terça-feira, 24 de dezembro de 2019

Celebrando o nascimento de Nosso Senhor, sem nenhuma violação das Escrituras ou da Confessionalidade!



Celebrar aniversários, não é algo contrário ao espírito das Escrituras. Se lermos Jó 1:4, o substantivo masculino hebraico 'יוֹם(yowm), que aparece em Jó 1:4; 3:1 como 'dia", de acordo com o Léxico Hebraico do AT, de Drivers, Browns e Briggs, se refere literalmente ao "aniversário", mostrando que expressão, "cada um em seu próprio dia", indicaria "cada um no dia de seu aniversário", fazia banquetes. Ademais, se as Escrituras defendem a comemoração de um feriado ou aniversário nacional(Et 9:27), por que proibiria a celebração do aniversário de nosso Senhor ou de quem quer que seja? Isso não faria nenhum sentido, e, de fato, não faz nenhum sentido, e, encontramos nas Escrituras razões para comemorarmos o nascimento de nosso Senhor:

"E o anjo lhes disse: Não temais, porque eis aqui vos trago novas de grande alegria, que será para todo o povo: Pois, na cidade de Davi, vos nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o Senhor. E isto vos será por sinal: Achareis o menino envolto em panos, e deitado numa manjedoura. E, no mesmo instante, apareceu com o anjo uma multidão dos exércitos celestiais, louvando a Deus, e dizendo: Glória a Deus nas alturas, Paz na terra, boa vontade para com os homens"(Lc 2:10-14)

A palavra grega χαρὰν(charan), traduzida por "alegria", de acordo com o Léxico Grego do NT de J. H. Thayer, em Lc 2:10, significa "a causa ou ocasião de alegria". Isso indica que o nascimento de nosso Senhor foi a grande causa ou ocasião de alegria para todo o povo, e até mesmo os anjos, compartilhando desse evento, louvaram a Deus pelo nascimento de nosso Senhor(Lc 2:12-14). Se aquele evento foi a causa de toda aquela alegria para todo o povo, e se até os anjos compartilharam desse sentimento do mesmo povo, por que nós nos excluiríamos disso? Se o evento do nascimento do Senhor foi anunciado pelos pastores naquele dia(Lc 2:15-17), e se o anuncio do nascimento do Salvador deixou as pessoas maravilhadas(Lc 2:18),. porque deixaríamos hoje de nos maravilharmos diante desse dia, desse evento, ocorrido dentro do tempo, para nosso próprio benefício? Em Lc 2:19, com relação a reação de Maria diante de todos os pormenores que envolveram o evento do nascimento do Salvador, lemos:

"Mas Maria guardava todas estas coisas, conferindo-as em seu coração"(Lc 2:19)

O termo grego συντηρέω (suntéreó), aqui traduzido por "guardava", de acordo com o Léxico Grego do NT de J. H. Thayer, significa "manter dentro de si mesmo, ter em mente [uma coisa, para qie não seja esquecida]".

Sim, seguindo o exemplo de Maria, vamos sempre guardar em nossos corações o evento do nascimento do Senhor, nos unindo aos anjos do céu, sempre nos maravilhando por essa dádiva do Senhor para conosco, e movidos por grande alegria, sempre nos lembrando e celebrando esse dia memorável, e nunca o delegarmos ao esquecimento.

Maas pasme você, há quem use argumentos despidos de biblicidade e historicidade, contra a celebraçao do nascimento do Senhor. Vejamos alguns:

(a)(Argumentum ex silentio)'Não existe um mandamento explícito para se celebrar o nascimento do Senhor'

Mas existe algum mandamento explícito ordenando você batizar por aspersão, afusão, imersão; dar a ceia às mulheres; batizar crianças; batizar apenas adultos; votar no dia do Senhor; usar alianças de casamento; registrar seus filhos usando meses e dias, que foram dedicados a deuses pagãos, deixar de trabalhar em feriados pagãos [Ex: 12 de Outubro; Carnaval, etc]; ceia do Senhor celebradada mensalmente? Não. Não existe. Então, por que você faz isso?

(b)Apelo a similaridade com o paganismo['Os pagãos celebraram aniversários ou faziam suas saturnálias em 25 de dezembro]

Ok. O fato de uma coisa ser praticada ou crida por pagãos, prova que essa coisa é necessariamente pagã ou errada? Senão vejamos:

- Pagãos criam em uma criação e dilúvio, como sendo de origem divina. A doutrina da criação e do dilúvio também é pagã, por causa disso?

- Os pagãos também criam na imortalidade da alma e na ressurreição dos mortos. Os faraós, que mumificavam seus corpos, que o digam. Então, a profissão nas crenças da imortalidade da alma e da ressurreição dos mortos, é um ato pagãos?

- A religião babilônica cria que Ninrode [Marduque, deus principal dso caldeus], casou-se com Semíramis, e que desta união, nasceu Tamuz, também conhecido como Adonis. Os pagãos, porém, também ensinavam que Semíramis era virgem e que permaneceu virgem depois do parto. A crença no nascimento virginal de Cristo também é pagã, pelo fato dos antigos pagãos ensinarem que o nascimento viriginal de Tamuz?

- Os antigos pagãos persas, adeptos do zoroastrismo, pregava a vinda de um messias. São os cristãos pagãos, por crerem na vinda de um Messias?

- O faraó Amenotepe IV, implantou o monoteísmo no antigo Egito, criando o culto de Aton. São os cristãos pagãos, por endossarem uma crença que os antigos pagãos também professavam?

- Os antigos pagãos babilônicos também criam que o homem havia sido tentado em um jardim, onde existia uma serpente e uma árvore. O 'Sinete da Tentação'(2200 a.C} dos babilônicos contem essa gravura. São os cristãos pagãos, por sustentarem uma crença semelhante a dos pagãos?

- O Prima Welld [a lista dos reis da Suméria] [1800 a.C] contém uma lista de nome de reis do período antedliviano, que viveram centenas de anos. São os cristãos pagãos, quando ensinam a longevidade dos Patriarcas?

O fato dos pagãos como o Faraó e Herodes terem celebrado aniversário, não prova que a celebração do nascimento do Senhor é uma prática pagã, porque os filhos de Jó também celebravam seus aniversários(Jó 1:4; comp. com Jó 3:1). Ademais, se as Escrituras defendem a comemoração de um feriado ou aniversário nacional(Et 9:27), por que proibiria a celebração do aniversário de nosso Senhor ou de quem quer que seja? Isso não faria nenhum sentido, e, de fato, não faz nenhum sentido.

