segunda-feira, 25 de novembro de 2019

'Arminianos, enquanto arminianos, são hereges', segundo Agostinho, Beda, Wycliff, Savonarola, Lutero, as Confissões de Fé Reformadas do Século XVI, Dort, Jansenius, Spurgeon, Owen, Toplady, Bullinger e Baille!!!





Quando nos lembramos do pensamento de Paulo, condenando todos os cinco pontos do arminianismo(Rm 8:29-30), não nos espantamos quando vemos Agostinho, Beda, os Pré-Reformadores, os Reformadores, os Símbolos de Fé Reformados e os Puritanos fazendo o mesmo. Por exemplo, Agostinho[354-430], afirma que a crença na eleição condicional é de orígem herética - pelagiana:

"Os pelagianos argumentam: 'Deus sabia de antemão os que se santificariam e permaneceriam sem pecado pelo uso de sus liberdade. Por isso escolheu-os antes da criação do mundo em sua presciência, mediante a qual previu que seriam santos. Portanto, escolheu-os antes que o fossem, predestinando como seus filhos aqueles que sabia em sua presciência que seriam santos e irrepreensíveis. Mas não foi ele que os fez santos e irrepreesíveis e nem os faria, mas apenas previu que seriam'"(A Predestinação dos Santos, 18:36)

O Venerável Beda(672-735), teólogo do 8º século, em sua obra “Super Epistolas Catholicas Expositio”, declara:

Quando Pelágio afirma que nós estamos em liberdade para fazer sempre uma coisa, vendo sempre que nós somos capazes de fazer ambas uma e outra, nisto ele contradiz o profeta, que humildemente se dirige a Deus, dizendo: ‘Eu caminho em teus próprios passos’”.

Entre os pré-reformadores, John Wycliff(1324-1384), a estrela da alva da Reforma, em sua obra “De Causa Dei Adversus Pelagium”, declara:

“Estas multidões, Oh Senhor, neste dia juntam suas mãos com Pelágio em defesa do livre arbítrio e na luta contra tua livre e absoluta graça. A vontade de Deus é universal, eficaz e invencível. Ela não pode ser impedida, muito menos derrotada”.

Outro pré-reformador, Jerônimo Savonarola(1452-1598), negando a eleição condicional e sinergismo, diz:

"Orígenes procurou ultrapassar esses limites, e disse que a predestinação dependia dos méritos de outra vida anterior a esta. Os Pelagianos declararam-na a depender de nossas boas ações nesta vida; pois, de acordo com esses hereges, o princípio de fazer o bem está em nós mesmos, sua consumação e perfeição vem de Deus"('Sermão IV').

Entre os reformadores, Martinho Lutero[1483-1546], o pai da Reforma Protestante, chega a dizer:

"Assim acontece que os sofistas ímpios juntamente com a 'Diatribe' negam a Cristo, que nos resgatou, mais do que jamais o negaram os pelagianos ou quaisquer heréticos, a tal ponto a graça é intolerante a qualquer partícula ou força do livre arbítrio. Mas que os defensores do livre arbítrio negam a Cristo não o comprova somente a Escritura, mas também a própria vida deles. A partir disso já não tem mais a Cristo como Mediador Benigno, mas o transformaram em terrível juiz a quem tentam aplacar por meio das intercessões da mãe [Maria] e dos santos, e ademais com muitas obras inventadas, cedrimônias, práticas religiosas, votos"('Da Vontade Cativa'[1525 d.C], 'Martinho Lutero, Obras Selecionadas', Volume 4, p.205)

As Confissões de Fé Reformadas do Século XVI, na plena vigência da Reforma, acompanham Agostinho, Savonarola e Lutero, considerando expoentes do pensamento arminiano, como hereges. Por exemplo, a Confissão de Fé da Congregação de Glastonbury[1551], diz:

"Portanto, eu repudio todas as assembléias falsamente chamadas de igrejas, que seguem dourtrina ou religião diferente, como as dos maometanos, anabatistas, libertinos, menonitas, davidistas e quaisquer outras heresias semelhantes que existam. Além disso, eu repudio o papa como o Anticristo Romano, e toda a sua doutrina e religião; em particular, no tocante à transubstanciação; no tocante a invocação dos santos, confiança na retidão das obras que pertencem a nós ou a qualquer outro que não seja Cristo; livre arbítrio, purgatório e qualquer preço pelos pecados que não seja o sangue de Cristo; e, finalmente, no que se refere a toda adoração de imagens e todas as outras invenções humanas semelhantes que estão contidas em sua religião"(4ª Parte, 'Concernente a Igreja')(Reformed Confessions of The 16º and 17º Centuries In English Translation, Volume 1, pp.660-661).

E a "Confissão de Fé da Congregação Inglesa em Genebra"(1556), diz:

"E como Moisés[Ex 32], Ezequias[2 Re 18:4; 2 Cr 29:31; 2 Cr 34] e outros governantes piedosos limpáram a Igreja de Deus da superstição e idolatria; assim, a defesa da Igreja de Cristo contra todos os idólatras e hereges, como papistas, anabatistas, com membros semelhantes do Anticristo; para erradicar todas as doutrinas de demônios e homens, como a missa, purgatório, Limbum Patrum, oração aos santos e pelos mortos, livre arbítrio, distinção de carnes, vestimentas e dias, votos de celibato, presença no serviço de ídolos e méritos de homens"(IV, 'A Santa Igreja Católica, A Comunhão dos Santos')(Reformed Confessions of The 16º and 17º Centuries In English Translation, Volume 2, p.101).

