida espiritual. Era como levantar a cabeça e os membros - o corpo todo junto; compare as notas em Rm 6:5 Em todos os lugares do Novo Testamento, a estreita conexão do crente com Cristo é afirmada. Estamos crucificados com ele. Morremos com ele. Nós nos levantamos com ele. Vivemos com ele. NÓS REINAMOS COM ELE. SOMOS ´CO-HERDEIROS COM ELE. COMPARTILHAMOS SEUS SOFRIMENTOS NA TERRA[1 Pe 4:13], E COMPARTILHAMOS SUA GLÓRIA COM ELE EM SEU REINO[Ap 3:21]”(Albert Barnes[1798-1870] Ministro Presbiteriano, Com de Ef 2:6)

“E nos fez sentar juntos nos lugares celestiais em Cristo Jesus. Isso pode ser entendido em outro sentido. Os pecadores se revolvem no pó, almas santificadas sentam-se nos lugares celestiais, são elevados acima do mundo - o mundo não é nada para eles, comparado com o que tem sido, e comparado com o que o outro mundo é. Os santos não são apenas homens livres de Cristo, mas são assessores com ele com a ajuda de sua graça. Eles ascenderam com ele acima deste mundo para conversar com outro, e vivem na constante expectativa disso. Eles não são apenas servos do melhor dos mestres na melhor obra, MAS SÃO EXALTADOS PARA REINAR COM ELE, ELES SE SENTAM NO TRONO COM CRISTO, ASSIM COMO ELE SE SENTOU COM SEU PAI NEM SEU TRONO”(Matthew Henry[1662-1771], Ministro Presbiteriano, Com de Ef 2:6)

“Não somos apenas ressuscitados dentre os mortos com Cristo, mas também somos ressuscitados espiritualmente aos lugares celestiais com ele. É ótimo quando um homem aprende a olhar da terra para o céu. É UMA COISA MAIOR AINDA QUANDO ELE APRENDE A OLHAR DO CÉU PARA A TERRA - TER VOCÊ SENTADO À DIREITA DE DEUS, e então olhar para baixo para todas as coisas da vida presente tão abaixo de você”(Charles H. Spurgeon[1834-1892], Ministro Batista, Com de Ef 2:6)

Ademais, em primeiro lugar, o verbo grego “καθίσαι”(kathizō)(‘sentar, fazer sentar' - F. Reinecker e C. Rogers, Chave Linguística do Novo Testamento Grego, p.612) está no aoristo indicativo ativo, apontando para um evento que ocorreu no passado sem indicação de tempo, mostrando que o sentar-se de Cristo junto ao Pai, em seu trono, bem como o nos sentarmos junto a Cristo, junto ao seu trono, já ocorreu(‘E NOS RESSUSCITOU juntamente com ele E NOS FEZ ASSENTAR NOS LUGARES CELESTIAIS, em Cristo Jesus’ – Ef 2:6), e não se trata do estabelecimento de um reino literal e cronometrado de mil anos, mas no estabelecimento visível de seu reino [a Igreja], que nunca deixará de existir, visto ser um reino eterno, ao ponto de Cristo, em sua vinda, entregá-lo ao Pai(1 Co 15:23-26 comp. com Jo 17:11,15). Em segundo lugar, esse mesmo verbo grego “καθίσαι”(kathizō)(‘sentar,fazer sentar’) é o mesmo usado em At 2:30, e o seu sentido, é “CONFERIR O REINO A ALGUÉM”(Thayer Greek-English Lexicon of the New Testament, p.314). G. Kittel e G. Friedrich afirmam que esse mesmo verbo grego “καθίσαι”(kathizō) significa que “no NT, o rei messiânico É ENTRONIZADO AO LADO DE DEUS, E ELE CONCEDE UM ASSENTO AO SEU LADO AOS CRENTES VITORIOSOS. INFLUENTES NESSES ASPECTOS SÃO Sl 110:1 e Dn 7:13[Cf. Mt 26:64; Mc 14:62; Cl 3:1; Hb 1:3; 8:1; 12:2]”(Dicionário Teológico do Novo Testamento, Volume 1, pp.427-428).

(c)O v.5 diz:”Mas os outros mortos não reviveram, até que os mil anos se acabaram. Esta é a primeira ressurreição”. Note que Ele não pode estar falando de uma ressurreição física, pois o texto diz: “mas os outros mortos não reviveram”. Realmente não pode estar falando em ressurreição física,pois se o tivesse, estaria afirmando que haverá pessoas que não ressuscitarão, o que contraria o AT/NT, que afirmam que a ressurreição dos justos e ímpios, será simultânea(Dn 12:2; Jo 5:28-29; At 24:15). Note que o adjetivo grego “λοιπός”(loipos), aqui traduzido por “os outros”, de acordo com F. Rienecker; C. Roger, se refere aos “ÍMPIOS QUE NÃO PARTICIPAM DA PRIMEIRA RESSURREIÇÃO”(p.636). De que ‘primeira ressurreição’ não participarão os ímpios, já que Paulo afirma que “há de haver ressurreição de mortos, ASSIM DOS JUSTOS COMO DOS INJUSTOS”(At 24:15)? Essa ‘primeira ressurreição’ não pode ser a física, pois João contrata os dois grupos, dizendo: “VIVERAM , e reinaram com Cristo durante mil anos”(Ap 20:4) e: “OS OUTROS MORTOS NÃO REVIVERAM, até que os mil anos se acabaram”(Ap 20:5). Sim. Há aqui um contraste entre os que “VIVERAM” com os que “NÃO REVIVERAM”. O contraste mostra que não se está falando de uma ressurreição física, pois ‘não reviveram’ é o oposto de “reviveram”. Além do mais, a ideia de uma interpretação para a ressurreição física, contraria Paulo que afirma de Cristo: “Aquele que tem, ELE SÓ, A IMORTALIDADE”(1 Tm 6:16 ACF). A interpretação pré-milenista, aqui, chega a ser blasfema e contrária a todo o pensamento dos escritores do NT, visto que a posição pré-milenista está inserindo algo que não pertence ao evento da segunda vinda visível de Jesus Cristo, que é a morte física, visto que Jesus e Paulo deixam claro, que na segunda vinda do Filho de Deus, a morte física será o ultimo inimigo aniquilado, antes de Jesus entregar [e não estabelecer] seu reino ao Pai(Jo 5:28-29; 1 Co 15:21-26; Fl 3:20-21; 1 Ts 4:16-17). Outra coisa a se notar é que o "VIVERAM" dos justos(Ap 20:4), e o 'NÃO REVIVERAM' dos ímpios(Ap 20:5), ocorre durante o tempo em que Satanás é descrito como estando preso(Ap 20:1-3,5-7), o que mostra não se tratar da morte física, porque os demônios serão derrotados por Cristo, durante a sua vinda, bem antes da morte física(1 Co 15:20-26). Deste fato, deduzimos, que se trata aqui, da regeneração ou novo nascimento, que será concedido apenas a um grupo de homens - os eleitos(Jo 6:37,39-40; 44-45; 13:10-11; Ef 2:1-10; 1 Pe 1:1-4), e da qual os réprobos estão excluídos(Jo 8:37-38,43-44,47;14:16-17; Mt 26:23-25; 2 Ts 2:10-12; Ap 13:8; 17:8,13-14,16-17).

(d)O v. 6, diz:

Bem-aventurado e santo aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre estes não tem poder a segunda morte; mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com ele mil anos”(ACF).

O v.6 é basicamente uma reafirmação dos versos anteriores. Jesus contrasta aqui ‘primeira ressurreição’ com ‘segunda morte’. Por que o participante da primeira ressurreição é ‘santo’; está isento da ‘segunda morte’, ‘será sacerdote de Deus e de Cristo’ e ‘reinará com Ele mil anos’? A razão é simples:

(i)Porque aqueles que nasceram de novo [isto é, aqueles que participam da primeira ressurreição], não serão atingidos pela ‘segunda morte’. O substantivo masculino grego “άνατος”(thânatos), aqui traduzido por “morte”, de acordo com o Léxico Grego do Novo Testamento de J. H. Thayer, se refere ao “ESTADO MISERÁVEL DOS ÍMPIOS MORTOS NO INFERNO”. Aquele que participa da primeira ressurreição(‘novo nascimento’) não será atingido pela condenação do inferno(Rm 8:11; 1 Pe 1:3-5; 2:9-10; 1 Jo 5:4-5,18, porque pela fé em Cristo, ele “tem a vida eterna, E NÃO ENTRARÁ EM CONDENAÇÃO, MAS PASSOU DA MORTE PARA A VIDA”(Jo 5:24)

(ii)Porque a primeira ressurreição, que é espiritual, se referindo ao novo nascimento(Ef 2:1,5-6), é um dom que Deus concede aos seus santos(1 Pe 1:15-23)

(iii)Porque, aqueles que nascem de novo(na primeira ressurreição – Ef 2:1,5-6; 1 Pe 1:15-23), são aqueles que são “sacerdotes de Deus e de Cristo”. O substantivo masculino grego “ἱερεύς”(hiereus), aqui traduzidos por “sacerdotes”, de acordo com o Léxico Grego do Novo Testamento de J. H. Thayer, se refere aos “CRISTÃOS, PORQUE, PURIFICADOS PELO SANGUE DE CRISTO E COLOCADOS EM ÍNTIMA COMUNHÃO COM DEUS, ELES DEDICAM SUA VIDA SOMENTE A ELE [DEUS] E A CRISTO”.

(iii)Porque, aqueles que participam da primeira ressurreição(o novo nascimento) reinarão com ele. O verbo grego “βασιλεύω”(basileuō), aqui traduzido por “reinarão”, ”, de acordo com o Léxico Grego do Novo Testamento de Edward Robinson, se refere aos ”Cristãos, que irão reinar com Cristo, ou seja, desfrutar os mais altos privilégios, e a mais alta felicidade, as honras e glórias reais, do reino do Messias, E QUE SÃO ASSIM DESCRITOS COMO COMPARTILHANDO COM CRISTO DE SEU PODER E OFÍCIO COMO REI E JUIZ(Lc 22:30; 1 Co 6:2-3), assim como Rm 5:17; Ap 20:4 ἐβασίλευσαν μετὰ Χριστοῦ. v.6”. Assim, aqui na Terra, os cristãos, ainda antes da vinda de Cristo, reinam com Cristo(Ap 3:21) e exercem juízo sobre os ímpios, através da exposição do Evangelho. Sim, os cristãos como um todo), receberem de Jesus o uso das chaves dos reino dos céus(Mt 16:19; 19:15—19), e estas chaves nada mais eram que as próprias Escrituras. Através da exposição ou não exposição destas, se abria ou se fechava o reino dos céus aos pecadores(Lc 11:52), se concedia ou se retia a possibilidade de perdão de pecados, já que as mesmas eram fonte de vida eterna(Jo 5:39).