(1)A celebração do nascimento do Senhor foi defendida pela Igreja Pós-apostólica(Os Pais da Igreja):

(a)Gregório Naziazeno[329-390]:

Este é o nosso festival atualé isso que estamos celebrando hoje, a vinda de Deus ao homem, para que possamos sair adiante, ou melhor (pois essa é a expressão mais apropriada) que podemos voltar para Deus - que, adiando o velho, pode colocar o novo; e que, como morremos em Adão, podemos viver em Cristo, nascendo com Cristo e crucificados com Ele e sepultados com Ele e ressuscitando com Ele. Pois devo passar pela bela conversão e, à medida que os dolorosos sucedem, mais bem-aventurados, mais bem-aventurados devem sair dos dolorosos. Pois onde abundava o pecado, abundava a graça; e se um gosto nos condenou, quanto mais a paixão de Cristo nos justifica? Portanto, vamos celebrar a Festa, não à maneira de um festival pagão, mas após uma espécie de piedadenão segundo o caminho do mundo, mas de uma maneira acima do mundonão como nosso, mas pertencendo a Ele que é nosso, ou melhor, como de nosso Mestre; não como fraqueza, mas como cura; não como da criação, mas da recriação"(Sobre a Teofania ou Nascimento de Cristo, 3)

(b)João Crisóstomo(347-407):

"Veja no Natal uma nova e maravilhosa realidade. Os anjos cantam e os arcanjos misturam suas vozes em harmonia. Os querubins cantam seus alegres louvores. Os serafins exaltam a glória de Cristo. Todos se juntam para louvar esta festa santa, contemplando a divindade aqui na terra e o homem no céu. Aquele que está acima agora para nossa redenção habita aqui embaixo, e nós que somos humildes somos elevados pela misericórdia divina. Belém neste dia se assemelha ao céu, ouvindo das estrelas o canto de vozes angelicais. Não pergunte como. Para onde Deus quiser, a natureza cede. Pois Ele quis. Ele tinha o poder. Ele desceu. Ele redimiu. Todas as coisas se movem em obediência a Deus. Hoje em dia, quem nasce e quem é se torna o que não é. Ele é Deus que se tornou homem, mas não se afasta de Sua Divindade”(Homília sobre o nascimento do Senhor)

Venha, então, vamos observar a festaVerdadeiramente maravilhoso é toda a crônica da Natividade. Por hoje, a antiga escravidão termina, o diabo confunde, os demônios fogem, o poder da morte é quebrado, o paraíso é desbloqueado, a maldição é tirada, o pecado é removido de nós, o erro é expulso, a verdade foi trazida de volta, o discurso de bondade se difundiu e se espalhou por todos os lados, um modo de vida celestial foi 'plantado na terra, os anjos se comunicam com os homens sem medo, e os homens agora mantêm o discurso com os anjos"(Sermão sobre a Natividade)

(c)Agostinho(354-430):

“Acorde, ó ser humano! Pois foi para você que Deus foi feito homem. Levante-se e perceba que era tudo para você. A morte eterna teria esperado por você, se Ele não tivesse nascido a tempo. Você nunca seria libertado da sua carne pecaminosa, se Ele não tivesse tomado para si a semelhança da carne pecaminosa. Eterna seria sua miséria se Ele não tivesse realizado esse ato de misericórdia. Você não voltaria à vida se Ele não tivesse morrido sua morte. Você teria perecido se Ele não viesse.  Vamos então celebrar com alegria a vinda de nossa salvação e redençãoVamos celebrar o dia festivo em que aquele que é o grande e eterno dia veio do grande e interminável dia da eternidade para o nosso curto dia de tempo"(Sermão 185:1)

"Alegremo-nos, meus irmãos, que as nações exultem e se alegrem porque, não o sol visível, mas o Criador invisível do sol consagrou este dia{Natal} em que a Virgem, Mãe verdadeira mas inviolável, deu à luz Aquele que se tornou visível por nós e por quem ela mesma foi criada"(Sermão 186; 1:1)

"O Senhor, porém, nasceu a 25 de Dezembro, quando os dias começam a crescer"(Comentário do Salmo 132, 'Sermão ao Povo', 11)

"Diz a tradição que nasceu no dia 25 de Dezembro"(A Trindade; IV; 5:9).

(d)Leão, o Grande(+ 461 d.C):

"Nosso Salvador, amado, nasceu hoje: vamos nos alegrar. Pois não há lugar adequado para a tristeza, quando comemoramos o aniversário da Vida, que destrói o medo da mortalidade e nos traz a alegria da eternidade prometida. Ninguém é impedido de compartilhar essa felicidade. Existe para todos uma medida comum de alegria, porque, como nosso Senhor, o destruidor do pecado e da morte não encontra ninguém livre de cargas, assim também veio para libertar todos nós. Exulte o santo, pois ele se aproxima da vitória. Que o pecador se alegre por ser convidado a perdoar. Que o gentio tenha coragem, porque ele é chamado à vida. Pois o Filho de Deus, na plenitude dos tempos que a profundidade inescrutável do conselho divino determinou, tomou sobre si a natureza do homem, reconciliando-o com seu autor: para que o inventor da morte, o diabo, poderia ser conquistado através daquela (natureza) que ele havia conquistado”(Homília 21 sobre o Natal, 1).

"Portanto, tendo uma esperança tão confiante, amada, permaneça firme na Fé na qual você está edificado: para que o mesmo tentador cuja tirania sobre você Cristo já tenha destruído, o reconquiste com qualquer um de seus ardis e estrague até as alegrias. do festival atual por sua arte enganosa, enganando almas mais simples com a noção pestilenta de alguns a quem este nosso solene dia de festa parece derivar sua honra, não tanto do nascimento de Cristo como, segundo eles, da ressurreição do novo Sol. Os corações desses homens estão envoltos em trevas totais e não têm crescente percepção da verdadeira Luz: pois eles ainda são atraídos pelos erros tolos do paganismo, e porque não conseguem erguer os olhos de sua mente acima daquilo que suas visões de seis corpos carnais vêem, eles prestam honra divina aos luminares que ministram ao mundo. Que as almas cristãs não entrem em tal superstição perversa e mentira portentosa"(Sermão XXII: Na Festa da Natividade, II).

(e)Aurélio Prudêncio[348-413], poeta cristão do 5º século, em seu "Hino Para o Dia de Natal", diz:

"Por que o sol se reorienta

Uma gama mais ampla, seus limites quebram?

Veja! Cristo nasceu, e na noite da terra

Brilha cada vez mais a luz!

Muito rapidamente o dia radiante

Seu breve curso durou e faleceu:

Ela mal tinha disparado sua tocha gentil

Antes de desaparecer lentamente, expirou.

Agora deixe o céu brilhar com mais brilho,

A terra assume o tema alegre:

O orbe ganha um caminho de ampliação

E com seu antigo esplendor reina.

Doce amor, da castidade a flor,

O dote misterioso e abençoado de uma virgem!

Eleve-se no poder de Tua dupla natureza:

Levante-se, Deus e homem para se reunirem!"

