quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

Contra os Insanos e Blasfemos Que Afirmam que Deus é o autor do pecado!

Alguns pessoas insensatas, tem seguido o fake Vicent Cheung e outros, ao afirmarem herética (segundo Pais da Igreja, como Ireneu[130-200], Privaciano de Sufétula e Basílio Magno[330-379], tal crença é heresia) e blasfematoriamente [segundo Dort, tal crença é blasfemia] que Deus é o autor do mal, no sentido de 'pecado'. Aos que defendem a idéia de que Deus é o autor do 'mal', no sentido de 'pecado', resta responderem as seguintes perguntas:

a. Quando Deus criou o mal?

b. Como Deus criou o mal?

c. Onde Deus criou o mal?

d. Deus criou o mal dentro de si mesmo?

e. Deus criou o mal fora de si mesmo?

Se tivéssemos uma resposta a estas questões, baseadas nas Escrituras, talvez entenderíamos realmente as posições dessas pessoas. Mas, pelo que sabemos, elas apresentam alguns argumentos falaciosos. Ei-los:

(I)'Deus sendo o Criador de todas as coisas(Cl 1:16-17; Jo 1:3), não pode deixar de ser o autor do mal ou do pecado, sem deixar de ser o Autor de todas as coisas'.

Resposta: (a)Cheungiano, quem foi que te disse que o mal ou o pecado sejam uma coisa? O mal(ou o pecado) é um ato das coisas criadas por Deus(Anjos caídos e homens). As Escrituras dizem que Deus criou todas as coisas, não todas as ações ou obras más de todas as coisas que Ele criou. No máximo, Ele decretou todas as ações de suas criaturas(Pv 16:33), o que não é a mesma coisa que criá-las. (b)Criatura, quem te disse que o mal(ou o pecado) é uma coisa ou um ente? (c)Criatura, quem te disse que emitir o decreto da queda(Ef 1:4; 1 Pè 1:19-20; Ap 13:8), é a mesma coisa que criar a queda dentro da eternidade? Porque se isso for verdade, então por ser a morte de Cristo decretada na eternidade, já teria ele nascido e morrido antes do tempo? Seus algozes já preexistiam na eternidade, criatura?

Me causa profunda estranheza quando ouvimos muitos religiosos afirmando que 'Deus é o autor do mal', no sentido de 'pecado'. O "Dicionário da Lingua Portuguesa Compacto" reza "mal" por "de forma imperfeita"(p.247). E me pergunto... Criou Deus alguma coisa 'imperfeita'? As Escrituras, quando encerram o relato geral da criação de todas as coisas, diz que "E viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom"(Gn 1:31). A palavra hebraica "טוֹב"(tob), aqui traduzida por "bom", em Gn 1:31, de acordo com o 'The Brown-Driver-Brigs Hebrew and English Lexicon", significa literalmente "excelente em referência a seu tipo"(p.374), e o mesmo Léxico afirma que a tradução literal de Gn 1:31 é "Deus viu tudo o que ele havia feito, e eis que era muito excelente"(Ibidem). Interessante, que o Dicionário da Lingua Portuguesa Compacto" reza "excelente" por "muito bom, perfeito"(p.175). Mas, o mesmo Dicionário da Lingua Portuguesa Compacto" reza "mal" por "de forma imperfeita"(p.247). O que foi que Deus criou 'imperfeito', se as Escrituras dizem que anjos e homens foram criados absolutamente perfeitos?(Ec 7:29; Ez 28:15). Aliás, a posição dos comentaristas das Escrituras sobre Gn 1:31, refuta a idéia na crença de que Deus seja o autor do mal, no sentido de 'pecado', como se segue:

Nada falta: todas as coisas foram criadas em grande abundância para a vida terrena”(Martinho Lutero[1483-1546], Reformador da Alemanha, Com de Gn 1:31)

“Agora, porém, depois que a criação do mundo se completou em todas as suas partes, e recebeu, se posso me expressar assim, o último toque finalizador, ele declara que tudo era perfeitamente bom, para que soubéssemos que na simetria das obras de Deus, há a mais elevada perfeição, à qual nada se pode acrescentar”(João Calvino[1509-1564], Reformador de Genebra, Com de Gn 1:31)

“Se Deus vê o resultado de toda a Sua obra neste dia, Ele pode registrar como conclusão de toda a Sua obra de criação: ‘E eis que era muito bom’. Isso significa que tudo é perfeito, de modo que toda criatura serve ao propósito para o qual Deus a criou”(Ger de Koning, Com de Gn 1:31)

“Temos aqui a aprovação e conclusão de toda a obra da criação. Quanto a Deus, sua obra é perfeita; e se ele começar, também terminará, na providência e na graça, assim como aqui na criação”(Matthew Henry[1662-1714], Ministro Presbiteriano, Com de Gn 1:31)

“O plano sábio, o trabalho bem executado, as diferentes partes devidamente arranjadas; sua natureza, limites, modo de existência, modo de propagação, hábitos, modo de sustento, devidamente e permanentemente estabelecidos e garantidos, pois cada coisa foi formada com a máxima perfeição de sua natureza, de modo que nada pudesse ser adicionado ou diminuído sem onerar as operações da matéria e do espírito por um lado, ou torná-los ineficientes para o fim proposto por outro e Deus fez todas essas obras maravilhosas para ser glorificado em todos, por todos e através de todos”(Adam Clark[1760-1832], Ministro Metodista, Com de Gn 1:31)

“A bondade e a sabedoria de Deus são assim atestadas pela bondade de sua criação. Encontrar falhas em algumas das coisas criadas por Deus é errado e não leva em conta a maldição posteriormente imposta à criação ‘por causa de Adão’[Gn 3:17]”(James B. Coffman[1905-2006], Com de Gn 1:31)

Gênesis ensina que o mal entra no mundo externamente. Veja Gn 3:1”(John R. Dummelow, Com de Gn 1:31)

“Esta é a opinião e o veredicto do próprio Deus sobre toda a obra da criação, como foi diante dEle no final do sexto dia: ‘Excelentemente bom’. Não houve um único erro, nem mesmo uma falha, na perfeição da obra de Deus”(Paul E Kretzmann, Ministro Luterano, Com de Gn 1:31)

“As produções separadas são declaradas boas: mas quando o todo é aperfeiçoado e, por assim dizer, examinado pelo Todo-Poderoso Mestre, ou Criador, a partícula superlativa é adicionada, e o todo é declarado muito bom, perfeitamente adaptado para responder ao fim para qual foi projetado, bem como consumadamente excelente e belo em si mesmo: agradável à mente do Grande Designer, sem mal ou imperfeição, ou qualquer coisa que possa impugnar sua sabedoria, bondade e pureza”(Thomas Coke[1747-1814], Ministro Metodista, Com de Gn 1:31)

Deus viu Sua obra, e eis que tudo era muito bom; isto é, tudo perfeito em sua espécie, para que toda criatura possa alcançar o objetivo designado pelo Criador e cumprir o propósito de sua existência. Pela aplicação do termo ‘bom’ a tudo o que Deus fez, e a repetição da palavra com a ênfase ‘muito’ no final de toda a criação, a existência de qualquer coisa má na criação de Deus é absolutamente negada, e a hipótese inteiramente refutada, de que o trabalho de seis dias apenas subjugou e acorrentou um princípio ímpio e maligno, que já havia forçado seu caminho para ele. O sexto dia, como sendo o último, distingue-se acima de todo o resto pelo artigo - השּׁשּׁי יום ‘um dia, o sexto’[Gesenius, §111, 2ª]’”(Karl F. Keil [1807-1888], Franz Delitzsch [1813-1890], Ministros Luteranos, Com de Gn 1:31)

Isso [a crença de que Deus seja o autor do mal, no sentido de 'pecado'] contraria a própria visão reformada, uma vez que a Confissão de Fé de Westminster diz:

"Ao princípio aprouve a Deus o Pai, o Filho e o Espírito Santo, para a manifestação da glória do seu eterno poder, sabedoria e bondade, criar ou fazer do nada, no espaço de seis dias, e tudo muito bom, o mundo e tudo o que nele há, visíveis ou invisíveis. Depois de haver feito as outras criaturas, Deus criou o homem, macho e fêmea, com almas racionais e imortais, e dotou-as de inteligência, retidão e perfeita santidade, segundo a sua própria imagem, tendo a lei de Deus escrita em seus corações, e o poder de cumpri-la, mas com a possibilidade de transgredi-la, sendo deixados à liberdade da sua própria vontade, que era mutável"(IV:1-2)

(c)O texto de 1 Co 1:16-17, está muito longe de favorecer a crença de Cheung. O texto diz:

"Porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades. Tudo foi criado por ele e para ele. E ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele"(ACF)

O texto, longe de confirmar a visão de Cheung, refuta-a, pois diz "Tudo foi criado por ele e para ele. E ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele". "'Mal', de acordo com o "Michaelis Online", tem vários sentidos, inclusive o de "Tudo o que se opõe ao bem ou que é indesejável... Atitude que denota maldade... O que há de imperfeito em algo ou alguém; defeito... Resultado de uma escolha deliberada pela perversidade... De modo insuficiente ou imperfeito...". Se formos considerar as definições desse dicionário como verdadeiras e coerentes, então se é verdade que Jesus Cristo criou o mal, também é igualmente verdade que ele criou algo contrário a sua própria bondade; que ele criou algo imperfeito; que ele criou algo com defeito, o que não encontramos em nenhum lugar das Escrituras. Se é verdade que o 'mal' é uma das coisas criadas por Jesus, então é igualmente verdade que "o mal foi criado para ele". Mas como pode o mal ter sido criado para Jesus, se sua missão visa nos livrar de "toda a obra má"?(2 Tm 4:18). Não faz nenhum sentido, apresentar Jesus em Cl 1:16 como 'criador' ou 'autor' do pecado, quando as Escrituras o apresentam como o 'destruidor' do pecado:

"Assim também Cristo, oferecendo-se uma vez para tirar os pecados de muitos..."(Hb 9:28)

"No dia seguinte João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo"(Jo 1:29)

"E bem sabeis que ele se manifestou para tirar os nossos pecados; e nele não há pecado"(1 Jo 3:5)

Interessante, que o verbo grego "αἴρω"(airō), que aparece como "tirar" em Jo 1:29; Hb 9:28 e 1 Jo 3:5, de acordo com "Thayer's Greek English Lexicon of the New Testament",tem o sentido de "destruir"(p.17). Jesus não é o autor do pecado, mas o seu destruidor.

Outra coisa, se é verdade que o mal é uma das coisas criadas por Jesus, é igualmente verdade que ele sustenta a existência desse mal, pois lemos "e todas as coisas subsistem por ele". O verbo grego "συνίστημι"(synistēmi), aqui[Cl 1:16], aqui traduzido por "subsistem", de acordo com o "Dicionário Grego-Português do Novo Testamento Grego", significa literalmente "ficar em harmônia"(p.966). O mal, isto é, o pecado, está em harmonia com Jesus Cristo? Que ideia seria mais blasfema do que essa - crer que Jesus e o mal ou o pecado estão em harmonia, considerando que Deus disse que "Mas as vossas iniqüidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que não vos ouça"?(Is 59:2). As palavras de Jesus e de Paulo rejeitam qualquer ideia nesse sentido, quando dizem:

"Ele, porém, voltando-se, disse a Pedro: Para trás de mim, Satanás, que me serves de escândalo..."(Mt 16:23)

"Já não falarei muito convosco, porque se aproxima o príncipe deste mundo, e nada tem em mim"(Jo 14:30)

"O ladrão não vem senão a roubar, a matar, e a destruir; eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância"(Jo 10:10)

"E, visto como os filhos participam da carne e do sangue, também ele participou das mesmas coisas, para que pela morte aniquilasse o que tinha o império da morte, isto é, o diabo"(Hb 2:14)

"E que comunhão tem a luz com as trevas? E que concórdia há entre Cristo e Belial?"(2 Co 6:14-15)

"Quem dentre vós me convence de pecado?"(Jo 8:46)

"...Mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado"(1 Pe 1:19)

"Porque nos convinha tal sumo sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores, e feito mais sublime do que os céus"(Hb 7:26)

"Quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará as vossas consciências das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo?"(Hb 9:14)

Realmente, não faz nenhum sentido a crença de que de Cristo, que, por natureza, é absolutamente "bom"(Jo 10:11,14; 2 Co 2:15), e "imaculado e incontaminado"(1 Pe 1:19), possa surgir o mal", no sentido de "pecado". A própria frase de Cristo - "porque se aproxima o príncipe deste mundo, e nada tem em mim" - mostra que não há nada que exista no ser de Lucífer, que possa subsistir no ser de Jesus Cristo, em sua natureza, interna ou externamente. Por conseguinte, o "mal"[no sentido de 'pecado'] que existe no ser de Lucífer, foi encontrado em seu ser(Ez 28:15; Jo 8:44), não no ato imaculado, santo e puro de criar, por parte de Jesus Cristo. A "Enciclopédia da Bíblia"(Volume 4), diz que "mal", tem o sentido literal de "o que é mau como oposição ao que é bom"(p.58). Dizer que Jesus Cristo, como Deus, criou algo "em oposição ao que é bom", isto é, em oposição a Si mesmo, que é absolutamente "bom"(Jo 10:11,14; 2 Co 2:15) por natureza, é um absurdo. Tal idéia beira a pura blasfêmia, e contraria a CFW, que diz que "nem violentada é a vontade da criatura, nem é tirada a liberdade ou contingência das causas secundárias, antes estabelecidas"(3:1). Jesus Cristo não criou nada imperfeito, nem inclinado a imperfeição, maldade, nem voltado contra a bondade, na qual foram feitas(Gn 1:31). Se "tudo quanto [Deus] tinha feito...era muito bom"(Gn 1:31), e se 'bondade' é ausência ou o contrário de maldade, onde estava o "mal" na criação de Deus? O próprio Jesus Cristo deixou bem claro que o 'mal' que Lucífer exibiu, partiu deste próprio anjo[Jo 8:44], não do Filho de Deus. A crença de Cheung e de seus pares, não faz nenhum sentido. A ideia de ensinar que Deus Filho, no ato de criar, criou o mal, contraria as Escrituras, que ensinam que com bondade, ele criou todas as coisas, e as dotou de fidelidade:

"Porque a palavra do Senhor é reta, e todas as suas obras são fiéis. Ele ama a justiça e o juízo; a terra está cheia da bondade do Senhor"(Sl 33:4-5)

Charles J. Ellicott[1819-1905], ministro anglicano, afirma que o Sl 33:4 alude ao louvor "ao ato criativo do Todo-Poderoso"(Com de Sl 33:4). Frederick B. Meyer[1847-1929], ministro batista, afirma que o Sl 33:4 alude "as belezas e maravilhas da criação"(Com de Sl 33:4). John Gill[1697-1771], outro ministro batista, afirma que a expresssão "e todas as suas obras são fiéis"(Sl 33:4) alude as suas "obras de criação"(Com de Sl 33:4). Nesse sentido, fica claro que todas as criações de Deus foram dotadas de fidelidade e bondade, e isto dista da interpretação extra-bíblica de Cheung e de seus pares, no sentido de que Deus criou o "mal", no sentido de "pecado".