(iv)As Escrituras mencionam a vinda do Senhor, com expressões como "o dia do Senhor"(1 Co 1:8; 5:5; 1 Tm 5:2; 2 Co 1:14; 2 Pe 3:10), não nos 'dias do Senhor". O próprio Jesus, aludindo a sua segunda vinda (não 'vindas') menciona "Mas DAQUELE DIA E HORA..."(Mt 24:36), ao invés de 'aqueles dias e horas'. Só estuprando o próprio texto em português, usando de alegorização, você vai criar fases da vinda de Cristo. Note, que quando se fala na ressurreição de todos os mortos, se menciona que o tempo onde todos eles - justos e injustos - serão ressuscitados é descrito como "A HORA"(Jo 5:28-29), ao invés de no começo dos 'mil anos'(para os justos) e no fim dos mil anos, para os injustos.; A volta de Cristo é descrita pelo Senhor como ocorrendo em uma "HORA"(Mt 24:42,44; 25:13; Mc 13:32; Lc 12:40), não em 'horas, dias, semanas, anos, décadas ou em dez séculos'. Note, que o substantivo grego masculino "ὥρα"(hora), que aparece em Mt 24:36,42,44; Mc 13:32; Lc 12:40, Jo 5:28-29, aludindo a segunda vinda de Cristo e a ressurreição, traduzido por "hora", de acordo com o Léxico Grego do Novo Testamento de J. H. Thayer, significa literalmente "UMA HORA". Da mesma forma, o substantivo masculino grego "ἡμέρα"(hemera), aqui (Mt 24:36) traduzido por "dia", de acordo com "The New Strong's Expanded Dictionary of Bible Words", se refere a um "DIA, ISTO É [LITERALMENTE] O ESPAÇO ENTRE O AMANHECER E O ANOITECER, OU AS 24 HORA INTEIRAS"(p.1131). Não dá pra alegorizar o que está no texto grego original. Simples assim.

Não posso ser pré-milenista, porque tenho uma Bíblia em casa.

segunda-feira, 5 de abril de 2021

Supralapsarianismo, consenso das Escrituras, dos Reformadores e dos Símbolos de Fé Reformados!

Basicamente, entre as igrejas reformadas, no tocante a doutrina da ordem dos decretos há apenas duas correntes; o supralapsarianismo e o inflarapsarianismo. A primeira (o que nós defendemos aqui) ensina que a ordem dos decretos se resume a:(a)Eleição; (b)Criação, e (c)Queda. Sobre a segunda visão, o inflarapsariano Rev. Samuel Falcão resume:

A ordem de seus decretos, segundo essa teoria, seria a seguinte: (a)Criar; (b)Permitir a Queda; (c)Eleger alguns, do meio da massa de pessoas perdidas, para a salvação, e deixar o restante para sofrer o justo castigo de seus pecados”(Escolhidos em Cristo, p.152).

(a)A posição escriturística é absolutamente supralapsariana.

Vários textos do NT, concernente a ordem dos decretos, alude a posição supralapsariana. Um dos textos mais claros é Ef 1:4-. que diz:

Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor”(ACF).

A ordem dos decretos aqui é:

(i)Eleição(‘Como também nos elegeu nele’). (ii)Criação(‘antes da fundação do mundo’) e (iii)Queda(‘para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor’).

Assim, temos, primeiro, a Eleição; segundo, a Criação; e terceiro, a queda, visto que santidade pressupõe a queda, visto a santidade significar a salvação do domínio do pecado(Rm 6:4; 1 Pd 1:14-16).

Em outro lugar, Paulo repete a mesma visão supralapsoriana, quando diz:

“Mas, ó homem, quem és tu, que a Deus replicas? Porventura a coisa formada dirá ao que a formou: Por que me fizeste assim? Ou não tem o oleiro poder sobre o barro, para da mesma massa fazer um vaso para honra e outro para desonra? E que direis se Deus, querendo mostrar a sua ira, e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita paciência os vasos da ira, preparados para a perdição; Para que também desse a conhecer as riquezas da sua glória nos vasos de misericórdia, que para glória já dantes preparou, Os quais somos nós, a quem também chamou, não só dentre os judeus, mas também dentre os gentios?”(Rm 9:20-24)

Aqui, novamente temos, primeiro, a Eleição(‘Para que também desse a conhecer as riquezas da sua glória nos vasos de misericórdia, que para glória já dantes preparou, Os quais somos nós, a quem também chamou...’); segundo, a Criação(‘para da mesma massa fazer um vaso para honra….’); terceiro, a Queda(‘nos vasos de misericórdia, que para glória já dantes preparou, Os quais somos nós, a quem também chamou, Como também diz em Oséias: Chamarei meu povo ao que não era meu povo; E amada à que não era amada...’), visto que a chamada(ou vocação) é para a salvação(2 Tm 2:9-10), e salvação pressupõe pecado, por pressupor a salvação do pecado(Mt 1:21), e o amor por aqueles que são chamados, é um amor direcionado a pecadores(Rm 5:6).

Ainda, novamente Paulo, repete a mesma ideia em outro lugar, afirmando:

“Que nos salvou, e chamou com uma santa vocação; não segundo as nossas obras, mas segundo o seu próprio propósito e graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos dos séculos; E que é manifesta agora pela aparição de nosso Salvador Jesus Cristo, o qual aboliu a morte, e trouxe à luz a vida e a incorrupção pelo evangelho”(2 Tm 1:9-10)

Aqui, mais uma vez, temos, primeiro, a Eleição, e Criação(‘e chamou com uma santa vocação; não segundo as nossas obras, mas segundo o seu próprio propósito e graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos dos séculos’); e ‘Queda’(‘E que é manifesta agora pela aparição de nosso Salvador Jesus Cristo, o qual aboliu a morte, e trouxe à luz a vida e a incorrupção pelo evangelho’), visto que a graça que nos foi dada na eternidade visava levar a Jesus a trazer o livramento dos efeitos do pecado – a morte e a corrupção, aos quais Jesus veio para abolir. Assim, a vocação de Paulo ao apostolado é precedida da eleição eterna: 'não segundo as nossas obras, mas segundo o seu próprio propósito e graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos dos séculos’). Não há nenhuma chance de acharmos aqui uma única vírgula em prol do infralapsarianismo.

E outra vez, Paulo traz a mesma ideia, quando diz:

“Porque, não tendo eles ainda nascido, nem tendo feito bem ou mal (para que o propósito de Deus, segundo a eleição, ficasse firme, não por causa das obras, mas por aquele que chama),Foi-lhe dito a ela: O maior servirá ao menor. Como está escrito: Amei a Jacó, e odiei a Esaú. Que diremos pois? que há injustiça da parte de Deus? De maneira nenhuma. Pois diz a Moisés: Compadecer-me-ei de quem me compadecer, e terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia”(Rm 9:11-15)

Mais outra vez, aqui temos, primeiro, a eleição, antecedendo o tempo(‘para que o propósito de Deus, segundo a eleição, ficasse firme, não por causa das obras’), pois o texto diz “Porque, não tendo eles ainda nascido’(Rm 9:11); depois temos a Queda(‘não por causa das obras, mas por aquele que chama’), e a vocação ou chamada é feita salvificamente a pecadores(Rm 9:24-26; 8:30; 2 Tm 2:9,10; 1 Ts 4:7; 2 Ts 2:14; Gl 1:13-15; 1 Pd 2:9; 1 Co 1:24). A frase "Porque, não tendo eles ainda nascido, nem tendo feito bem ou mal (para que o propósito de Deus, segundo a eleição, ficasse firme, não por causa das obras, mas por aquele que chama)"(Rm 9:11) destrói todas as pretensões dos infralapsarianos, pois não só mostra que a eleição de Jacó e a reprovação de Esaú foram atos divinos precedentes a Criação, bem como foram atos que não foram feitos com base na prévia contemplação das ações [boas ou más], mas apenas baseados na vontade de Deus. Isso mostra que Deus decretou eleger, não pela prévia e eterna contemplação do pecado de Adão['não tendo eles ainda nascido, nem tendo feito bem ou mal' - Rm 9:11), mas apenas de acordo com a vontade e o prazer absolutos dEle['para que o propósito de Deus, segundo a eleição, ficasse firme, não por causa das obras, mas por aquele que chama - Rm 9:11]. A interpretação infra importa na introdução da eterna contemplação [isto é, previsão] da obra da criatura caída, introduzindo condicionalidade no eterno decreto de Deus, contrariando a CFW, que diz:

"Ainda que Deus sabe tudo quanto pode ou há de acontecer em todas as circunstâncias imagináveis, ele não decreta coisa alguma por havê-la previsto como futura, ou como coisa que havia de acontecer em tais e tais condições"(III:2).

Não tenho a menor dúvida de que o infralapsarianismo é uma introdução do arminianismo dentro da visão reformada da ordem dos decretos

Em Gl 1:15-16, lemos:

“Mas, quando aprouve a Deus, que desde o ventre de minha mãe me separou, e me chamou pela sua graça, revelar seu Filho em mim, para que o pregasse entre os gentios, não consultei a carne nem o sangue”(ACF).

O verbo grego “ἀφορίζω”(aforizō), aqui traduzido por “separou”, de acordo com o Léxico Grego do Novo Testamento de Edward Robinson, tem o significado de “escolher”(p.141). Aqui, a ordem dos decretos é claramente supralapsariana, mas uma vez que o decreto da eleição de Paulo precede à sua conversão (que pressupõe a queda), bem como precede sua chamada para a pregação do evangelho da salvação(‘revelar seu Filho em mim, para que o pregasse entre os gentios’). Não temos nenhuma evidência da visão infra no NT.

Por fim, Paulo também nos diz:

“Mas devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados do Senhor, por vos ter Deus elegido desde o princípio para a salvação, em santificação do Espírito, e fé da verdade; para o que pelo nosso evangelho vos chamou, para alcançardes a glória de nosso Senhor Jesus Cristo”(2 Ts 2:13-14).

A ordem dos decretos é muito clara aqui: (a)Eleição(‘por vos ter Deus elegido’); (b)Criação(‘desde o princípio’); (c)Queda(‘em santificação do Espírito, e fé da verdade’). Por “santificação’ e ‘fé’, se pressupõe realmente a queda, uma vez que ambas são concedidas dentro do tempo ao pecador eleito(1 Pd 1:14-16; 1 Co 1:30; Tt 1:1-3).

Em Rm 8:29-30, lemos:

"Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou a estes também chamou; e aos que chamou a estes também justificou; e aos que justificou a estes também glorificou"(ACF).