(f)Sedulius(450 d.C), poeta cristão do século V, em seu hino "Do Leste ao Oeste", diz:

"De leste a oeste, de costa a costa

Deixe todo coração despertar e cantar,

À criança sagrada que Maria deu à luz,

O Cristo, o Rei eterno.

Eis que o Criador do mundo veste

A forma e o estilo de um escravo;

Nossa própria carne é compartilhada por nosso Criador,

Suas criaturas caídas devem ser salvas.

Por isso quão maravilhosamente Ele operou!

Uma donzela, em seu lugar humilde,

Tornou-se, de maneiras além de qualquer pensamento,

O vaso escolhido de Sua graça.

E enquanto os anjos no céu

cantavam louvores acima do campo silencioso
,

Aos pobres pastores o Senhor Altíssimo,

o único grande Pastor, foi revelado.

Toda a glória por esta manhã abençoada

A Deus Pai seja sempre;

Todos os louvores a Ti, ó nascido da Virgem,

E ao Espírito Santo eternamente"

(2)A celebração do nascimento de nosso Senhor não é contrário ao espírito da Reforma Protestante

Isso é patente, haja visto que vários reformadores defenderam tal evento:

(a)Martinho Lutero(1483-1546):

"Nós observamos o dia do Senhor, o Natal, a Páscoa e semelhantes festas em completa liberdade"(Comentário de Gálatas 4:10; Martinho Lutero, Obras Selecionadas, Volume 10, pp.385-386).

(b)Úlrico Zuínglio[1484-1531), de acordo com o historiador cristão Philip Schaff[1819-1893], celebrava o Natal, nas igrejas por ele pastoreadas:

"Outras mudanças completaram a Reforma. O festival de Corpus Christi foi abolido e o ano cristão reduzido à observância do Natal, Sexta-feira Santa, Páscoa e Pentecostes. As procissões e as peregrinações cessaram. A propriedade dos conventos foi confiscada e destinada a escolas e hospitais. A legislação matrimonial foi reconstruída e o cuidado aos pobres organizado. Em 1528, um sínodo se reuniu pela primeira vez, ao qual cada congregação enviou seu ministro e dois delegados leigos. Um colégio teológico, chamado Carolinum, foi estabelecido com os fundos do Grande Ministro e inaugurado em 19 de junho de 1525. Consistia no collegium humanitatis, para o estudo das línguas antigas, filosofia e matemática, e o Carolinum propriamente dito, para o estudo das Sagradas Escrituras, que eram explicadas em palestras diárias e popularizadas pelos pastores para o benefício da congregação. Isso foi chamado de profetizar[1 Co 14:1]. Zuínglio escreveu um tratado sobre a educação cristã (1526). Ele organizou essa escola de profetas e nela explicou vários livros do Antigo Testamento, de acordo com a Septuaginta. Ele recomendou estudiosos eminentes para cátedras. Entre os primeiros professores estavam Ceporin, Pellican, Miconius, Collin, Megander e Bibliander. Zurique deve sua reputação teológica e literária a Zuínglio. O Carolinum garantiu um ministério educado e ocupou uma posição influente no desenvolvimento da ciência teológica e da literatura até o século XIX, quando foi substituído pela organização de uma universidade completa"(History of The Christian Church, Volume 8, p.69)

Jean Grob, em sua obra "The Life of Ulric Zwingli"(A Vida de Úlrico Zuínglio), disse:

"'O conselho e a opinião dos notórios sacerdotes, Engelhardt, Zwínglio e Leão, a respeito da missa e das imagens', foi o seguinte: 1. A Ceia do Senhor e a missa são costumes diferentes. A palavra missa nunca é mencionada nas Sagradas Escrituras. O corpo e o sangue de Cristo não serão diminuídos, mas usados de acordo com a instituição. 2. A afirmação de que a missa é um sacrifício é uma negação do sacrifício todo-suficiente de Jesus Cristo; portanto, todo bom cristão deve insistir em abolir a missa. 3. Devemos obedecer à Palavra de Deus explícita e deixar as consequências para Deus. Toda alteração que não está de acordo com a Palavra de Deus deve ser removida novamente; esta mudança causará novos distúrbios. 4. De acordo com sua instituição, a Ceia do Senhor deve ser administrada ao povo cristão em ambos os forins. 5. Visto que eles não podiam mais negar ao povo o uso apropriado da Ceia do Senhor, eles se oferecem para administrá-la completamente de acordo com o mandamento de Jesus na próxima festa de Natal. Se não tiverem permissão para fazer isso, eles devem, de acordo com sua convicção, dar corpo e sangue, pão e vinho, para aqueles que desejam, ou permanecem convencidos da falsidade pela Palavra de Deus"(pp.121-122)

(c)João Calvino(1509-1564):

"Desde que me lembrei, tenho seguido o caminho moderado de guardar o dia do nascimento de Cristo, como vocês costumam fazer”(Epístola 270 [Carta de João Calvino a Jean Haller, de 2 de janeiro de 1551], Letters of John Calvin, Compiled From the Original Manuscripts and Edited with Historical Notes By Jules Bonnet, Volume 2, Edinburgh, 1857, p.274)

(d)Henrich Bullinger[1504-1575]:

"E embora não encontremos em nenhuma parte dos escritos dos apóstolos qualquer menção feita de que este domingo fosse ordenado para que o santificássemos; ainda, porque, porque neste quarto preceito da primeira mesa, somos ordenados a ter cuidado da religião e o exercício da piedade exterior, seria contra toda piedade e caridade cristã, se negássemos a santificação do domingo: especialmente, visto que a adoração externa de Deus não pode consistir sem um tempo e espaço designados de santo descanso. Suponho também que devemos pensar o mesmo daquelas poucas festas e dias santos, que santificamos para Cristo nosso Senhor, em memória de seu nascimento ou encarnação, de sua circuncisão, de sua paixão, da ressurreição e ascensão de Jesus Cristo, nosso Senhor, ao céu, e de seu envio do Espírito Santo sobre seus discípulos. Para o cristão, a liberdade não é um poder licencioso e a dissolução das ordenanças eclesiásticas piedosas, que avançam e propõem a glória de Deus e o amor ao próximo"('2ª Década', The Decades of Henry Bullinger, Minister of the Church of Zurich, Volume 2, p.260)

Philip Schaff[1819-1893], historiador cristão, confirma essa visão sobre Bullinger, declarando:

"A casa de Bullinger era um lar cristão feliz. Ele gostava de brincar com seus numerosos filhos e netos e de escrever pequenos versos para eles no Natal, como Lutero”(History of the Christian Church, Volume 8, p.176)

(3)A celebração do nascimento do Senhor não é contrário ao pensamento das Confissões Reformadas:

(a)O Sínodo de Berna(1532), diz:

Também é nossa prática a Ceia do Senhor três vezes por ano, na Páscoa e no Natal”(XXII)(Reformed Confessions of The 16º and 17º Centuries In English Translation, Volume 2[1552-1566], p.251)

(b)As Ordenanças Eclesiásticas da Igreja Reformada de Genebra[1541], diz:

"No entanto, por exemplo, aconselhamos e ordenammos que [a Ceia do Senhor] seja administrada quatro vezes por ano, incluindo Natal, Páscoa, Pentecoste e o primeiro dia de setembro no outono"

(c)A Rhaetian Confessio[1552], diz:

Mas observamos o dia do nascimento do Senhor e o dia da ascensão do Senhor, e os tempos mais próximos a este mesmo nascimento, a ressurreição e o Pentecostes pela mesma razão: visto que as ocorrências mais memoráveis que lembramos e sabemos devem ser impressionadas em tudo muito profundamente”(Reformed Confessions of The 16º and 17º Centuries In English Translation, Volume 1[1523-1552], p.683).

(d)A Confissão de Fé Católica Húngara[1562], declara:

Observamos as festas do nascimento de Cristo, circuncisão, paixão, Páscoa e Pentecostes por certas razões, sem superstição”(‘Sobre os Festivais’)(Reformed Confessions of The 16º and 17º Centuries In English Translation, Volume 2[1552-1566], p.607)

“Os eleitos podem comemorar corretamente no sexto dia, se assim o desejarem, descanso de seus labores externos e se envolver em obras divinas; além disso, para trabalhar no Dia do Senhor. Eles podem manter os festivais do nascimento, paixão e ressurreição de Jesus em qualquer dia; e, se quiserem, deixe-os e transfira-os para outros dias, pois as histórias do nascimento, da paixão e do Pentecostes podem ser contadas em sermões a qualquer momento”(Ibidem, 4º Mandamento)(Reformed Confessions of The 16º and 17º Centuries In English Translation, Volume 2[1552-1566], p.642)

(e)O Sínodo de Gonc[1566] diz:

“O Dia do Senhor, o dia do nascimento de Cristo, circuncisão, paixão, ressurreição, ascensão e Pentecostes devem ser retidos na liberdade do Espírito (Cl 2: 16-17; Rm 14:6). Outros dias dos santos devem ser ignorados em silêncio”(15)(Reformed Confessions of The 16º and 17º Centuries In English Translation, Volume 2[1552-1566], p.898)

(f)A Segunda Confissão Helvética[1566]

"Ademais, se na liberdade cristã, as igrejas celebram de modo religioso a lembrança do nascimento do Senhor, a circuncisão, a paixão, a ressurreição e sua ascensão ao céu, bem como o envio do Espírito Santo sobre os discípulos, damo-lhes plena aprovação"(XXIV:&4)(Reformed Confessions of The 16º and 17º Centuries In English Translation, Volume 2[1552-1566], p.872).

(g)Os Documentos de Debrecen[1567], diz:

“Quarto, os anjos também cantaram e celebraram o nascimento de Cristo cantando nas alturas (Lc 2:14)"('Cânticos')(Reformed Confessions of The 16º and 17º Centuries In English Translation, Volume 3[1567-1599], p.84)

(h)O Consenso de Sandomir[1570], diz:

"Nem desejamos honrar os dias dos santos como os papistas (já que Cristo não ordenaram, nem os apóstolos os ordenaram), mas de acordo com Sua ordem, nós santifique o Dia do Senhor, que chamamos pelo nome comum de domingo; no entanto também guardamos e celebramos os dias do nascimento, circuncisão, morte, ressurreição de Cristo, e ascensão, e do envio do Espírito Santo, porque primeiro contêm uma grande medida a nutrição da nossa fé, e segundo porque neles estão contidas todas as coisas de nossa redenção e religião"(8)(Reformed Confessions of The 16º and 17º Centuries In English Translation, Volume 3[1567-1599], p.431)

​ "Por isso também nós, na liberdade cristã, observamos o domingo, não o sábado como os judeus. Além disso, de acordo com esta liberdade, as igrejas cristãs observam com grande reverência e devoção a memória do nascimento do Senhor, circuncisão, paixão, ressurreição e ascensão e o envio do Espírito Santo sobre os apóstolos, que também observamos diligentemente"(XXIV)(Reformed Confessions of The 16º and 17º Centuries In English Translation, Volume 3[1567-1599], pp.247-248)

(i)O Sínodo de Hercegszőlőski[1576], diz:

"Nem queremos honrar os dias dos santos como os papistas (visto que Cristo não os ordenou nem os apóstolos os ordenaram), mas de acordo com o Seu mandamento, santificamos o Dia do Senhor, que chamamos pelo nome comum de domingo; no entanto, também guardamos e celebramos os dias do nascimento, circuncisão, morte, ressurreição e ascensão de Cristo, e do envio do Espírito Santo, porque primeiro eles contêm em grande medida o cultivo de nossa fé, e segundo porque neles estão continha todas as coisas de nossa redenção e religião”(8)(Reformed Confessions of The 16º and 17º Centuries In English Translation, Volume 3[1567-1599], p.431).

(j)A Ordem da Igreja de Dort(1619) diz:

“A Ceia do Senhor deve ser administrada uma vez a cada dois meses, tanto quanto possível. Também é edificante, onde quer que as circunstâncias das igrejas permitam, que o mesmo seja feito na Páscoa, Pentecostes e no Natal. Mas em lugares onde ainda não há congregação organizada, presbíteros e diáconos devem ser instalados provisoriamente”(LXIII)

As congregações devem observar, além do domingo, também o Natal, a Páscoa e o Pentecostes, nos dias seguintes. Como na maioria das cidades e províncias da Holanda, além desses dias”(LXVII)

(l)O Colóquio de Thorn[1645], declara:

“Certos momentos também devem ser nomeados para adoração pública. Observamos o dia do Senhor durante todo o ano, bem como certos dias de festa, como o nascimento, circuncisão, paixão e ressurreição, a ascensão, Pentecostes e assim por diante”(V – Do Serviço de Adoração, 9)(Reformed Confessions of The 16º and 17º Centuries In English Translation, Volume 4[1600-1693], p.218)

(m)A Confissão de Fé de Westminster(1643-1649), diz:

"... são partes do ordinário culto de Deus, além dos juramentos religiosos; votos, jejuns solenes e ações de graças em ocasiões especiais, tudo o que, em seus vários tempos e ocasiões próprias, deve ser usado de um modo santo e religioso"(XXI, 5)(Reformed Confessions of The 16º and 17º Centuries In English Translation, Volume 4[1600-1693], p.259)

Nesse sentido, se a Igreja reserva um dia no ano para celebrar o nascimento do Senhor, ela não está adulterando nenhuma parte do ordinário culto de Deus.