No século seguinte a Reforma Protestante, vários teólogos reformados, tinham o arminianismo e suas doutrinas, como "heresias". Por exemplo, William Prinne[1600-1669]; Ministro Puritano, em sua obra "A Antiga Oposição da Igreja da Inglaterra ao Novo Arminianismo", declara:

"Banimos este espúrio e amaldiçoado arminianismo (que há pouco atraiu a própria maldição e ira de Deus, estabelecendo decisivamente juízos sobre nós)de fora de nossa Igreja e Estado, julgando-o e levando-o até as profundezas do Inferno, ao qual ele estava condenado na antiguidade; como muito pernicioso, turbulento, desconfortável, desesperado, blasfemo e heresia oposta à graça"(p.137).

"Arminianismo, uma velha heresia condenada levantada do inferno ultimamente por alguns jesuítas e espíritos infernais, para acender uma combustão em todos os estados e igrejas protestantes"(Ibidem, 'Dedicatória')

"Que a Inglaterra tanto mediu forças quanto destruiu esse antigo monstro, do novo Pelagianismo, que Arminio e seus seguidores recentemente resgataram do Inferno, coisa condenada no passado"(Ibidem)

Outro teólogo reformado, Robert Baille[1602-1662], um dos puritanos que participou da Confissão de Fé de Westiminster, em seu livro “O Antídoto Contra o Arminianismo”, disse de Armínio:

“Armínio? Foi um professor de Teologia em Leiden, um homem de grande capacidade. Em sua conversação, quase indesculpável. Porém, muito dado a inovação e à presunção. As novidades que ele mais amava foram diversos desvios de Pelágio, nosso velho compatriota, que os jesuítas em sua época haviam revivido”.

Teólogos reformados modernos, mantém a mesma opinião. Por exemplo, Alfred J. Chompff, pastor da Reformed Bible Church in Southern California, EUA, em sua obra "A Revelação de Jesus Cristo"(Volume 1), disse:

"Se essas sete igrejas representam a Igreja do Novo Testamento, então podemos nos perguntar: 'Qual é o falso evangelho mais perturbador que tem atormentado a Igreja ao longo dos séculos?'. A resposta é obviamente o evangelho arminiano da salvação por seu npróprio livre arbítrio. É chamado de arminiano em homenagem a Jacob Arminio, um teólogo holandês, seguidor de Pelágio. Esta heresia tem atormentado a Igreja ao longo dos séculos como pelagianismo, e tem crescido tanto hoje que muitas pessoas no campo arminiano nem mesmo sabem que existe um único evangelho da graça, sem nosso próprio livre arbítrio. Essa é a heresia persistente e perniciosa do arminianismo. Eles não são nossos irmãos em Cristo. Da mesma forma, na igreja primitiva, lemos sobre a heresia persistente dos nicolaítas. É mais provável que Cristo estivesse se referindo aos nicolaítas como os arminianos da igreja primitiva, pois é assim que esses versos são aplicáveis hoje”(pp.38-39).

Outros teólogos reformados modernos tem sustentado a mesma opinião dos antigos. Joel R. Beeke, ‎Martin I. Klauber; Herman J. Selderhuis, Christopher B. Brown; Günter Frank; Bruce Gordon; Barbara Mahlmann-Bauer; Tarald Rasmussen; Violet Soen; Zsombor Tóth; David W. Hall; W. Robert Godfrey; , Greg A. Salazar; R. Scott Clark; Michael Horton; Donald Sinnema; David B. McWilliams; Charles K. Telfer; Dolf te Velde; Joel E. Kim; Matthew Scott Harding, afirmam:

"Os calvinistas ingleses descreveram as posições de seus oponentes como uma ameaça tripla à Igreja Inglesa um renascimento da antiga heresia pelagiana, uma réplica do arminianismo holandês para a Igreja inglesa e uma doutrina pastoralmente perigosa (‘desesperada’) que minaria a segurança"(O Sínodo de Dort Perspectivas Históricas, Teológicas e Experienciais, p.78)

William H. Gray[1825-1908], ministro presbiteriano escocês, disse:

"Pela graça de Deus, fomos capacitados, em certa medida, a dar um testemunho fiel contra a heresia arminiana; e encontramos um forte incentivo para a ação nas palavras do apóstolo Paulo ao Galácia: ‘Eu não [diz ele] anulo a graça de Deus; porque se a justiça vem pela Lei, então Cristo está morto em vão’”(Christian Doctrinal Advocate and Spiritual Monitor[Advogado Doutrinário Cristão e Monitor Espiritual], 1842, p.81).

John Hunt[1827-1907], ministro anglicano, diz:

"O consentimento universal de todos os Pais e Doutores da Igreja desde a Reforma era contra o Arminianismo”(Religious Thought in England, from the Reformation to the End of Last Century, A Contribution to the History of Theology[Pensamento religioso na Inglaterra, da Reforma ao final do século passado, uma contribuição para a história da teologia], Volume 1, p.149).

Brooky R. Stockton, em sua obra "Cinco Pilares do Evangelho do Gladiador"(2020), diz:

"Em 1619, se você fosse um arminiano, seria um herege. Em nossos dias, se você é um calvinista, você é um herege. O arminianismo é agora a doutrina padrão ensinada na igreja e nas escolas governamentais”(p.337).

Chirsthopher Nees(1621-1705), ministro congregacional e puritano, disse:

"O Arminianismo, aquela heresia imunda, que pode ser considerada a raiz e o cerne de todas as falsas doutrinas heréticas, é, aqui, completamente despojada de sua cobertura enganosa; e (por assim dizer) anatomicamente dissecada, aberta, e exposta”(Um Antídoto Contra o Arminianismo, Prefácio)

"Arminianismo e Pelagianismo (que são totalmente o mesmo) é a própria vida e alma do papado”(Um Antídoto Contra o Arminianismo,viii).