A ordem dos decretos também é muito clara aqui: (a)Eleição('os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho'); (b)Criação('E aos que predestinou a estes também chamou') e Queda('e aos que chamou a estes também justificou'). O verbo grego "προγινώσκω"(proginōskō), aqui traduzido por 'dantes conheceu", de acordo com 'A Nova Chave Linguística do Novo Testamento Grego', de W. .Haubeck e H. V. Siebenthal, significa literalmente "escolher/eleger de antemão"(p.970). Aqui, todos os verbos estão no aoristo e "o aoristo fala de Deus que vê o fim desde o início, e em cujo decreto e propósito todos os eventos futuros são abrangidos"(F. Rienecker e C. Rogers, Chave Linguística do Novo Testamento Grego, p.270). Uma vez que o aoristo determina uma ação terminada no passado, isto é, uma vez que o aoristo determina que todas estas coisas foram determinadas como já ocorridas ou terminadas na mente de Deus, segue-se que a eleição e a predestinação precedem a criação e a queda, uma vez que precedem a vocação, a justificação e a glorificação, que serão ocorridas dentro do tempo(Jo 6:37,39-40; 10:16,27-29; Mc 16:15; 1 Co 15:22-26; Fl 3:20-21; 1 Ts 4:15-17). J. Louw e E. Nida afirmam que "προγινώσκω"(proginōskō) se refere literalmente à "aqueles que ele havia escolhido de antemão, estes ele já havia decidido que se tornariam como o seu Filho"(Léxico Grego Português do Novo Testamento, Baseado nos Domínios Semânticos, p.325). Na eterna e decretiva mente de Deus, primeiramente, temos (a)A eleição; (b)A Criação; e por fim. (c)A Queda. Note. Primeiro, ele elege de antemão[na eternidade]; depois de eleger e predestinar, ele chama salvíficamente e justifica[absolve da condenação do pecado]. Se ele chama salvificamente, a alusão aqui é a pregação do Evangelho, dentro do tempo(Jo 10:16,27; At 13:48; Tt 1:1), e portanto, uma alusão a Criação, já que é a criaturas humanas que o Evangelho deve ser pregado(Mc 16:15); e, posteriormente, estas pessoas a quem o Evangelho será pregado, ouvindo-o [crendo neste evangelho], serão justificadas [absolvidas da condenação do pecado], e aqui, temos uma alusão a Queda, já que apenas criaturas caídas podem ser absolvidas da condenação do pecado ('nós, que procuramos ser justificados em Cristo, nós mesmos também somos achados pecadores' - Gl 2:17)

Em Rm 9:21-24, lemos:

"Ou não tem o oleiro poder sobre o barro, para da mesma massa fazer um vaso para honra e outro para desonra? E que direis se Deus, querendo mostrar a sua ira, e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita paciência os vasos da ira, preparados para a perdição; Para que também desse a conhecer as riquezas da sua glória nos vasos de misericórdia, que para glória já dantes preparou, Os quais somos nós, a quem também chamou, não só dentre os judeus, mas também dentre os gentios?"(ACF)

Todo o texto contraria a visão infralapsariana:

(i)O substantivo grego "φύραμα"(phyrama), aqui traduzido por "massa", de acordo com Thayer, significa literalmente "barro". (ii)Paulo está dizendo que Deus tem autoridade sobre o 'barro', para dele 'fazer um vaso para honra e outro para desonra'. O verbo grego "ποιέω"(poieō), aqui traduzido por 'fazer", de acordo com Thayer, tem em Rm 9:21 o sentido de "fazer uma coisa de algo". A referência aqui é ao fato de Deus trazer a existência física todos os eleitos e réprobos, e aponta para Ele como Aquele que trouxe a existência 'um vaso para honra'[o eleito] e 'outro para desonra'[o réprobo]. Na ordem dos decretos, temos aqui a Criação. O eleito e o réprobo já são criados, isto é, já são concebidos, nascem e vêem a este mundo como 'um vaso para honra e outro para desonra'[v.21]. Mas, a Criação, não aparece aqui como o primeiro dos decretos, mas como um dos decretos subsequentes ao decreto anterior, que é o da eleição. Porque se os eleitos e réprobos são respectivamente criados 'um vaso para honra e outro para desonra', seus destinos antecedem a sua criação. E é isso que Paulo deixa bem claro, quando menciona as duas expressões: "os vasos da ira, preparados para a perdição"[v.22] e "nos vasos de misericórdia, que para glória já dantes preparou"[v.23]. No v.22, o verbo grego "καταρτίζω"(katartizō), aqui traduzido por "preparados", de acordo com F. Rienecker e C. Rogers, significa literalmente "deixar pronto"(Chave Linguística do Novo Testamento Grego, p.272). Robinson reza-o por "formar"(Léxico Grego do Novo Testamento, p.486). F. W. Gingrich e F. W. Danker, reza-o por "fazer, criar"(Léxico do Novo Testamento Grego, p.112). William Mounce reza-o por pronto"(Léxico Analítico do Novo Testamento Grego, p.348), e W. Haubeck e H. V. Siebenthal rezam o verbo grego "καταρτίζω"(katartizō), por "confeccionar, criar"(Nova Chave Linguística do Novo Testamento Grego, p.975). Assim, uma tradução igualmente literal dessa expressão, seria "nos vasos da ira, deixados prontos para a perdição", ou "nos vasos da ira, formados para a perdição", ou "nos vasos da ira, feitos para a perdição", ou "nos vasos da ira, criados para a perdição", ou ainda "nos vasos de ira, confeccionados para a perdição". Assim, o réprobo, o não eleito, já foi criado ou deixado, de antemão, pronto para a perdição.

Da mesma forma, no v.23, na expressão "nos vasos de misericórdia, que para glória já dantes preparou"(ACF), o verbo grego "προετοιμάζω"(proetoimazō), aqui traduzido por "que para glória já dantes preparou", de acordo com Thayer, significa literalmente "para quem ele designou a glória de antemão (isto é, desde a eternidade), e, conseqüentemente, tornou-os aptos para recebê-la". Robinson reza "προετοιμάζω"(proetoimazō), por "estabelecer ou ordenar de antemão, predestinar"(Léxico Grego do Novo Testamento, p.778). William D. Mounce reza "προετοιμάζω"(proetoimazō), por "designar ou ordenar de antemão"(Léxico Analítico Grego do Novo Testamento, p.513). De formas que uma tradução literal deste texto, seria "nos vasos de misericórdia, para quem ele designou a glória desde a eternidade", ou "nos vasos de misericórdia, para quem ele ordenou de antemão", ou "nos vasos de misericórdia, para quem ele predestinou de atemão". Assim, o eleito, foi designado, ordenado ou predestinado desde toda a eternidade. Sua eleição ou predestinação antecederam sua salvação. O substantivo grego "δόξα"(doxa), aqui traduzido por "glória", de acordo com Thayer, se refere literalmente "a gloriosa condição de bem-aventurança para a qual é designado e prometido que os verdadeiros cristãos entrarão após o retorno de seu Salvador do céu". Assim, quando temos a menção de que o eleito, foi designado, ordenado ou predestinado desde toda a eternidade. Sua eleição ou predestinação antecederam sua salvação da presença do pecado (isto é - sua glorificação); e se sua eleição ou predestinação antecederam sua salvação da presença do pecado, precedeu sua criação [nascimento] e pecado. Vários comentaristas reformados [dentre eles, alguns peritos em grego], tem entendido assim esse texto:

"No final de Romanos 9:23, devemos inserir alguma cláusula como 'Ele reservou para eles a Sua glória', a fim de tornar a frase estritamente gramatical"(Charles J. Ellicott[1819–1905]. Ministro Anglicano, Com de Rm 9:22)

"Significa perdição, ruína final; por qual agência as pessoas mencionadas foram habilitadas para isso, Paulo não diz; o que ele diz é que, preparados para tal condenação como eles são, Deus os suportou com muita paciência, de modo que pelo menos eles não podem dizer: Por que você critica?"(William R.Nicoll [1851-1923], Ministtro Presbiteriano, Com de Rm 9:22)

"vasos de ira preparados para a destruição; são considerados vasos e, portanto, não são mais considerados no barro, na massa e no monte da criatura, mas como criaturas formadas, feitas e trazidas à existência; e, portanto, para serem usados como instrumentos nas mãos de Deus, para servir aos seus fins e propósitos e, portanto, chamados de 'vasos'; e não apenas isso, mas 'vasos de ira', criaturas pecadoras caídas e, portanto, merecedoras da ira de Deus e objetos de sua justiça vingativa, em quem ele pode justamente exibir sua ira e vingança: portanto, eles podem ser chamados, sendo como vasos cheios de sua ira; como tais, aqueles que são os instrumentos e executores de sua ira são chamados, em Is 13:5, כלי זעמו, 'vasos de sua ira'(John Gill[1697-1771], Ministro Batista, Com de Rm 9:23)

"Portanto, novamente, podemos dizer com Paulo, que alguns homens são feitos por Deus, o Criador, para a destruição"(Bíblia de Estudo de Genbra[1591], Com de Rm 9:23)

"Deus, com o propósito de manifestar Sua ira e tornar conhecido Seu poder (o que Ele poderia fazer), suportado com muitos vasos de longanimidade de ira formados[preparados, criados completos e prontos] para a destruição"(Henry Alford[1810-1871], Ministro Anglicano e Perito em Grego)

"Por outro lado, o que pode ser dito contra isso, se Ele proceder em misericórdia com os outros, manifestando assim as riquezas de Sua glória, ou Sua gloriosa graça, visto que são vasos de misericórdia, os quais, por Sua eleição soberana desde a eternidade, e a santificação de Seu Espírito no tempo, Ele havia previamente preparado para a glória? A soma da resposta do apóstolo aqui é que o grande objetivo de Deus, tanto na eleição quanto na reprovação dos homens, é aquele que é supremo para todas as coisas na criação do universo, ou seja, Sua própria glória"(Robert Haldane [1772-1854), Ministro Presbiteriano, Com de Rm 9:22-23)

"Mas tal interpretação, que exigiria que o contraste fosse muito mais fortemente marcado do que pelo mero δὲ, está em desacordo com a retenção na sequência do σκεύη figurativo e sua preparação; porque é daí evidente que o que Paulo havia dito anteriormente sobre a liberdade de Deus para preparar homens de caráter e destinos diferentes como vasos de oleiro, ele de forma alguma pretendeu cancelar, como se Deus não tivesse feito isso"[Heinrich A. W. Meyer[1800-1873], Ministro Luterano, Com de Rm 9:22].