3: O Natal foi estabelecido por Constantino?

Constantino não estabeleceu nada. O livro patrístico "Dos Cálculos da Páscoa"(243 d.C)(XIX), escrito bem antes de Constantino, por Cipriano, defende a celebração do nascimento do Senhor, embora não nesta data. Epifanio(+ 403 d.C)menciona a prática da celebração do nascimento do Senhor(Contra Heresias, LI).

João Cassiano(360-465) registra em sua obra "Da Oração"(Colação Segunda do Abade Isaac,2), escrito entre 418-427 d.C, que os mosteiros egípcios ainda observam a "solenidade do seu nascimento". Paulo de Emesa(432 d.C) em sua 'Homilia do Nascimento do Salvador, Jesus Cristo', mostra que a celebração de dezembro foi firmemente estabelecida ali, e os calendários provam sua permanência.

A festa de dezembro chegou ao Egito entre 427 e 433. Agostinho também defende a celebração do Natal em 25 de dezembro, sem se reportar a Constantino(Da Trindade, IV:5).

Quando examinamos os escritos patrísticos, não podemos chegar a um consenso quanto a data do nascimento de Jesus, imaginada por eles. Imagina-se, portanto, que a data da concepção e crucificação de Jesus ocorreu no mesmo dia do ano: 25 de março (oitava calenda de abril), como se segue:

- Tertuliano[160-230](Contra os Judeus, VIII.17)

- Hipólito[170-235], um contemporâneo mais jovem de Clemente, afirma que a Natividade ocorreu em 25 de dezembro(Comentário sobre Daniel, IV.23:3). E, embora a declaração possa ser uma interpolação posterior, ele reiterou várias décadas depois(em 235 dC) que Jesus nasceu nove meses após o aniversário da criação do mundo, que Hipólito acreditava ter sido em 25 de março(Chronicon, 686) A Natividade seria assim em 25 de dezembro

- Julio Africano(160-240), em 221 d.C, escreveu o Chronographiae, a primeira cronologia cristã. Embora ele não mencione especificamente o nascimento do Senhor, ele cria que Jesus havia sido concebido em 25 de março.

- Cipriano(200-258), em 243 d.C, é o primeiro escritor cristão a associar a data do nascimento de Jesus ao do Sol(que ocorreria em 28 de março, segundo crença da época:

"Ó! A esplêndida e divina Providência da Senhor, que naquele dia, mesmo no dia em que o Sol foi criado, Cristo deveria nascer"(Dos Cálculos da Páscoa, XIX)

- Dionísio, o Pequeno(470-544), faz o mesmo que Cipriano(Livro da Páscoa[ou 'Argumentos sobre a Páscoa'], XV).

- Clemente de Alexandria(150-215), escrevendo logo após o assassinato de Commodus em 31 de dezembro de 192 d.C, fornece as primeiras datas documentadas para o nascimento do Senhor. Cento e noventa e quatro anos, um mês e treze dias se passaram desde então, o que corresponde a uma data de nascimento em 18 de novembro ou, se os quarenta e nove dias intercalares que faltam no calendário alexandrino forem adicionados, 6 de janeiro "Além disso,"existem aqueles que determinaram não apenas o ano do nascimento de nosso Senhor, mas também o dia"(Stromata, I.21), incluindo datas em abril e maio, além de outro dia em janeiro.

Assim, também se entende que 25 de março era uma outra data criada como dia do nascimento de Jesus.Não havia um consenso sobre a verdadeira data. Mas, se entende que 25 de Dezembro foi a data escolhida, como preferida pela maioria da igreja.

4. Calvino foi contrário a celebração do Natal?

Alguns inimigos da celebração do Natal, tem se utilizado do sermão de Calvino sobre Mq 5:7-14. Contudo, ele não desaconselha, condena ou proíbe a celebração do Natal, mas apenas diz que nossa adoração a Deus não está restrita meramente a um único dia:

"Quando você engrandece somente um dia com o propósito de adorar a Deus, você simplesmente transforma-o em um ídolo. Na verdade, vocês insistem que têm feito assim para a honra de Deus, contudo, honram mais ao diabo... Nenhum dia é superior a outro. Não importa se lembramos do nascimento do Senhor em uma quarta feira, quinta-feira, ou em qualquer outro dia. Porém, quando insistimos em criar uma prática baseada em nossos caprichos".

Calvino já teria dito antes:

"Na verdade, vocês tem sido frequentemente admoestados e que seha bom separar u dia do ano, no qual, lembramos de todo o bem ocorrido por causa do nascimento de Cristo no mundo, e ouvimos a história de seu nascimento sendo recontada, o que acontecerá no culto de domingo".

Note que Calvino diz "separar um dia do ano"... Ele fala da celebração como sendo administrada em um dia do ano... Quem foi que os admoestava que separassem um dia para se lembrarem do Natal? Note, que ele não disse que eles foram desaconselhados a não celebrarem o Natal de nosso Senhor...

5. John Knox foi contrário a celebração do nascimento do Senhor?

Alguns tem citado declarações deste reformador, contrárias a celebração do Natal. Mas o contexto de sua posição,. é com relação ao Natal como algo convencionado pela igreja romana como um dos "dias santos", condenando as superstições que Roma introduziu à celebração deste dia:

"Por doutrina contrária, entendemos tudo o que os homens, por leis, conselhos ou constituições impuseram às consciências dos homens, sem o mandamento expresso da Palavra de Deus: tais como votos de castidade, renuncia ao casamento, vinculação de homens e mulheres a vários a roupas disfarçadas, para a observação supersticiosa dos dias de jejum, diferença de carne por causa da consciência, oração pelos mortos; e guardar dias santos de certos santos comandados por homens, como todos aqueles que os papistas inventaram, como as festas (como as chamam) de apóstolos, mártires, virgens, de Natal, circuncisão, epifania, purificação e outras festas de nossa senhora. Que coisas, porque não tendo eles mandamento nem firmeza nas Escrituras de Deus, nós os julgamos totalmente abolidos deste Reino; afirmando ainda que os obstinados mantenedores e professores de tais abominações não deveriam escapar da punição do Magistrado Civil"(John Knox, Primeiro Livro de Disciplina, 1560, 'Primeiro Princípio'- Da Doutrina, 'A Explicação do Primeiro Princípio').

A definição da condenação da celebração do Natal dos romanistas, feita por Knox, é que esta festa, junto com as demais, era feita em honra de 'nossa senhora', numa alusão ao modo como os romanistas se referem a Virgem Maria, e como tal, devia ser rejeitada, pela introdução do paganismo dentro da festa ou conceito do Natal. Mas, sua condenação, não é ao Natal em si, mas às distorções feitas pelos papistas do mesmo.

