quarta-feira, 11 de agosto de 2021

Aristóteles, Averroes, Tomás de Aquino, Basílides e o Diabo - O Quinteto dos Infernos!

Quem tem examinado o Tomismo, sabe que Tomás de Aquino se inspirou no pensamento do filósofo pagão Aristóteles. Encontramos diversas citações de Aristóteles, feitas por Aquino. Por exemplo, na Suma Teológica, Volume 1, encontramos, pasmem, 94 citações de Aristóteles. São dezenas de citações do mesmo. Todavia, fica bem claro que o ensinamento de Aristóteles foi rejeitado pela maioria dos Pais da Igreja e pela igreja como um todo.

(I)Pais da Igreja contra Aristóteles

Hipólito de Roma(160-236) é um dos primeiros pais da Igreja a citar Aristóteles, afirmando:

"Visto que, portanto, nos seis livros anteriores a este, previamente esclarecemos OPINIÕES HERÉTICAS, agora parece adequado NÃO FICARMOS CALADOS A RESPEITO DAS DOUTRINAS DE BASILIDES, QUE SÃO OS PRINCÍPIOS DE ARISTÓTELES, o Estagirita, E NÃO AQUELAS DE CRISTO. Mas mesmo que em uma ocasião anterior AS OPINIÕES PROPOSTAS POR ARISTÓTELES tenham sido elucidadas, não teremos nem mesmo agora o escrúpulo de colocá-las de antemão em uma espécie de sinopse, com o propósito de habilitar meus leitores, por meio de uma comparação mais próxima dos dois sistemas, PARA PERCEBER COM FACILIDADE QUE AS DOUTRINAS PROMOVIDAS POR BASÍLIDES SÃO NA REALIDADE OS TROCADILHOS ASTUTOS DE ARISTÓTELES"(Hipólito de Roma[169-236] Refutação a Todas as Heresias, VII:2).

Hipólito diz que segundo Aristóteles, "O MUNDO, ENTRETANTO, É INCORRUPTÍVEL E ETERNO"(Ibidem, VII:7), afirmando que "DEVEMOS PROVAR AOS DISCÍPULOS DESTE HEREGE QUE CRISTO DE FORMA ALGUMA OS BENEFICIARÁ"(Ibidem). O panteísmo de Arístoteles, é condenado por Hipólito.

Justino Mártir(89-165), diz:

"E, novamente, enquanto Platão diz que o Deus Altíssimo e as idéias existem no primeiro lugar dos céus mais elevados, e na esfera fixa, Aristóteles diz que, ao lado do Deus Altíssimo, existem, não idéias, mas certos deuses, que pode ser percebido pela mente"(Discurso de Exortação aos Gregos, 6).

Ainda, de acordo com Justino, Aristóteles nega a imortalidade da alma:

"E Platão afirma em voz alta que toda a alma é imortal. Mas Aristóteles, dando-lhe o nome de realidade, queria que fosse mortal, não imortal"(Discurso de Exortação aos Gregos, 6).

(II)Aristóteles e a sua opinião sobre a alma

Em sua obra "A Metafísica"(viii:3), ele diz que "a alma deve ser chamada de homem".

. E em sua obra "De Anima"[Da Alma], ele diz:

. "Deve seguir-se, então, que a alma é substância no sentido de que é a forma de um corpo natural tendo nele a capacidade de vida"(Livro II).

. A "The Catholic Encyclopedia"(Volume 1, 1913), diz que, na visão de Aristóteles, a alma "não é uma substância distinta do corpo, como Platão ensinou, mas um Princípio co-substancial com o corpo, ambos sendo unidos para formar a substância composta, o homem"(p.716). Não resta nenhuma dúvida de que Aristóteles tinha uma destas duas [ou ambas] visões falsas sobre a alma:

(a)Traducionismo - alma, por geração natural, ser consubstancial com o corpo, sendo repassada pelos pais aos filhos

(b)Negação da imortalidade da alma - a alma por ser consubstancial com o corpo, morrerá, assim que o corpo morrer.

(III)O conceito de Aristóteles é materialista.