Da mesma forma, a ideia de ensinar que Deus, no ato de criar, criou o mal, também contrária a Confissão de Fé de Westminster[1643-1649], que ensina que com bondade, ele criou todas as coisas, e as dotou de fidelidade:

"Ao princípio aprouve a Deus o Pai, o Filho e o Espírito Santo, para a manifestação da glória do seu eterno poder, sabedoria e bondade, criar ou fazer do nada, no espaço de seis dias, e tudo muito bom, o mundo e tudo o que nele há, visíveis ou invisíveis"(4:1)

De fato, o texto[Cl 1:16] menciona que Jesus criou todas as coisas, incluindo criaturas angelicais, investidas de autoridade, não que ele criou as ações de algumas dessas criaturas; portanto, não temos nenhuma menção do "mal", como uma das "coisas" criadas por Deus, neste verso. O entendimento de alguns comentaristas nem chega perto da visão de Cheung, como se segue:

"Não há referência a anjos maus, que não foram criados como tais. Impérios terrestres, ordens civis, etc., não podem ser entendidos"(Philip Schaff[1819-1893], Ministro Presbiteriano, Com de Cl 1:16)

"Uma vez que tudo criado por Deus é bom[Gn 1:31], isso sugeriria que todas as forças do mal no reino espiritual eram originalmente boas"(Mark Dunagan, Com de Cl 1:16)

"O aoristo caracteriza a criação como uma obra passada e perfeita. A criação está aqui no sentido mais completo e irrestrito atribuído a Cristo, e a doutrina está em perfeita harmonia com a teologia do discípulo amado"(John Eadie[1810-1876], Ministro Presbiteriano, Com de Cl 1:16)

(d)Outro texto usado pelos cheunguianos é Ef 1:11 =

"Nele, digo, em quem também fomos feitos herança, havendo sido predestinados, conforme o propósito daquele que faz todas as coisas, segundo o conselho da sua vontade"(ACF)

Só que, o verbo grego "ἐνεργέω"(energeō), aqui traduzido por "faz", de acordo com "Thayer's Greek English Lexicon of the New Testament", significa literalmente "efetuar"(p.215). O "The New Strong's Expanded Dictionary of Bible Words" reza "ἐνεργέω"(energeō)por trabalhar em, ser ativo, operativo"(p.1084). Frits Rienecker e Cleon Rogers rezam "ἐνεργέω"(energeō)por "operar eficazmente, ser efetivo, cumprir, realizar"(Chave Linguística do Novo Testamento Grego, p.387). Assim, a ideia aqui, sequer é de "criar". Mas se atentarmos para o contexto do verso, veremos várias ações de Deus Pai, no que tange àqueles a quem amou desde a eternidade. Ele "nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo"(Ef 1:3); "...nos elegeu nele antes da fundação do mundo"(Ef 1:4); "...nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo"(Ef 1:5); "nos fez agradáveis a si no Amado"(Ef 1:6). Mas, não há nenhuma menção dele[Deus Pai] ter criado o mal, no sentido de 'pecado', como admitem comentaristas reformados das Escrituras, diante desse texto:

"A predestinação não é apenas para a filiação, mas para uma herança; não apenas assegura a graça da adoção, mas prepara e provê uma porção celestial: e este ato de predestinação procede de acordo com um propósito; de acordo com um propósito de Deus, que nunca pode ser frustrado; e de acordo com o propósito de 'aquele Deus', como lemos uma das cópias de Stephens, que é o autor de todas as coisas, exceto o pecado; das obras da criação e da providência, e da graça e salvação; e que opera tudo isso de acordo com sua vontade, como lhe apraz, e de acordo com o conselho dela, de maneira sábia e prudente, da melhor maneira que possa ser concebida; pois ele é maravilhoso em conselho e excelente em trabalhar; portanto, seu conselho sempre permanece, e ele faz todo o seu prazer: e, portanto, a herança que os santos obtêm em Cristo"(John Gill[1697-1771], Ministro Batista Calvinista, Com de Ef 1:11)

"É de acordo com o propósito, a vontade fixa e inalterável, daquele que faz todas as coisas segundo o conselho de sua própria vontade[Ef 1:11], que realiza poderosamente tudo o que diz respeito aos seus eleitos, como ele sabiamente e livremente preordenado e decretado, o último e grande fim e desígnio de tudo o que é sua própria glória"(Matthew Henry[1662-1714], Ministro Presbiteriano, Com de Ef 1:11)

"Quem faz todas as coisas, poderosa e eficazmente"(Matthew Poole[1624-1679], Ministro Congregacional, Com de Ef 1:11)

"Observe que Deus não opera após a influência da opinião humana, regra da maioria ou outras considerações. Ele operará o conselho de Sua vontade"(Mark Dunagan, Com de Ef 1:11)

(e)Outro texto usado pelos cheunguianos é Pv 16:4, onde lemos:

"O Senhor fez todas as coisas para atender aos seus próprios desígnios, até o ímpio para o dia do mal"(ACF)

Mas a ideia aqui não é que Deus criou todas as coisas, e dentre elas, o mal; mas que Ele criou todas as coisas para um propósito, "até o ímpio para o dia do mal". E nesse sentido, a idéia aqui não comporta a crença de que Deus tenha criado o mal, no sentido de 'pecado', como reconhecem alguns comentaristas das Escrituras, como se segue:

“O ímpio por quem ele não é glorificado, mas ele será glorificado. Ele não torna nenhum homem mau, mas ele fez aqueles que ele previu que seriam maus[Gn 6:6], porque ele sabia como obter honra sobre eles[Veja Rm 9:22]. Ou (como alguns entendem) ele fez os ímpios serem usados por ele como instrumentos de sua ira no dia do mal, quando ele traz julgamentos sobre o mundo. Ele faz algum uso até mesmo de homens ímpios, como de outras coisas, para ser sua espada, sua mão[Sl 17:13,14], flagelo Dei – o flagelo de Deus. O rei da Babilônia é chamado seu servo”(Matthew Henry[1662-1714], Ministro Presbiteriano, Com de Pv 16:4)

Portanto, não devemos tirar a conclusão errada de que Deus é o Autor do mal”(Ger de Koning, Com de Pv 16:4)

Ele não faz o homem perverso ou mau; mas quando o homem se fez tal, mesmo assim Deus o suporta”(Adam Clark[1760-1832], Ministro Metodista, Com de Pv 16:4).

“Agora, a palavra mal, é claro, é uma referência ao julgamento que está por vir. Há uma escritura em Isaías que trouxe muitos problemas para as pessoas, onde Deus declarou que Ele criou o mal. E eles dizem: ‘Oh, como Deus poderia criar o mal?’. A palavra na verdade é julgamentos. Deus criou os juízos que vêm sobre o mal. Então, ‘O Senhor fez todas as coisas para Si mesmo’. ‘Tu criaste todas as coisas, e por tua boa vontade são e foram criadas’(Ap 4:11). E Deus até criou o mal ou o ímpio. Agora Deus não os criou ímpios, mas Ele criou pessoas ímpias. Você pode pegar a diferença?

Deus criou as pessoas; alguns deles são maus. Não precisavam ser, mas são. Deus os criou. Você não pode negar o fato de que Deus os criou. Então, em certo sentido, você pode dizer que Deus criou os ímpios. Ele não os criou ímpios, mas Ele criou os ímpios. Eles se tornaram perversos. Deus os criou. E Ele realmente criou também os julgamentos que virão sobre essas pessoas ímpias”(Charles W. Smith[1927-2013], Ministro da Igreja do Evangelho Quadrangular, Com de Pv 16:4)

É, portanto, impossível para Ele de qualquer forma ser o autor do pecado. Sendo bondade absoluta, Ele não pode fazer um homem mau. Ele odeia o pecado e não pode aumentá-lo criando maldade. É uma impossibilidade para ele ser o autor do erro de qualquer forma”(Joseph Exell[1849-1910], William Jones[1800-1873], Christopher G. Barlow[1858-1915], W. Frank Scott, Com de Pv 16:4)

(f)Outro texto usado pelos cheunguianos é Jo 1:3, onde lemos:

"Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez"(ACF)

No mesmo capítulo e contexto de Jo 1:3, lemos:

"Estava no mundo, e o mundo foi feito por ele, e o mundo não o conheceu"(Jo 1:10 ACF)

Evidentemente, temos aqui umas menção dos réprobos, que jamais 'conheceram' o Senhor Jesus, no sentido de crer nele como Deus, Salvador e Messias. Não temos nenhuma indicação de que Deus tenha colocado a incredulidade e a ignorância espiritual neles, mas que eles não criam nem conheciam salvificamente a Jesus, por serem irregenerados e filhos do diabo(Jo 8:43-44), e é justamente dentro desse contexto que Jesus, e Paulo dizem:

"Não me conheceis a mim, nem a meu Pai; se vós me conhecêsseis a mim, também conheceríeis a meu Pai"(Jo 8:19 ACF)

Jesus justifica a ignorância espiritual e a incredulidade deles devido à sua natureza e vontade corruptas e pecaminiosas(Rm 3:9-17) e ao fato de não serem eleitos:

"Eu rogo por eles; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus... Pai justo, o mundo não te conheceu; mas eu te conheci, e estes conheceram que tu me enviaste a mim"(Jo 17:9,25)

"Mas vós não credes porque não sois das minhas ovelhas, como já vo-lo tenho dito"(Jo 10:26)

"E não quereis vir a mim para terdes vida"(Jo 5:40)

"Mas falamos a sabedoria de Deus, oculta em mistério, a qual Deus ordenou antes dos séculos para nossa glória; a qual nenhum dos príncipes deste mundo conheceu; porque, se a conhecessem, nunca crucificariam ao Senhor da glória"(1 Co 2:7-8)

"Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente"(1 Co 2:14)

Por fim, Paulo mostra que a ignorancia espiritual foi colocada nos homens, não por Jesus Cristo, mas por Lucífer:

"Mas, se ainda o nosso evangelho está encoberto, para os que se perdem está encoberto. Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus"(2 Co 4:4)

Mas voltando ao assunto de Jo 1:3, novamente, ocorre aqui[Jo 1:3] o mesmo que em Cl 1:16, isto é, a ideia de que Deus criou todas as coisas, mas não todas as ações de todas as coisas, o que incluíria as ações más de anjos e homens. E, Cl 1:16, de forma particular, mostra que Cristo criou todos os anjos, tanto os eleitos, como os não eleitos; e que, os não eleitos, como Lucífer, antes da queda, não eram originalmente portadores de nenhuma maldade, ou qualquer inclinação natural ao mal:

"Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade..."(Jo 8:44)

O verbo grego "ἵστημι"(histēmi), aqui traduzido por "firmou", de acordo com a "Nova Chave Linguística do Novo Testamento Grego", de Wilfrid Haubeck e Heinrich Von Siebenthal, significa literalmente "estar em pé"(p.603), ou uma tradução literal do texto grego - "καὶ ἐν τῇ ἀληθείᾳ οὐχ ἔστηκεν" -, de acordo com o "Léxico Grego -Português do Novo Testamento Baseado em Domínios Semânticos", de J. Louw e E. Nida, seria "ele não continuou na verdade"(p.138).

Nas palavras de Jesus, Lucífer, antes da queda, estava de pé, estava na verdade, e era uma criatura reta. Isso significa, que, conforme e confirmando Gn 1:31, o mal, originalmente, não fazia parte de nenhuma das criações de Deus, mas, pela livre agência das criaturas, foi desencadeada nelas e por elas.

Um outro texto, que ao meu ver, se aplica profeticamente a Lucífer [outros dizem se referir ao homem), diz:

"Tu eras o querubim, ungido para cobrir, e te estabeleci; no monte santo de Deus estavas, no meio das pedras afogueadas andavas. Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que se achou iniqüidade em ti"(Ez 28:14-15)

Se o texto se aplica a Lucífer [o que é mais lógico] ou ao homem, mostra-nos, contudo, que a fonte do mal ou do pecado, é a própria criatura, porque o verbo hebraico "מָצָא"(masa), aqui traduzido por achou", de acordo com o 'The Brown-Driver-Brigs Hebrew and English Lexicon", significa literalmente "ser descoberto, detectado; da iniquidade, crime"(p.594). A iniquidade, segundo Deus, foi descoberta, detectada, achada e encontrada na criatura. Ela, a criatura, portanto, é a fonte de onde emana todo o mal, no sentido de 'pecado'.

Assim, permanece o fato de que Jo 1:3 não fornece nenhuma evidência para a crença de que Jesus Cristo, como Deus Criador e Eterno, tenha criado o 'mal', no sentido de 'pecado', como admitem os comentaristas das Escrituras, como se segue:

"Isso não significa que Ele também criou o mal. Deus é bom e tudo que sai Dele tem esse caráter. Nele não há escuridão alguma[1 Jo 1:5]. Nada pode sair Dele que seja contrário ao Seu ser. Assumir que Ele também criou o mal limita Sua bondade. Ele criou seres, anjos e homens, que eram e são capazes de fazer o mal, mas Ele não criou o mal em si”(Ger de Koning, Com de Jo 1:3)

“O aoristo se refere ao fato da criação; do perfeito ao resultado permanente desse fato”(Cambridge Greek Testament, Com de Jo 1:3)

Esta declaração deixa de lado as noções de matéria eterna e de mal inerente”(Marvin R. Vincent[1834-1922], Ministro Presbiteriano, Com de Jo 1:3)

“Os Pais levantaram curiosas especulações sobre a origem do mal a partir da expressão agora diante de nós. ‘Se nada foi feito sem Cristo’, eles argumentavam, ‘de onde veio o pecado?’. A resposta mais simples a esta pergunta é que o pecado não estava entre as coisas que foram originalmente criadas no princípio. Veio depois, na queda: ‘Por um homem entrou o pecado no mundo’[Rm 5:12]. Que não poderia ter entrado sem permissão divina, e que sua entrada foi anulada para a demonstração da misericórdia divina na redenção, são verdades inegáveis. Mas não temos o direito de dizer que o pecado estava entretodas as coisas’, que foramfeitas por Cristo’”(John C. Ryle[18016-1900], Ministro Anglicano, Com de Jo 1:3)

(II)'Is 45:7 afirma que Deus é o Criador do mal, portanto, do pecado!'

Resposta: Cheunguiniano, violas não só a hermenêutica, mas também a própria exegese do texto. Violas a hermenêutica, porque o contexto do v.7 nos revela que Deus criaria o mal, através do ímpio Ciro, que espalharia desolação sobre muitas pessoas:

"Assim diz o SENHOR ao seu ungido, a Ciro, a quem tomo pela mão direita, para abater as nações diante de sua face, e descingir os lombos dos reis, para abrir diante dele as portas, e as portas não se fecharão.

Eu irei adiante de ti, e endireitarei os caminhos tortuosos; quebrarei as portas de bronze, e despedaçarei os ferrolhos de ferro.

Dar-te-ei os tesouros escondidos, e as riquezas encobertas, para que saibas que eu sou o Senhor, o Deus de Israel, que te chama pelo teu nome.

Por amor de meu servo Jacó, e de Israel, meu eleito, eu te chamei pelo teu nome, pus o teu sobrenome, ainda que não me conhecesses"(Is 45:1-6)

Basicamente esse é o entendimento da passagem, segundo o parecer de vários teólogos reformados:

“O paralelismo aqui mostra que isso não deve ser entendido no sentido de todo mal, mas daquilo que é o oposto de paz e prosperidade. Ou seja, Deus dirige julgamentos, decepções, provações e calamidades; ele tem poder para deixar iradas as loucas paixões das pessoas e afligir nações com guerra; ele preside eventos adversos e prósperos. A passagem não prova que Deus é o autor do mal moral, ou pecado, e esse sentimento é repugnante à compreensão geral da Bíblia e a todas as visões justas do caráter de um Deus santo”(Albert Barnes[1798-1870], Ministro Presbiteriano, Com de Is 45:7)

“Mal: nunca traduzido ‘pecado’. Deus traz a calamidade como conseqüência inevitável do pecado. É traduzida como 'calamidade' nos Salmos 141: 5; ‘adversidade’ em 1 Samuel 10:19 “(Ethelbert W. Bullinger[1837-1913], Ministro Anglicano, Com. de Is 45:7)

“As palavras não têm relação com o problema insolúvel do que chamamos de origem do mal. Omal’, em oposição àpazou prosperidade, é sofrimento, mas não pecado; normalmente, nos conselhos divinos, ao mesmo tempo a consequência e a correção do mal moral (comp. Is 47:11; 57:10)”(Charles John Ellicott [1819–1905], Ministro Anglicano, Com. de Is 45:7)

“A paz entre Deus e os homens é feita por Cristo, que é Deus sobre todos; a paz espiritual da consciência vem de Deus, através de Cristo, pelo Espírito; glória e felicidade eternas são de Deus, que os santos entram na morte; paz entre os próprios santos aqui e com os homens do mundo; paz nas igrejas e no mundo, Deus é o autor, mesmo de toda prosperidade de todo tipo, que esta palavra inclui: ‘o mal’ também é dele; não o mal do pecadoisso não pode ser encontrado entre as criaturas que Deus fez; isto é dos homens, embora suportado pelo Senhor, e vencido por ele para o bem: mas o mal da punição pelo pecado, os dolorosos julgamentos de Deus, fome, pestilência, bestas más e espada, ou guerra, que esta última pode ser mais especialmente intencionada, em oposição à paz; isso geralmente é o efeito do pecado; às vezes pode estar legalmente envolvido; se um fundamento bom ou ruim é permitido por Deus; além disso, todas as aflições, adversidades e calamidades têm esse nome e são de Deus[ver Jó 2:10]’”(John Gill[1697-1771], Ministro Batista Calvinista, Com de Is 45:7)

"Quando Deus fala de sua criação do mal aqui, ele está falando dos desastres e calamidades que ele traz sobre os inimigos de seu propósito. Isso não pode significar que Deus cria o mal moral, mas se refere aos julgamentos que Deus envia para a história. Ele está falando da angústia e desastre que os homens experimentam da parte de Deus como consequência de seu pecado[veja Am 3:6]"(James B. Coffman[1905-2006], Com de Is 45:7)

“Envio paz e guerra, prosperidade e adversidade, como em Am 3:6”(Bíblia de Estudo de Genebra[1590], Com de Is 45:7)

Faço a paz e crio o mal - não o mal moral[Tg 1:13], mas em contraste com a ‘paz’ na cláusula paralela, guerra, desastre[cf.Sl 65:7; Am 3:6])”(Robert Jamieson[1802-1880], Andrew Robert Fausset[1821-1910]e David Brown [1803-1897], Ministros Anglicanos, Com de Is 45:7).

“Mal, isto é, guerra, por uma especialidade”(John Trapp[1601-1669], Ministro Anglicano, Com de Is 45:7)

Todos os confortos e calamidades dos homens vêm da minha mão”(Mattthew Poole[1624-1679], Ministro Congregacional Puritano, Com de Is 45:7).

“Que Ciro, quando ele se torna rico e grande, lembre-se de que ele ainda é apenas um homem, e que Deus não existe exceto um. Que ele é o Senhor de todos, e nada é feito sem ele(Is 45:7): eu formo a luz, que é grata e agradável, e crio trevas, que são graves e desagradáveis. Eu faço a paz (coloque aqui para todo o bem) e crio o malnão o mal do pecado(Deus não é o autor disso), mas o mal da punição. Eu, o Senhor, ordeno, dirijo e faço todas essas coisas. Observe: Os eventos muito diferentes que ocorrem nos filhos dos homens”(Matthew Henry[1662-1714], Ministro Presbiteriano, Com de Is 45:7).

(III)Violas a exegese, quando não apresentas o que significa 'mal' em Is 45:7.

"Eu formo a luz, e crio as trevas; eu faço a paz, e crio o mal; eu, o Senhor, faço todas estas coisas"(Is 45:7 ACF).