O Arminianismo moderno é apenas o Pelagianismo antigo, que surgiu no segundo século; e Pelagianismo é papado; e papado é (sim, é completamente), mas como outro nome para o livre-arbítrio do homem, em oposição a A graça de Deus”(Um Antídoto Contra o Arminianismo, xi).

Jonathan Edwards[1703-1758], como o seu colega Johw Owen, também mantinha a visão de Dort. Kenneth P. Minkema, Adriaan Cornelis Neele, escreveram um livro chamado "The Jonathan Edwards Encyclopedia", onde afirmam:

"Edwards afirmou que durante a Reforma, Satanás continuou a atacar a Igreja engendrando outras doutrinas falsas, como o Socinianismo e o Arminianismo"(p.287).

A visão do arminianismo como uma 'heresia' era comum entre toda a Cristandade Reformada - Reformados, Presbiterianos, Anglicanos, Batistas, Congregacionais.

Mesmo os inimigos da Reforma Protestante reconhecem que a visão do Protestantismo Holandês de Dort, sobre o arminianismo, era que este era herético. John Morrill, um católico romano, que é um acadêmico britânico especializado em história política, religiosa, social e cultural da Grã-Bretanha da era moderna de 1500 a 1750, diz:

"A maior 'heresia' da segunda metade do século foi o Arminianismo; isto era tão universal que se tornou ortodoxia”(The Oxford Illustrated History of Tudor and Stuart Britain, 2000; p.307)

Frederick Calder, erudito arminiano [ministro metodista wesleiano], em sua obra "Memoirs of Simon Episcopus"(Memórias de Simon Episcopus [1835]), diz:

"O Sínodo de Dort, pelo qual ele [Episcopus] foi condenado como um herege, privado de suas honras como estudioso, privado de seu cargo como um professor, e excluído do ministério, por defender as doutrinas de Arminio...”(‘Prefácio’).

"Que (Episcopus] foi condenado pelo Sínodo de Dort como um herege perigoso”(Ibidem, p.227).

Cornelius O. Jansenius(1585-1638), em seu livro “Augustinus”, considerou heresia a ideia da graça preveniente, dada ao homem caído, de acordo com os postulados arminianos, para que o homem possa resistir a graça de Deus. Segundo ele, a crença arminiana na expiação limitada, é semipelagiana, e os arminianos podem ser considerados "semipelagianos" e "hereges", quando mantém esta crença:

Os semipelagianos admitem a graça interior preveniente para todos os atos individuais, mesmo para o começo da fé; nisto eles são hereges, porque querem que a graça seja de modo que a vontade humana lhe possa resistir. É semipelagiano dizer que Cristo morreu e derramou seu sangue por todos os homens”(Henry S. Bettenson; Documentos da Igreja Cristã, p.375).

Quando fazemos um passeio pelos Cânones de Dort, em sua condenação ao arminianismo, não temos nenhuma dúvida de que o pensamento daqueles delegados das igrejas reformadas, era que os ensinos arminianos eram heresias, seus mestres eram ‘hereges’, e que, com base nisso, obviamente, um arminiano não podia ser considerado um verdadeiro cristão, um salvo

(a)O arminianismo é pelagiano, em seu dogma do livre arbítrio:

“Depois da queda, o homem corrompido gerou filhos corrompidos. Então a corrupção, de acordo com o justo julgamento de Deus, passou de Adão até todos os seus descendentes, com exceção de Cristo somente. Não passou por imitação, como os antigos pelagianos afirmavam, mas por procriação da natureza corrompida”(Cânones de Dort; Capítulos III-IV; &2)

“Erro 7 - Esta graça pela qual somos convertidos a Deus é apenas um apelo gentil. Ou (como alguns explicam): Esta maneira de agir, que consiste em aconselhar é a mais nobre maneira de converter o homem E está mais em harmônia com a natureza do homem. Não há razão porque tal graça persuasiva não seja suficiente para tornar espiritual o homem natural. em verdade, Deus não produz o consentimento da vontade a não ser através do apelo moral. O poder da operação divina supera a ação de Satanás, Deus prometendo bens eternos e Satanás bens temporais.

Refutação – Isto é Pelagianismo por completo, e contrário a toda a Escritura que conhece além deste apelo moral, outra operação, muito mais poderosa e divina: a ação do Espírito Santo na conversão do homem: ‘Dar-vos-ei coração novo, e porei dentro em vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne’(Ez 36:26)”(Cânones de Dort, Capítulos III-IV; Rejeição de Erros, Refutação).

“Outros que são chamados pelo ministério do Evangelho vêm e são convertidos. Isto não pode ser atribuído ao homem, como se ele se distinguisse por sua livre vontade de outros que receberam a mesma e suficiente graça para fé e salvação, como a heresia orgulhosa de Pelágio afirma. Mas isto deve ser atribuído a Deus: como Ele os escolheu em Cristo desde a eternidade, assim Ele os chamou efetivamente no tempo. Ele lhes dá fé e arrependimento; Ele os livra do poder das trevas e os transfere para o reino de seu Filho. Tudo isto Ele faz a fim de que eles proclamem as grandes virtudes daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz, e se gloriem não em si mesmos mas no Senhor, como é o testemunho geral dos escritos apostólicos(Col 1:13; 1 Pe 2:9; 1 Cor 1:31)”(Cânones de Dort, Capítulos III-IV, &10)

