quinta-feira, 14 de junho de 2018

Armínio e os Remonstrantes, filhotes de Pelágio




Em um de meus artigos escritos em meu facebook - 'Não me leve a mal, arminiano, mas você não passa de um pelagiano, filho espiritual de Pelágio, com sua soteriologia arminiana!!!", me apareceu um indívíduo, que havia se tornado meu 'amigo' na rede social, dias antes comprador de meu livro "ARMINIANISMO PROSCRITO", o Thiago Ribeiro, dizendo que não concordava com essa minha afirmação:






Mas, vem uma pergunta no ar. Teria ele razão? Será que Armínio e os remonstrantes não eram pelagianos em sua soteriologia?


(1)ARMÍNIO E OS REMONSTRANTES ERAM PELAGIANOS


(a)Na questão do dogma do livre arbítrio:


Armínio evocando o dogma do livre arbítrio, para negar a predestinação incondicional, afirma:


"Tal doutrina da predestinação é contrária a natureza do homem pelo fato do homem ter sido criado à imagem de Deus em conhecimento e justiça - em relação ao fato de ter sido criado com a liberdade de escolha..."(Obras de Armínio, Volume 1, p.205)


Agostinho atribui a Pelágio esse mesmo tipo de pensamento, quando diz:


"Eis proposições que se alegam contra Pelágio e que, dizem-me encontram-se na doutrina de Celéstio, seu discípulo: (2)O pecado de Adão prejudicou somente a Ele, e não à estirpe humana; (5)As crianças recém-nascidas estão nas mesmas condições de Adão antes da queda; (6)Que não é através da morte de Adão que morre toda a raça humana; que o homem, querendo-o, pode estar sem pecado"(De Gestis Pelagi, 23)


Certamente, esta opinião de Armínio aqui neste trecho de seus escritos, é não só pelagiana, mas antibíblica. A opinião de Pelágio é a mesma endossada por Armínio e pelos remonstrantes. Todos os homens, desde a tenra idade, são como Adão antes da queda, não totalmente caídos e impossibilitados de fazer escolhas, de formas, que, mesmo após a queda de Adão no Éden, ainda tem liberdade de escolha, podendo escolher até não pecar. A Bíblia não diz nem que Adão foi criado com um livre arbítrio absoluto, de formas que não pudesse pecar, nem que todos os seus descendentes foram concebidos no mesmo estado em que ele, quando foi criado, mas que os mesmos morreram totalmente espiritualmente, no pleno ato de sua queda no Éden(Gn 2:17; Gn 6:5; 8:21; Jo 3:3; Ef 2:1-5; Cl 1:21; Rm 3:10-18)). Adão não poderia evitar o pecado, caso contrário, teria frustrado o decreto da eleição, segundo o qual já na eternidade, Deus escolheu algumas pessoas para a salvação, rejeitando outras, predestinando-as para a condenação(Ef 1:4-5; 2 Ts 2:13; Rm 9:20-24); uma vez que se havia a eleição para a salvação, se pressupõe que havia o decreto para o pecado, uma vez que a salvação pressupõe pecado(Mt 1:21), da mesmo forma que o decreto para a condenação, pressupõe também o mesmo pecado(Jo 3:18; 5:29).. Se Adão pudesse evitar o pecado, isso frustraria o decreto eterno da salvação em Cristo, que é apresentado como o "Cordeiro, que foi morto desde a fundação do mundo"(Ap 13:8), "um cordeiro imaculado e incontaminado,O qual, na verdade, em outro tempo foi conhecido, ainda antes da fundação do mundo"(1 Pd 1:19,20). Se na eternidade, Cristo foi conhecido como um Cordeiro imaculado e incontaminado, Adão não poderia ter livre arbítrio para escolher não pecar. Da mesma forma, ocorre com todos os seus filhos, gerados de forma ordinária. Nenhum deles tem livre arbítrio para não pecar um dia sequer!(Ec 7:20; 2 Cr 6:36); Adão teve livre arbítrio, apenas para pecar, isto é, teve livre agência ao pecar, agindo livremente no ato da queda(Gn 3:6; Ec 7:20), sem ser tentado ou coagido por ninguém, por nenhuma força externa à sua própria vontade(1 Tm 2:14). O mesmo ocorre com seus filhos caídos. Eles tem livre arbítrio apenas para fazerem o mal(Ef 2:3)


(b)Na questão da eleição condicional


Aludindo a questão da eterna predestinação, Armínio evoca o espírito de Pelágio, quando fala da doutrina da predestinação, quando diz:


"O segundo decreto preciso e absoluto de Deus é aquele em que Ele decretou receber aqueles que se arrependerem e crerem, e, em Cristo, por causa dEle e por meio Dele, para efetivar a salvação de tais penitentes e crentes que perseverarem até o fim..."(Obras de Armínio, Volume, pp.226.227).