O verbo hebraico 'בָּרָא'(bara) que aparece aqui como "crio", de acordo com o Léxico Hebraico do Antigo Testamento de F. Brown, S. Driver e C. A. Briggs, tem o significado de "formar por corte, modelando, descascando uma palheta para escrever, um bastão para uma flecha". O sentido do texto ali, mostra uma ação onde Deus iria, através de um corte, abrir uma lâmina para deixar uma mensagem escrita na própria pele ou nos próprios corações de muitas pessoas, usando como exemplo metafórico um tipo de vara pontiaguda para ser usada como uma flecha, simplesmente para atingir certas pessoas. E isso ele faria sobre seus inimigos, pelas mãos do ímpio Ciro. A criação daquele tipo de mal, seria feito a partir de matéria preexistente - Ciro. Isso mostra que o mal não é criação ou algo de autoria divina, precedendo ou incluído à criação de todas as coisas, o que infere que Deus não criou o mal. O mal não fez parte de nenhuma de suas criações originais:

"E viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom; e foi a tarde e a manhã, o dia sexto"(Gn 1:31)

(IV)O adjetivo hebraico רַע(ra), que aparece aqui(em Is 45:7) traduzido por "mal", de acordo com o Léxico Hebraico do Antigo Testamento de F. Brown, S. Driver e C. A. Briggs, tem, em Is 45:7, o significado de "angústia, adversidade"(p.948). Isso bate justamente com o que comentamos anteriormente, no sentido daquilo que Ciro, como instrumento de Deus, traria sobre povos rebeldes. Mas note... Os lexicógrafos, especificamente nesse texto de Is 45:7, não traduzem o adjetivo hebraico por "pecado". Isso depõe contra o pensamento louco e desonesto dos seguidores do fake Vicent Cheung, até porque, o próprio contexto do verso também favorece e dá subsídios para a tradução dos lexicógrafos, que por sinal, eram todos calvinistas.

(V)Em Hc 1:13, lemos:

"Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal"(ACF).

Algumas das definições que o arminiano e lexicógrafo arminiano James Strong dá ao verbo hebraico רָאָה(raah), aqui traduzido por "ver" são "escolher"(The New Strong's Expanded Dictionary of Bible Words, p.799), "aprovar"(Ibidem, p.798); "fornecer"(Ibidem, p.798); "desfrutar"(Ibidem, p.798); "aconselhar"(Ibidem, p.798), 'ter experiência"(Ibidem, p.798), "aparecer"(Ibidem, p.798), ou causar. Nesse sentido, era como se estivéssemos lendo: "Tu és tão puro de olhos, que não podes causar o mal", ou "Tu és tão puro de olhos, que não podes aprovar o mal", ou "Tu és tão puro de olhos, que não podes ser a fonte do mal"; ou "Tu és tão puro de olhos, que não podes escolher o mal". Lembrando que "fornecer" tem como definições "abastecer, proporcionar, gerar, ser fonte"(Michaelis Online). Sim. Nesse sentido, Deus não pode ser a fonte, a causa ou a autoria do mal. Isso seria um acinte a sua santidade, pureza, justiça e retidão. Isso nos faz lembrar as palavras do arminiano John Wesley(1703-1791), có-fundador do Metodismo Inglês, em seu Sermão "O objetivo da vinda de Cristo", I, 8-9), dizendo:

"Isto desvenda a dificuldade total da grande pergunta: 'Como entrou o mal no mundo?'. O mal veio de 'Lúcifer, filho da manhã'. Foi a obra do diabo. 'Pois o diabo, diz o Apóstolo, peca desde o início', isto é, foi o primeiro pecador no universo, o autor do pecado, o primeiro ser que, pelo abuso da sua liberdade, introduziu o mal na criação. Ele, dos primeiros, senão o primeiro arcanjo, foi autotentado a atribuir-se a si mesmo alto valor. Ele livremente cedeu à tentação, dando lugar primeiramente ao orgulho e então à teimosia. Ele disse: 'Eu me sentarei no lado do norte, serei igual ao Altíssimo'. Ele não caiu sozinho, mas arrastou após si, imediatamente, um terço das estrelas do céu; em consequência disso perderam a sua glória e felicidade e foram expulsos da sua habitação primitiva".

(VI)Deus não criou o mal ou pecado, mas criou os autores do mal e do pecado - Lucífer, no Céu; e Adão e Eva, na Terra:

(VII)Lucífer, o autor do pecado, nos Céus

Como caíste desde o céu, ó Lúcifer, filho da alva! Como foste cortado por terra, tu que debilitavas as nações!

E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no monte da congregação me assentarei, aos lados do norte.

Subirei sobre as alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo"(Is 14:12-14 ACF)

"Tu eras o querubim, ungido para cobrir, e te estabeleci; no monte santo de Deus estavas, no meio das pedras afogueadas andavas.

Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que se achou iniquidade em ti"(Ez 28:14,15)

"Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira"(Jo 8:44)

O adjetivo grego πατήρ(patēr), aqui traduzido por 'pai', de acordo com o Léxico Grego do Novo Testamento de J. H. Thayer, significa literalmente "Criador". E se a mentira é um pecado, e se o Diabo é o 'pai' da mentira, ele é o 'Criador do pecado da mentira'. O Léxico Grego do Novo Testamento de Edward Robinson(reformado), reza πατήρ(patēr)em Jo 8:44, como se referindo a Satanás como "o autor, a orígem, e o iniciador". Ora, ora. Se a mentira é pecado, então sendo o diabo o pai da mentira, ele é o autor do pecado e o seu iniciador.

(VIII). Adão e Eva, na Terra.

"E Deus disse: Quem te mostrou que estavas nu? Comeste tu da árvore de que te ordenei que não comesses?"(Gn 3:1)

"E a Adão disse: Porquanto deste ouvidos à voz de tua mulher, e comeste da árvore de que te ordenei, dizendo: Não comerás dela, maldita é a terra por causa de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua vida"(Gn 3:17)

O substantivo hebraico עִצָּבוֹן(iṣṣāḇôn), aqui traduzido por "causa", de acordo com "O Léxico Hebraico do Antigo Testamento da King James Version", significa literalmente "a partir de", indicando que o mal que recaíra sobre os homens, partiu de ou teve origem em Adão e com Adão. No caso, Adão foi a causa, a orígem e a autoria do mal sobre os homens e a Terra.

"Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo..."(Rm 5:12)

Interessante, que neste texto(Rm 5:12), o verbo grego εἰσέρχομαι(eiserchomai), aqui traduzido por "entrar", de acordo com o Léxico Grego do Novo Testamento de J. H. Thayer, significa literalmente "surgir, começar a existir", o que indica que Adão é o autor, origem ou causa do pecado na Terra.

"Eis aqui, o que tão-somente achei: que Deus fez ao homem reto, porém eles buscaram muitas astúcias"(Ec 7:29)

O verbo hebraico בָּקַשׁ(baqash), aqui traduzido por "buscar", de acordo com o Léxico Hebraico do Antigo Testamento de F. Brown, S. Driver e C. A. Briggs, significa literalmente "procurar, visar, praticar"(p.134). O entendimento desta passagem é que Adão e Eva, em sua atitude, "procuraram", "visaram" e "praticaram" o mal ou pecado na Terra. O sentido de "praticar" é literalmente "Levar a efeito; fazer, realizar, pôr em execução; obrar, perfazer, realizar regularmente uma atividade; perpetrar, fazer surgir ou dar origem a, produzir"(Dicionário Michaelis Online). Não resta nenhuma dúvida, que o sentido original da sentença do texto hebraico aponta para Adão e Eva como a origem, a causa ou o surgimento do mal ou pecado na Terra. O substantivo masculino hebraico "חִשָּׁבוֹן"(chishshabown), aqui traduzido por "astúcias", de acordo com o Léxico Hebraico do Antigo Testamento de F. Brown, S. Driver e C. A. Briggs, significa literalmente "invenção"(p.364), o que de fato aponta para eles como autores do mal ou pecado na Terra. Isso é indiscutível, do ponto de vista exegético.

E em 1 Jo 1:5, lemos:

"E esta é a mensagem que dele ouvimos, e vos anunciamos: que Deus é luz, e não há nele trevas nenhuma"(ACF)

O substantivo grego "σκοτία"(skotia), aqui traduzido por "trevas", de acordo com o Léxico Grego do Novo Testamento de J. H. Thayer, "é usado para a ignorância das coisas divinas e sua maldade associada, e a miséria resultante"(p.580). Consequentemente, o mal(o pecado, a maldade) não foi gerado nEle e, portanto, não pode proceder de Deus, visto que exegeticamente João afirma não existir nele 'mal nenhum', o que afasta dele a autoria do mal ou do pecado, conforme admitem comentaristas reformados:

"A linguagem é provavelmente projetada para proteger a mente de um erro ao qual é propensa, a de acusar Deus de ser o autor do pecado e da miséria que existem na terra; e o apóstolo parece querer ensinar que, seja qual for a fonte do pecado e da miséria, não era, de modo algum, imputável a Deus"(Albert Barnes[1798-1870], Ministro Presbiteriano, Com. de 1 Jo 1:5)

"Nenhuma escuridão do pecado"(John Gill[1697-1771], Ministro Batista Calvinista, Com. de 1 Jo 1:5)

"Nenhuma escuridão. Negação forte [skotia[(grego #4653) ouk(grego #3756 ) estin(grego #2076) oudemia(grego #3762): 'não, nem um pontinho de escuridão'; sem ignorância, erro, falsidade, pecado, morte"(Robert Jamieson[1802-1880], Andrew Robert Fausset[1821-1910] e David Brown[1803-1897], Ministros Anglicanos, Com. de 1 Jo 1:5)

"Não há trevas, nada de contrário ou repugnante"(Matthew Poole[1624–1679], Ministro Congregacional Puritano, Com. de 1 Jo 1:5).

"isto é, Deus é tão puro que nem um pouco de imprudência se apega a ele; tão santo, que nenhum pecado pode ser encontrado nele e, conseqüentemente, nenhuma escuridão de pecado ou impunidade pode proceder dele"(William Burkitt[1650-1703], Ministro Anglicano, Com. de 1 Jo 1:5)

E Davi diz:

"Porque tu não és um Deus que tenha prazer na iniquidade, nem contigo habitará o mal"(Sl 5:4).

Nesse texto, o verbo hebraico "גּוּר"(guwr) aqui traduzido por "habitará", de acordo com o Léxico Hebraico do Antigo Testamento de F. Brown, S. Driver e C. A. Briggs, significa literalmente "que o mal não pode ser um convidado seu"(p.157). Deus não é atraído pelo mal, tampouco o atrai para si, e a razão é simples- Ele é um Deus "que não tem prazer na iniquidade". O adjetivo hebraico "חָפֵץ"(chaphets), que é traduzido aqui por "prazer", de acordo com o Léxico Hebraico do Antigo Testamento de F. Brown, S. Driver e C. A. Briggs, significa literalmente "deliciando-se", e no sentido original do texto, significa literalmente "não és um Deus que se compraz na maldade"(p.343). Realmente, a vontade revelada de Deus não se satisfaz no mal. Sim. de acordo com o texto hebraico original, o mal não faz parte do Ser de Deus, não podendo proceder dEle. O irmão de nosso Senhor, disse: "Deus não pode ser tentado pelo mal"(Tg 1:13). Interessante, que o substantivo hebraico masculino "רֶשַׁע"(resha) aqui (em Sl 5:4) traduzido por "mal", de acordo com o Léxico Hebraico do Antigo Testamento de F. Brown, S. Driver e C. A. Briggs, significa literalmente "maldade, como violência e crime contra o direito civil"(p.957). O Léxico Hebraico do Antigo Testamento, de Wilhelm Gesenius reza "רֶשַׁע"(resha) por "maldade, injustiça", o que corresponde a violação da lei e da justiça. E o que é o pecado, senão "qualquer falta de conformidade com a lei de Deus, ou qualquer transgressão desta lei"?(Catecismo Menor de Westminster[1648], Resp. Perg. nº 14).Nesse sentido, entendemos que o texto bíblico está afirmando que não procede da natureza de Deus o pecado. Sua autoria não vem dEla.

Realmente, se temos de entender a origem do mal ou do pecado, no homem, não o podemos creditar ao próprio Deus, mas a própria vontade do homem, como disse o irmão do Senhor:

"Ninguém, sendo tentado, diga: De Deus sou tentado; porque Deus não pode ser tentado pelo mal, e a ninguém tenta. Mas cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência"(Tg 1:13-14).

O Ser de Deus não pode ser enredado pelo próprio mal, da mesma forma que não é o autor ou instigador de nossas culpas ou pecados, como disse o irmão do Senhor. Assim pensavam muitos comentaristas reformados:

"Ele, pois, aqui trata de tentações íntimas, as quais nada mais são do que os desejos desordenados que arrastam ao pecado. Com razão ele nega que Deus seja o autor delas, porquanto elas emanam da corrupção de nossa natureza. Esta advertência se faz muito necessária, pois nada é mais comum entre os homens do que transferir para outros a culpa dos males que cometem; e, então, especialmente parece que se livram quando a atribuem a Deus mesmo. Imitamos constantemente este tipo de evasão, a qual nos foi legada, tal como é, desde o primeiro homem. Por esta razão, Tiago nos convoca a confessar nossas próprias culpas, e a não implicar Deus, como se Ele nos compelisse a pecar"(João Calvino[1509-1564], Com. de Tg 1:13)

"Daí se segue que a origem do pecado não está em Deus, e não se pode imputar-lhe nenhuma culpa, como se Ele tivesse prazer nos males. O significado é que se esquiva em vão quem tenta lançar sobre Deus a culpa de seus vícios, porque todo mal não procede de nenhuma outra fonte, senão a perversa concupiscência do homem; E, realmente, o fato é que somos levados a desviar-nops de nenhuma outra maneira, senão porque cada um tem sua própria inclinação como seu condutor e impulsor. Mas, que Deus a ninguém tenta, ele prova com isto: porque Ele não é tentado pelos males. Pois é o diabo que nos atrai ao pecado, e por esta razão; porque ele arde totalmente com o demente desejo de pecar. Deus, porém, não deseja o que é mal; portanto, Ele não é o autor do mal que nos é feito"(Ibidem).

"Era blasfêmia, perigosamente próxima à dos fariseus(Mt 12:22-27) pensar que o reino de Deus poderia ser tão dividido contra si mesmo, que Ele, direta ou indiretamente, deveria seduzir Seus súditos na revolta do pecado"(John C.Ellicott[1706-1772], Ministro Anglicano, Com. de Tg 1:13)

"A verdadeira força da tentação deve ser atribuída a alguma outra fonte - a nós mesmos, e não a Deus"(Albert Barnes[1798-1870], Ministro Presbiteriano, Com. de Tg 1:13)

"'Inacessível do mal'; veja a nota muito interessante do prefeito em ἀπείραστος; a palavra não ocorre em nenhum outro lugar no NT, nem na LXX. Se a interpretação desta passagem dada acima estiver correta, o significado aqui pareceria ser inconcebível que a ideia viesse à mente de Deus para tentar os homens a cobiçar; a 'intemperabilidade' talvez tenha uma aplicação dupla: Deus não pode ser tentado a fazer o próprio mal, nem pode ser tentado com o desejo de tentar os homens"(William R. Nicoll[1851-1923], Ministro Presbiteriano, Com. de Tg 1:12)

"Nem tenta a ninguém; isto é, a pecar"(John Gill[1697-1771], Ministro Batista Calvinista, Com. de Tg 1:12)

"Aqui é mostrada uma razão pela qual Deus não pode ser o autor do mau comportamento em nós, pois ele não deseja o mau comportamento"(Bíblia de Estudo de Genebra[1590], Com. de Tg 1:13)

"A causa do pecado está em nós mesmos"(Robert Jamieson[1802-1880], Andrew Robert[1821–1910] e David Brown[1803-1897], Ministros Anglicanos, Com. de Tg 1:14)

"De maneira alguma seduz ou impõe ao pecado, de modo a ser justamente acusado como seu autor"(Matthew Poole[1624–1679], Ministro Congregacional Puritano, Com de Tg 1:13)

"É improvável que haja qualquer referência aqui à doutrina dos fariseus sobre o destino; antes, a referência é à perversidade comum na natureza humana que tenta jogar em Deus a culpa de nossas culpas: que as tentações às quais fomos expostos e em conseqüência das quais caímos foram ocasionadas por Deus, sendo causadas por as circunstâncias em que Sua providência nos colocou, ou pelo temperamento com o qual Ele nos criou"(Phillip Schaff[1819-1893], Ministro Presbiteriano, Com. de Tg 1:12)

Na expressão "Deus não pode ser tentado pelo mal"(Tg 1:13), o adjetivo grego "ἀπείραστος"(apeirastos), traduzido aqui por 'não pode ser tentado', de acordo com o Léxico Grego do Novo Testamento, de Edward Robinson, significa literalmente "não provado, não tentado, incapaz de ser tentado". Isso mostra que Deus é absolutamente isento da influência do mal. Já, na expressão "e a ninguém tenta"(Tg 1:13), o verbo grego "πειράζω"(peirazó), aqui traduzido por 'tenta', de acordo com o Léxico Grego do Novo Testamento de Edward Robinson, tem o sentido de "tentar as virtudes, seduzir, instigar a pecar". Sim, Deus, como um Ser absolutamente santo em sua natureza, não seduz e nem instiga(estimula) ninguém ao pecado, visto que pelo contexto, "cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência"(Tg 1:14). O homem, de acordo com Tiago, é a fonte de onde emana seu próprio pecado ou mal, invés de Deus.

É interessante e esclarecedor o parecer de Tiago, contrário a ideia daqueles que atribuem a Deus a autoria do mal que o homem caído ou eles mesmos cometem. Tiago refuta isso, afirmando que dizer que Deus tenta a alguém(isto é, instiga alguém ao pecado), equivale a crer e a afirmar que Ele pode ser tentado pelo mal, o que o apóstolo nega, pois o entendimento do pensamento do apóstolo de acordo com o texto original grego, indica que Deus não pode instigar ninguém ao pecado, porque justamente é "incapaz de ser tentado pelo mal", isto é, é incapaz de sofrer qualquer influência do mal.