(b)O arminianismo é pelagiano, quando alegam que o plano salvífico de Deus denota a possibilidade (não a certeza infalível) de Deus se tornar o ‘Salvador’ do homem, só é eficaz e concretizada, se a vontade do homem concordar com a vontade de Deus, se decidindo por Deus. Em outras palavras; a morte de Cristo não transmite nenhuma certeza de que os objetos de sua expiação(‘aqueles por quem Ele morreu’), receberão salvação segura e fé, a menos que sua vontade corrupta se decida por isto:

“Erro 3 – Por sua satisfação, Cristo não mereceu para ninguém a salvação segura nem a fé pela qual esta satisfação é efetivamente aplicada. Ele obteve apenas para o Pai a possibilidade ou vontade perfeita, para tratar de novo com o homem e para prescrever novas condições conforme sua vontade, depende da livre vontade do homem para preencher estas condições. Portanto poderia acontecer que ninguém ou todos os homens preenchessem tais condições.

Refutação - Aqueles que ensinam este erro desprezam a morte de Cristo e não reconhecem de maneira nenhuma o seu mais importante resultado ou benefício. Eles evocam do inferno o erro pelagiano”(Cânones de Dort, Capítulo II, Rejeição de Erros; 3º Erro, Refutação).

(c)O arminianismo é pelagiano, quando ensina que a vontade corrupta do homem coopera com a graça divina 'sinergismo’:

“Erro 6 - Deus, por sua parte, quer dar a todas as pessoas igualmente os benefícios conquistados pela morte de Cristo. Entretanto algumas obtêm o perdão de pecados e a vida eterna, e outras não. Esta distinção depende de sua própria livre vontade que se junta a graça que é oferecida sem distinção. Mas não depende do dom especial da misericórdia que opera tão poderosamente nestas pessoas, que elas, diferente de outras, se apropriam desta graça.

Refutação - Os que ensinam assim abusam da distinção entre aquisição e apropriação da salvação para implantar esta opinião nas mentes de pessoas imprudentes e sem experiência. Enquanto eles simulam apresentar esta distinção da maneira correta, procuram induzir na mente do povo o perigoso veneno dos erros pelagianos”(Cânones de Dort, Capítulo 2; Rejeição de Erros, 6º Erro, Refutação)

“Erro 9 – Graça e livre vontade são as causas parciais que operam juntas no início da conversão. Pela ordem destas causas a graça não precede à operação da vontade do homem. Deus não ajuda efetivamente a vontade do homem para a sua conversão, enquanto a própria vontade do homem não se move e decide se converter.

Refutação - A Igreja Antiga há muito já condenou esta doutrina dos pelagianos, de acordo com a palavra do apóstolo: ‘Assim, pois, não depende de quem quer, ou de quem corre, mas de usar Deus a sua misericórdia"’(Rom 9:16). Também: ‘Pois quem é que te faz sobressair? e que tens tu que não tenhas recebido?...’(1 Cor 4:7)? E ainda: ‘...porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade’(Fp 2:13)”(Cânones de Dort, Capítulos III-IV; Rejeição de Erros, 9º Erro, Refutação)

(d)O arminianismo é pelagiano, quando afirma que a perseverança dos santos depende da própria vontade do cristão, invés de ser uma operação monergisticamente divina:

“Erro 2 – Deus de fato provê os crentes de suficientes forças para perseverar, e está pronto para preservar tais forças nele, se este cumprir seu dever; mas ainda que todas estas coisas tenham sido estabelecidas, que são necessárias para perseverar na fé e que Deus usa para preservar a fé, ainda assim dependerá da vontade humana se perseverar ou não.

Refutação – Esta ideia é abertamente pelagiana. Enquanto deseja libertar o homem, o faz usurpador da honra de Deus. Combate o consenso geral da doutrina evangélica que retira do homem todo motivo de orgulho e atribui todo louvor por este benefício somente à graça de Deus. É também contrário ao apóstolo que declara: ‘...o qual também vos confirmará até ao fim, para serdes irrepreensíveis no dia de nosso Senhor Jesus Cristo’(1 Cor 1:8)(Canones de Dort, Capítulo V; Rejeição de Erros, Erro 2)

(e)O arminianismo, em sua oposição a doutrina bíblica-reformada da perseverança dos santos, é ignorante, hipócrita, herético e pelagiano:

“Deus revelou abundantemente em sua Palavra esta doutrina da perseverança dos verdadeiros crentes e santos, e da certeza dela, para a glória do seu Nome e para a consolação dos piedosos. Ele a imprime nos corações dos crentes, mas a carne não pode entendê-la. Satanás a odeia, o mundo zomba dela, os ignorantes e hipócritas abusam dela, e os heréticos a ela se opõem. A Noiva de Cristo, entretanto, sempre tem-na amado e defendido constantemente como um tesouro de inestimável valor. Deus, contra quem nenhum plano pode se valer e nenhuma força pode prevalecer, cuidará para que a Igreja possa continuar fazendo isso. Ao único Deus, Pai, Filho e Espírito Santo, sejam a honra e a glória para sempre. Amém”(Cânones de Dort, V:15)

(f)O arminianismo é pelagiano, quando ensina a eleição condicional:

“Erro 4 – Eleição para a fé depende das seguintes condições prévias: o homem deve fazer uso adequado da luz da natureza, e deve ser piedoso, humilde, submisso e qualificado para a vida eterna.