"Deus suportou esses vasos de ira com muita paciência, como fez com o velho mundo antes do dilúvio, Faraó, antes de cortá-lo e Sodoma antes de destruí-la. Esses incrédulos toleram a luz que odeiam e os meios de graça que desprezam. Os vasos de misericórdia recebem sua misericórdia, amor e graça, não porque sejam melhores ou mais sábios do que os outros ou porque os mereçam, mas porque Deus escolheu revelar sua graça neles e torná-los objetos de sua misericórdia desde a eternidade"(Henry Mahan, Ministro Batista, Com de Rm 9:22-23)

"Os vasos de honra devem ser os próprios vasos de misericórdia desde a eternidade"(Matthew Henry[1662-1714], Ministro Pesbiteriano, Com de Rm 9:23)

Portanto, fica evidente que Rm 9:21-24 contraria a visão infralapsariana. Em Rm 11:2, lemos "Deus não rejeitou o seu povo, que antes conheceu"(ACF). Aqui, temos o verbo grego "προγινώσκω"(proginōskō), que segundo o Léxico do Novo Testamento Grego, de F. W. Gingrich e F. W. Danker, significa literalmente "escolher de antemão"(p.175). William D. Mounce reza "προγινώσκω"(proginōskō), por "apontar como objeto de privilégios futuros"(Léxico Analítico do Novo Testamento Grego, p.512). W. Haubeck e H. V. Siebenthal rezam o verbo grego "προγινώσκω"(proginōskō)," por "escolher/eleger de antemão"(Nova Chave Linguística do Novo Testamento Grego, p.978). Assim, temos aqui a ordem dos decretos como (a)Eleição; e (b)Criação e (c)Queda, já que a idéia de privilégios futuros vai incluir a redenção dos pecados, já que, por exemplo, William D. Mounce, quando alude a ideia de pirivlégios futuros, cita Rm 8:29('Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho' - ACF). No AT, temos textos semelhantes, como Is 49:1, onde lemos:

O SENHOR me chamou desde o ventre, desde as entranhas de minha mãe fez menção do meu nome”(ACF).

O verbo hebraico “קָרָא"(qara)aqui traduzido por “chamar”, de acordo com o The Brown-Driver-Briggs Hebrew and English Lexicon, significa “eleger”(p.896). A ideia é de que a eleição precede ao nascimento(que subentende ‘Criação’, conforme At 17:30). Esse parece ser também o sentido de Jr 1:4-5, quando lemos:

“Assim veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: Antes que te formasse no ventre te conheci, e antes que saísses da madre, te santifiquei; às nações te dei por profeta”(ACF).

A ideia novamente remota ao entendimento de que Deus elegeu Jeremias antes da sua criação. Nesse caso, temos novamente a evidência que a eleição precede a criação.

(b)A opinião dos Reformadores.

(i)Martinho Lutero[1483-1546], diz:

“Considero isto suficientemente firmado a partir daquele único dito de Cristo em Mt 25:34, que citei a pouco: ‘Vinde, benditos de meu Pai, tomai posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo’. De que modo poderiam merecer aquilo que já lhes pertence e lhes está preparado antes mesmo de serem criados?. Assim podemos dizer, com maior correção, que o reino de Deus merece, antes, a nós, seus possuidores; e devemos colocar o mérito lá ondde eles colocam o prêmio e o prêmio lá onde colocam o mérito. Pois o reino não está sendo preparado, mas está preparado; os filhos, porém, são preparados para o reino, não preparam o reino; isto é: o reino merece os filhos, e não os filhos o reino, pois Cristo diz: 'Ide, malditos, para o fogo eterno que está preparado para o diabo e seus anjos'[Mt 25:41]"('Da Vontade Cativa' [1525 d.C], Martinho Lutero, Obras Selecionadas, volume 4, p.111).

Aqui Lutero coloca a ordem dos decretos: (a)Eleição('De que modo poderiam merecer aquilo que já lhes pertence e lhes está preparado antes mesmo de serem criados?'); (b)Criação('De que modo poderiam merecer aquilo que já lhes pertence e lhes está preparado antes mesmo de serem criados?') e (c)Queda('o reino merece os filhos, e não os filhos o reino').

"Jacó foi amado por Deus por ter sido eleito, e obteve misericórdia porque assim aprouve a Deus desde a eternidade. Foi exatamente isso que ele disse a Moisés: 'Terei misericórdia', etc[Ex 33:19]. Após ter feito essas afirmações, ele, de imediato e com a máxima habilidade, complementa, comoo consequência do que foi dito, que é tão somente devido ao Deus misericordioso que alguém é amado ou se torna justo, visto que, em geral, todos fazem igualmente parte da massa de perdidos e ninguém é justo diante de Deus se Ele não tiver misericórdia"([Comentário de Romanos 9:17], Martinho Lutero, Obras Selecionadas, Volume 8, p.319)

Aqui, Lutero apresenta a ordem dos decretos: (a)Eleição('Jacó foi amado por Deus por ter sido eleito'; 'obteve misericórdia porque assim aprouve a Deus desde a eternidade'); (b)Criação('Foi exatamente isso que ele disse a Moisés:Terei misericórdia') e (c)Queda('que é tão somente devido ao Deus misericordioso que alguém é amado ou se torna justo, visto que, em geral, todos fazem igualmente parte da massa de perdidos')

(ii)João Calvino[1509-1564], diz:

"Chamamos predestinação o eterno decreto de Deus pelo qual houve por bem determinar o que acerca de cada homem quis que acontecesse. Pois ele não quis criar a todos em igual condição; ao contrário, preordenou a uns a vida eterna; a outros, a condenação eterna. Portanto, como cada um foi criado para um ou outro desses dois destinos, assim dizemos que um foi predestinado ou para a vida, ou para a morte"(Institutas da Religião Cristã, III; 25:5)

Essa frase de Calvino, não pode ter outra interpretação do que a supralapsariana, pois a predestinação é chamada de 'decreto', ou 'preordenação', que visa 'criar' pessoas para a vida ou a morte eterna. Logo, aqui, a predestinação precede a Criação e a vida eterna [que pressupõe a salvação da condenação eterna do pecado]. Na visão de Calvino, em seu conceito de eleição eterna, eleitos já nascem criados para a vida; e réprobos, para a morte eterna.

O Dr.John Forbes[1802-1899], Ministro Presbiteriano Escocês, em sua obra "Predestinação e Livre-arbítrio e a Confissão de Westminster, Com a Explanação de Rm IX", publicada em 1878, comentando a fala acima de Calvino, diz:

"Calvino ignora totalmente este ensino da liberdade vigiada. De modo geral, independentemente do que as criaturas devam escolher ou fazer no exercício de seu livre arbítrio, ele faz Deus determinar de antemão, de sua vontade absoluta, o destino final de cada uma. 'Predestinação', diz ele, 'é o decreto eterno de Deus, pelo qual Ele determinou consigo mesmo o que deveria ser feito com cada homem. Pois não são criados em termos iguais; mas para alguns deles a vida eterna é predeterminada, e para outros a condenação eterna. Portanto, conforme cada um foi criado para um ou outro desses dois fins, dizemos que ele foi predestinado para a vida ou a morte'[Institutas, III; 25:5]. Ele faz com que a soberania de Deus se intrometa no interior de Sua justiça. Isso é supralapsarianismo puro - uma ordenação, sem consideração a qualquer coisa que os próprios homens fariam ou escolheriam, alguns, como Jacó, para a vida eterna, e outros, como Esaú 'para desonra e ira', 'não por seus pecados', mas de acordo com a vontade e o prazer absolutos de Deus"(p.54)

(iii)Teoodoro de Beza[1509-1605], em sua obra "Da Predestinação Cristã"(1582 d.C), diz:

"Paulo ... alude à criação de Adão, e sobe até o propósito eterno de Deus, que, antes de criar a humanidade, decretou por sua própria vontade e prazer, manifestar sua glória, tanto na salvação de alguns que ele conhecia, em uma forma de misericórdia, e na destruição de outros, a quem ele também conhecia, em julgamento. E, na verdade, a menos que julguemos ser esse o caso, Deus ficará gravemente ferido; porque ele não será suficientemente sábio, quando primeiro cria os homens, e os considera corruptos, e então indica para qual propósito ele os criou: nem suficientemente poderoso, se quando ele assumiu um propósito concernente a eles, ele é impedido por outro, de modo que ele não obtém o que ele desejou suficientemente constante, se voluntariamente e livremente ele toma um novo propósito, depois que sua obra for corrompida".

Aqui temos a ordem dos decretos segundo Beza: (i)Eleição('antes de criar a humanidade, manifestar sua glória, tanto na salvação de alguns que ele conhecia'); (ii)Criação('manifestar sua glória, tanto na salvação de alguns que ele conhecia', e (iii)Queda('porque ele não será suficientemente sábio, quando primeiro cria os homens, e os considera corruptos, e então indica para qual propósito ele os criou').

(iv)Jerome Zanchius[1516-1590], em sua obra "Predestinação Absoluta", diz:.

"Vemos, então, que a vontade livre, imparcial e soberana de Deus é a raiz desta árvore da vida, que produz tantos ramos gloriosos e produz frutos tão salutares: Ele, portanto, amou os eleitos e ordenou-os à vida porque Ele quis; de acordo com a do apóstolo, 'tendo-nos predestinado, segundo a boa vontade da sua vontade'(Ef 1:5). Então, em seguida, após a aliança de Deus com Seu povo e as promessas a eles, vem o mérito infinito da justiça e expiação de Cristo, pois fomos escolhidos para a salvação Nele como membros de Seu corpo místico e, por meio Dele, como nosso Fiador e Substituto, por cuja obediência vicária à lei moral e submissão à sua maldição e penalidade, todos nós, cujos nomes estão no livro da vida, nunca devemos incorrer no ódio divino ou ser punidos por nossos pecados, mas continuar para a eternidade, como éramos desde eternidade, herdeiros de Deus e có- herdeiros com Cristo. Mas ainda assim a graça e o favor divino (e Deus estende aqueles a quem Ele quer) devem ser considerados como o que deu origem ao glorioso esquema da redenção, de acordo com o que nosso próprio Senhor nos ensina: 'Deus amou o mundo de tal maneira que deu Seu Filho unigênito'[Jo 3:16], etc, e o do apóstolo, 'Nisto se manifestou o amor de Deus por nós, porque Ele enviou Seu Filho unigênito ao mundo, para que pudéssemos viver através Ele "(1 Jo 4:9)..

Aqui Zanchius apresenta a ordem dos decretos(i)Eleição('amou os eleitos e ordenou-os à vida porque Ele quis'; 'como éramos desde eternidade, herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo'); (ii)Criação('pós a aliança de Deus com Seu povo e as promessas a eles') e (iii)Queda('Então, em seguida, após a aliança de Deus com Seu povo e as promessas a eles, vem o mérito infinito da justiça e expiação de Cristo')...

(v)Heinrich Bullinger[1504-1575], diz:..