(IX)O Pensamento dos Pais da Igreja

(1)Clemente de Roma(30-100), declara:

"E Pedro disse: Confesso, errei ao compará-lo ao maligno; porque fui obrigado a fazê-lo, porque não encontrei alguém que seja igual a você ou pior que você. Por esse motivo, eu o comparei com o maligno; porque você é muito mais perverso do que o autor do mal"(10ª Homília,VI)

(2)Taciano(120-160), declara:

"Também se deve rejeitar Zenão, que declara que na conflagração os mesmos homens ressuscitarão novamente para as mesmas ações de antes; por exemplo, Amito e Meleto para acusar Sócrates; Busíris para matar seus hóspedes e Herácles para repetir suas obras. Na hipótese da conflagração, Zenão admite mais maus do que bons, pois houve apenas um Sócrates e um Herácles e outros dos mesmo tipo, que sempre foram poucos e não muitos. Segundo ele, sempre haverá mais maus do que bons, e o próprio Deus aparecerá como autor do mal, ao ter que morar em esgotos, entre vermes e malfeitores"(Discurso aos Gregos, III)

(3)Irineu(130-200), bispo de Lião, declara:

"Os hereges de quem falamos, mesmo sem se dar conta, acusam o Senhor no qual dizem acreditar. O que eles opõem Àquele que uma vez condenou os desobedientes e golpeou os egípcios ao mesmo tempo que salvava os que lhe obedeciam, também atinge o Senhor que condena para a eternidade os que condena e absolve para a eternidade. Nas palavras deles, o Senhor seria a causa do pecado máximo, dos que o prenderam e o transpassaram"(Contra Heresias; IV, 28:3)

(4)Tertuliano(160-230), bispo de Cartago, disse:

"Esta descrição, é evidente, pertence unicamente a transgressão do Anjo, e não à do príncipe, porque nenhum entre os seres humanos nasceu no paraíso de Deus, nem mesmo o próprio Adão, que ali foi introduzido, nem colocado como um querubim no santo monte de Deus, nas alturas dos Céus, a partir do qual o Senhor testifica que Satanás caiu; nem detido entre as pedras de fogo, e os raios de ardentes constelações, de onde Satanás foi lançado como um raio(Lc 10:18). Não é outro, senão o autor do pecado, que foi personificado na pessoa de um homem pecador: ele foi outrora irrepreensível, no tempo de sua criação, criado para o bem por Deus, como pelo bom Criador. de criatura irrepreensível, adornado com toda glória angelical e unido a Deus, bom com o bem; mas depois, por sua própria vontade, modificado para o mal"(Contra Marcião, II:10).

"A sentença de Deus sobre esse seu sexo continua viva mesmo em nossos dias e, portanto, é necessário que a culpa também continue. Você é quem abriu a porta para o diabo, você quem primeiro colheu o fruto da árvore proibida, você foi a primeira que a abandonou a lei divina; foi você quem convenceu aquele a quem o diabo não era forte o suficiente para atacar. Com muita facilidade você destruiu a imagem de Deus"(O Vestuário Feminino, 2).

"Ora, esta é a resposta que deve ser dada a Hermógenes quando ele afirma que foi em virtude de seu senhorio que Deus usou a matéria - mesmo por ele não ter gozado justamente para si, no terreno, é claro, por não ter Ele mesmo feito isso. O mal, então, nos seus termos, deve proceder do próprio Deus, pois Ele é - não direi, o Autor do mal, porque Ele não o criou, embora - seu permissor, como tendo domínio sobre aquilo"(Contra Hermógenes, 9).

"Somente essas passagens, nas quais Apeles e Marcião parecem depositar sua principal confiança quando interpretadas de acordo com a verdade de todo o evangelho não corrompido, deveriam ter sido suficientes para provar a carne humana de Cristo pela defesa de Seu nascimento. Porém, desde o completo conjunto de Apeles havia uma ênfase muito grande na condição vergonhosa da carne, que eles teriam que ter sido mobilizados com almas adulteradas pelo impetuoso autor do mal e tão indigno de Cristo; e porque eles, por esse motivo, supõem que uma substância sideral é adequada para Ele, sou obrigado a refutá-los em seu próprio terreno"(Da Carne de Cristo, VIII).

"Se, porque a injustiça não vem de Deus, mas do diabo, e a perseguição consiste em injustiça (por mais injusto que os bispos do verdadeiro Deus, que todos os seguidores da verdade devam ser tratados como criminosos mais vis?), a perseguição parece, portanto, proceder do diabo, por quem é perpetrada a injustiça que constitui perseguição"(De Fuga in Persecutione, 2).

(5)Orígenes(184-253), declara, aludindo ao herege Marcião:

"Em seguida mistura as seitas, penso eu, e não especifica as doutrinas de uma seita e as de outra. São nossas próprias críticas a Marcião que ele nos opõe; talvez as tenha entendido mal da boca de alguns que atacam a doutrina de maneira vulgar e trivial, e certamente sem nenhuma inteligência. Ele cita, pois os ataques feitos a Marcião e, deixando de indicar que fala contra Marcião, que declara: 'Por que mandar secretamente destruir as obras do demiurgo: Por que a irrupção clandestina, a sedução, o embuste? Por que ressuscitar as almas que, segundo vós, o demiurgo condenou ou, se malditas, raptá-las como um mercador de escravos? Por que ensinar-lhes a fugir de seu Senhor? Por que a fugir de seu Pai? Por que adotá-los contra a vontade do Pai? Por que se proclamar o Pai de filhos estranhos? A isso ele acrescenta, fingindo surpresa: 'O belo deus, na verdade, que deseja ser o pai de pecadores condenados por um outro, de indigentes ou, como eles mesmos dizem, de dejetos! O deus incapaz de repreender e punir aquele que ele enviou para os extorquir!'

Depois disso, como a se dirigir a nós que confessamos que este mundo não é obra de um deus estranho ou hostil, afirma: 'Se estas obras são de Deus, como podia ele criar o mal? Como é incapaz de persuadir, de repreender? Como ele pode, quando os homens se tornam ingratos e perversos, se arrepender, reprovar e odiar sua obra, ameaçar e destruir seus próprios filhos? Do contrário, para onde poderá ele relegá-los fora deste mundo que ele mesmo criou?'. Também aí, por deixar de elucidar a questão do mal, quando até entre os gregos existem diversas escolas sobre o bem e o mal, ele me parece cometer uma petição de princípio: de nossa afirmação que este mundo é obra do Deus supremo assim como ele é, Celso conclui que, segundo nós, Deus seria o autor do mal.

Como quer que seja a questão do mal, quer vejamos nela a obra de Deus ou uma consequência das obras primárias, eu me admiraria muito se a conclusão 'Deus criou o mal', que ele acredita tirar de nossa afirmação de que este mundo é obra do Deus supremo, não resultasse daquilo que ele mesmo sustenta. Pois poderíamos dizer a Celso: 'Se estas obras são de Deus, como podia Ele criar o mal? Como é Ele incapaz de persuadir, de repreender? O vício capital de uma argumentação é tachar de tolice as opiniões do adversário, quando por suas doutrinas se merece muito mais a censura.

Vejamos, pois brevemente a questão do bem e do mal à luz das Divinas Escrituras, e a resposta a dar à objeção: 'Como Deus podia criar o mal? Como é incapaz de persuadir, de repreender? Segundo as Divinas Escrituras, o bem em sentido próprio consiste nas virtudes e nas ações virtuosas e o mal em sentido próprio, em suas contrárias. Eu me contentarei com as palavras do Salmo 33 que confirmam este ponto: 'Nenhum bem falta aos que procuram ao Senhor. Filhos, vinde escutar-me, vou ensinar-vos o temor do Senhor. Qual é o homem que deseja a vida e quer a longevidade para ver o bem? Preserva tua língua do mal e teus lábios de falarem falsamente. Evita o mal e pratica o bem, procura a paz e segue-a'(Sl 33:11-15). Realmente, a ordem 'evita o mal e pratica o bem', não tem em vista nem o bem nem o mal físicos, como alguns os chamam, nem as coisas exteriores, mas o bem e o mal da alma. Pois justamente, aquele que se desviou deste gênero de mal e realizou este gênero de bem por desejo da vida verdadeira chegará a ele: 'Aquele que deseja ver dias felizes'(Ml 4:2), em que o Verbo é o Sol da Justiça, chegará até eles, libertando-os Deus 'do mundo presente que é mau'(Gl 1:4) e de seus dias maus de que dizia Paulo: 'Aproveitai o tempo presente, porque os dias são maus'(Ef 5:16).

Mas veríamos, no sentido próprio, que, na ordem das coisas físicas e exteriores, o que concorre para a vida natural é julgado um bem, e aquilo que a ela se opõe é julgado um mal. Desta forma diz Jó a sua mulher: 'Se recebemos o bem da mão do Senhor, não deveríamos receber também o mal?'(Jó 2:10). Assim sendo, encontramos nas Divinas Escrituras esta passagem atribuída a Deus: 'Eu asseguro o bem estar e crio a desgraça'(Is 45:7), e esta outra onde se diz: 'A desgraça desceu do Senhor até a porta de Jerusalém, ruído de carros e cavaleiros'(Mq 1:12-13). Esses textos perturbaram a não poucos leitores da Escritura, incapazes de discernir o que ela designa por bem e por mal. Daí provém sem dúvida a objeção de Celso: 'Como Deus podia criar o mal?'. Ou então, formulou a objeção por causa de uma explicação simplista destas passagens.

Nós, porém, dizemos: Deus não criou o mal, a maldade, as ações que dela procedem. Pois se Deus tivesse criado o mal verdadeiro, como então seria possível pregar com coragem o juízo, anunciar que os maus serão punidos por suas ações más e em proporção com seus pecados, e que aqueles que tiverem levado uma vida virtuosa serão felizes e receberão a recompensa divina? Sei perfeitamente que aqueles que ousam pretender que o mal igualmente provém de Deus alegarão alguns textos da Escritura. Mas não podem mostrar uma sequência coerente da Escritura. Ela acusa os pecadores em número bastante grande que cheguem a perturbar ps leitores ignorantes da Escritura Divina. Citar aqui estas passagens perturbadoras que são numerosas e as interpretar exigiria uma longa explicação, que não julgo adequada no presente tratado.

Portanto, tomando o termo em sentido próprio, Deus não criou o mal: é uma consequência de suas obras originais e em pequena quantidade comparado com a ordem do universo; um pouco como as aparas em espiral e a serragem de madeira resultam do trabalho original de marceneiro, e como os escombros, os detritos caídos das pedras e da poeira junto às casas parecem trabalho dos construtores"(Contra Celso, VI:53-55)

(6)Clemente de Alexandria(150-255), declara:

"Então, sob nenhum aspecto Deus é o autor do pecado"(Stromata, I:17)

"E você não sabe que, de todas as verdades, isso é o mais verdadeiro, que os bons e os piedosos obterão a boa recompensa, na medida em que mantêm a bondade em alta estima; enquanto, por outro lado, os iníquos receberão castigo. Para o autor do mal, o tormento foi preparado; e assim o profeta Zacarias o ameaça: 'Quem escolheu Jerusalém, repreende-o; eis que não é uma marca arrancada do fogo?'(Zc 3:2).Que desejo apaixonado, então, de morte voluntária é esse, enraizado na mente dos homens""(Exortação aos Gregos, X).

(7)Gregório Taumaturgo(213-270), declara:

"Ela não era como a virgem primitiva Eva, que, estando ociosa no paraíso, com mente impensada, escutava desprotegida a palavra da serpente, a autora de todo o mal, e assim se depravava nos pensamentos de sua mente; e através dela aquele enganador, descarregando seu veneno e recusando a morte com ele, o trouxe ao mundo inteiro; e em virtude disso surgiram todos os problemas dos santos"(1ª Homília[Sobre a Anunciação da Santa Virgem Maria]).

(8)Atanásio(296-373), o campeão da ortodoxia de Niceia, disse:

"Todo o seu sistema parece então vacilante, e é necessário pôr em todo o seu brilho a verdade do ensinamento da Igreja: o mal não vem de Deus, não está em Deus, não existiu no começo e não tem substância"(Contra os Pagãos, VII)

(9)Gregório(330-395), bispo de Nissa, disse:

"Por conseguinte, Deus é estranho a toda causalidade do mal, sendo Criador daquilo que existe"(A Grande Catequese, VII:4)

"Se, portanto, se considera o objetivo que se propõe em sua sabedoria Aquele que governa o Universo, não se poderá mais, em boa lógica, designar em um movimento de mesquinhez o Criador da humanidade como responsável pelos males... O fato de apelar aos sofrimentos corporais, que afetam necessariamente a parte inconstante de nossa natureza, para nomear Deus como o autor dos males ou recusar absolutamente de considerá-lo como Criador da humanidade, a fim de imputar-lhe a causa de nossas dores, é o cume da mesquinhez de espírito daqueles que julgam o bem e o mal segundo as impressões sensíveis e que não sabem que é bom por natureza somente aquele que não está em contato com a sensação, e que unicamente mal é o afastamento do verdadeiro bem"(Ibidem, VIII:13,15).

"Depois disso, comecei a acreditar nas tragédias e pensei que o jantar de Thyestes havia realmente ocorrido; e acreditava na luxúria ilegal de Oinomaos, nem duvidava do conflito em que o irmão desembainhava a espada sobre o irmão.

Então, depois de contemplar coisas como essas, comecei a perguntar de onde elas surgem, e qual é a sua origem, e quem é o autor de tais artifícios contra os homens, de onde veio sua descoberta e quem é o professor deles. Agora, é impossível ousar dizer que Deus era o autor dessas coisas; pois certamente nem se poderia dizer que eles têm dele sua substância ou existência. Pois como foi possível alimentar esses pensamentos com relação a Deus? Pois ele é bom, e o Criador do que é excelente, e a Ele não pertence nada ruim. Não, é da natureza Dele não ter prazer em tais coisas; mas Ele proíbe a prática delas, e rejeita aqueles que se deleitam com elas, mas admite em Sua presença aqueles que as evitam. E como poderia ser tudo, menos absurdo, chamar Deus de criador dessas coisas das quais Ele desaprova? Pois Ele não gostaria que eles não existissem, se Ele tivesse sido o criador deles; e Ele deseja que aqueles que se aproximam dele sejam imitadores dEle.

Por isso, me pareceu irracional atribuir essas coisas a Deus ou falar delas como tendo brotado dEle; embora certamente deva ser concedido que é possível que algo venha a existir fora do que não existe, caso Ele tenha feito o que é mau. Pois Aquele que os trouxe à existência a partir da inexistência não os reduziria à perda dela. E, novamente, deve-se dizer que houve uma época em que Deus teve prazer em coisas más, o que agora não é o caso. Portanto, parece-me impossível dizer isso de Deus"(A Respeito do Livre Arbítrio).

(10)Metódio de Olimpo(250-311), declara:

"Deus não fez o mal, nem é de modo algum o autor do mal; mas qualquer que falhou em manter a lei, que Ele com toda a justiça ordenou, depois de tê-lo feito com a faculdade de livre-arbítrio, com o propósito de guardá-la e guardá-la, é chamado de mal"(Do Discurso sobre a Ressurreição, I:1)

(11)Lactâncio(240-320), declara:

"Primeiro, ninguém nunca disse isso a respeito de Deus, que Ele é apenas sujeito à ira e não é influenciado pela bondade. Pois não é adequado a Deus que Ele seja dotado de um poder desse tipo, pelo qual possa ferir e causar danos, mas ser incapaz de lucrar e fazer o bem. O que significa, portanto, que esperança de segurança é proposta aos homens, se Deus é o autor dos males apenas? Pois, se é assim, essa venerável majestade será agora levada, não ao poder do juiz, a quem é permitido preservar e colocar em liberdade, mas ao ofício de torturador e executor. Mas, enquanto vemos que não há apenas males nos assuntos humanos, mas também bens, é claro que, se Deus é o autor dos males, deve haver outro que faz coisas contrárias a Deus e nos dá coisas boas. Se existe, por qual nome ele deve ser chamado? Por que aquele que nos machuca é mais conhecido por nós do que aquele que nos beneficia? Mas se isso não pode ser nada além de Deus, é absurdo e inútil supor que o poder divino, do qual nada é maior ou melhor, possa ferir, mas incapaz de se beneficiar; e, portanto, nunca existiu ninguém que se aventurou a afirmar isso, porque não é razoável nem credível. E, como isso é acordado, vamos transmitir e procurar a verdade em outro lugar"(Do Anjo de Deus, III).

(12)Ambrósio(340-397), bispo de Milão, disse:

"Teria Deus criado ao mesmo tempo a maldade? Mas ela, nascida de nós e não feita pelo Deus Criador, é gerada pela frivolidade dos costumes e não tem absolutamente prerrogativa de criatura, nem autoridade de substancia natural, mas o vício da inconstância e o erro da queda. Deus quer erradicá-la de todos os espíritos; como Ele mesmo poderia tê-la gerado?"(Examerão, VIII:28)

"Portanto, você pode notar que a serpente é o autor da idolatria, pois sua astúcia parece ser a responsável pelo erro do homem em introduzir muitos deuses"(Ibidem, Sobre o Paraíso).

(13)João Crisóstomo(347-407), arcebispo de Constantinopla, afirma:

"Quando ela(a Lei)veio, ao menos lucrou-se uma percepção melhor do pecado, o que não era pouco para se libertar. Se eles não se libertassem da malícia, a Lei nada tinha a ver com isso, que fez tudo para tal; mas toda acusação recai sobre a vontade do pecador, que além da expectativa se corrompeu"(12ª Homília sobre Romanos, 10)

"Se, pois, esta questão fosse atinente à vontade humana, Deus seria o autor do bem e do mal e o homem não teria culpa. e o próprio Paulo pareceria estar em contradição consigo mesmo, porque tanto acentua sempre a liberdade da escolha"(16ª Homília sobre Romanos,21)

"Vê o que preparam estes judaizantes? Cristo, para nós o autor da salvação, eles o tornam autor do pecado, conforme também Paulo formula: 'Não seria então Cristo ministro do pecado?'. Depois, como o discurso levava a um absurdo, já não era necessário o aparato das provas para refutar, mas era suficiente negar, nesses termos: De modo nenhum. Efetivamente, não há necessidade alguma de oratória contra proposições absurdas e desonestas, mas basta negar"(Comentário sobre a Epístola aos Gálatas, 17).