Refutação – Assim parece que a eleição depende destas coisas. Isto tem o sabor do ensino de Pelágio e está em conflito com o ensino do apóstolo Paulo em Efésios 2:3-9: ‘...entre os quais também todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como também os demais. Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo -- pela graça sois salvos, e juntamente com ele nos ressuscitou e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus; para mostrar nos séculos vindouros a suprema riqueza da sua graça, em bondade para conosco em Cristo Jesus. Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie’”.(Cânones de Dort, Capítulo 1; Rejeição de Erros, Refutação)

(h)O arminianismo é pelagiano, romanista e sociniano, por ensinar a salvação pelas obras:

"Erro 4 - A nova aliança da graça, que Deus o Pai, mediante a morte de Cristo, estabeleceu com o homem, não consiste nisso que nós estamos justificados diante de Deus e salvos pela fé se ela aceita o mérito de Cristo. Ela consiste no fato de que Deus revogou a exigência de perfeita obediência à lei e considera agora a própria fé e a obediência de fé, ainda que imperfeitas, como a perfeita obediência à lei. Ele acha, em sua graça, que elas sejam dignas da recompensa da vida eterna.

Refutação - Os que ensinam isto contradizem a Escritura: "...sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus, a quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante a fé..."(Rom 3:24, 25). Eles introduzem, junto com o ímpio Socino, uma nova e estranha justificação do homem diante de Deus, contrária ao consenso da Igreja inteira"(Cânones de Dort, Capítulo II; Rejeição de Erros, Refutação)

A Segunda Confissão Helvética(1566), escrita pelo reformador Henrique Bullinger, também considera o dogma do livre arbítrio uma 'heresia'(endossado por muitos arminianos), afirmando:

Heresias. Nesta questão, condenamos os maniqueus, os quais afirmam que o início do mal, para o homem bom, não foi de seu livre arbítrio. Condenamos, também, os pelagianos, que afirmam que um homem mau tem suficiente livre arbítrio para praticar o bem que lhe é ordenado. Ambos são refutados pela Santa Escritura, que diz aos primeiros: ‘Deus fez o homem reto’; e aos segundos: ‘Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres’(Jo 8.36)”(IX, &12)

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Defesas dos arminianos e dos 'Reformodinhas Ecumênicos' e 'politicamente corretos' com relação as condenações dos Cânones de Dort ao arminianismo como 'heresia pelagiana', e dos arminianos como 'pelagianos' e 'socinianos'


Arminianos e neo-reformados(adeptos do ecumenismo irrestrito entre calvinistas e arminianos, e do 'politicamente correto'), costumam se amparar em uma das citações de Charles H. Spurgeon, em sua obra "Verdades Chamadas Calvinistas':


"Não obstante, longe de mim sequer imaginar que entre os muros de Sião haja somente cristãos calvinistas ou que, aqueles que não compartilham das nossas idéias não serão salvos. As coisas mais terríveis têm sido ditas acerca de João Wesley, o príncipe dos arminianos modernos. Com relação a ele, só posso dizer que, embora eu deteste muitas das doutrinas que ele pregava, no entanto, em relação ao homem em si, eu o reverencio como a nenhum outro wesleyano e que, se tivéssemos que acrescentar dois apóstolos aos doze, creio que não existiriam dois homens mais capazes do que George Whitefield e João Wesley. O caráter de João Wesley permanece acima de qualquer suspeita em relação ao seu zelo, santidade, auto-sacrifício e comunhão com Deus; ele viveu muito acima do nível de vida dos cristãos comuns e foi um 'dos quais o mundo não era digno'"


Teriam tais palavras de Spurgeon, o propósito de não condenar o arminianismo como "heresia", e os arminianos como "hereges"? Examinemos seus argumentos acima:

(a)Ele compara John Wesley e Whitefield aos doze apóstolos. Teriam os doze apóstolos divergências no tocante a soteriologia, total depravação, eleição incondicional, expiação limitada, irresistibilidade da graça e perseverança dos santos? Se eles não tinham, não faria nenhum sentido Spurgeon comparar Wesley a Whitefield e aos doze apóstolos, se Wesley tivesse morrido sem jamais endossar os mesmos cincos pontos do calvinismo que Whitefield endossara, tendo aprendido de Paulo e outros apóstolos. E não resta nenhuma dúvida de que Wesley ensinou os cinco pontos do Calvinismo em muitos de seus escritos:


(1)Total Depravação:

- Sermão 'Pecado Original'(II,3)
- Sermão 'O Caso da Razão Imparcialmente Considerada'(II,10)
- Sermão 'O Novo Nascimento'(II:4)
- Minutos de Conversações Tardias
- Sermão 'Justificação Pela Fé'(I:5)
- Nota sobre Romanos 6:6
- Sermão 'O Caminho do Reino'(II:1)
- Sermão 'Salvação Pela Fé'(III:3)
- Outro Apelo aos Homens Sensatos e Religiosos(III:3)
- Epístola a John Smith(7)
- A Doutrina do Pecado Original(III:6-7)
- Sermão Sobre o Sermão do Monte(VI;III,13)
- Sobre o Sermão do Monte(XIII,III,6)
- Sermão 'O espírito da escravidão e da adoção'(I:1-8)
- Pecado Original(II; 7-11)
- Algumas Notas Sobre a Revisão de Todas as Doutrinas Ensinadas pelo Sr. John Wesley, 64(X,392)
- Sermão 'Salvação Pela Fé'(Introdução, 1-3)
- Graça Gratuita, 2-3)
- Sobre a Realização da nossa própria salvação(I:1)
- O espírito de escravidão e de adoção(II; 4-8)
- Justificação Pela Fé(IV;4-6)
- Sermão 'As Marcas do Novo Nascimento'(I;2-3)
- Sermão 'O Novo Nascimento'.
- Os Princípios de Um Metodista(3-7)
- Diário(13.12.1739)
- Nota sobre At 26:29
- Nota sobre Jo 6:44
- Nota sobre Jo 3:3
- Salvação Pela Fé
- Sermão 'Acorda tu que dormes!'
- Sermão 'A Justiça da Fé'
- Sermão 'O Pecado Original'.