"E a predestinação de Deus é o decreto eterno de Deus, por meio do qual ele ordenou salvar ou destruir os homens; um fim mais certo de vida e morte sendo designado para eles... Eis que Deus nos escolheu; e ele nos escolheu antes que os fundamentos do mundo fossem lançados; sim, ele nos escolheu para sermos irrepreensíveis, isto é, para sermos herdeiros da vida eterna; porém, em Cristo, por e por Cristo ele nos escolheu. E ainda mais claro: ele 'nos predestinou', disse ele, 'para nos adotar como seus filhos', mas por Cristo; e isso também ele fez livremente, com o intuito de que, para sua graça divina, glória pudesse ser concedida... Mantenhamos bem impresso em nosso peito que Deus nos escolheu em Cristo, e por sua causa nos predestinou para a vida; e que, portanto, ele dá e aumenta a fé voltada para Cristo naqueles que a pedem; e que é ele quem o coloca em nossos corações. Pois todas as coisas que tendem à nossa salvação vêm da graça de Deus; nada é nosso senão reprovação e vergonha"(As Décadas, 4ª Década, 4º Sermão)...

Aqui, Bullinger apresenta a ordem dos decretos: (i)Eleição('E a predestinação de Deus é o decreto eterno de Deus'); (ii)Criação('e ele nos escolheu antes que os fundamentos do mundo fossem lançados'; e (iii)Queda('ele nos escolheu para sermos irrepreensíveis')..

(c)A posição majoritária dos símbolos reformados é supralapsariana:

(1)O Catecismo de Calvino[1536], declara:

“Portanto, reconheçamos os eleitos como vasos de sua misericórdia; os réprobos os vasos de sua ira, mas uma ira justa de fato. Por outro lado, não tentemos penetrar no próprio céu e compreender o que Deus da eternidade decretou para nós, a fim de garantir a certeza de nossa salvação (algo que geralmente acontece com muitas pessoas). Esse pensamento só pode nos irritar com uma miserável ansiedade e dificuldades. Antes, contentemo-nos com o testemunho com o qual o Senhor confirmou amplamente essa certeza para nós. Todos os que antes da fundação do mundo foram predeterminados para a vida foram escolhidos em Cristo; portanto, é nele que o juramento de nossa eleição é apresentado a nós. Pois o que buscamos na elação, exceto que possamos compartilhá-la na vida eterna?”(XIII[Eleição e Predestinação]).

Esta confissão mostra que o decreto eterno de Deus contempla: (a)A Eleição(‘Todos os que antes da fundação do mundo foram predeterminados para a vida foram escolhidos em Cristo’); (b)(Criação)(‘Todos os que antes da fundação do mundo foram predeterminados para a vida foram escolhidos em Cristo’); e (c)Queda(‘Todos os que antes da fundação do mundo foram predeterminados para a vida foram escolhidos em Cristo’), e a vida eterna pressupõe o livramento da morte eterna, que pressupõe a ira de Deus(Jo 3:36), e essa ira pressupõe o pecado, que gerou um estado de queda e miséria(Ef 2:1-3)

(2)O Catecismo da Igreja de Genebra[1537], diz:

"Porque a todos os que Deus elegeu, os torna justos e os reforma para santidade e inocência de vida, para que neles resplandeça sua glória"(Resp. Perg. nº 96)

Esta confissão mostra a ordem dos decretos de Deuis: (a)Eleição('Porque a todos os que Deus elegeu'); (b)Criação('os torna justos', numa referência a aplicação da morte de Cristo a criaturas caídas) e (c)Queda('e os reforma para santidade e inocência de vida').

(3)A Confissão de Fé da Congregação de Glastombury[1551], declara:

“Mas, em verdade, nosso Deus, rico em misericórdia, teve compaixão do homem assim caído, e deu o Seu Filho unigênito para trazer socorro a tanta miséria e libertar o homem dessa maldição, libertá-lo da escravidão de Satanás e reconciliando-o consigo mesmo, de acordo com o decreto de sua própria vontade, já determinado antes da fundação do mundo: para que todos quantos recebessem seu evangelho pudessem ser gerados novamente como filhos de adoção do Deus eterno, e possam entrar com Seu próprio Filho na herança da vida imortal do Reino celestial”(1ª Parte; IV; ‘Pecado Original ou Corrupção no Homem’).

Esta confissão apresenta a ordem dos decretos como (a)Eleição(‘de acordo com o decreto de sua própria vontade, já determinado antes da fundação do mundo’); (b)Criação(‘de acordo com o decreto de sua própria vontade, já determinado antes da fundação do mundo...’), e (c)Queda(‘já determinado antes da fundação do mundo: para que todos quantos recebessem seu evangelho pudessem ser gerados novamente como filhos de adoção do Deus eterno’), e o novo nascimento pressupõe a queda(Jo 3:3,5; Ef 2:1).

(4)O Consensus Genevensis[1552] declara:

“Eu respondo que três coisas estão aqui para serem consideradas: 1. Que a eterna predestinação de Deus, pela qual Ele decretou, antes da Queda de Adão, o que deveria ocorrer em toda a raça humana e em cada indivíduo dela, foi inalteravelmente fixa e determinada. 2. O próprio Adão, devido ao seu afastamento de Deus, foi merecidamente designado para a morte eterna. 3. E, finalmente, que na pessoa de Adão, assim caída e perdida, toda a sua prole também foi eternamente condenada; mas tão eternamente condenada que Deus considera digno a honroso a Sua adoção de todos aqueles a quem Ele livremente escolheu”.

“Observarei apenas que quando Paulo testifica que somos feitos participantes da adoção divina, porque fomos escolhidos antes da fundação do mundo. Ora, o que há inexplicável ou perplexo nesta doutrina e em sua conexão? Pois quando o apóstolo ensina, no mesmo contexto, primeiro que aqueles que foram escolhidos por Deus, depois foram chamados de acordo com Seu propósito, ele harmoniza lindamente, se não me engano, a certeza da nossa fé com o decreto imutável da eleição de Deus”(Ibidem).

Esta confissão apresenta a ordem dos decretos como: (a)Eleição(‘Que a eterna predestinação de Deus, pela qual Ele decretou, antes da Queda de Adão’/porque fomos escolhidos antes da fundação do mundo’/ Pois quando o apóstolo ensina, no mesmo contexto, primeiro que aqueles que foram escolhidos por Deus...’); (b)Criação, e Queda(‘Que a eterna predestinação de Deus, pela qual Ele decretou, antes da Queda de Adão’; ‘porque fomos escolhidos antes da fundação do mundo’).

(5)Os 42 Artigos de Fé da Igreja da Inglaterra[1552/1553], afirmam:

A predestinação para a vida é o propósito eterno de Deus, pelo qual (antes que as fundações do mundo fossem lançadas) Ele decretou eternamente, por Seu próprio julgamento, secreto para nós, libertar da maldição e condenação aqueles a quem Ele escolheu da humanidade; e trazê-los para a salvação eterna por Cristo, como vasos feitos para honra”(XVII)

Esta confissão apresenta a ordem dos decretos como (a)Eleição(‘A predestinação para a vida é o propósito eterno de Deus’); (b)Criação)(‘pelo qual [antes que as fundações do mundo fossem lançadas] Ele decretou eternamente’); (c)Queda(‘Ele decretou eternamente, por Seu próprio julgamento, secreto para nós, libertar da maldição e condenação aqueles a quem Ele escolheu da humanidade’; e ‘maldição’ e ‘condenação’ pressupõem queda e pecado(Gn 3:17; Rm 3:9-14; Gl 3:13; 2 Pd 2:14).

(6)A Confissão de Fé Belga[1561], declara:.

"Cremos que Deus, quando o pecado do primeiro homem lançou Adão e toda a sua descendência na perdição mostrou-se como Ele é, a saber: misericordioso e justo. Misericordioso, porque Ele livra e salva da perdição aqueles que Ele em seu eterno e imutável conselho, somente pela bondade, elegeu em Jesus Cristo nosso Senhor, sem levar em consideração obra alguma deles. Justo, porque Ele deixa os demais na queda e perdição, em que eles mesmos se lançaram"(XVI).

Esta Confissão apresenta a ordem dos decretos como (a)Eleição('Ele em seu eterno e imutável conselho, somente pela bondade, elegeu em Jesus Cristo nosso Senhor'), (b)Criação('porque Ele livra e salva da perdição aqueles que Ele em seu eterno e imutável conselho, somente pela bondade, elegeu em Jesus Cristo nosso Senhor, sem levar em consideração obra alguma deles') e (c)Queda('porque Ele livra e salva da perdição aqueles...')..

(7)A Confissão de Fé Católica Húngara[1562], declara:

“A presciência de Deus traz consigo a necessidade em primeiro lugar naquelas coisas que dependem unicamente da vontade, ordenação e decreto de Deus. As causas para a existência destes estão em Deus, e o decreto da predestinação de Deus de que eles existem é imutável. Essas coisas devem necessariamente são de certa maneira, a eleição, criação, vocação, justificação, ressurreição”(‘A priori, as Causas da Eleição e Justificação Foram Determinadas em Deus, fora do homem’)

“Primeiro, por causa do decreto de Deus, porque o Senhor decretou nos salvar gratuitamente (Rm 4; Hb 12). Além disso, porque o fim da eleição, criação e justificação, isto é, a vida eterna para louvor da glória de Deus, é dado como um presente e se atribui a Deus, não aos nossos méritos (Rm 3: 5, 6,8; Ef 1: 2). A glória e honra devidas são atribuídas à graça de Deus”(‘Por que a salvação é dada gratuitamente?’(Ibidem)

Esta confissão apresenta a ordem dos decretos como: (a)Eleição(‘e o decreto da predestinação de Deus de que eles existem é imutável. Essas coisas devem necessariamente são de certa maneira, a eleição, criação, chamado, justificação, ressurreição'/’como imutavelmente os elegeu em Cristo antes da criação’); (b)Criação(‘e o decreto da predestinação de Deus de que eles existem é imutável.Essas coisas devem necessariamente são de certa maneira, a eleição, criação, chamado, justificação, ressurreição’/’como imutavelmente os elegeu em Cristo antes da criação’); e (c)Queda(‘e o decreto da predestinação de Deus de que eles existem é imutável. Essas coisas devem necessariamente são de certa maneira, a eleição, criação, chamado, justificação, ressurreição’), e justificação pressupõe ‘queda e pecado’(Rm 5:9).

(8)O Catecismo de Heidelberg[1563], diz:

"O que você crê sobre 'a santa igreja universal de Cristo'? R. Creio que o Filho de Deus reúne, protege e conserva, dentre todo o gênero humano, sua comunidade eleita para a vida eterna. Isto Ele fez por seu Espírito e sua Palavra, na unidade da verdadeira fe, desde o princípio do mundo até o fim. Creio que sou membro vivo dessa igreja, agora e para sempre"(Resp. Perg. Nº 54)

Ursinus aqui apresenta a ordem dos decretos como: (a)Eleição('sua comunidade eleita para a vida eterna'); (b)Criação('Creio que o Filho de Deus reúne, protege e conserva, dentre todo o gênero humano') e (c)Queda('Isto Ele fez por seu Espírito e sua Palavra').