O próprio John Knox, em sua obra “Advertência a Inglaterra”, diz:

“Ocorre-me que, no dia de Natal de 1552, pregando em New-castle-upon-Tyne, e falando contra a obstinação dos papistas, fiz esta afirmação: que todo aquele que em seu coração era inimigo do evangelho de Cristo e doutrina, que então foi pregada dentro do reino da Inglaterra, era também um inimigo de Deus e um traidor secreto à coroa e à comunidade da Inglaterra”(Writings of the Rev. John Knox, Londres, 1830, p.126)

A que John Knox se refere quando diz "no dia de Natal de 1552'? Essa linguagem representa um espírito de quem repelia a celebração do nascimento do Senhor?

John H. S. Burleigh[1894–1985], Reitor da Faculdade de Divindade e Professor de História Eclesiástica na Universidade de Edimburgo, na Escócia, ministro e historiador da Igreja da Escócia, em sua obra "Uma História da Igreja da Escócia"(1973), aludindo a Igreja Presbiteriana da Escócia do Século XVII, fundada pelo pai do presbiterianismo, John Knox, diz:

"Em 1617, o rei Jaime fez sua única visita ao reino do norte desde sua ascensão à Inglaterra. E o Parlamento completou a reorganização da Igreja, mas a proposta do rei de virtualmente abolir as assembleias gerais teve de ser abandonada. Ele agora voltou sua atenção para uma reforma do culto escocês. Por exemplo, ele mandou equipar sua capela em Holyrood para o culto anglicano e informou aos bispos quais mudanças eles deveriam introduzir. Depois de uma vã tentativa de dissuadi-lo de desafiar tão diretamente a opinião pública, eles obtiveram sua permissão para apresentar os Cinco Artigos elaborados pelo rei diante de uma assembleia a ser realizada em Perth em 1618. Estes exigiam (i)que o sacramento do Corpo e Sangue de Cristo deveria ser recebido ajoelhado, (2)para que pudesse ser ministrado aos enfermos em particular, (3) para que o batismo pudesse ser administrado em casas particulares quando a necessidade exigisse, (4) que crianças de oito anos fossem apresentadas ao bispo para confirmação, e (5)que o Nascimento, Paixão, Ressurreição e Ascensão de Nosso Senhor, e o envio do Espírito Santo sejam comemorados nos dias designados. Muitas vezes tem sido expressada surpresa pela oposição que estes artigos encontraram, mas deve-se compreender que os três primeiros estavam em direta contradição com a doutrina e prática sacramental das Igrejas Reformadas. Foram necessários preparativos extenuantes para garantir sua aceitação pela assembléia"(pp.207-208)

O ilustre historiador da Igreja da Escócia admite que a celebração do nascimento do Senhor Jesus Cristo não fazia parte das coisas que recebiam oposição das igrejas reformadas no século XVII.

O Rev. Clarke Huston Irwin[1858-1934], ministro presbiteriano, em seu livro "Uma História do Presbiterianismo em Dublin e no Sul e Oeste da Irlanda"(1890), diz:

"Às vezes pensa-se que realizar um culto no dia de Natal, ou mesmo referir-se ao Natal num culto de sábado, é uma inovação na Igreja Presbiteriana. Descobrimos, no entanto, nos registros antigos da congregação da Abadia de Maria, que um culto era ali realizada regularmente no dia de Natal durante muitos anos, no final do século passado e no início do século atual. A nota mais antiga que conseguimos rastrear foi de 1798, quando a coleta no dia de Natal é dada"(p.270)

O Rev. Walter Halsey Clark[1832-1912], em seu livro "História do Presbitério Platte; ou, Presbiterianismo no Noroeste do Missouri"(1910), diz, aludindo a história dessa igreja presbiteriana:

"A história antiga aqui apresentada consiste principalmente em trechos de uma História do Condado de Andrew publicada há alguns anos, e um sermão memorial pregado pelo pastor, Rev. A. W. McGlothlan, no dia de Natal de 1904, o último sábado em que os cultos foram realizados em o antigo prédio"(p.14)

E o erudito prebiteriano E. E. Stringfield, em seu livro "Presbiterianismo em Ozarks: Uma História"[1909], diz, aludindo a historia da igreja presbiteriana na região de Ozarks, nos Estados Unidos:

"Na reunião de outono deste Presbitério, realizada na escola de Spring Hill, no condado de Jasper, em 4 de outubro de 1880. O irmão. Pulton, como moderador aposentado, pregou o sermão de abertura. Muitos de nós nunca esqueceremos a energia e a eloquência com que ele falou. Sobre ele havia poucas sombras da idade. Seu rosto não exibia nenhuma de suas linhas desperdiçadas. Mal pensávamos que esta seria a última vez que nos encontraríamos na terra. Ele voltou para casa e retomou seu trabalho nas igrejas onde pregava em Ash Grove e Pleasant Valley. No sábado, 12 de dezembro de 1880, ele pregou em Ash Grove e, ao retornar para casa, queixou-se de frio, mas isso não o alarmou, pois ele nunca estivera gravemente doente. No sábado, 19 de dezembro, ainda sem dormir, ele pregou em Pleasant Valley sobre a palavra: 'O negócio das dobradiças exige pressa'. Este foi seu último sermão, quando chegou em casa, ele estava mais indisposto com o esforço, Ele não estava confinado à sua casa ou cama. Ele participou dos cultos de Natal na igreja presbiteriana e sua doença foi tão pouco grave que sua filha, Srta. Hattie Putton, voltou ao seu posto no Lindenwood College"(p.239)

Harold F Fredsell, historiador presbiteriano, em seu livro "John Monteith e o Presbiterianismo de Detroit"(1966), aludindo a igreja presbiteriana de Detroit, Michigan[EUA], onde o Rev. John Monteith[1788-1868], foi pastor, diz:

"Três anos depois, quando 141 pessoas compareceram aos cultos de Natal na casa dos Neal, foi decidido que se reuniriam no Troy Township Hall"(p.189)

Diz ainda:

"O Festival Anual de Contos de Natal também é um evento tradicional"(Ibidem, p.249).

O Rev William States Jacobs[1871-1951], ministro presbiteriano, em sua obra "Presbiterianismo em Nashville: Uma Compilação de Dados Históricos"(1904), diz:

"A sala da Escola Sabatina foi ocupada com cultos regulares em outubro de 1904, e o auditório principal será ocupado para cultos de Natal"(p.36)

Sim, a celebração do Natal era parte da história da igreja presbiteriana.