(2)Eleição Incondicional:

- Nota sobre Rm 9:11
- Nota sobre Rm 9:14
- Nota sobre Rm 9:16

(3)Expiação Limitada:

- Nota sobre 1 Ts 2:3
- Nota sobre 2 Ts 1:9
- Nota sobre Mt 20:1
- Nota sobre Rm 9:27
- Nota sobre Rm 10:19
- Nota sobre Mt 23:33

(4)Irresistibilidade da graça:

- Controvérsia Calvinista
- A Origem, natureza, propriedade e uso da lei(V:1)
- Sermão 'O Novo Nascimento'(II; 2-4)
- Nota sobre Jo 6:45
- Nota sobre At 26:18
- Nota sobre Hb 8:10
- Sermão 'Sobre as descobertas da fé'(12)


(5)Perseverança dos Santos:

- Sermão 'Os Sinais do Novo Nascimento'
- O Meio Bíblico da Salvação
- Sermão 'Justificação pela fé'(II,I-III,2)
- Sermão 'O estado de solidão'(II,I)
- Nota sobre Fl 1:6
- Nota sobre At 15:40
- Nota sobre Jo 8:36
- O Serviço Dominical Metodista


(b)Por que Spurgeon fez questão de comparar Wesley e Whitefield aos doze apóstolos? Faria isto razão, se ele tivesse citado ambos, considerando as divergências soteriológicas? Não, não faria nenhum sentido, porque ele comparando ambos aos doze apóstolos, não estaria jamais abrindo brecha para uma unidade que não fosse baseada na unicidade do ensino, haja visto que não havia divergências doutrinárias entre os apóstolos ou no ensino que todas as igrejas endossaram, seguindo a todos eles:


- "E perseveravam na doutrina dos apóstolos..."(At 2:42)

- "E era um o coração e a alma da multidão dos que criam..."(At 4:32)

- "Como te roguei, quando parti para a macedônia, que ficasses em Éfeso, para advertires a alguns, que não ensinem outra doutrina"(1 Tm 1:3)

- "E rogo-vos, irmãos, que noteis os que promovem dissensões e escândalos contra a doutrina que aprendestes; desviai-vos deles"(Rm 16:17)

- "Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina...."(2 Tm 4:3)

- "Um só Senhor, uma só fé, um só batismo"(Ef 4:5)

- "Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema. Assim, como já vo-lo dissemos, agora de novo também vo-lo digo. Se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes, seja anátema"(Gl 1:8-9)


(c)Nesse sentido, a comparação que Spurgeon fez de Wesley e Whitefield aos doze apóstolos, só faria sentido, se ambos ensinassem a mesma doutrina do que concerne a soteriologia, pois era assim com os apóstolos(2 Jo 9-11). Considerando todas as citações de Wesley acima enlecadas, não resta nenhuma dúvida, de que Whitefield endossou as mesmas durante toda a sua vida, como um calvinista ortodoxo que era. Aliás, o próprio Wesley garantiu isso, quando em seu sermão "Sobre a Morte do Rev. Sr. George Whitefield", disse da doutrina de seu amigo:


"Seu ponto fundamental era dar a Deus toda a glória de tudo o que de bom pode haver no homem. No que diz respeito a salvação, ele colocou Cristo o mais alto possível e o homem o mais baixo"(J. C. Ryle; John Wesley, Líderes Evangélicos do Século XVIII, p.29).


Eu não tenho nenhuma dúvida de que Spurgeon tivesse conhecimento de todas estas obras de Wesley, inclusive desse sermão funerário. Ademais, é de estarrecer, quando vemos os arminianos fazendo essa citação de Spurgeon, omitindo a anterior, onde ele diz:


"Se alguém me perguntasse o que eu quero dizer com ser um calvinista, eu lhe responderia: 'É alguém que diz que a salvação é do Senhor'. Eu não consigo achar nas Escrituras outra doutrina além desta. É a essência da Bíblia. 'Somente Ele é a minha rocha e a minha salvação'. Mostre-me alguma coisa contrária a essa verdade e ela será uma heresia; mostre-me uma heresia e eu encontrarei a essência dela no fato de ter abandonado esta grande e fundamental verdade> 'Deus é a minha rocha e a minha salvação'. Qual é a heresia da igreja de Roma senão o fato dela ter acrescentado alguma coisa aos méritos perfeitos de Jesus Cristo - o acréscimo das obras da carne para ajudar em nossa justificação? E o que é a heresia do arminianismo senão o acréscimo de algo à obra do Redentor? Toda heresia, quando examinada em profundidade, revelará seu ponto fraco nesse aspecto. Eu pessoalmente acredito que não seja possível pregar a Cristo e Ele crucificado, a menos que estejamos pregando o que hoje é conhecido como calvinismo. O calvinismo é apenas um apelido; o calvinismo é o evangelho e nada mais".