(9)Os 39 Artigos de Fé da Igreja da Inglaterra[1562/1563], declaram:

A predestinação para a vida é o propósito eterno de Deus, pelo qual (antes da fundação do mundo) Ele decretou eternamente por Seu conselho, secreto para nós, libertar da maldição e condenação aqueles que Ele escolheu em Cristo da humanidade, e trazê-los por Cristo à salvação eterna, como vasos feitos para honra”(XVII)

Esta confissão apresenta a ordem dos decretos como (a)Eleição(‘A predestinação para a vida é o propósito eterno de Deus’); (b)Criação)(‘pelo qual [antes que as fundações do mundo fossem lançadas'] Ele decretou eternamente’); (c)Queda(‘Ele decretou eternamente, por Seu próprio julgamento, secreto para nós, libertar da maldição e condenação aqueles a quem Ele escolheu da humanidade’; e ‘maldição’ e ‘condenação’ pressupõem queda e pecado(Gn 3:17; Rm 3:9-14; Gl 3:13; 2 Pd 2:14).

(10)A Confissão de Fé de Tarcal[1562] e Torda[1563], declara:

“Tudo o que restou, portanto, foi que todos os homens deveriam cair em perdição; mas o Senhor, que não é somente muito justo, mas também muito misericordioso, através de Sua infinita sabedoria, decretou desde a eternidade como converteria toda a sua maldade à glória de Seu nome, isto é, em parte à declaração de Sua infinita bondade naqueles cuja salvação Ele decretara desde a eternidade para ilustrar Sua glória; e em parte na declaração de Seu poder e ira na justa condenação dos vasos preparados para perdição”(2ª Parte, XVI).

“Alguns homens obtêm vida eterna e salvação, outros, morte eterna e miséria; mas isso é para a glória de Deus, como as Escrituras provam. Portanto, embora nada aconteça por acaso, nem Deus nunca mude Seu plano, é claro que Deus não apenas providenciou de antemão, mas também decretou desde a eternidade que Ele criaria a raça humana para revelar Sua glória, salvando alguns por graça através de Sua misericórdia, e condenando alguns por Seu justo julgamento”(Ibidem, 3ª Parte, VI).

Esta confissão de fé apresenta a ordem dos decretos como (a)Eleição(‘decretou desde a eternidade como converteria toda a sua maldade à glória de Seu nome'/é claro que Deus não apenas providenciou de antemão, mas também decretou desde a eternidade que Ele criaria a raça humana para revelar Sua glória’; (b)Criação(‘é claro que Deus não apenas providenciou de antemão, mas também decretou desde a eternidade que Ele criaria a raça humana para revelar Sua glória’); e (c)Queda(‘mas também decretou desde a eternidade que Ele criaria a raça humana para revelar Sua glória, salvando alguns por graça através de Sua misericórdia’), e salvação pressupõe pecado(Mt 1:21)

(11)A Segunda Conffissão Helvética[1566], declara:

"Deus nos elegeu pela graça. Deus, desde a eternidade, livremente e movido apenas pela sua graça, sem qualquer respeito humano, predestinou ou elegeu os santos que ele quer salvar em Cristo, segundo a palavra do apóstolo: 'Ele nos escolheu nele antes da fundação do mundo” (Ef 1.4); e de novo: '... que nos salvou, e nos chamou com santa vocação; não segundo as nossas obras, mas conforme a sua própria determinação e graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos eternos, e manifestada agora pelo aparecimento de nosso Salvador Cristo Jesus'(2 Tm 1:9-10)"

Esta Confissão apresenta a ordem dos decretos como (a)Eleição('Deus, desde a eternidade, livremente e movido apenas pela sua graça, sem qualquer respeito humano, predestinou ou elegeu os santos que ele quer salvar em Cristo); (b)Criação('predestinou ou elegeu os santos') e (c)Queda('predestinou ou elegeu os santos que ele quer salvar em Cristo')

(12)Os Documentos do Sínodo de Debrecen[1567], declaram:

“Ele decretou que deveria ter vida eterna(Ef 1: 3; 2 Tm 1: 2; Rm 8:29). Ele elegeu, criou e nos chamou à vida; novamente, Ele decretou com Adão antes da queda - se você pecar e for desobediente, morrerá eternamente”(‘O Mediador’)

“Como escrevemos muito sobre isso em latim e húngaro, agora apresentaremos um breve resumo. Deus, nosso Pai gracioso, por Sua graça e somente em Si mesmo, em consideração ao amor a Si mesmo, por causa de Seu Filho, reconheceu, elegeu e decretou para a vida eterna aqueles a quem Ele desejava da classe da raça caída dos homens, como vasos feitos para a elevação de Seu louvor, para que possam viver em santidade, verdade, fé e amor ... Eleição é a primeira fonte da graça de Deus e Sua redenção, santa, boa vontade”(Ibidem,’Eleição’).

Esta confissão de fé apresenta a ordem dos decretos como (a)Eleição)(‘Ele elegeu, criou e nos chamou à vida; novamente’); (b)Criação(‘Ele elegeu, criou e nos chamou à vida; novamente’) e (c)Queda(‘Ele elegeu, criou e nos chamou à vida; novamente’). A expressão ‘nos chamou a vida’, pressupõe a regeneração(1 Pd 2:9), e regeneração pressupõe queda(Ef 2:1).

(13)O Sínodo de Szikszó[1568], declara:

“Ou seja, ele elege, predestina, dispõe, cria, salva, chama, justifica, aplica punições aos pecadores, mas não comete atos de culpa”( XVII).

Esta confissão de fé apresenta a ordem dos decretos como: (a)Eleição(‘Ou seja, ele elege, predestina, dispõe, cria, salva, chama, justifica’). (b)Criação(‘ele elege, predestina, dispõe, cria’) e (c)Queda(‘Ou seja, ele elege, predestina, dispõe, cria, salva, chama, justifica’), e salvação e justificação pressupõem queda e pecado(Mt 1:21; Rm 5:9).

(14)O Consenso de Sandomir[1570], declara:

Pois Deus desde a eternidade predestinou salvar a raça humana caída por meio de Cristo, e declarou este decreto eterno ao mundo através do evangelho”(XIII)

Esta confissão de fé apresenta a ordem dos decretos como: (a)Eleição(‘Pois Deus desde a eternidade predestinou’); (b)Criação(‘predestinou salvar a raça humana caída’/'e declarou este decreto eterno ao mundo através do evangelho'), e (c)Queda(‘predestinou salvar a raça humana caída’/e declarou este decreto eterno ao mundo através do evangelho).

(15)A Confissão de Fé de La Rochelle[1571] declara:

“Cremos que Ele deixa os outros na mesma corrupção e condenação para demonstrar Sua justiça neles, como nos primeiros, Ele faz brilhar todas as riquezas de Sua misericórdia. Pois estes não são melhores que os outros até que Deus os distingua de acordo com Seu conselho imutável, que Ele decretou em Jesus Cristo antes da criação do mundo”(III:12)

Esta confissão de fé apresenta a ordem dos decretos como: (a)Eleição(‘até que Deus os distingua de acordo com Seu conselho imutável, que Ele decretou em Jesus Cristo antes da criação do mundo’); (b)Criação(‘até que Deus os distingua de acordo com Seu conselho imutável, que Ele decretou em Jesus Cristo antes da criação do mundo’) e (c)Queda(‘cremos que Ele deixa os outros na mesma corrupção e condenação para demonstrar Sua justiça neles, como nos primeiros, Ele faz brilhar todas as riquezas de Sua misericórdia’). Em outras palavras, os eleitos caídos em pecado são distinguidos dos réprobos no decreto eterno da eleição, quando eles são envolvidos no decreto eterno feito em Jesus Cristo, o que pressupõe a libertação do pecado que Cristo traria sobre eles.

(16)Os Artigos Irlandeses de Religião[1615], declaram:

“A predestinação para a vida é o propósito eterno de Deus, pelo qual, antes que as fundações do mundos fossem lançadas, Ele eternamente decretou em Seu conselho secreto libertar da maldição e condenação aqueles a quem da humanidade Ele escolheu em Cristo, e trazê-los por Cristo para a salvação eterna, como vasos feitos para honra”(XIII).

Esta confissão apresenta a ordem dos decretos como (a)Eleição(‘A predestinação para a vida é o propósito eterno de Deus’); (b)Criação)(‘pelo qual [antes que as fundações do mundo fossem lançadas] Ele decretou eternamente’); (c)Queda(‘Ele decretou eternamente, por Seu próprio julgamento, secreto para nós, libertar da maldição e condenação aqueles a quem Ele escolheu da humanidade’; e ‘maldição’ e ‘condenação’ pressupõem queda e pecado(Gn 3:17; Rm 3:9-14; Gl 3:13; 2 Pd 2:14).

(17)A Confissão de Fé Escocesa[1616], declara:

“Este Deus glorioso, desde toda a eternidade, por Sua sabedoria infinita e conhecimento, que conhecia e decretou todas as coisas que estavam para serem feitas depois; este Deus, antes que a fundação do mundo fossem lançadas, de acordo com o bom prazer de Sua vontade, para o louvor da glória de Sua graça, predestinou e elegeu em Cristo alguns homens e anjos para a felicidade eterna, e outros, Ele fez designar para a eterna condenação, de acordo com o livre conselho de Sua vontade, mais justa e santa, e isso para o louvor e a glória de Sua justiça”.

Esta confissão apresenta a ordem dos decretos como (a)Eleição(‘antes que a fundação do mundo fossem lançadas, de acordo com o bom prazer de Sua vontade, para o louvor da glória de Sua graça, predestinou e elegeu em Cristo alguns homens e anjos para a felicidade eterna’); (b)Criação(‘antes que a fundação do mundo fossem lançadas, de acordo com o bom prazer de Sua vontade, para o louvor da glória de Sua graça’); e(c)Queda(‘predestinou e elegeu em Cristo alguns homens e anjos para a felicidade eterna’), esta eleição para a felicidade eterna, pressupõe queda e pecado, pois os homens são eleitos para serem santos(Ef 1:4), e santidade pressupõe separação de uma vida de pecado(1 Pd 1:14-16)

(18)Os Cânones de Dort[1618-1619], declaram:

“Esta eleição é o imutável propósito de Deus, pelo qual Ele, antes da fundação do mundo, escolheu um número grande e definido de pessoas para a salvação, por graça pura. Estas são escolhidas de acordo com o soberano e bom propósito de sua vontade, dentre todo o gênero humano, decaído pela sua própria culpa de sua integridade original para o pecado e a perdição. Os eleitos não são melhores ou mais dignos que os outros, porém envolvidos na mesma miséria dos demais. São escolhidos em Cristo, quem Deus constituiu, desde a eternidade, como Mediador e Cabeça de todos os eleitos e fundamento da salvação. E, para salvá-los por Cristo, Deus decidiu dá-los a Ele e efetivamente chamá-los e atraí-los à sua comunhão por meio da sua Palavra e seu Espírito. Em outras palavras, Ele decidiu dar-lhes verdadeira fé em Cristo, justificá-los, santificá-los, e depois, tendo-os guardado poderosamente na comunhão de seu Filho, glorificá-los finalmente. Deus fez isto para a demonstração de sua misericórdia e para o louvor da riqueza de sua gloriosa graça”(I:7)

Eleição, portanto, é a fonte de todos os bens da salvação, de onde procedem a fé, a santidade e os outros dons da salvação, e finalmente a própria vida eterna como seus frutos. É conforme o testemunho do apóstolo: Ele ‘...nos escolheu...’(não por sermos mas) ‘...para sermos santos e irrepreensíveis perante ele...’(Ef 1:4).”(Ibidem, I:9).