"Apesar de ambicionar tanto matá-los, nada de tal cogitaram, muito mais devias disto cogitar-te tu(Herodes), que tudo fazes, para obter o favor deles. Por isso, imediatamente seguiu-se a pena. Se, porém, tu atribuis a culpa a Deus, atribui-lhe também a dos que são assassinados nas estradas, e de incontáveis outros que injustamente são mortos, e também dos Inocentes, que por causa de Cristo foram mortos; pois também a morte deles, conforme dizes, foi culpa de Cristo. Ao contrário, não foi de Cristo, mas do furor e da tirania do pai de Herodes"(8ª Homília sobre Efésios, 2)

"Não disse, porém: 'Deus se reconcilia convosco'. Não é Ele quem procurou inimizade, mas vós; Deus, de fato, nunca provoca inimizades. E ainda, o enviado qual legado, justifica"(10ª Homília sobre 2 Coríntios, 20).

"Observe novamente como ele fala secretamente sobre o poder de Cristo, mostrando que Ele se levantou: assim como em seu primeiro discurso, ele havia dito: 'Porque não era possível que ele fosse retido'(At 2:24), então aqui ele diz: "E matastes o príncipe da vida'(At 3:15). Segue-se que a Vida que Ele tinha não era de outro. O príncipe (ou autor) do mal seria aquele que gerou o mal primeiro; o príncipe ou autor do assassinato, aquele que originou o assassinato; assim também o príncipe (ou autor) da vida deve ser quem tem vida de si mesmo. A quem Deus ressuscitou, ele permanece: e agora que ele pronunciou isso, ele acrescenta: 'E em seu nome, mediante a fé em seu nome, tornou este homem forte, a quem você vê e conhece; sim, a fé que é por Ele lhe deu essa perfeita saúde'"(Homília 9 sobre Atos).

(14)Jerônimo(347-340), o primeiro tradutor da Bíblia, declara:

"Os Pelagianos começam reiterando o dilema: se os mandamentos são dados para serem obedecidos, o homem pode ficar sem pecado; se ele é, por sua criação, tal que deve ser um pecador, então Deus, não ele, é o autor do pecado. Ao argumento de que sacrifícios são ordenados por pecados de ignorância, ele responde apelando do Antigo Testamento para o Novo, o que leva a uma discussão (2,3) sobre a descrição de São Paulo do conflito com o pecado, em Romanos 7. Paulo, argumenta, falando não como pecador, mas como homem, e assim confessa a pecaminosidade da humanidade"(Contra os Pelagianos, II)

(15)Basílio de Cesaréia(330-379), declara:

"Sou obrigado a usar suas próprias palavras. Que loucura! Mas, acima de tudo, que impiedade! Pois as estrelas do mal jogam a culpa de sua maldade sobre Aquele que as criou"(Homília VI:7])

"A heresia deles é, por assim dizer, uma ramificação dos marcionitas, abominando, como eles fazem, casamento, recusando vinho e poluindo a criatura de Deus. Portanto, não os recebemos na Igreja, a menos que sejam batizados em nosso batismo. Não digam que foram batizados no Pai, Filho e Espírito Santo, na medida em que fazem de Deus o autor do mal, segundo o exemplo de Marcião e o resto das heresias. Portanto, se isso for decidido, mais bispos devem se reunir em um só lugar e publicar o cânon nesses termos, para que as ações sejam tomadas sem perigo, e seja dada autoridade às respostas a perguntas desse tipo"(Epístola 199, 47)

"É igualmente ímpio dizer que o mal tem sua origem em Deus; porque o contrário não pode proceder do contrário"(Homília II, 4,5)

(16)Cirilo de Jerusalém(313-386), declara:

"O diabo, então, é o primeiro autor do pecado, e o pai dos iníquos; e este é o dizer do Senhor, não meu, que o diabo peca desde o princípio: ninguém pecou antes dele"(Leituras Catequéticas, II:4)

"Mas sempre que você esquece de Deus, imediatamente você começa a inventar maldade e cometer iniquidade. No entanto, você não é o único autor do mal, mas há também outro promotor mais perverso, o diabo"(Ibidem; II:2,3).

"Agora, passe do antigo para o novo, da figura para a realidade. Lá nós recebemos Moisés de Deus ao Egito; aqui, Cristo, enviado de seu Pai ao mundo; ali, para que Moisés possa levar do Egito um povo aflito; aqui, para que Cristo possa resgatar os oprimidos no mundo sob o pecado: ali, o sangue de um cordeiro era a palavra contra o destruidor; aqui, o sangue do Cordeiro, sem mácula, Jesus Cristo, é feito de graça para assustar os maus espíritos: ali, o tirano perseguia aquele povo antigo até o mar; e aqui o espírito ousado e sem vergonha, o autor do mal, estava seguindo você até as próprias correntes da salvação. O tirano de antigamente foi afogado no mar; e este presente desaparece na água da salvação"(Ibidem; XIX:3).

(17)Eusébio de Cesareia(265-399), declara:

"Irineu escreveu várias cartas contra aqueles que estavam perturbando a boa ordenança da Igreja em Roma. Uma delas era 'Sobre o Cisma de Blastos'; e a outra 'Sobre a Monarquia' para Florino ou que Deus não é o autor do mal"(História Eclesiástica, IV:20)

(18)Agostinho(354-430), bispo de Hipona, disse:

"Não obstante, Deus não é o autor do pecado"(O Livre Arbítrio, I; 2:4)

"Poderemos, porém, designar a Deus como autor do pecado? Não!"(Ibidem, II; 20:4)

"Nessas condições, as pessoas afastam-se muito da verdade, ao supor que tem direito de atribuir ao Criador os pecados de suas criaturas, dizendo que aquilo que Deus previu como futuro deva acontecer necessariamente. Longe da verdade também estavas tu(ó Evódio), ao dizeres que não compreendias como não atribuir ao Criador o que em sua criatura acontece necessariamente. Eu, pelo contrário, não encontro, e mesmo certifico de que não existe, nem pode existir, meio de atribuir a Deus o que em suas criaturas acontece necessariamente"(Ibidem, III; 6:18)

"Dessa forma, quando alguém não faz o que deve, o Criador fica a tal ponto isento de culpa que é preciso, na verdade, louvá-lo"(Ibidem, III; 13:46)

"Enfim, se quisesses atribuir o pecado ao Criador, desculparias o pecador, que nada teria cumprido fora dos desígnios de seu Criador. E então, poderias desculpá-lo com justiça, pois não haveria pecado algum. Logo, se não houver pecado, nada mais existe que possas atribuir à responsabilidade do Criador"(Ibidem, III; 13:46)

"Consequentemente, na verdade, eu não encontro o meio e certifico absolutamente que não haver nenhum, que possa levar e atribuir nossos pecados a Deus, nosso Criador"(Ibidem, III; 13:46)

"As almas estão sujeitas a um castigo merecido por seus próprios pecados, sem que seja atingida em nada a integridade, a justiça e a irrefutável firmeza e imutabilidade do Criador, em sua natureza e majestade. Porque os pecados, como já expusemos longamente, não devem ser atribuídos senão à própria vontade. E não buscar outra causa além dessa"(Ibidem, III; 22:63)

"Em consequência, o homem foi criado em um estado tal que, sem ainda ser sábio, era capaz entretanto de receber um preceito com o evidente dever de obedecer a ele. Não é, pois, para se estranhar que pudesse ter sido seduzido. Nem é injusto que tenha sido castigado, por não haver obedecido a tal preceito. Por outro lado, resulta que o seu Criador não é o autor dos defeitos, porque a ausência de sabedoria ainda não era um defeito para o homem, uma vez que ele mão tinha recebido a capacidade de a possuir"(Ibidem, III; 24:72)

"O Senhor os precipita no poço da perdição, mas não é Ele o autor da culpa, mas é juiz das iniquidades deles"(Comentário do Salmo 54, 'Sermão ao Povo',25)

"Pois amar o mundo é pecado e Deus não fez o pecado"(Comentário ao Salmo 141, 'Sermão ao Povo', 15)

"Ouve-me, Senhor! Ai dos pecados dos homens! É um homem que assim fala; e dele te compadeces, porque és o seu Criador, e não o autor do seu pecado"(Confissões, VII:11)

"É preciso evitar que Deus pareça ser o autor do pecado, se dá a alma à carne, na qual necessariamente ela há de pecar, ou que possa existir uma alma, além de Cristo, para quem não é necessária a graça cristã para libertar do pecado, porque não pecou em Adão somente quanto à carne que dele foi criada, e não também a alma"(Comentário de Gênesis, X; 11:19)

"Deus, que não fazes o mal e fazes que este não seja pior"(Solilóquios; I; 1:2)

"Cada parte do homem, tanto a alma quanto o corpo, foram feitos bons por um Deus Bom, e foi o próprio homem que fez o mal que o tornou mau; e, embora ainda esteja absorvido da culpa de seu pecado pelo perdão, ele ainda luta, através da continência, contra a sua própria natureza defeituosa, e assim não pensará que foi leviano o que fez"(A Continência, VIII:20)

"Deus, autor das naturezas, não dos vícios, criou o homem reto; mas, depravado por sua própria vontade e justamente condenado, gerou seres desobedientes e condenados"(A Cidade de Deus, II, 13:14)

"Deus que não é autor nem criador da mentira, mas porque o homem não foi criado justo para viver segundo ele mesmo, mas segundo quem o fez, isto é, para fazer a vontade de Deus e não a sua"(Ibidem, II, 14:4)

"Então se entende que a afirmação colocada abaixo, porquanto ele se compadece de quem quer e endurece a quem quer, pode concordar com a sentença acima, que Deus endurecer significa não querer compadecer-se, a fim de que não venha de Deus nada que torne o homem pior, mas somente lhe seja concedido algo que o torne melhor"(A Simpliciano, I; 2:15)

"Assim, os homens todos, que, como diz o Apóstolo, 'morrem em Adão', de quem vem para todo o gênero humano a origem da ofensa a Deus, são, de certa maneira, uma massa de pecado em dívida de castigo para com a divina e suma justiça; e não é injustiça alguma se esse castigo for cobrado ou perdoado"(A Simpliciano, I; 2:16)

"Contudo, tanto os homens como os pecadores são as mesmas pessoas, isto é, são homens por vontade de Deus e pecadores pela própria vontade"(A Simpliciano, I; 2:18)

"Mas para torná-los vasos de perdição, a fim de servirem de correção para os outros, ele odeia neles a impiedade que ele não fez"(A Simpliciano, I; 2:18)

"Pois mesmo que um espírito seja mau, porque, por maldade, quer prejudicar, contudo ele não recebe o poder de prejudicar senão daquele debaixo do qual estão todas as coisas, ordenadas segundo certos e justos graus de merecimentos; uma vez que, do mesmo modo como a maldade não vem de Deus, assim também não existe poder que não venha de Deus"(A Simpliciano, II; 1:4)

"Leiamos, portanto, a carta de Cipriano sobre o ciúme e a inveja e vejamos quão grande mal representa invejar os melhores, mal que, ele ensina, procedeu do diabo"(Tratado sobre o Batismo, IV:11)

"Privaciano de Sufétula, disse: 'Quem afirma que os hereges tem a faculdade de administrar o batismo, diga primeiro quem é o autor da heresia. Pois se Deus é o autor da heresia, pode obter o perdão divino; mas se não procede de Deus, como pode ou ter ou conferir a alguém a graça divina?'"(Tratado sobre o Batismo, VI:48)

"É porque, depois de discutir as razões com diligência, concordamos que o mal procedeu senão do livre arbítrio da vontade, os três livros dados à luz na mesma discussão receberam o título O livre arbítrio"(Retratações, I; 9:1)

"Levou-me a efeito essa discussão devido àqueles que negam ser o livre arbítrio a origem do mal e se empenham em atribuir a Deus, se assim é, como Criador de todas as naturezas, querendo, desse modo, de acordo com o erro de sua impiedade [pois são maniqueus], introduzir uma natureza do mal de certo modo imutável e coeterna com Deus"(Ibidem, I; 9:2)

"Logo, ou a vontade é causa primária do pecado, e nenhum pecado será causa primeira do pecado, e a nada se pode imputar o pecado senão ao próprio pecador. Logo, não se pode imputar justamente o pecado a não ser a quem seja dono da vontade"(Ibidem, I; 9:3)

"Esse pecado entrou no mundo por um só homem"(Ibidem, I; 15:2)

"A questão versava sobre de onde procede o mal, afirmando eu que o mal no homem teve sua origem no livre arbítrio de sua vontade, mas ele se esforçava para persuadir-me de que o mal era uma natureza coeterna com Deus"(Ibidem, I; 16:1)

"Assim não é causa do mal Aquele que é o autor de todas as coisas, visto que todas as coisas são boas na medida em que são boas"(Ibidem, I; 26:2)

"Mas desta queda Deus não é o autor, pois Ele é autor da existência e do ser"(Sobre a Moral dos Maniqueus, 4:6).

"Portanto, também não digo que essa relação de esposo e esposa seja diabólica, especialmente no caso dos crentes, que é efetuada com o objetivo de gerar filhos que serão posteriormente regenerados; nem que qualquer homem seja feito pelo diabo, mas, na medida em que são homens, por Deus; e, no entanto, mesmo que o marido e a esposa crentes tenham nascido culpados (como se uma azeitona selvagem fosse produzida a partir de uma azeitona), por causa do pecado original, e por isso estão sob o diabo, a menos que nasçam de novo em Cristo, porque o diabo é o autor da culpa, não da natureza: o que, por outro lado, eles estão trabalhando para provocar aqueles que dizem que os bebês não herdam nenhum pecado original e, portanto, não estão sob o diabo, exceto que a graça de Deus em crianças pode ser feita sem efeito, pelo qual Ele nos arrancou, como diz o apóstolo, do poder das trevas, e nos traduziu para o reino do Filho de Seu amor?(1 Co 1:13)"(Contra as Duas Cartas dos Pelagianos, I; 11:6)

(19)Leão Magno(+ 461), declara:

"Nosso Redentor e Salvador sabia, com efeito, quantos erros a falsidade do diabo havia semeado em todo o mundo e que grande parte do gênero humano ele submeteu à inúmeras superstições. Este provocador e pai do pecado, a princípio, bastante orgulhoso para cair, em seguida invejoso bastante para prejudicar, não tendo permanecido na verdade, pôs toda a sua força na mentira"(Sermão IX, 1)

"Assim, o adversário da inocência e o inimigo da paz treme de raiva e, porque 'nele não há verdade'(Jo 8:44) e porque perdeu toda a glória própria à sua natureza, por causa de seu orgulho, sofre vendo o homem redimido pela misericórdia divina e introduzido nos bens que ele até perdeu. Não é surpreendente que o autor do pecado seja torturado pela probidade daqueles que agem com retidão e seja atormentado pela perseverança daqueles que ele não pode derrubar"(48º Sermão, 2).

"E essa natividade que aconteceu no tempo não tirou nada e não acrescentou nada àquele divino e nascimento eterno, mas se dedicou totalmente à restauração do homem que havia sido enganado: para que ele pudesse vencer a morte e derrubar com sua força, o diabo que possuía o poder da morte. Pois agora não deveríamos ser capazes de vencer o autor do pecado e da morte, a menos que Ele tenha assumido nossa natureza sobre Ele e a tenha tornado sua, a quem nem o pecado poderia poluir nem a morte reter"(Epístola a Flaviano, XXVIII:2).

(20)Vicente de Lerins(+ 450 d.C), declara:

"Quem antes de Simão Mago, que foi ferido pela repreensão do apóstolo, e de quem aquele vil afundamento antigo de todas as coisas fluiu por uma sucessão secreta e contínua, mesmo para os priscilianos de nosso tempo - que, digo, antes deste Simão Mago, ousaram dizer que Deus, o Criador, é o autor do mal, isto é, de nossas iniquidades, impiedades, flagelações, na medida em que ele afirma que criou com as próprias mãos uma natureza humana de tal descrição, a de seu próprio movimento, e pelo impulso de sua vontade restrita à necessidade, ela não pode fazer mais nada, não pode fazer mais nada, mas o pecado, visto que é jogada de um lado para o outro e incendiada pelas fúrias de todos os tipos de vícios, é levada às pressas por inextinguível luxúria nos extremos extremos da baixeza?"(Commonitorum, XXIV:62)

(21)João Cassiano(360-465), declara:

"Deus proíba que admitamos que Deus criou qualquer coisa que seja substancialmente má, pois as Escrituras dizem que tudo o que Deus criou foi muito bom(Gn 1:31) Porque, se foram criados por Deus como são agora, ou feitos para esse fim; ou seja, para ocupar essas posições de malícia, e sempre estar pronto para o engano e a ruína dos homens, deveríamos, em oposição à visão da Escritura acima, difamar Deus como o Criador e autor do mal, como tendo-se formado completamente más vontades e naturezas, criando-as para esse mesmo propósito; isto é, que eles possam persistir em sua maldade e nunca passar para o sentimento de boa vontade. A seguinte razão dessa diversidade é o que recebemos da tradição dos pais, sendo extraídos da fonte da Sagrada Escritura"(Conferência VIII,6)

(22)João Damasceno(675-749), declara:

"Ele não quer dizer com essas palavras[Am 3:6] que o Senhor é a causa do mal”(Uma Exposição da Fé Ortodoxa, 4:19)

(X)O Pensamento dos Teólogos da Idade Média:

(a)Bernardo de Claraval(1090-1153), disse:

"Percebo que o Diabo igualmente caiu no mal e nele persistiu por seu próprio comando voluntário, e não por impulso externo"(Opúsculo sobre o livre arbítrio, IV).