E em 'Meus Sentimentos sobre o precedente esquema da predestinação", no tocante as crenças reformadas, Armínio expõe uma delas:


"Que Deus decretou de forma absoluta e precisa a salvação de certos homens por meio de sua misericórdia e graça, mas condenou outros por sua justiça, e que Ele faz tudo sem considerar nesse decreto a retidão ou o pecado, a obediência ou a desobediência"(Obras de Armínio, Volume 1, p.199)


E após mencionar esse pensamento reformado sobre este precedente esquema da predestinação, dispara:


"Após uma diligente contemplação e avaliação desses quatro aspectos, sob o temor do Senhor, faço a seguinte declaração a respeito desta doutrina da Predestinação. Rejeito esta predestinação pelos seguintes pontos"(Ibidem, p.200)


o 1º Artigo dos Cinco Artigos da Remonstrância, diz:


"Que Deus, por um eterno e imutável plano em Jesus Cristo, seu Filho, antes que fossem postos os fundamentos do mundo, determinou salvar, de entre a raça humana que tinha caído em pecado - em Cristo, por causa de Cristo e através de Cristo - aqueles que pela graça do Santo Espírito, crerem neste seu filhos e que, pela mesma graça, perseverem na fé e obediência até o fim..."


Isto é basicamente a mesma doutrina dos seguidores de Pelágio - isto é - o decreto da eleição para a salvação é condicional como denuncia Agostinho:


"Os pelagianos argumentam: 'Deus sabia de antemão os que se santificariam e permaneceriam sem pecado pelo uso de sua liberdade. Por isso escolheu-os antes da criação do mundo em sua presciência, mediante a qual previam que eram santos. Portanto, escolheu-os antes que o fosse, predestinando como seus filhos aqueles que sabia em sua presciência que seriam santos e irrepreensíveis"(A Predestinação dos Santos, XVIII:36)


(c)Na questão da expiação ilimitada


Armínio, em sua obra "Meus sentimentos sobre o precedente esquema da predestinação", menciona o seguinte pensamento reformado:


"Que Deus decretou de forma precisa e absoluta a salvação de certos homens por meio da sua misericórdia e graça, mas condenou outros por sua justiça, e que Ele faz tudo isso sem considerar nesse decreto a retidão ou o pecado, a obediência ou a desobediência, é algo que não poderia existir por parte de uma classe de homens ou de outra"(Obras de Armínio, Volume 1, p.199)


E após mencionar esse pensamento reformado sobre este precedente esquema da predestinação, dispara:


"Após uma diligente contemplação e avaliação desses quatro aspectos, sob o temor do Senhor, faço a seguinte declaração a respeito desta doutrina da Predestinação. 3. Rejeito esta predestinação pelas seguintes razões..."(Ibidem, pp.199,200).


O 2º Ponto dos Cinco Artigos da Remonstrância, diz:


"Que, em concordância com isso, Jesus Cristo, o Salvador do mundo, morreu por todos e cada um dos homens, de modo que obteve para todos, por sua morte na cruz, reconciliação e remissão dos pecados; de tal modo que ninguém é participante desta remissãosenão0 os crentes(Jo 3:16; 1 Jo 2:2)


Esse pensamento de Armínio e da Remonstrância é o mesmo endossado pelos pelagianos, segundo denúncia de Agostinho(354-430):


"Replicam ainda: 'Se convinha que Deus manifestasse a uns condenados o que era devido a todos, e assim sua graça aparecesse mais gratuita aos vasos de misericórdia, por que na mesma causa me castigará mais que a outro ou a outro libertará de preferência a mim?"(O Dom da Perseverança, VIII:18).


(d)Na questão da resistibilidade da graça divina e da perseverança dos santos:


Armínio, em "Meus sentimentos sobre o esquema da predestinação", menciona a doutrina reformada da graça irresistível:


"Que estas pessoas a quem dessa forma Deus desejou salvar, Ele decretou não apenas a salvação, mas também todos os meios pertinentes a ela; (isso quer dizer, conduzi-los à fé em Jesus Cristo, e perseverar nessa fé) e que, na realidade, Ele também os leva a esses resultados pela graça e pelo poder que são irresistíveis; então não é possível que ele façam outra coisa senão acreditar, perseverar na fé e serem salvos"(Obras de Armínio, Volume 1, p.199).