Essa confissão de fé apresenta a ordem dos decretos como (a)Eleição(‘Esta eleição é o imutável propósito de Deus, pelo qual Ele, antes da fundação do mundo, escolheu um número grande e definido de pessoas para a salvação’/Eleição, portanto, é a fonte de todos os bens da salvação’); (b)Criação(‘Esta eleição é o imutável propósito de Deus, pelo qual Ele, antes da fundação do mundo, escolheu um número grande e definido de pessoas para a salvação’) e (c)Queda(‘Esta eleição é o imutável propósito de Deus, pelo qual Ele, antes da fundação do mundo, escolheu um número grande e definido de pessoas para a salvação’)

(19)A Confissão de Fé Batista de 1644, declara:

Deus antes da fundação do mundo, predestinou alguns homens para a vida eterna, por meio de Jesus Cristo, para o louvor e glória da sua graça; havendo destinado e abandonado os demais em seu pecado para sua justa condenação, e para o louvor de seu justo veredicto”(III).

Esta confissão de fé apresenta a ordem dos decretos como (a)Eleição(‘Deus antes da fundação do mundo, predestinou alguns homens para a vida eterna’). (b)Criação(‘Deus antes da fundação do mundo, predestinou alguns homens para a vida eterna’) e (c)Queda(‘predestinou alguns homens para a vida eterna’), e vida eterna é concedida àqueles que estavam mortos em delitos e pecados(Jo 3:36; 5:24; 6:22-23).

(20)O Catecismo Maior[1645], de John Owen[1616-1693], ministro congregacional e puritano, diz:

"P.5. O que é o decreto de eleição? R. O propósito eterno, livre e imutável de Deus, pelo qual em Jesus Cristo ele escolhe para si mesmo quem deseja de toda a humanidade, determinando-se a conceder-lhes, por sua causa, graça aqui e felicidade eterna no futuro, para o louvor de sua glória, por meio da misericórdia".

Aqui, o grande puritano expõe a ordem dos decretos: (a)Eleição('O propósito eterno, livre e imutável de Deus, pelo qual em Jesus Cristo ele escolhe para si mesmo quem deseja'; (b)(Criação)('pelo qual em Jesus Cristo ele escolhe para si mesmo quem deseja de toda a humanidade', e (c)Queda('graça aqui e felicidade eterna no futuro').

(21)A Confissão de Fé de Westminster[1643-1649], declara:

Segundo o seu eterno e imutável propósito e segundo o santo conselho e beneplácito da sua vontade, Deus antes que fosse o mundo criado, escolheu em Cristo para a glória eterna os homens que são predestinados para a vida; para o louvor da sua gloriosa graça, ele os escolheu de sua mera e livre graça e amor, e não por previsão de fé, ou de boas obras e perseverança nelas, ou de qualquer outra coisa na criatura que a isso o movesse, como condição ou causa”(III:6)

“Assim como Deus destinou os eleitos para a glória, assim também, pelo eterno e mui livre propósito da sua vontade, preordenou todos os meios conducentes a esse fim; os que, portanto, são eleitos, achando-se caídos em Adão, são remidos por Cristo, são eficazmente chamados para a fé em Cristo pelo seu Espírito, que opera no tempo devido, são justificados, adotados, santificados e guardados pelo seu poder por meio da fé salvadora. Além dos eleitos não há nenhum outro que seja remido por Cristo, eficazmente chamado, justificado, adotado, santificado e salvo”(Ibidem, 6).

Essa confissão de fé apresenta a ordem dos decretos como (a)Eleição(‘Deus antes que fosse o mundo criado, escolheu em Cristo para a glória eterna os homens que são predestinados para a vida’); (b)Criação(‘Deus antes que fosse o mundo criado’); e (c)Queda(‘escolheu em Cristo para a glória eterna os homens que são predestinados para a vida’/os que, portanto, são eleitos, achando-se caídos em Adão, são remidos por Cristo’), e a vida eterna seria concedida àqueles eleitos que estariam mortos em delitos e pecados(Ef 2:1,10). Por isso, essa Confissão afirma que todos os eleitos que são dentro do tempo, achados (invés de contemplados, como alegoricamente querem interpretar os inflarapsorianos) caídos, são dentro desse mesmo tempo, remidos pelo sangue de Cristo. Quando você lê a confissão em seu texto original, vai entender que a CFW cita 1 Ts 5:9-10; Tt 2:14, para sustentar a afirmação "os que, portanto, são eleitos, achando-se caídos em Adão, são remidos por Cristo"(III:6), mostrando se tratar de um evento ['achando-se caídos em Adão'] ocorrido dentro do tempo, não na eternidade(A. A. Hodge, Confissão de Fé de Westminster Comentada, p.106), visto que 1 Ts 5:9-10; Tt 2:14 focaliza esse evento dentro do mesmo tempo da morte de Cristo. Isto é, Cristo os encontrou caídos e os remiu dentro do tempo; e as Escrituras são claras nesse sentido, mostrando que Cristo encontrou as ovelhas caídas em Adão, dentro do tempo, não dentro da eternidade(['E ele, respondendo, disse: Eu não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel' Mt 15:24]; 'As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem'-Jo 10:27]; ['Porque éreis como ovelhas desgarradas; mas agora tendes voltado ao Pastor e Bispo das vossas almas' - 1 Pe 2:25]; ['Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas' - Jo 10:11]; ['E disse-lhes Jesus: Todos vós esta noite vos escandalizareis em mim; porque está escrito: Ferirei o pastor, e as ovelhas se dispersarão' - Mc 14:27]; ['Ainda tenho outras ovelhas que não são deste aprisco; também me convém agregar estas, e elas ouvirão a minha voz, e haverá um rebanho e um Pastor' - Jo 10:16]. A CFW não menciona prévia e eterna contemplação do estado de queda deles, não apresentando nenhum texto bíblico que sequer aponte para esse evento na eternidade. Essa declaração [CFW III:6] mostra que a eleição precede a queda, e que a Crição também precede a Queda, e mostra que a CFW não é infra.

É interessante notar que a CFW, afirma que a divina ordenação [ou decreto] do pecado, precedeu a permissão divina do cometimento do mesmo:

"Nossos primeiros pais, seduzidos pela astúcia e tentação de Satanás, pecaram, comendo do fruto proibido. Segundo o seu sábio e santo conselho, foi Deus servido permitir este pecado deles, havendo determinado ordená-lo para a sua própria glória"(6:1)

Não existe nenhum espaço para a interpretação infralapsariana dentro dos símbolos de Fé de Westminster, muito menos na CFW!

(22)A Confissão de Fé Batista de 1646, declara:

“Sua sabedoria em dispor de todas as coisas, imutabilidade, poder e fidelidade em cumprir Seu decreto: e Deus, antes da fundação do mundo, ordenou alguns homens à vida eterna, através de Jesus Cristo, para louvor e glória de Sua graça; e deixando o resto em seus pecados para sua justa condenação, para louvor de Sua justiça”(III).

Esta Confissão mostra que a ordem dos decretos é (a)Eleição(‘Deus, antes da fundação do mundo, ordenou alguns homens à vida eterna’); (b)Criação(‘Deus, antes da fundação do mundo, ordenou alguns homens à vida eterna’) e (c)Queda(‘Deus, antes da fundação do mundo, ordenou alguns homens à vida eterna’) e vida eterna é concedida àqueles que estavam mortos em delitos e pecados(Jo 3:36; 5:24; 6:22-23).

(23)O Catecismo Maior de Westminster[1648] declara:

Deus, por um decreto eterno e imutável, unicamente de seu amor e para patentear a sua gloriosa graça, que tinha de ser manifestada em tempo devido, elegeu alguns anjos para a glória, e, em Cristo, escolheu alguns homens para a vida eterna e os meios para consegui-la; e também, segundo o seu soberano poder e o conselho inescrutável da sua própria vontade (pela qual Ele concede, ou não, os seus favores conforme lhe apraz), deixou e predestinou os mais à desonra e à ira, que lhes serão infligidas por causa dos seus pecados, para patentear a glória da sua justiça”(Resp. Perg. XIII).

Esse Catecismo mostra a ordem dos decretos como (a)Eleição(‘Deus, por um decreto eterno e imutável, unicamente de seu amor e para patentear a sua gloriosa graça, que tinha de ser manifestada em tempo devido, elegeu alguns anjos para a glória, e, em Cristo, escolheu alguns homens para a vida eterna’); (b)Criação(‘Deus, por um decreto eterno e imutável, unicamente de seu amor e para patentear a sua gloriosa graça, que tinha de ser manifestada em tempo devido, elegeu alguns anjos para a glória, e, em Cristo, escolheu alguns homens para a vida eterna’); e (c)Queda(‘e, em Cristo, escolheu alguns homens para a vida eterna’) e a vida eterna é concedida àqueles que estavam mortos em delitos e pecados(Jo 3:36; 5:24; 6:22-23).

(24)O Catecismo Menor de Westminster(1647), declara:

“Pergunta 20. Deixou Deus todo o gênero humano perecer no estado de pecado e miséria? R. Tendo Deus, unicamente pela sua boa vontade desde toda a eternidade, escolhido alguns para a vida eterna, entrou com eles em um pacto de graça, para os livrar do estado de pecado e miséria, e trazer a um estado de salvação por meio de um Redentor”.

Esse Catecismo mostra a ordem dos decretos como (a)Eleição(‘Tendo Deus, unicamente pela sua boa vontade desde toda a eternidade, escolhido’); (b)Criação(‘Tendo Deus, unicamente pela sua boa vontade desde toda a eternidade’), e (c)Queda(‘escolhido alguns para a vida eterna, entrou com eles em um pacto de graça, para os livrar do estado de pecado e miséria’).