6. Os Puritanos eram contra a celebração do Natal?

Quando estudamos esse assunto, entendemos que os puritanos eram contra a celebração do Natal, em seus dias, devido as distorções romanistas introduzidas na festa. Mas isso não significa, como um todo, que todos eles, estavam ensinando que a negação da celebração em si, fosse defendida com base no respaldo bíblico. Horton Davies[1916-2005], ministro congregacional reformado, em seu livro "A Adoração dos Puritanos Ingleses", aludindo a liturgia dos puritanos, diz:

“Finalmente, muitas mudanças literais foram exigidas. Dois arcaísmos foram condenados na ordem do Casamento: 'com meu corpo eu te adoro' e 'até a morte nos partiremos'. Foi sugerido que a Oração de Acesso Humilde na ordem da Comunhão parecia dar maior eficácia ao sangue do que ao corpo de Cristo. Exceção foi feita à redação da coleta de Natal. As seguintes palavras: 'Deus Todo-Poderoso, que nos deste o teu Filho unigênito, para assumir sobre ele a nossa natureza, e hoje nascer de uma virgem pura,. Implicava que Jesus Cristo nasceu no mesmo dia em que a oração foi feita”(p.151)

Nessa tentativa desesperada de apoio puritano para a negação da celebração do Natal entre eles, muitos apelam desonestamente a Charles Spurgeon, um dos grandes puritanos, mas ele não era contra a celebração do Natal. Vamos lá falar da citação de Spurgeon, feita por alguns dos inimigos da celebração do Natal. Na manhã de domingo, 24 de dezembro de 1871, ele pregou um sermão intitulado "A Alegria Nasceu em Belém". Spurgeon começou seu sermão com estas palavras:

“Não temos nenhuma consideração supersticiosa pelos tempos e estações. Certamente não cremos no atual arranjo chamado Natal. Primeiro, porque não acreditamos na missa, mas a abominamos totalmente, seja cantada em latim ou em inglês; e em segundo lugar, porque não encontramos qualquer garantia bíblica para observar qualquer dia como aniversário do Salvador; e consequentemente, sua observância é uma superstição, porque não de autoridade divina. A superstição fixou de forma mais positiva o dia do nascimento de nosso Salvador, embora não haja possibilidade de descobrir quando isso ocorreu. (…) Não foi até meados do século III que alguma parte da igreja celebrou o nascimento de nosso Senhor; e não foi senão muito depois de a igreja ocidental ter dado o exemplo, que o oriental o adotou. … Provavelmente, o fato é que os dias 'sagrados' foram arranjados para combinar com os festivais pagãos. Arriscamo-nos a afirmar que, se houver algum dia no ano, do qual podemos ter certeza de que não foi o dia em que o Salvador nasceu, é o dia vinte e cinco de dezembro. No entanto, uma vez que a corrente dos pensamentos dos homens é conduzida nesta direção agora mesmo, e não vejo mal na corrente em si, lançarei a casca de nosso discurso sobre essa corrente e utilizarei o fato, que não justificarei nem condenar, esforçando-se por conduzir seus pensamentos na mesma direção. Visto que é lícito, a até louvável, meditar sobre a encarnação do Senhor em qualquer dia do ano, não pode estar no poder das superstições de outros homens tornar tal meditação imprópria para hoje. Não considerando o dia, Porém demos graças a Deus pela dádiva de seu querido Filho".

Aqui, Spurgeon não condena em si a ideia de alguém separar um dia do ano para celebrar o nascimento do Senhor; mas condena o arranjo de 'dias sagrados' para combinar com festivais pagãos. Com relação a celebração do Natal em 25 de Dezembro, ele não via nenhum mal nesse tipo de corrente de pensamento de separar um dia para celebrar o nascimento do Senhor, visto que considerava 'louvável' meditar sobre o nascimento do Senhor 'em qualquer dia do ano', e que não estava no poder da superstição humana estabelecer um dia próprio para essa celebração ou meditação('não considerando o dia, porém demos graças a Deus pela dádiva de seu querido Filho). O que Spurgeon era contra, era o estabelecimento de 25 de Dezembro como dia específico para se celebrar o nascimento do Senhor, considerando esse tipo de imposição uma 'superstição humana'.

Em dezembro de 1855, Spurgeon pregou sobre “A Encarnação e o Nascimento de Cristo” de Miquéias 5:2, defendendo a celebração do Natal por parte dos cristãos. Suas palavras iniciais foram estas:

"Esta ém a estação do ano em que, desejemos ou não, somos compelidos a pensar no nascimento de Cristo. Considero um dos maiores absurdos sob o céu pensar que existe alguma religião em guardar o dia de Natal. Não há nenhuma probabilidade de que nosso Salvador Jesus Cristo tenha nascido naquele dia e a observância disso seja puramente de origem papista; sem dúvida, aqueles que são católicos têm o direito de santificá-lo, mas não vejo como os protestantes consistentes podem considerá-lo no mínimo sagrado. No entanto, gostaria que houvesse dez ou doze dias de Natal no ano; pois já há trabalho suficiente no mundo, e um pouco mais de descanso não faria mal aos trabalhadores. O dia de Natal é realmente uma benção para nós, principalmente porque nos permite reunir-nos ao redor da lareira da família e encontrar nossos amigos mais uma vez. Ainda, embora não caiamos exatamente no mesmo caminho de outras pessoas, não vejo mal em pensar na encarnação e no nascimento do Senhor Jesus. Não queremos ser classificados com aqueles quem com mais cuidado mantém as férias do jeito errado do que os outros da maneira certa".

Na mesma linha, Spurgeon pregou uma mensagem intitulada “A Canção de Maria”, baseada em Lucas 1:46-47, onde ele defende a celebração do Natal de nosso Senhor. Nele ele diz:

"Observa, esta manhã, a sagrada alegria de Maria para que a imites. Esta é uma época em que todos os homens esperam que estejamos alegres. Nós nos cumprimentaremos com o desejo de ter 'um feliz Natal'. Alguns cristãos que são um pouco melindrosos não gostam da palavra 'alegre'. É uma boa e velha palavra saxônica, que contém a alegria da infância e a alegria da masculinidade, traz à mente a velha canção das esperas e o repicar dos sinos da meia-noite, o azevinho e o tronco em chamas. Eu amo isso por seu lugar na mais terna de todas as parábolas, onde está escrito que, quando o filho pródigo há muito perdido voltou para seu pai são e salvo, 'eles começaram a se alegrar'. Esta é a época em que devemos ser felizes; e o desejo do meu coração é que, no mais elevado e melhor sentido, vocês que são crentes possam ser 'felizes'. O coração de Maria estava alegre dentro dela; mas aqui estava a marca de sua alegria, era tudo uma alegria sagrada, era cada gota de sua alegria sagrada. Não foi a alegria que os mundanos vão festejar hoje, mas foi a alegria que os anjos tem ao redor do trono, onde cantam 'Glória a Deus nas alturas', enquanto cantamos 'Paz na terra, boa vontade para com os homens'. Esses corações alegres têm um banquete contínuo. Eu quero que vocês, filhos da câmara nupcial, possuam hoje e amanhã, sim, todos os seus dias, a alta e consagrada bem-aventurança de Maria, para que possam não apenas ler suas palavras, mas usá-las para vocês mesmos, sempre experimentando seu significado: 'Minha alma engrandece ao Senhor, e meu espírito se alegra em Deus meu Salvador'".