"Entretanto. esta queda, que foi originada da vontade, não pode mais por ela ser superada, porque ela não mais é livre"(Ibidem, VII).

(b)Tomás de Aquino(1225-1274), disse:

"Port]anto, o mal que consiste na deficiência da ação ou que é causado pela deficiência do agente não se reporta a Deus como a sua causa"(Suma Teológica, II, Pergunta 49, Resposta ao 2º Artigo).

(c)Boaventura(1221-1274), disse:

"Além do mais, como a culpa original não podia transmitir-se na alma se não fosse precedida pela pena da rebelião na carne; e a pena não existiria se não fosse precedida pela culpa; e a culpa não procedeu da vontade ordenada, mas da desordenada e, portanto, não procede da vontade divina, mas da humana; fica claro que a transmissão do pecado original provém do pecado do primeiro homem, e não de Deus; não provém da natureza criada, e sim do pecado perpetrado"(Brevilóquio, III:6).

(XI)O Pensamento da Pré-Reforma:

John Wycliff(1328-1384), a estrela da alva da Reforma, disse:

"E o primeiro, do pecado original, como uma alma criada por Deus, assim como o mundo era pecado, no primeiro instante de seu ser, uma vez que Deus não é o autor do pecado, e Deus fala através do profeta que o filho não suportará o pecado. iniquidade do pai, nem ao contrário, mas apenas o que é dele, como diz o apóstolo"(Trialogus, III.26, 'O Pecado Original')

(XII)O pensamento dos Reformadores:

(a)Martinho Lutero(15483-1546):

"Portanto, quando se diz que Deus endurece ou opera o mal em nós (pois endurecer é fazer o mal), ninguém pense que ele age como se criasse de novo o mal em nós, como se imaginasses um tabernáculo malvado que, sendo ele próprio mal, derrama ou mistura veneno num recipiente não mau, no que o próprio recipiente nada faz exceto receber ou sofrer a malignidade daquele que faz a mistura. Pois assim parecem imaginar que o ser humano, por si mesmo bom ou não mau, sofre a má obra da parte de Deus; e fazem isso quando nos ouvem dizer que Deus opera em nós o bem e o mal e que estamos sujeitos por mera necessidade passiva ao Deus operante. Não consideram suficientemente quão inquieta é a atuação de Deus em todas as suas criaturas e como não compreender tais coisas, pense assim: Deus opera o mal em nós, isto é, por meio de nós, não por culpa de Deus, mas por causa de um vício nosso, pois somos maus por natureza, e Deus, ao contrário, é bom; ao apropriar-se de nós por meio de sua ação de acordo com a natureza de sua onipotência, ele, que é bom, não pode agir de outro modo senão fazendo o mal com um instrumento mau, ainda que faça bom uso deste mal de acordo com sua sabedoria para sua glória e nossa salvação.

Assim também encontra a vontade má de Satanás, mas não a cria; porque Deus a abandonou e Satanás pecou, ela se tronou má; contudo, toma posse dela e a manobra para onde quer. se bem que essa vontade não deixe de ser má, mesmo sob a ação de Deus"(Da Vontade Cativa; Martinho Lutero, Obras Selecionadas, Volume 4, p.129)

"Essa é a verdadeira causa do mal, ou seja, que Adão peca contra Deus, negligencia seu mandamento e obedece a Satanás"(Comentário de Gênesis 2:9; Martinho Lutero, Obras Selecionadas, Volume 12, p.129).

"Pois se Satanás foi homicida desde o princípio, dize-me, a quem ele matou? Não foram Adão e Eva, através do pecado? Onde ele matou? Não foi no Paraíso?... Portanto, esse é o principal sentido dessa passagem, que entendas que o diabo foi o autor dessa desgraça. De forma semelhante, quando alguém comete um assassinato, é correto dizer sobre a espada do homicida: 'A espada o matou'. Mas, em verdade, a espada não o fez só ou por si [quem o fez foi] a pessoa que usou a espada. Trata-se de uma figura de linguagem comum para indicar que, sob o instrumento, entendemos o próprio autor... Não fica claro que Deus está falando com a serpente natural, subentendendo que o diabo está oculto na serpente natural de Deus?"(Comentário de Gênesis 3:18; Martinho Lutero, Obras Selecionadas, Volume 12, p.235)

Ao que parece, os membros das igrejas luteranas, posteriormente à morte de Lutero, continuaram sustentando essa sua crença, afirmando:

"Com respeito à causa do pecado ensina-se entre nós que, embora o Deus onipotente haja criado a natureza toda e a conserve, todavia é a vontade pervertida que opera o pecado em todos os maus e desprezadores de Deus. Pois esta é a vontade do diabo e de todos os ímpios, a qual, tão logo Deus retraiu a mão, desviou-se de Deus para o mal, conforme diz Cristo: 'Quando o diabo profere mentira, fala do que lhe é próprio'"(Confissão de Fé de Augsburgo, 1530, XIX)

"Recebem os adversários o artigo décimo nono, no qual confessamos que embora unicamente Deus haja feito a natureza universa, conservando a tudo que existe, a causa do pecado é, contudo, a vontade no diabo e nos homens, a qual se desvia de Deus, segundo o dito de Cristo a respeito do diabo: 'Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio'"(Apologia da Confissão de Fé de Augsburgo, 1531, XIX)

"Essa presciência se estende igualmente sobre os bons e os maus, não sendo, porém, causa do mal nem do pecado, causa que leve à prática do mal (o que, originalmente, procede do diabo e da má e perversa vontade do homem"(Fórmula de Concórdia, 1577, Epítome XI, 'Afirmativa Doutrina Pura e Verdadeira Sobre Este Artigo', 3)

"Em segundo lugar, também é claro e verdadeiro, como ensina o XIX artigo da Confissão de Augsburgo, que Deus não é criador, autor ou causa do pecado, senão que, pela maquinação do diabo, 'por um só homem o pecado'(que é obra do diabo) 'entrou no mundo'(Rm 5; 1 Jo 3:). E ainda hoje, nessa corrupção, Deus não cria nem faz pecado em nós..."(Fórmula de Concórdia, 'Declaração Sólida', 1:7)

"Poiso pecado original não vem de Deus. Deus não é criador ou autor do pecado"(Fórmula de Concórdia, 'Declaração Sólida', I:40)

"O princípio e causa do mal, todavia, não é a presciência de Deus (pois Deus não cria e não opera o mal, e não lhe ajuda nem o promove), mas a ímpia e perversa vontade do diabo e dos homens"(Fórmula de Concórdia, 'Declaração Sólida', XI:7)

"Deus não é a causa do pecado"(Fórmula de Concórdia, 'Declaração Sólida', XI:81)

Mesmo modernos teólogos luteranos, tem mantido esse posicionamento de Lutero. Por exemplo, o Dr. John T. Mueller(1886-1975), declara:

"Enquanto o ser humano caído em estado de depravação se vê sempre inclinado a transferir a responsabilidade pelo seu pecado a Deus ou para outras criaturas(Gn 3:12-13), as Sagradas Escrituras ensinam expressamente que Deus, de nenhum modo, é a causa do pecado do ser humano. Deus não deve, portanto ser acusado de pecado, quer direta('Deus criou o ser humano com a má tendência para o pecado'), quer indiretamente('Deus é uma causa do pecado enquanto compartilha dos maus atos', quoad materiale)"(Dogmática Cristã, p.215)

Edward W. A. Koelher(1875-1951), outro teólogo luterano, declara:

"Em nenhum sentido Deus é a causa e o autor do pecado"(Sumário da Doutrina Cristã"(p.57)

(b)Úlrico Zuínglio(1484-1531), em sua obra "Sobre a Providência e Outros Ensaios", declara:

"O que Deus faz, Ele faz livremente, sem influência de qualquer emoção do mal, portanto, também, sem pecado. O adultério de Davi, longe de se referir a Deus como seu autor, além do mais não há nenhum pecado direcionado a Deus, do que quando um novilho cobre e impregna um rebanho inteiro"(The Works of Huldreich Zwingli, p.182)

(c)João Calvino(1509-1564), disse:

"Ao tocar no outro ponto, nego que Deus seja o autor do mal; porque há uma certa observação de uma afeição perversa nesta palavra. Pois a ação perversa é estimada de acordo com o fim ao qual o homem visa. Quando os homens cometem roubo ou assassinato, ofendem por essa causa, porque são ladrões ou assassinos; e em roubo e assassinato há um propósito perverso. Deus, que usa sua iniquidade, deve ser colocado em um nível superior. Pois ele atenta outra coisa, porque castigará uma e exercitará a paciência na outra; e assim ele nunca declina de sua natureza, isto é, da perfeita justiça. De modo que, enquanto Cristo foi entregue pelas mãos de homens iníquos, enquanto ele foi crucificado, isso aconteceu pelo decreto e ordenança de Deus. Mas a traição, que é em si mesma iníqua, e o assassinato, que possui tanta iniquidade, não devem ser pensados ​​como obras de Deus"(Comentário de Atos 2:23)

"Uma única exceção deve-se fazer, ou, seja: que a causa do pecado, suas raízes, sempre reside no próprio pecador; não tem sua origem em Deus, pois resulta sempre verdadeiro que 'Tua ruína, ó Israel, vem de ti, e só de Mim o teu socorro'[Os 13:9]"(Comentários de Romanos 1:24).

"Só porque afirmo e mantenho que o mundo é dirigido e governado pela secreta providência de Deus, uma multidão de homens presunçosos se ergue contra mim alegando que apresento Deus como sendo o autor do pecado. Essa é uma calúnia tão estúpida, que num piscar de olhos se desfaria em nada, se tais pessoas não sofressem de coceira nos ouvidos e não sentissem profundo prazer em nutrir-se com tais discursos. Mas há muitos outros cujas mentes se encontram tão entulhadas de inveja e mau humor, de ingratidão e malignidade, que não há falsidade, ainda a mais absurda, sim, ainda a mais monstruosa, que não recebam assim que lhes chega aos ouvidos. Outros tudo fazem para destruir o eterno propósito divino da predestinação, pelo qual Deus distingue entre os réprobos e os eleitos; outros tomam sobre si o encargo de defender o livre-arbítrio; e, com muita disposição, muitos se precipitam em suas fileiras, não tanto movidos de ignorância, movidos, porém, de um fanatismo perverso o qual não há como descrever"(Introdução do Comentário sobre os Salmos, Volume 1, p.37)

E em sua refutação aos argumentos do herege Sebastian Castellion, afirma:

"Em meus escritos, sempre que é mencionado o pecado, mantenho fora o nome de Deus, fato que deve ser para você uma séria admoestação. Onde eu teria dito que os crimes são perpetrados não só pela vontade de Deus como também pela sua autoridade?. Asseguro-lhe que eu ficaria muito feliz caso essa terrível blasfêmia fosse totalmente condenada. Peço apenas que você não envolva injustamente o meu nome nisso. Estou plenamente cônscio de que como você consegue enganar os tolos, mas não temo. Se alguém tomar o cuidado de comparar os meus escritos com as tuas invenções, passará a odiá-las por tua desonestidade, como você merece"(A Providencia Secreta de Deus; Cultura Cristã, p.71)

"E porque um ato do mal deve ser julgado pelo modo como é dirigido ao seu fim, fica evidente que Deus jamais é o autor do pecado. Em suma: como a causa do mal está na vontade má dos homens, Deus exercita os seus justos juízos pelas mãos deles, de modo que Ele é totalmente inculpável, e de maneira completamente maravilhosa, Ele, das trevas do pecado, traz a luz da sua glória"(Ibidem, p.72)

"Com certeza, tenho o firme propósito de defender a causa de Deus e demonstrar com maior clareza que Deus não é o autor do pecado"(Ibidem, p.73).

E em sua monumental obra, continua a negar que Deus seja o autor do pecado:

"Ora, importa guardar-nos, para que, destacando incisivamente apenas os aspectos maus da natureza humana, não pareçamos atribui-los ao autor dessa natureza, uma vez que, neste pretexto, julga que a impiedade é bastante defensável, se consegue pleitear, de algum modo, haver procedido de Deus tudo quanto de mau tem ela, nem vacila, se é reprovada, em litigar com o próprio Deus e imputar-lhe a culpa de que é merecidamente incriminada. E mesmo aqueles que querem parecer falar mais reverentemente acerca da divina majestade, ainda assim procuram deliberadamente achar na própria natureza escusa de sua depravação, não refletindo que também eles, embora mais simuladamente, ultrajam a Deus, visto que lhe recairia ignomínia, se fosse provado ser qualquer mácula inerente à natureza original”(Institutas, I; 15:1)

"Desta maneira se resolve, ou, melhor, por si mesma se dissolve também outra objeção: Se Deus não só se serve da operação dos ímpios, mas inclusive lhes governa os desígnios e intenções, é ele o autor de todas as impiedades e, consequentemente, os homens são imerecidamente condenados, se estão a executar o que Deus decretou, uma vez que estão a obedecer-lhe à vontade”(Institutas, I; 18:4)

“E certamente que, na traição de Judas, atribuir a Deus a culpa do ato nefando, visto que ele próprio não só quis que o Filho fosse entregue, como inclusive o entregou à morte, em nada será mais lícito que transferir a Judas o louvor da redenção”(Institutas; I; 18:4)

"Daí, como no homem mau residem a matéria e a culpa do mal, que razão há para que se conclua que Deus contrai alguma mácula se, a seu arbítrio, ele faz uso de sua atuação?”(Institutas, I; 17:5)

"Ora, ainda que o homem seja criado pela eterna providência de Deus, para essa miséria a que está sujeito, no entanto a causa lhe derivou de si próprio, não de Deus, visto que ele se perdeu por nenhuma outra razão, senão porque a viciosa e impura perversidade é a perversão da pura criação de Deus”(Institutas, III; 23:9)

“Abster-me-ei aqui da defesa a que recorre a maioria dos escritores eclesiásticos, ou, seja, que a presciência de Deus não impede que o homem se repute pecador, uma vez que Deus esteja a antever coisas más daquele, não suas”(Institutas, III; 28:6)

E repete o mesmo ensino em outro escrito seu:

“Primeiro, deve-se observar que a vontade de Deus é a causa de todas as coisas que acontecem no mundo; e ainda assim Deus não é o autor do mal”(Reposta a Respeito da Eterna Predestinação de Deus,p.169)

E em seu "Comentário de Is 45:7"(texto usado pelos cheunguianos para provar que Deus é o autor do mal), Calvino diz:

"Os fanáticos mutilam essa palavra 'mal', como se Deus fosse o autor do mal, isto é, do pecado; mas é muito óbvio quão ridiculamente eles abusam dessa passagem do Profeta. Isso é suficientemente explicado pelo contraste, cujas partes devem concordar entre si; pois ele contrasta ‘paz’ com ‘mal’, isto é, com aflições, guerras e outras ocorrências adversas. Se ele comparasse ‘justiça’ com ‘mal’, haveria alguma plausibilidade em seus raciocínios, mas esse é um contraste manifesto de coisas que são opostas. Consequentemente, não devemos rejeitar a distinção comum de que Deus é o autor do 'mal' do castigo, mas do 'mal' da culpa".

Em seu "Comentário de Gênesis 3:1", ele ainda afirma:

"De onde provém isso, senão que atribuem, como deveriam fazer, o estado miserável e arruinado, sob o qual perecemos, ao pecado de Adão? Mas, o que é ainda pior, lançam sobre Deus a responsabilidade de ser ele a causa de todos os vícios íntimos da mente (tais como sua horrível cegueira, sua obstinação contra Deus, seus ímpios desejos e violentas propensões para o mal), como se toda a perversidade de nossa disposição não viesse de forma acidental".

E em seu "Comentário de Gênesis 45:8", declara:

"Os bons homens se envergonham de confessar que, o que os homens empreendem não pode ser concretizado senão pela vontade de Deus, temendo que línguas desenfreadas clamem imediatamente, ou que Deus seja o autor do pecado, ou que os homens perversos sejam escusados de crime, posto que cumpram o conselho de Deus. Mas, ainda que essa sacrílega fúria não possa ser eficientemente rejeitada, pelo menos podemos demonstrar aversão".

"Falo de males com respeito aos homens que nada mais se propõem senão agir perversamente, E, como o vício habita neles, assim toda a culpa deve também ser posta sobre eles"(Ibidem).

"No entanto, ao mesmo tempo deve-se reconhecer também que Deus age tão distintamente deles, que nenhum vício pode ser atribuído à Providência de Deus e que seus decretos não tem nenhuma relação espúria com os crimes dos homens"(Ibidem).

"José, contudo, ainda que, em alguma medida, afaste a mente de seus irmãos de um sentimento de culpa, até que eles se tranquilizassem quanto ao seu imoderado terror, não atribui a Deus a causa do erro deles, nem também os absolve dela, como veremos mais claramente no último capítulo"(Ibidem)

"Mas, se Satanás e os homens ímpios se enfurecem, Ele age pelas mãos deles de modo tão misterioso, que tanto a perversidade quanto a culpa do ato lhes são imputados. Pois não são induzidos a pecar, como os fiéis são a agir corretamente, pelo impulso do Espírito, porém são os autores de seu próprio mal e seguem a Satanás"(Com. de Gn 50:20).