Na mesma obra, ele ainda diz:


"Eu pergunto ao homem que ousa dizer que o calvinismo é uma religião licenciosa, o que ele pensa do caráter de Agostinho, de Calvino ou de Whitefield, ou quais, em épocas sucessivas, foram os grandes expoentes deste sistema de graça; ou o que dirá ele dos puritanos, cujas obras estão repletas desta doutrina? Se naqueles dias um homem fosse um arminiano, ele seria considerado o mais vil herético vivente, mas agora, nós é que somos considerados heréticos e eles os ortodoxos. Nós voltamos para a velha escolha; nós podemos traçar nossa descendência desde os apóstolos. Foi aquela veia de graça gratuita que corria através dos sermões dos batistas que nos conservou como uma denominação. Não fosse por isso, não estaríamos onde estamos hoje".


Então, a frase - "zelo, santidade, auto-sacrifício e comunhão com Deus", no tocante a Wesley, deve ser entendida pelo contexto das frases anteriores e posteriores. Sob esse ínterim, a visão de Spúrgeon sobre Wesley vai situá-lo junto a Whitefield e aos apóstolos, não como um arminiano convicto, mas como alguém desvencilhado do arminianismo, que em sua visão, era a mesma "heresia" pregada por Roma, pois se em sua visão, "o calvinismo é o evangelho e nada mais", e se Wesley era possuidor de zelo, santidade, auto-sacrifício e comunhão com Deus, ele era possuído pelo evangelho de Cristo(2 Co 11:2-4; 1 Pd 1:12-16; Fl 3:7-8; Ef 3:6), a tal ponto, que diante da morte de Whitefield sintetizou o que era o coração do calvinismo, quando disse do ensino de Whitefield:


"No que diz respeito a salvação, ele colocou Cristo o mais alto possível e o homem o mais baixo".


Em outro lugar, Wesley reconhece que o Calvinismo é o único sistema soteriológico que enaltece a Deus e rebaixa o homem:


"P.23 – ‘De que maneira podemos chegar ao Calvinismo? R. (1)Atribuindo todo bem à livre graça de Deus. (2)Negando todo livre arbítrio natural e todo poder que antecede a graça, e (3)Excluindo todo mérito dos homens, mesmo pelo que eles tem a fazer pela graça de Deus’”(‘Minutos de Conversações Tardias’, 01.08.1745 [VIII,285], Coletânea da Teologia de João Wesley, pp.134-135).


Assim, o pensamento de Spurgeon era:


- Wesley era comparável a Whitefield e aos doze apóstolos
- Wesley era possuidor de zelo, santidade, auto-sacrifício e comunhão com Deus
- O arminianismo era a mesma heresia pregada por Roma
- Um arminiano na época de Agostinho, de Calvino ou de Whitefield, seria considerado 'o mais vil herético vivente'.


Com base nessas conclusões de Spurgeon, entende-se que:


(i)Wesley não poderia ser comparado a Whitefield, como um arminiano convicto.

(ii)Wesley não poderia ser comparado aos apóstolos, como um arminiano convicto, pois para ele, quando os apóstolos estavam pregando o evangelho, estavam ensinando o calvinismo, uma vez que para ele,"o calvinismo é o evangelho e nada mais".

(iii)Wesley não poderia ser comparado a Whitefield enquanto arminiano, pois para ele, o arminianismo era uma heresia apregoada e herdada do Romanismo, e Whitefield não era nem herege, romanista ou arminiano.

(iv)Wesley não poderia ser comparado aos apóstolos, enquanto arminiano, pois para ele, o arminianismo era uma "heresia", um arminiano 'o mais vil herético vivente', enquanto que, para os apóstolos, hereges não haviam nascido de novo, e não herdarão o reino dos céus(Gl 5:20-21; Tt 3:10-11)


Se nos ativermos a todo o pensamento de Spurgeon, sobre o arminianismo, entenderemos que para ele, sequer existem orações arminianas. Em sua sermão "Não Existem Orações Arminianas”, ele diz:


"Vocês têm ouvido uma quantidade grande de sermões arminianos, ouso dizer, mas vocês nunca ouvirão uma oração arminiana - porque os santos em oração se mostram iguais em palavra, ação e mente. Um arminiano de joelhos orará tão fervorosamente, quanto um calvinista. Ele não pode orar sobre o livre-arbítrio; não há espaço para isso. Imagine-o orando:

‘Senhor, eu te agradeço porque não sou como aqueles pobres e presunçosos Calvinistas. Senhor, eu nasci com o glorioso livre-arbítrio; nasci com o poder pelo qual posso me voltar para ti por mim mesmo; tenho acrescido minha graça. Se todos tivessem feito com suas graças o mesmo que fiz com a minha, todos poderiam estar salvos agora. Senhor, eu sei que o Senhor não nos faz propensos a ti se nós mesmos não nos dispusermos a isto.

Deste graça a todos; alguns não a cultivaram, mas eu a cultivei. Há muitos que irão para o inferno, mesmo estando tão comprados pelo sangue de Cristo quanto eu estou; tiveram tanto do Espírito Santo quanto me foi dado; tiveram uma boa chance, e foram tão abençoados quanto eu fui. Não foi a tua graça que nos fez diferentes; sei que ela fez muito, mas eu é que mudei de direção; eu fiz uso do que me foi dado, e os outros não - esta é a diferença entre mim e eles’.

Esta é uma oração do diabo, porque ninguém mais ofereceria uma oração como esta. Ah! Quando estão pregando e falando bem devagar, podem apresentar uma doutrina errada; mas quando vêm orar, a verdade escapa; eles não podem evitar’”.


Destas afirmações de Spurgeon, conclui-se que:

(i)Diante do trono da graça, não há nenhum arminiano orando a Deus

(ii)Diante do trono da graça não há nenhum arminiano orando a Deus, porque uma oração literalmente arminiana, é "uma oração do diabo".