Spugeon, em seu Sermão "O Nascimento de Cristo"(24/12/1854), Metropolitan Tabernacle Pulpit, Volume 40), sobre Is 7:14-15, defende a celebração do nascimento do Senhor:

Agora um feliz Natal a todos vocês; e será um feliz Natal se você tiver Deus com você. Não durei nada hoje contra as festividades neste grande aniversário de Cristo. Amanhã pensaremos no aniversário de Cristo; seremos obrigados a fazê-lo, estou certo, por mais vigorosamente que possamos nos apegar ao nosso rude puritanismo. E assim, 'celebremos a festa, não com fermento velho, nem com fermento da malícia e da maldade; mas com o pão sem fermento da sinceridade e da verdade'. Não festeje como se desejasse manter o festival de Baco; não viva amanhã como se você adorasse alguma divindade pagã. Festa, cristão, festa; você tem o direito de festejar. Vá para a casa da festa amanhã, celebre o nascimento do seu Salvador; não tenha vergonha de ser feliz; você tem o direito de ser feliz. Salomão disse: 'Vai, come o teu pão com alegria, e bebe o teu vinho com o coração alegre; pois agora Deus aceita as tuas obras. Que tuas vestes sejam sempre brancas; e não falte unguento à tua cabeça'. A religião nunca foi projetada para diminuir seus prazeres".

(7)A opinião dos comentaristas das Escrituras:

É provável que nosso Salvador tenha nascido antes de 25 de dezembro ou antes do que chamamos deNatal'. Naquela época, faz frio, especialmente nas regiões altas e montanhosas de Belém. Mas a hora exata de seu nascimento é desconhecidanão há como averiguar isso. Por diferentes homens instruídos, isso foi corrigido a cada mês do ano”(Albert Barnes[1798-1870], Ministro Presbiteriano, Com de Lc 2:8)

Não há nada para nos guiar quanto ao dia real de Seu nascimentoEra desconhecido para os cristãos antigos(Clem. Alex. Strom. L. 21). Alguns pensaram que ocorreu em 20 de maio ou 20 de abril. Não há vestígios da data de 25 de dezembro anterior ao século IV, mas é aceita por Atanásio, Jerônimo, Ambrósio, etc”(Cambridge Greek Testament for Schools and Colleges, Com de Lc 2:6)

“A primeira chuva é no mês Marchesvan, que responde à parte final de nosso outubro e à parte anterior de novembro; e desse tipo, parecem ser os rebanhos que aqueles pastores mantinham à noite, ainda não chegou a hora de serem trazidos para a cidade: de onde parece que Cristo deve nascer antes de meados de Outubro, desde o a primeira chuva ainda não havia chegado; sobre isso, a Gemara é mais grande”(John Gill[1697-1771], Ministro Batista Calvinista, Com de Lc 2:8)

“A partir disso, muitos críticos, desde Lightfoot, concluem que o tempo que, desde o século IV, foi fixado eclesiasticamente - 25 de dezembro para a celebração do nascimento de Cristo - não pode ser o tempo real, enquanto os pastores dirigiam seus rebanhos durante a primavera ou a Páscoa até os campos, e ficavam com eles o verão inteiro, cobertos de cabanas ou tendas, retornando com eles no final do outono. Mas os viajantes recentes nos dizem que, no final de dezembro, depois das chuvas, as flores voltam a florescer e os rebanhos surgem novamente”(Robert Jamieson[1802-1880], Andrew Robert Fausset[1821–1910] e David Brown[1803-1897],Ministros Anglicanos, Com de Lc 2:8)

“O aniversário é de menos antiguidade, de menos importância e precisão do que a Páscoa, que foi observada desde os primeiros tempos.Na Igreja primitiva, não havia acordo quanto à época do nascimento de Cristo e pouco entre os cronologistas modernos. O Salvador nasceu na plenitude dos tempos, justamente quando Ele era mais necessário, e quando o mundo judeu e gentio estava totalmente preparado para esse fato central e um momento decisivo na história. O dia 25 de dezembro pode ter sido selecionado por condicionamento poético e simbólico. Naquela estação, a noite mais longa dá lugar ao sol que volta em sua marcha triunfante, assim como Cristo apareceu na noite mais escura do pecado e do erro como a verdadeira Luz do mundo”(Philip Schaff[1819-1893], Ministro Presbiteriano, Com de Lc 2:8)

O Sr. Greswell tornou altamente provável(Diss. X. Vol. I.) que nosso Senhor tenha nascido na noite de (ou seja, que começou) 5 de abril, ou 10 de abril do Nisan judeu: na qual dia de abril e 14 de nisã, sofreu trinta e três anos depois”(Henry Alford[1810-1871], Ministro Anglicano, Com de Lc 2:8)

A data precisa do nascimento pode certamente não ser de importância vital, senão teria sido revelada a nós. Basta que saibamos que o Salvador nasceu na plenitude dos tempos, justamente quando Ele era mais necessário e quando o mundo judaico e gentio estava totalmente preparado para esse fato central e ponto de virada na história. Por razões internas, o dia 25 de dezembro, quando a noite mais longa dá lugar ao sol que volta em sua marcha triunfante, é eminentemente adequado como o dia do nascimento daquele que apareceu na noite mais escura do pecado e do erro como a verdadeira luz do mundo. Mas pode ter sido instintivamente selecionado por essa aptidão poética e simbólica, e não por motivos históricos”(Johann Peter Lange[1802-1884], Teólogo Calvinista Alemão, Com de Lc 2:8)

As legiões de anjos, que não foram convocadas para impedir Sua morte(Mt 26:53), vieram celebrar Seu nascimento”(Peter Pett, Ministro Batista, Com de Lc 2:13)

O período não seria dezembronosso dia de Natal é uma tradição relativamente tardia, encontrada pela primeira vez no Ocidente”(Arthur Samuel Peake[1865-1929], Ministro Metodista, Com de Lc 2:8)

Existe divergências, quanto a verdadeira data do nascimento de Cristo, mas não nenhuma divergência ou opinião de que a comemoração de seu aniversário, por parte dos cristãos, fosse algo pecaminoso, contrário ao espírito das Escrituras ou ao espírito do Cristianismo Histórico.

Divergências à parte, ainda assim, não temos elementos bíblicos, patrísticos, reformados ou confessionais, para não celebrarmos o nascimento de nosso Senhor.

Feliz Natal a todos os meus leitores!

Jailson Serafim

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