(25)As Teses de Genebra[1649], declaram:

Homens caídos são objetos da predestinação”(II:1)

A frase explicitamentet está dizendo que Deus predestina[escolhe] homens [criaturas] que são pecadores. A frase é nitidamente supralapsariana.

Esse símbolo reformado mostra a ordem dos decretos como (a)Eleição(‘Homens caídos são objetos da predestinação). Aqui a predestinação é a primeira coisa a ser considerada, dentro de um decreto; (b)Criação(‘Homens caídos...’). Aqui, as criaturas humanas são as coisas posteriores ao decreto da eleição, ao mesmo tempo, que são as criaturas a quem o decreto da predestinação visa; (c)Queda(‘Homens caídos’). Aqui, a queda, o pecado, são vistos como os motivos pelas quais a predestinação é primariamente dirigida a eles.

(26)A Confissão de Fé Valdense[1655], declara:

“Que Deus redime dessa corrupção e condenação as pessoas que Ele escolheu”(XI)

Aqui, esta Confissão mostra que a ordem dos decretos como (a)Eleição(‘Que Deus redime dessa corrupção e condenação as pessoas que Ele escolheu’); (b)Criação(‘Que Deus redime dessa corrupção e condenação as pessoas que Ele escolheu’). Aqui vemos que a eleição precedeu a Criação, pois são ‘pessoas’ que são alvo da escolha soberana de Deus; (e (c)Queda(‘Que Deus redime dessa corrupção e condenação as pessoas que Ele escolheu’). Aqui, aqueles eleitos que foram encontrados por Deus em estado de corrupção e condenação(o que pressupõe a queda – Jo 3:19), são os únicos redimidos deste estado por Deus.

(27)A Declaração de Fé e Ordem de Savoy[1658][Congregacional], declara:

“Aqueles da humanidade que são predestinados à vida, Deus, antes da fundação do mundo ser estabelecida, de acordo com Seu propósito eterno e imutável, e o conselho secreto e o bom prazer de Sua vontade, tem escolhido em Cristo para a glória eterna...”(III:5).

“Assim como Deus destinou os eleitos para a glória, assim também, pelo eterno e mui livre propósito da sua vontade, preordenou todos os meios conducentes a esse fim; os que, portanto, são eleitos, achando-se caídos em Adão, são remidos por Cristo, são eficazmente chamados para a fé em Cristo pelo seu Espírito, que opera no tempo devido, são justificados, adotados, santificados e guardados pelo seu poder por meio da fé salvadora. Além dos eleitos não há nenhum outro que seja remido por Cristo, eficazmente chamado, justificado, adotado, santificado e salvo”(Ibidem, 6).

Esta Confissão mostra a ordem dos decretos como (a)Eleição(‘de acordo com Seu propósito eterno e imutável, e o conselho secreto e o bom prazer de Sua vontade, tem escolhido em Cristo’). (b)Criação(‘Aqueles da humanidade que são predestinados à vida, Deus, antes da fundação do mundo ser estabelecida’) e (c)Queda(‘os que, portanto, são eleitos, achando-se caídos em Adão, são remidos por Cristo’).

(28)A Fórmula Consensus Helvética[1675], declara:

Antes da criação do mundo, Deus decretou em Cristo Jesus, nosso Senhor, de acordo com seu propósito (Ef 3:11), no qual, por mero prazer da própria vontade, sem previsão do mérito das obras ou da fé, para louvor de sua graça gloriosa, eleger alguns da raça humana que se encontram na mesma massa de corrupção e de sangue comum e, portanto, corrompidos pelo pecado, Ele elegeu um número certo e definitivo para ser liderado], em tempo, para a salvação em Cristo, seu Fiador e único Mediador”(IV).

Esta Confissão mostra a ordem dos decretos como (a)Eleição(‘no qual, por mero prazer da própria vontade, sem previsão do mérito das obras ou da fé, para louvor de sua graça gloriosa, eleger’); (b)Criação(‘Antes da criação do mundo, Deus decretou em Cristo Jesus’/’para louvor de sua graça gloriosa, eleger alguns da raça humana’) e (c)Queda(‘para louvor de sua graça gloriosa, eleger alguns da raça humana que se encontram na mesma massa de corrupção e de sangue comum’).

(29)A Confissão de Fé Batista de 1677, diz:

Aqueles da humanidade que são predestinados à vida, Deus, antes que a fundação do mundo fosse estabelecida, de acordo com Seu propósito eterno e imutável, e o conselho secreto e o bom prazer de Sua vontade, escolheu em Cristo para a glória eterna, segundo Sua mera graça livre em amor”(III:5)

Esta Confissão mostra a ordem dos decretos como (a)Eleição(‘de acordo com Seu propósito eterno e imutável, e o conselho secreto e o bom prazer de Sua vontade, escolheu’); (b)Criação(‘Deus, antes que a fundação do mundo fosse estabelecida’); (c)Queda(‘Aqueles da humanidade que são predestinados à vida’), e a vida eterna é concedida àqueles que estavam mortos em delitos e pecados(Jo 3:36; 5:24; 6:22-23). (30)O Catecismo Batista[1693]. declara:

“Deus deixou toda a humanidade perecer no estado de pecado e miséria? R. Tendo Deus, através de sua boa vontade, de toda a eternidade, eleito alguns para a vida eterna (Ef 1: 4-5), entrou em um pacto de graça, para libertá-los do estado de pecado e miséria, e trazê-los para um estado de salvação por um Redentor”(Quest. 23]

Este Catecismo mostra a ordem dos decretos como (a)Eleição(‘Tendo Deus, através de sua boa vontade, de toda a eternidade, eleito’); (b)Criação(‘entrou em um pacto de graça’)e o pacto é feito entre Criador e criatura; (c)Queda(‘entrou em um pacto de graça, para libertá-los do estado de pecado e miséria, e trazê-los para um estado de salvação por um Redentor”.

(31)A Confissão de Fé da Igreja Metodista Calvinista de Gales[1823], declara:

"Deus, desde a eternidade, depois do conselho de sua própria vontade, e pela manifestação e exaltação de seus atributos gloriosos, decretou tudo o que ele faria no tempo e para a eternidade, na criação, no governo de suas criaturas e na salvação. dos pecadores da raça humana; contudo, para que ele não seja o autor do pecado, nem limita a vontade de sua criatura em suas ações. O decreto de Deus não depende nem da criatura nem da presciência do próprio Deus; pelo contrário, Deus sabe que certas coisas serão, porque ele decretou que elas deveriam ser. O decreto de Deus é infinitamente sábio e perfeitamente justo; eterno, livre, abrangente, secreto, gracioso, santo, bom, imutável e efetivo"(v).

“Deus, desde a eternidade, elegeu e designou Cristo para ser o chefe da aliança, Mediador e Fiador de sua Igreja, para resgatá-la e salvá-la. Deus elegeu também em Cristo uma grande multidão, que nenhum homem pode contar, de toda espécie, língua, povo e nação, para santidade e vida eterna; e designou todos os meios necessários para alcançar esse fim”(XII).

Deus desde a eternidade fez uma aliança ou plano gracioso, ordenado em todas as coisas e com certeza, para a salvação dos homens”(Ibidem, XIII:1).

Esta Confissão mostra que a ordem dos decretos é (a)Eleição(‘Deus elegeu também em Cristo’/Deus, desde a eternidade, depois do conselho de sua própria vontade'); (b)Criação(‘Deus desde a eternidade fez uma aliança ou plano gracioso’/decretou tudo o que ele faria no tempo e para a eternidade, na criação, no governo de suas criaturas e na salvação. dos pecadores da raça humana') e (c)Queda(‘Deus, desde a eternidade, elegeu e designou Cristo para ser o chefe da aliança, Mediador e Fiador de sua Igreja, para resgatá-la e salvá-la’, 'Deus elegeu também em Cristo uma grande multidão, que nenhum homem pode contar, de toda espécie, língua, povo e nação, para santidade e vida eterna’/'decretou tudo o que ele faria no tempo e para a eternidade, na criação, no governo de suas criaturas e na salvação. dos pecadores da raça humana')

(32)A Declaração de Fé da Aliança das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil[2014], declara:

Aqueles dentre a humanidade que são predestinados para a vida, Deus, antes que fossem lançados os fundamentos do mundo, segundo Seu eterno e imutável propósito, e o secreto conselho e beneplácito de Sua vontade, escolheu em Cristo para a glória eterna, simplesmente por Sua livre graça e amor, sem qualquer previsão de fé ou de boas obras ou de perseverança em qualquer um deles, ou de qualquer outra coisa na criatura, como condições ou causas que a isso o movessem; e tudo para o louvor de Sua gloriosa graça”(III:1).

Esta Confissão mostra a ordem dos decretos como (a)Eleição(‘segundo Seu eterno e imutável propósito, e o secreto conselho e beneplácito de Sua vontade, escolheu’); (b)Criação(‘Deus, antes que fossem lançados os fundamentos do mundo’) e (c)Queda(‘Aqueles dentre a humanidade que são predestinados para a vida’) e a vida eterna é concedida àqueles que estavam mortos em delitos e pecados(Jo 3:36; 5:24; 6:22-23).

Calvinistas infralapsorianos, afirmam estar combatendo a teologia de Armínio. Na verdade, a posição infralapsoriana flerta com a posição de Armínio, que a defendeu('Um Exame do Tratado de William Perkins’, 1a Parte), afirmando:

Eu realmente penso que tanto a criação e a queda precederam todo o ato externo da predestinação, assim como o decreto da criação do homem, a a permissão dessa queda, na mente divina, o decreto da predestinação. Penso, ainda, que provei isso, particularmente, com minhas observações anteriores”(As Obras de Armínio, Volume 3, p.289).

Roger Olson, maioral moderno do arminianismo, nesse ínterim, reconhece que o supralapsarianismo era “o maior adversário de Armínio”(Teologia Arminiana, Mitos e Realidades, p.134).

O Infralapasarianismo é a introdução do arminianismo dentro da visão da ordem dos decretos, a partir do entendimento da emissão de um decreto divino após a previsão da queda do homem, dentro da eternidade. Contraria a CFW, que diz:.

"Ainda que Deus sabe tudo quanto pode ou há de acontecer em todas as circunstâncias imagináveis,Ele não decreta coisa alguma como futura por havê-la previsto como futura, ou como coisa que havia de acontecer em tais e tais condições"(3:2)..

No infralapsarianismo, bem como no arminianismo, Deus toma decisões na eternidade, após previamente contemplar de antemão na eternidade, a ação do homem caído.

Você, que é Supralapsariano, pode estar tranquilo - Armínio nunca vai estender sua mão pra você, e lhe chamar de "irmão", porque ele tem você como seu 'maior inimigo'!😒