(iii)Diante do trono da graça, todos os santos de Deus oram como calvinistas

(iv)Um arminiano não pode ser considerando um santo de Deus, se orar a Deus de forma arminiana.

(v)Os arminianos são mentirosos enquanto pregam, ao omitirem a verdade. Existe salvação para todos aqueles que morrerem impenitentemente na mentira? Não(Ap 21:8; 22:15), porque todos os irrevogavelmente mentirosos, não são considerados verdadeiros crentes, mas ímpios e hereges(1 Tm 1:9-1; 1 Jo 2:22; Ap 2:2)

(vi)Se não há oração arminiana, não há literalmente nenhum arminiano orando a Deus; e não havendo nenhum arminiano orando a Deus, os arminianos são considerados como excluídos de um dos meios de graça, que é a oração.

(vii)Se não há oração arminiana, não há literalmente nenhum arminiano orando a Deus; e não havendo nenhum arminiano orando a Deus, então conclui-se que os arminianos foram privados do auxílio do Espírito Santo, para levar suas orações a Deus(Rm 8:26-27)

(viii)Se não há oração arminiana, não há literalmente nenhum arminiano orando a Deus; e não havendo nenhum arminiano orando a Deus, então conclui-se que os arminianos foram privados de terem um intercessor ou advogado junto ao trono da graça, não podendo serem considerados salvos(Hb 7:25)


O conceito que Spurgeon tinha do arminianismo, era mesmo de um sistema herético de salvação pelas obras:


"A tendência do Arminianismo é para o legalismo; não é nada senão o legalismo que jaz na raiz do Arminianismo. Não vês de uma vez que isto é legalismo - que isto é fazer nossa salvação dependente de nossa obra - que isto é fazer nossa vida eterna depender de algo que nós fazemos? Além disso, a mesma doutrina da justificação, tal como é pregado por um Arminiano, não é outra senão a doutrina da salvação pelas obras"(Efeitos do Tom da Doutrina, 22.04.1860, Sermão nº 324[Sermão sobre Mt 24:24]).


Certamente, Spurgeon, ao definir Wesley como alguém portador de zelo, santidade, auto-sacrifício e comunhão com Deus, não poderia estar se referindo a alguém que morreu crendo na salvação pelas obras, introduzindo um herege no céu. Ademais, ele deixou bem claro nunca ter adorado o deus dos arminianos, quando deçlarou:


"Não sirvo ao deus dos arminianos de modo algum; não tenho nada com ele, e não me inclino diante do Baal que eles têm erigido; ele não é meu Deus, nem jamais o será; não o temo, não tremo em sua presença...O Deus que diz hoje e que nega o dito amanhã, que justifica hoje e que condena no dia seguinte..,não tem nenhuma relação com meu Deus, nem no mínimo grau possível. Ele pode ter uma relação com Astarote ou Baal, porém Jeová nunca foi ou pode ser seu nome”(Spurgeon's Sermons, Volume 6 [Baker, 1989], p.241)


Se é verdade que Spurgeon creu que Wesley, como arminiano convicto, era comparável a Whitefield e aos doze apóstolos, estava também admitindo que um pagão, um adorador de Baal ou Astarote, pode ser equiparado a Whitefield ou aos apóstolos, jogando um ímpio idólatra e impenitente nos céus, contrariando as próprias Escrituras(1 Co 6:9-10; Gl 5:20-21; Ef 5:5, Ap 21:8; 22:15). Teria ele feito isso, contrariando suas próprias opiniões?


John Owen(1616-1683), em sua obra “Contra o Arminianismo e Seu Ídolo Pelagiano, o Livre-Arbítrio”, declara:


“Neste triste cenário, o Arminianismo que outrora foi considerado uma heresia intolerável no Cristianismo, agora tem muitos de seus ensinamentos amplamente disseminados no meio dito evangélico, de modo que a maioria dos que se dizem evangélicos atualmente creem em muitos dos falsos ensinos arminianos”(p.8)


Augusto Toplady(1749-1778), um dos mais ferrenhos advogados do calvinismo, na igreja inglesa, em seu artigo "O deus do arminianismo", afirma que o arminianismo é uma religião diferente da religião cristã:


"Uma grande controvérsia entre a religião do Arminianismo, e a religião de Cristo é: a quem será conferido o louvor e glória na salvação de um pecador? A conversão decide este ponto imediatamente; porque eu penso que, sem qualquer imputação de falta de caridade, me aventuro a dizer que cada pessoa verdadeiramente despertada, pelo menos quando ela está sob o brilho da face de Deus sobre a sua alma, cairá sob seus joelhos, com este hino de louvor ascendendo de seu coração: 'Não a mim, Senhor, não a mim, mas ao teu nome dá glória; não sou salvo por minha justiça, mas por tua misericórdia e por causa da tua verdade'".

E em sua obra "O Arminianismo da Igreja de Roma", ainda diz:

"Deixe-me perguntar mais ao caluniador, se ele conheceu uma única pessoa, que, por ser um magistral calvinista, foi pervertido para a Igreja de Roma? Mas eu mesmo conheci vários arminianos, que foram transportados para o Papado com muita pouca dificuldade; e, por serem meio protestantes, facilmente começaram a ser romanistas completos. Pergunte ao seu amigo e ditador, senhor John Wesley, se muitos de seus seguidores não têm, de vez em quando, ido para a mãe das Abominações, particularmente, em Bristol? Onde, eu tenho sido informado com credibilidade, que os sacerdotes romanos o proclamaram (não sem razão) como um homem muito moderado e muito útil”(The Complete Works of Augustus M. Toplady, 1869, p.75).