(d)William Tyndale(1494-1536), em sua obra "Uma Epístola ao Leitor Cristão", declara:

"O diabo foi o primeiro, e tentou Eva no paraíso, que consentindo com sua tentação, convenceu Adão a comer do fruto que Deus os proibiu, e ele também é o autor da condenação de toda a posteridade de Adão"(As Obras dos Reformadores Ingleses: William Tyndale e John Frith, Volume 3, p.464)..

(e)John Knox(1514-1572), em seu "Tratado Sobre a Predestinação", declara:

Mas, ainda assim, para nossa absolvição contra suas acusações mais injustas, e para melhor instrução dos simples, darei outro testemunho da escrita do mesmo servo fiel de Cristo Jesus, João Calvino, e porá um fim a isso, a segunda calúnia. Em seu Comentário sobre os Atos dos Apóstolos, Capítulo II, escrevendo sobre essas palavras de Pedro, afirmando que pelo determinado conselho e presciência de Deus, Jesus foi traído e crucificado pelas mãos de homens iníquos; 'Porque', diz ele, 'Aparentemente Pedro não denota que homens maus obedeceram a Deus; dos quais procedem dois absurdos, que não devem ser seguidos: a saber, que Deus é o autor do mal, ou que os homens, cometendo todo tipo de iniquidade, não pecam, porque parecem obedecer a Deus'"(Reformadores Britânicos - Escritos de John Knox, p.336)

(f)Heinrich Bullinger(1504-1575), em sua obra "As Décadas", declara:

"Pelo contrário, essa maneira de reino do mundo, aparentemente considera como cabeça ou rei e seu príncipe, que é o diabo, o autor do pecado, da impureza e da morte"(4ª Década, 7º Sermão; The Decades of Henry Bullinger, Minister of the Church of Zurich, p.281).

(g)Zacarias Ursinus(1534-1583), em seu "Comentário do Catecismo de Heidelberg", afirma:

"Portanto, Deus não é o autor do pecado ou do mal"(Commentary on the Heidelberg Catechism, p.52)

(h)Teodoro de Beza(1519-1605), em sua obra "A Vida e a Morte de João Calvino", diz:

"Então esse homem [Bolsec] se via inflar, e palra demoradamente, dizendo que nós fazíamos Deus autor do pecado e culpável da condenação dos maus, que isso era fazêr-lo um tirano ou um Júpiter. Igualmente, que se fazia crer que Santo Agostinho era desta opinião, mas, ao contrário, nem ele, nem todos os antigos douotres sustentavam tal ponto de vista. Em concluindo, exorta ele o povo a guardar-se desta doutrina novel que vários hoje sustentam, postulando que era ela oriunda de Laurens [Lourenço] Valla [o ilustre filólogo do século quinze"(p.43)

"Havia ele também feito certas anotações sobre o nono capítulo da Epístola aos Romanos, mercê das quais estabelece manifestamente o pelagianismo e não reconhece nenhum decreto de Deus, senãp em coisas que são boas de natureza, forjando em Deus uma mera permissão contrária à Sua vontade e impondo-nos falsalemnte que nós fazemos Deus autor de pecado"(Ibidem, pp.61-62)

(XIII)A opinião dos Símbolos de Fé Reformados:

(1)A Confissão de Fé da Congregação de Glastonbury(1551), declara:

Deus não é o autor de nenhum pecado. Isso não quer dizer que fazemos de Deus o Autor de qualquer pecado, visto que Ele mesmo é um Deus que não pode ter prazer em nenhuma iniquidade”(IV)

(2)A Confissão de Fé de Rhaetia(1552), declara:

“No entanto, diremos que os pecados não são de Deus e que Ele não é o autor da perversidade, se quisermos falar de maneira adequada e verdadeira e de acordo com as regras e palavras da Sagrada Escritura”.

(3)O Consensus Genevensis(1552), declara:

“Embora, portanto, afirme assim que Deus ordenou a queda de Adão, de maneira alguma afirmo a fim de admitir que Deus estava nela de maneira adequada e realmente como o autor dessa queda”.

(4)O Catecismo Anglicano(1553), diz:

“Que ele nos afaste das maquinações e dos mecanismos atuais do diabo, o autor e principal causa do mal”.

(5)A Confissão de Fé Francesa(1559), declara:

“Cremos que Deus não apenas fez todas as coisas, mas também as governa e as governa, como quem, de acordo com sua vontade, dispõe e ordena tudo o que acontece no mundo. No entanto, negamos que Ele é autor do pecado”(VIII)

(6)O Formulário de Lattanzio Ragnoni(1559), declara:

“Ele é o único verdadeiro Deus, de infinita eternidade, espiritual, invisível, incompreensível, e essência imortal, o mais elevado em poder, sabedoria, justiça, misericórdia, verdade, bondade e que Ele é a verdadeira e única fonte de toda a justiça, de quem tudo de bom flui, em quem não há mal, que Ele não é o autor do pecado, mas antes o aborrece, odeia e abomina toda injustiça e iniquidade”.

(7)A Confissão de Fé Valdense(1560), declara:

“Cremos que o mesmo Deus governa todas as Suas criaturas e que Ele dispõe e ordena e que ocorre no mundo de acordo com sua vontade, não sendo o autor do mal ou que a culpa por isso possa ser imputada a Ele, uma vez que sua vontade é o governo supremo e infalível de toda justiça e equidade”(‘Da Providência’).

(8)A Confissão de Fé de Teodoro de Beza(1560), declara:

“Nada é feito em aventurosamente ou por acaso ou sem a mais justa ordenança e nomeação de Deus, embora Deus não seja de forma alguma autor nem culpado de nenhum mal cometido”(III)

(9)A Confissão de Fé Belga(1561), declara:

“Cremos que o bom Deus, depois de ter criado todas as coisas, não as abandonou, nem as entregou ao acaso ou a sorte, mas que as dirige e governa conforme sua santa vontade, de tal maneira que neste mundo nada acontece sem sua determinação. Contudo, Deus não é o autor, nem tem culpa do pecado que se comete”(XIII)

(10)A Confissão de Fé Católica Húngara(1562), declara:

“Terceiro, ao deixar os homens para si mesmos, Ele os entrega ao diabo, autor de todo erro e mal, e os entrega nas mãos do pecado, submete-os à Lei dos homens”(‘Causas da Eleição e Justificação...’)

“Nós afirmamos que Deus age permissivamente em pecados ou ofensas ruins, porque Ele não é o autor do pecado ou das ofensas más”(Ibidem, ‘Concernente a Permissão’)

(11)A Segunda Confissão Helvética(1566), declara:

“Mais ainda,condenamos Florino e Blasto, contra quem escreveu Irineu,e todos os que fazem Deus o autor do pecado"(VIII)

(l2)Os Documentos do Sínodo de Debrecen(1567), declaram:

Aqui condenamos também a crença dos maniqueus, isto é, aqueles que fazem de Deus, de um jeito ou de outro, o autor do pecado”.

(13)A Confissão de Fé de La Rochele(1571), declara:

Certamente, não cremos que Deus seja o autor do mal ou que a culpa possa ser imputada a Ele, pois, pelo contrário, Sua vontade é a regra soberana e infalível de toda a verdadeira justiça e retidão”(VIII)

(14)A Confissão de Fé da Boemia(1573), declara:

“Portanto, a origem e principal autor de todo mal é esse diabo cruel e detestável”(IV).

(15)A Segunda Confissão da Boemia[1575/1609], declara:

“Do autor do pecado, confessamos que nosso Senhor, embora Ele seja o Criador e Sustentador de todas as criaturas, ainda assim Ele não é o autor do pecado. Há antes a vontade pecaminosa, tanto no diabo quanto no homem sem Deus”(VI)

(16)O Consenso de Bremen(1595), declara:

“É, portanto, uma calúnia notável em oposição à doutrina autêntica do decreto divino e ao Seu governo de todas as coisas anteriormente relatadas, quando se procura sancionar e validar as seguintes opiniões absurdas e falsas: Como, que ninguém precisa ter escrúpulos sobre o pecado e que todo o mal é feito não apenas pela vontade de Deus, mas até ocorre com Ele como seu autor”(‘Divina Providência’, V).

(17)A Confissão de Fé da Igreja Evangélica da Alemanha(1614), declara:

“Cremos e confessamos que o pecado que está no mundo, mesmo que não ocorra sem a ordenação de Deus, não vem de Deus, mas do diabo e de seus anjos”(Confissão de Fé da Igreja Evangélica da Alemanha, 1614, V:8)

(18)A Confissão de Fé de John Sigismund(1614), declara:

Não é que Deus seja a causa da ruína do homem, nem que Ele deseje a morte do pecador, nem que seja um autor ou instigador do pecado, nem que Ele não deseje que todos sejam salvos, pois encontramos o contrário em todas Escrituras Sagradas. Antes, a causa do pecado e da destruição deve ser buscada apenas em Satanás e nos ímpios, a quem Deus jogou fora para perdição por causa de sua incredulidade e desobediência”.

(19)Os Artigos Irlandeses de Religião(1615), declaram:

Deus não é autor do pecado: no entanto: Ele não apenas permite, mas também por Sua providência governa e ordena o mesmo, guiando-o de tal maneira por Sua infinita sabedoria, que se refere à manifestação de Sua própria glória e para o bem dos seus eleitos”(XXVIII)

(20)Os Cânones de Dort[1618-1619], declaram:

“E este é o decreto de reprovação, que de modo algum faz de Deus o autor do pecado”(Capítulo 1, 15º Artigo)

(21)A Confissão de Fé de Ciril Lucar[1629/1631], mártir reformado grego, declara:

Pois é uma regra verdadeira e infalível que Deus não seja, de maneira alguma, o autor do mal, nem pode isso por justificação justa ser atribuído a Deus”(IV)

(22)O Colóquio de Thorn(1645), declara:

Deus não é o autor de nenhum pecado, mas a fonte e o autor de todas as coisas boas; por outro lado, o odiador e o vingador de tudo o que é mau. Portanto, isso é absoluta calúnia e blasfêmia horrível impugnar nossa igreja - que tornemos Deus o autor do pecado. Abominamos essa profanação com todo o coração”(III:1,2)

(23)A Confissão de Fé de Westminster[1643-1649), declara:

“Desde toda a eternidade, Deus, pelo muito sábio e santo conselho da sua própria vontade, ordenou livre e inalteravelmente tudo quanto acontece, porém de modo que nem Deus é o autor do pecado, nem violentada é a vontade da criatura, nem é tirada a liberdade ou contingência das causas secundárias, antes estabelecida”(III:1)

“A onipotência, a sabedoria inescrutável e a infinita bondade de Deus, de tal maneira se manifestam na sua providência, que esta se estende até a primeira queda e a todos os outros pecados dos anjos e dos homens, e isto não por uma mera permissão, mas por uma permissão tal que, para os seus próprios e santos desígnios, sábia e poderosamente os limita, e regula e governa em uma múltipla dispensarão mas essa permissão é tal, que a pecaminosidade dessas transgressões procede tão somente da criatura e não de Deus, que, sendo santíssimo e justíssimo, não pode ser o autor do pecado nem pode aprová-lo”(Ibidem, V:4)

(24)A Confissão de Fé Batista de Londres[1646], declara:

“Deus decretou em si mesmo, antes que a palavra fosse, com respeito a todas as coisas, necessárias, acidentais ou voluntárias, com todas as circunstâncias delas, para trabalhar, dispor e realizar todas as coisas de acordo com o conselho de Sua própria vontade, para: esta glória (ainda sem ser o autor do pecado, ou ter comunhão com qualquer coisa nele)”(III)

(25)O Apêndice da Confissão de Fé de Benjamim Cox(1646), declara:

“Embora todo o poder da criatura para agir seja do Criador, e há uma providência de Deus sempre estendida a toda criatura e a toda ação da criatura; ainda julgamos que a corrupção final da criatura e a pecaminosidade da ação da criatura são da criatura, e não de Deus; e que é um grande pecado dizer que Deus é o autor do pecado”(III)

(26)A Confissão de Fé Valdense[1655], declara:

“Que Ele dirige e governa todas as coisas por Sua providência, ordenando e designando tudo o que acontece no mundo, sem ser o autor ou a causa do mal cometido pelas criaturas, ou que a culpabilidade em poder ou obrigação possa, de alguma forma, ser imputada a ele”(Confissão de Fé Valdense [1655], VI)

(27)A Declaração de Fé e Ordem de Savoy[1658](Congregacional), declara:

“Desde toda a eternidade, Deus, pelo muito sábio e santo conselho da sua própria vontade, ordenou livre e inalteravelmente tudo quanto acontece, porém de modo que nem Deus é o autor do pecado, nem violentada é a vontade da criatura, nem é tirada a liberdade ou contingência das causas secundárias, antes estabelecida”(III:1)

“A onipotência, a sabedoria inescrutável e a infinita bondade de Deus, de tal maneira se manifestam na sua providência, que esta se estende até a primeira queda e a todos os outros pecados dos anjos e dos homens, e isto não por uma mera permissão, mas por uma permissão tal que, para os seus próprios e santos desígnios, sábia e poderosamente os limita, e regula e governa em uma múltipla dispensarão mas essa permissão é tal, que a pecaminosidade dessas transgressões procede tão somente da criatura e não de Deus, que, sendo santíssimo e justíssimo, não pode ser o autor do pecado nem pode aprová-lo”(Ibidem, V:4)

(28)A Confissão de Fé das Igrejas Católicas e Reformadas de Piedmont[1662](Valdense), declara:

“Que Deus guie e governe tudo por Sua providência, ordenando e dirigindo tudo o que acontece no mundo, mas sem ser o autor ou a causa do mal das criaturas, ou que sua culpa possa ou deva ser imputada de alguma maneira a Ele”(VI).

(29)A Confissão de Fé Batista de Londres[1677], declara:

“Deus decretou em Si mesmo, desde toda a eternidade, pelo conselho mais sábio e santo de Sua própria vontade, livre e imutavelmente, todas as coisas, tudo o que acontecer; ainda assim, assim, Deus não é o autor do pecado”(III:1)

“A onipotência, a sabedoria inescrutável e a infinita bondade de Deus, de tal maneira se manifestam na sua providência, que esta se estende até a primeira queda e a todos os outros pecados dos anjos e dos homens, e isto não por uma mera permissão, mas por uma permissão tal que, para os seus próprios e santos desígnios, sábia e poderosamente os limita, e regula e governa em uma múltipla dispensação mas essa permissão é tal, que a pecaminosidade dessas transgressões procede tão somente da criatura e não de Deus, que, sendo santíssimo e justíssimo, nem é nem pode ser o autor ou aprovador do pecado”(Ibidem, V:4)

(30)A Confissão de Fé Batista de 1689, declara:

"Desde toda a eternidade, Deus mesmo decretou todas as coisas que iriam acontecer no tempo; e isto Ele fez segundo o conselho da sua própria vontade, muita sábia e muito santa. Fê-lo, porém, de um modo em que Deus em nenhum sentido é o autor do pecado"(III:1)

"A onipotência, a sabedoria inescrutável e a infinita bondade de Deus se manifestam na providência, de um modo tão abrangente, que o seu conselho determinado se estende até mesmo à queda no pecado e a todos os outros atos pecaminosos, sejam de homens ou de anjos. Isto envolve mais do que uma mera permissão, porque Deus, muito sábia e muito poderosamente, limita, regula e governa os atos pecaminosos, em uma dispensação multiforme, atendendo aos santos desígnios de Deus. Mesmo assim, a pecaminosidade desses atos procede das criaturas, e não de Deus, que, sendo muito santo e muito justo, não é nem pode ser o autor do pecado; e nem pode aprová-lo"(V:4).

(31)A Confissão de Fé da Igreja Metodista Calvinista de Gales(1823), declara:

"Deus, desde a eternidade, após o conselho de sua própria vontade, e pela manifestação e exaltação de seus gloriosos atributos, decretou tudo o que faria no tempo e até a eternidade, na criação, no governo de suas criaturas e na salvação dos pecadores da raça humana; contudo, sem que ele seja o autor do pecado, nem restrinja a vontade de sua criatura em suas ações. O decreto de Deus não depende nem um pouco da criatura nem da presciência do próprio Deus; pelo contrário, Deus sabe que certas coisas serão, porque ele decretou que elas deveriam ser. O decreto de Deus é infinitamente sábio e perfeitamente justo; eterno, livre, abrangente, secreto, gracioso, santo, bom, imutável e eficaz"(V)

(32)A Declaração de Fé da Aliança das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil(2015), declara:

"Cremos e confessamos que, desde toda a eternidade, e pelo sapientíssimo e santíssimo conselho de Sua própria vontade, Deus ordenou livre e imutavelmente tudo quanto acontece; porém de modo tal que nem é Ele o autor do pecado"(III:1)

"Que Seu conselho determinado se estende até mesmo à primeira queda e a todos os demais pecados dos anjos e dos homens que Ele também limita de maneira sapientíssima e poderosa, bem como regula e governa, numa múltipla dispensação para os Seus próprios e santos propósitos, mas de tal modo que a pecaminosidade dessas transgressões procede tão somente da criatura, e não de Deus, e que sendo Ele santíssimo e justíssimo, nem é e nem pode ser o autor ou o aprovador do pecado"(VI:4).

(XIV)O pensamento dos modernos teólogos reformados:

(a)Louis Berkhof(1873-1957), teólogo reformado, declara:

"À luz disso tudo, seria blasfêmia falar de Deus como o autor do pecado... Por implicação, eles fazem de Deus autor do pecado e são contrários, não somente à Escritura, mas também à voz da consciência, que atesta a responsabilidade do homem"(Teologia Sistemática, p.204).