E após mencionar esse pensamento reformado sobre este precedente esquema da predestinação, dispara:


"Após uma diligente contemplação e avaliação desses quatro aspectos, sob o temor do Senhor, faço a seguinte declaração a respeito desta doutrina da Predestinação. 3. Rejeito esta predestinação pelas seguintes razões..."(Ibidem, pp.199,200).


Nesse sentido, podemos avaliar o pensamento de Armínio sobre duas visões:


(1)A questão da resistibilade da raça divina, Armínio a nega aqui, quando a nega como sendo um dos resultados da eterna predestinação. E ele o faz, se utilizando do dogma do livre arbítrio, quando em outro lugar, afirma:


"Com relação a este tópico, creio eu, de acordo com as Escrituras, que muitas pessoas resistem ao Espírito Santo e rejeitam a graça que lhes é oferecida"(Obras de Armínio, Volume 1, p.232)


Sim, quando Armínio diz que muitas pessoas resistem ao Espírito Santo e rejeitam a graça que lhes é oferecida, está atribuindo ao homem a capacidade de fazer escolhas, isto é, o poder do livre arbítrio, segundo o qual, o homem poder escolher a Deus ou rejeitá-lo. A mesma coisa o faz o 4º Artigo de Fé da Remonstrância, que diz:


"Mas quando ao modo de operação, a graça não é irresistível, porque está escrito que muitos deles rejeitaram ao Espírito Santo(At 7).


(2)A questão da perseverança dos santos, encaixada dentro do esquema de predestinação reformada, que ao fazer Armínio negar este esquema de predestinação, onde esta perseverança é vista como um produto da predestinação divina, excluindo a participação humana, também deve ser entendida, como um apelo velado e indireto ao livre arbítrio do homem, como algo que coopera para a aquisição ou manutenção dessa perseverança, uma vez que ele afirma rejeitar esse conceito de predestinação, onde a perseverança dos santos é descrita como produto da predestinação e da graça de Deus. Nesse sentido, de forma velada e indireta, pelo menos nesse escrito, Armínio defende que a perseverança não é algo operado monergisticamente por Deus. Tudo certamente aponta para uma interpretação pelagiana na questão da perseverança dos santos, por parte de Armínio.



Mas seus discípulos, os remonstrantes, também tendem a seguir seu mestre, quando em seu 5º Artigo de Fé da Remonstrância, afirmam:


"Mas quanto a questão se eles não são capazes de, por preguiça e negligência, esquecer o início de sua vida em Cristo e de novamente abraçar o presente mundo, de modo a se afastarem da santa doutrina que uma vez lhe foi entregue, de perder a sua boa consciência e de negligenciar a graça - isto deve ser assunto de uma pesquisa mais acurada nas Santas Escrituras antes que possamos ensiná-lo com inteira segurança".


Assim, se a Remonstrância credita a eleição dos homens às suas obras, isto é, à sua vontade, às suas escolhas, suas obras(fé, perseverança e obediência), também credita a manutenção da perseverança dos mesmos às suas obras, isto é, a sua perseverança e obediência até o fim, e isto remete novamente ao pelagianismo, onde a vontade do homem é a fonte de onde emana a sua salvação, onde este tem o poder de escolher até mesmo não pecar, como ensinara Pelágio, segundo denúncia de Agostinho. Assim, não temos nenhuma dúvida de que Armínio teve influência pelagiana em seus ensinos, ainda que em alguns de seus escritos, dê parecer favorável aos cinco pontos do calvinismo, devido a sua bipolaridade. O mesmo atribuímos aos seus discípulos, os remonstrantes, ainda que Armínio não tenha ensinado a possibilidade de perda da salvação, como o fizeram seus discípulos - os remonstrantes e muitíssimos dos atuais autodenominados 'arminianos'. Os historiadores arminianos John McClinotck e James Strong afirmam que o ensino de Armínio ('Perseverança dos Santos') foi mais tarde modificado por seus seguidores, os Remonstrantes(Cyclopedia of Biblical, Theological, and Ecclesiastical Literature, Volume 1, p.415).


A Confissão de Fé Arminiana(1621), escrita por um dos remonstrantes, Simão Episcopus, fala da "utilidade da nossa fé E OBEDIÊNCIA PARA ALCANÇARMOS A GLÓRIA E A SALVAÇÃO"(IX:3); e diz que a fé salvífica "NÃO PODE SER EFETUADA EM NÓS, SEM NÓS"(XI:3), de formas que os primitivos remonstrantes eram pelagianos, semi-pelagianos, sinergistas e romanistas, crendo que a salvação ou a fé salvífica são obras operadas pelo homem ou em conjunto com sua vontade.



Mas, diante de todos os enunciados aqui, fica claro que Armínio e os remonstrantes foram pelagianos, em muitas de suas declarações e escritos




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