(b)Charles Hodge(1797-1878), ministro presbiteriano, declara:

"Ele é o pai dos espíritos de todos os homens. Porém, não é o autor das más disposições com as quais a natureza está contaminada ao nascer. A doutrina do pecado original não atribui a Deus nenhuma deficiência na produção do mal. Simplesmente pressupõe que Ele abandona nossa raça apóstata e retira dos descendentes de Adão as manifestações a seu favor e amor, que são a vida da alma. O fato de a inevitável consequência desse abandono judicial ser a morte espiritual não faz de Deus o autor do do pecado, como tampouco a imoralidade e a desesperada e imutável perversidade dos réprobos, aos quais Deus priva de Seu Espírito, podem ser atribuídas ao infinitamente Santo como seu autor"(Teologia Sistemática, p.672).

(c)O Dr. Archibald A. Hodge(1823-1886), teólogo presbiteriano, declara

"Deve-se lembrar-se contudo, que o propósitos de Deus com respeito aos atos pecaminosos dos homens e anjos réprobos. em nenhum aspecto causa o mal nem o aprova, mas apenas permite que o agente mau o realize, e então o administra para seus próprios sapientíssimos fins"(Confissão de Fé de Westminster Comentada, p.98)

(d)O Rev. Samuel Falcão(1904-1985), teólogo presbiteriano, declara:

"O Deus em quem cremos é infinitamente bom e perfeito. Não podia ser o originador do mal. Todas as Escrituras ensinam que Deus é infinitamente santo e por isso, não podia ser o autor de algo que é exatamente o oposto de sua natureza. O verdadeiro conceito do mal por si mesmo nega a possibilidade de se atribuir a sua origem em Deus"(Escolhidos em Cristo, p.69)

(e)François Turretini(1623-1687), teólogo reformado, declara:

"A questão aqui não é, se nós, com palavras expressas, asseveramos que Deus é a causa do pecado! Embora alguns tenham pejo de lançar sobre nós essa blasfêmia[caluniando-nos publicamente de que confirmamos essa hipótese pelas palavras e exemplos da Escritura], outros [mais modestos] não ousam proferir tal acusação e reconhecem que nada disso nos pode ser lançado em rosto... Não obstante, para extrair o ferrão dessa calúnia, basta o seguinte: as confissões públicas das igrejas reformadas, em palavras expressas, cuidadosas e autorizadas, condenam e censuram essa impiedade: como a de Augsburgo, Art. 19[Schaff, 3:20], a Francesa, Art.8[Cochrane, 147], a [Segunda] Helvética, capítulo 8[Cochrane, 236-237], a Belkga, Art.13[Cochrane, 197], os Cânones do Sínodo de Dort, Primeiro Tópíco, Art. I, 5, 15[Schaff, 3:581-582,584]. A estas acrescentam-se os catecismos, defesas e outros escritos simbólicos, os testemunhos públicos e estabelecidos de nossa inocência [o que os próprios adversários não podem pôr em dúvida]. Por isso costumam nada extrair dos padrões públicos para provar suas calúnias, mas somente dos escritos pessoais de teólogos, dos quais falsamente tecem consequências... Concernente à opinião pública e recebida de qualquer igrejas, não se pode nem se deve formar nenhum juízo com base nos escritos de indivíduos. Sendo assim, seria lícito, sem comprometer a doutrina das igrejas reformadas, passar por alto essa incriminação como matéria estranha ao tema e deixá-la com seus autores, visto que não ficamos de pé nem caímos com o juízo de cada teólogo, por mais eminente que seja. Não obstante, visto que estamos persuadidos da sinceridade da doutrina de Zuínglio, Lutero, Calvino, Mártir, Beza, entre outros eminentes servos de Deus [acusados desse crime], e que é evidente que considerável injúria se tem feito a esses grandes heróis[merecedores da gratidão da igreja de Deus], e visto ser também, notório que por intermédio deles a doutrina de nossas igrejas é maliciosamente alvejada e atacada de forma blasfema, a justiça e a equidade exigem que não permitamos sejam eles esmagados por essass injustas calúnias, visto que eles fornecem tantos argumentos em sua defesa"(Compêndio de Teologia Apologética, Volume 1, pp.664-666).

(f)Benjamin Whichcote[1609-1683], Ministro Anglicano, diz:

Deus não é a causa primária da miséria do pecador”(Vários Discursos, Volume 3, p.380, em inglês)

(g)Augustus H. Strong[1836-1921], teólogo batista calvinista, diz:

"Eles [os decretos] fazem Deus não autor do pecado, mas o autor de seres livres que são os autores do pecado"(Teologia Sistemática, Volume 1, p.637)

(h)Franklin Ferreira, teólogo batista calvinista, diz:

"Depois, a Bíblia emprega a figura da serpente como símbolo de Satanás, apontando para o fato de que foi ele mesmo quem abriu a porta para o pecado, no início[Gn 3:1-7]"(Teologia Sistemática, p.363)

(i)Wayne Grudem, teologo batista calvinista, diz:

"Satanás originou o pecado... O Diabo se caracteriza por ter dado orígem ao pecado e por tentar os outros o pecado"(Teologia Sistemática, Atual e Exaustiva, p.337)

(j)Leandro A. Lima, teólogo presbiteriano, diz:

"De alguma maneira, o pecado nasceu dentro do ser humano. Deus precisa ser excluído de tudo isso, pois como o Gênesis demonstra, tudo aconteceu no relacionamento entre Satanás e o ser humano... Portanto, Deus não pode ser o autor da tentação e muito menos da consumação do pecado... O que fica bastante claro na declaração de Tiago é que a orígem do pecado está dentro do próprio homem... O pecado se originou dentro do homem, isso é tudo que podemos dizer"(Razão da Esperança, Teologia Para Hoje, pp.202-203)

(l)Rober Culver(1916-2015), teólogo reformado, diz:

"Pode haver alguém que queira saber se essa compreensão da predestinação não torna Deus o autor do pecado. De forma alguma. Os pecadores são os autores do pecado"(Teologia Sistemática, Bíblica e Histórica, p.201)

(m)John Davis(1853-1898), ministro presbiteriano, diz:

"Deus não é o autor do pecado, mas o permite, porque a revelação de suas infinitas perfeIções nos dá conta do grande atributo de sua divindade, o bem supremo, como mcausa final de todas as suas obras"(Novo Dicionáro da Bíblia, p.769)

(n)Gordon Clark(1902-1985), teólogo presbiteriano, que é citado por muitos para afirmar que Deus é o autor do pecado, contudo, nega isso [apenas se limitando a se reportar a Deus como aquele que, por meio de seu decreto, faz os homens pecarem, sem ser ele próprio autor dos pecados desses homens], afirmando:

"Deus não é responsável nem pecador, embora seja a única causa última de tudo. Ele não é pecador porque, em primeiro lugar, tudo o que Deus faz é justo e correto. É justo e correto simplesmente em virtude do fato de que ele o faz. Justiça ou retidão não é um padrão externo a Deus ao qual Deus é obrigado a se submeter. Justiça é o que Deus faz. Visto que Deus fez com que Judas traísse Cristo, esse ato causal é justo e não pecaminoso. Por definição, Deus não pode pecar. Neste ponto, deve ser particularmente destacado que Deus fazer um homem pecar não é pecado. Não há lei, superior a Deus, que o proíba de decretar atos pecaminosos. O pecado pressupõe uma lei, porque o pecado é iniqüidade. Pecado é qualquer falta de conformidade com ou transgressão da lei de Deus. Mas Deus é 'Ex-lex'.

É verdade que se um homem, um ser criado, deve causar ou tentar causar outro homem pecar, essa tentativa seria pecaminosa. A razão é clara. A relação de um homem com outro é inteiramente diferente da relação de Deus com qualquer homem. Deus é o criador; o homem é uma criatura. E a relação de um homem com a lei é igualmente diferente da relação de Deus com a lei. O que vale em uma situação não vale na outra. Deus tem direitos absolutos e ilimitados sobre todas as coisas criadas. Da mesma massa ele pode fazer um vaso para honra e outro para desonra. A argila não tem reivindicações sobre o oleiro. Entre os homens, ao contrário, os direitos são limitados.

A ideia de que Deus está acima da lei pode ser explicada em outro particular. As leis que Deus impõe aos homens não se aplicam à natureza divina. Eles são aplicáveis apenas às condições humanas. Por exemplo, Deus não pode roubar, não apenas porque tudo o que ele faz é certo, mas também porque ele é o dono de tudo: não há a quem roubar. Assim, a lei que define o pecado contempla as condições humanas e não tem relevância para um Criador soberano.

Como Deus não pode pecar, em seguida, Deus não é responsável pelo pecado, mesmo que ele o decrete. Talvez fosse bom, antes de concluirmos,dar um pouco mais de evidência bíblica de que Deus realmente decreta e causa o pecado. 2 Crônicas 18:20-22 diz: 'Então um espírito se adiantou e se apresentou diante do Senhor, e disse: 'Eu o persuadirei'. O Senhor lhe disse: 'De que maneira?'. Então ele disse: 'Eu sairei e serei um espírito mentiroso na boca de todos os seus profetas'. E o Senhor disse: 'Você o persuadirá e também prevalecerá; sair e fazê-lo'. Agora, portanto, olhe! O Senhor colocou um espírito mentiroso na boca desses seus profetas, e o Senhor declarou desastre contra vocês'.

Esta passagem definitivamente diz que o Senhor fez com que os profetas mentissem. Outras passagens semelhantes devem facilmente vir à memória. Mas que Deus não é responsável pelo pecado que causa é uma conclusão intimamente ligada ao argumento anterior.

Outro aspecto das condições humanas pressupostas pelas leis que Deus impõe ao homem é que elas carregam consigo uma penalidade que não pode ser infligida a Deus. O homem é responsável porque Deus o chama a prestar contas; o homem é responsável porque o poder supremo pode puni-lo pela desobediência. Deus, ao contrário, não pode ser responsável pela simples razão de que não há poder superior a ele; nenhum ser maior pode responsabilizá-lo; ninguém pode puni-lo; não há ninguém a quem Deus seja responsável; existem nenhuma lei que ele pudesse desobedecer. O pecador, portanto, e não Deus, é o responsável; só o pecador é o autor do pecado. O homem não tem livre arbítrio, pois a salvação é puramente pela graça; e Deus é soberano"(Religião, Razão e Revelação[em inglês], pp.213-214)

Acredito que Gordon Clark tem sido mal compreendido, tanto por alguns que afirmam que Ele é o autor do pecado, como por aqueles que negam isso. É uma questão de interpretação.

(XV)A posição dos Comentaristas das Escrituras:

"Não que ele acusasse Deus em termos expressos; mas lamentando sua própria miséria, e dissimulando o fato de que ele próprio era o autor dela, transfere malignamente para Deus a acusação que deveria ter trazido contra si mesmo"(João Calvino[1509-1564], Com. de Gn 3:11)

"A personalidade objetiva do tentador é ensinada em toda a Bíblia. Nas revelações mais completas das Escrituras posteriores, é claramente sugerido que o autor da trama sobre nossos primeiros pais era um espírito maligno, chamado 'o iníquo', 'o inimigo' e o tentador da humanidade(Mt 13:19; 13:39; 1 Ts 3:5) e que, em referência a essa transação primitiva no Éden, é denominado 'mentiroso' e 'assassino'(Jo 8:44; cf. 2 Co 4:4; Ef 2:2 ; 2 Ts 2:9-10)"(Robert Jamieson[1802-1880], Andrew Robert Fausset[1821-1910] e David Brown[1803-1897], Ministros Anglicanos, Com. de Gn 3:6)

"Ele é o pai de toda mentira, não apenas das mentiras que ele próprio sugere, mas daquelas que outros falam, ele é o autor e fundador de todas as mentiras"(Matthew Henry[1662-1714], Ministro Presbiteriano, Com. de Jo 8:44)

"Certamente por isso ele se tornou o autor, promotor, da falsidade entre os homens"(Henry Alford[1810-1871], Ministro Anglicano, Com. de Jo 8:44)


"Pois a eficácia do erro não deve ser considerada como um pecado, do qual Deus não pode ser o autor"(John Gill[1697-1771], Ministro Batista Calvinista, Com. de 2 Ts 2:11)

"De modo que, embora Deus não seja o autor do pecado ou da falsidade"(Matthew Poole[1624-1689], Ministro Congregacional Puritano, Com. de 2 Ts 2:11)

"Deus é, então, o autor da falsidade? Os delírios que possuem as mentes dos homens, e os levam à ruína eterna, devem sua força a Ele? Ele pode pretender que alguém acredite em uma mentira, e especialmente uma mentira com as consequências terríveis que estão aqui à vista? As palavras de abertura - 'por esta causa' - fornecem a resposta a essas perguntas. Por essa causa, ou seja, porque eles não amaram a verdade, mas, ao gostar do mal, deram as costas a ela, por essa causa o julgamento de Deus os atinge, prendendo-os à sua culpa. Nada é mais certo, por mais que escolhamos expressá-lo, do que a palavra do homem sábio: 'Suas próprias iniquidades tomarão o próprio ímpio, e ele será preso com os cordões do seu pecado'. Ele escolhe o seu próprio caminho, e ele se enche disso"(William R. Nicoll[1861-1923], Ministro Presbiteriano Escocês, Com. de 2 Ts 2:11)

"Em segundo lugar, como ele foi prejudicado e, com efeito, destruído, por sua própria loucura e maldade"(Matthew Henry[1662-1714], Ministro Presbiteriano, Com. de Ec 7:29)

"E, no entanto, Deus não é o autor do pecado, mas aqui infinitamente justo e santo; pois, embora a maior maldade se siga a essa desistência, a culpa disso deve ser colocada sobre o coração perverso do pecador. Se o paciente for obstinado, e não se submete aos métodos prescritos, mas voluntariamente toma e faz o que é prejudicial para ele, o médico não deve ser culpado se ele desistir dele como em uma condição desesperadora; e todos os sintomas fatais que se seguem não devem ser imputados ao médico, mas à própria doença e à loucura e obstinação do paciente"(Matthew Henry, Com de Em 1:19-32)

"Felizes somos por não termos de abrigar o pensamento da onipotência ligada ao mal. 'Se Deus é o autor do mal, conseqüentemente não é bom; e se ele não é bom, ele não é Deus'[Basílio, o Grande]'"Daniel D. Whedon[1808-1885], Ministro Metodista, Com de Jó 33:10)

"Sua força de atração está em seu reconhecimento do governo de Deus. Ele é o Autor do bem e do mal. Claro, mal é usado aqui no sentido de desastre e calamidade"(George C. Morgan[1863-1945], Com de Sl 46:1-26)

"O pecado é essencialmente culpa da criatura. Deus não é o autor do mal"(The Biblical Illustrator, Com de Pv 16:4)

"Mas os filhos de Deus inteligentemente oferecem esta oração ao Pai Divino; eles sentem que Ele não é o Autor do mal"(The Biblical Illustrator, Com de Mt 6)

"haverá mal em uma cidade, e o Senhor não o fez? Que não deve ser entendido do mal do pecado, do qual Deus não é o autor, sendo contrário à sua natureza e vontade; e embora ele permita que isso seja feito por outros... mas isso pode ser interpretado como o mal da aflição ou julgamento; que, onde quer que venha, é por ordem e designação de Deus, e é infligido por ele; assim o mal, assim como o bem, sai da boca e da mão do Altíssimo; e ele cria o mal da adversidade, assim como faz a paz e a prosperidade[veja Jó 2:1]"(John Gill[1697-1771], Ministro Batista, Com de Am 3:5)

XVI - A opinião dos léxicos gregos do Novo Testamento:

"διάβολος(diabolos) - Satanás , o príncipe dos demônios, o autor do mal, perseguidor dos homens bons"(Thayer's Greek English Lexicon of thte New Testament, p.135)

"διάβολος(diabolos) - Com a astúcia, διάβολος, o Acusador, a título de eminência, equiv. para Heb. Satanás, adversário de Deus, ambas as designações são altamente apropriadas, uma vez que o diabo nas Escrituras representava como o constante adversário de Deus e do homem; dos primeiros, resistindo a todos os Seus planos para o bem dos homens; destes, agindo como acusadores e caluniadores diante de Deus e sedutores do pecado; e resumidamente, como sendo, em grande medida, o autor de todo o mal, físico e moral da raça humana"(Samuel Thomas Bloomfield; A Greek and English Lexicon to the New Testament, p.80)

"διάβολος(diabolos) - o primeiro autor ou começo de alguma coisa; nesse sentido, o diabo é chamado de 'pai da mentira'"(J. H. Bass; A Greek and English Manual Lexicon to the New Testament, p.171).

"διάβολος(diabolos) - O diabo, o acusador, isto é, Satanás, o príncipe dos anjos caídos. De acordo com os hebreus posteriores, ele age como o acusador e caluniador dos homens perante Deus; os incita ao pecado; e é o autor do mal, tanto físico quanto moral, pelo qual a raça humana é afligida"(Edward Robinson, Léxico Grego do Novo Testamento, p.209).

"διάβολος(diabolos) - Em obras pós-canônicas encontramos uma tendência geral de apresentar Satanás como o chefe do reino hostil e como princípio absoluto do mal"(G. Kittel e G. Friedrich; Dicionário Teológico do Novo Testamento, p.166)

"διάβολος(diabolos) - Como título do outorgante transcendente do mal, sendo o adversário, o diabo"(F. W. Danker & W. Bauer, A Greek-English Lexicon of the New Testament and other Early Christian, p.266)

"διάβολος(diabolos) - Portanto, o termo mais geral do inimigo, o inimigo do homem, porque ele é o perturbador de sua conexão com Deus"(Ethelbert W. Bullinger; A Critical Lexicon and Concordance to the English and Greek New Testament, p.222)

Conclusão

Não encontramos como atribuir cunho bíblico ou reformado a uma doutrina falsa, que tenta atribuir a Deus a autoria do mal ou do pecado, que sendo rejeitado pelas Escrituras e pela grande maioria da igreja cristã durante séculos, nós também a rejeitamos.