"Aristóteles responde que a felicidade do homem é determinada pelo fim ou propósito de sua existência, ou seja, que sua felicidade consiste no 'bem próprio de sua natureza racional'. Pois a prerrogativa do homem é a razão. Sua felicidade, portanto, deve consistir em viver de acordo com a razão, isto é, em viver uma vida de virtude. A virtude é a perfeição da razão e é naturalmente dupla, conforme consideramos a razão em relação aos poderes inferiores (virtude moral) ou em relação a si mesma (virtude intelectual ou teórica). A virtude moral é definida 'um certo hábito da faculdade de escolha, que consiste em um meio adequado à nossa natureza e fixado pela razão, da maneira como os homens prudentes o fixariam'. É da natureza das virtudes morais, portanto, evitar todos os excessos, bem como todos os defeitos; a timidez, por exemplo, é tão oposta à virtude da modéstia quanto a falta de vergonha. As virtudes intelectuais (compreensão, ciência, sabedoria, arte e sabedoria prática) são perfeições da própria razão, sem relação com as faculdades inferiores. É uma peculiaridade do sistema ético de Aristóteles que ele coloque as virtudes intelectuais acima da moral, o teórico acima do prático, o contemplativo acima do ativo, o dialético acima do ético. Um importante constituinte da felicidade, segundo Aristóteles, é a amizade, vínculo entre o indivíduo e a agregação social, entre o homem e o Estado. O homem é essencialmente, ou por natureza, um 'animal social', isto é, ele não pode alcançar a felicidade completa exceto na dependência social e política de seu semelhante. Este é o ponto de partida da ciência política. Que o Estado não é absoluto, como ensinou Platão, que não existe um Estado ideal, mas que nosso conhecimento da organização política deve ser adquirido estudando e comparando as diferentes constituições dos Estados, que a melhor forma de governo é aquela que melhor se adapta aos caráter do povo - estas são algumas das mais características das doutrinas políticas de Aristóteles"(The Catholic Encyclopedia, Volume 1, p.717).

Assim, a felicidade do homem está restrita ao próprio mundo humano, sendo o próprio homem o centro dessa felicidade.

(IV)O ensino de Aristóteles é incompatível com a fé cristâ:

"Essas traduções e a 'Introdução' de Porfírio foram as únicas obras aristotélicas conhecidas pelo primeiro dos escolásticos, isto é, pelos filósofos cristãos da Europa Ocidental do século IX ao XII. No século XII, a tradição árabe e a tradição bizantina se encontraram em Paris, as obras metafísicas, físicas e éticas de Aristóteles foram traduzidas em parte do texto árabe e em parte do texto grego e, após um breve período de suspeita e hesitação sobre parte da Igreja, a filosofia de Aristóteles foi adotada como base de uma exposição racional do dogma cristão. A suspeita e a hesitação se deviam ao fato de que, no texto árabe e seus comentários, o ensino de Aristóteles havia se pervertido na direção do materialismo e do panteísmo. Depois de mais de dois séculos de triunfo quase universalmente inquestionável, Aristóteles mais uma vez foi objeto de disputa nas escolas cristãs do período renascentista, porque os humanistas, como os árabes, enfatizaram os elementos do ensino de Aristóteles que eram irreconciliáveis com Doutrina Cristã. Com o advento de Descartes e a mudança do centro da investigação filosófica do mundo externo para o interno, da natureza para a mente, o aristotelismo, como um sistema real, começou a ser cada vez mais identificado com a escolástica tradicional, e não foi estudado além da escolástica, exceto por seu interesse histórico"(The Catholic Encyclopedia, Volume 1, p.717).

(V)Aristóteles negando a imortalidade da alma:

"Deve-se, portanto, ter em mente que, quando Aristóteles fala da alma, ele não se refere apenas ao princípio do pensamento; ele quer dizer o princípio da vida. A alma, ele define como a forma, atualização ou realização do corpo, 'a primeira enteléquia do corpo organizado que possui o poder da vida'. Não é uma substância distinta do corpo, como Platão ensinou, mas um Princípio co-substancial com o corpo, ambos sendo unidos para formar a substância composta, o homem. As faculdades ou poderes da alma são quíntuplos: nutritiva, sensível, apetitiva, locomotiva e racional"(The Catholic Encyclopedia, Volume 1, p.716).

(VI)Basilides[+ 138 d.C], o herege

A 'The Catholic Encyclopedia'(Volume XIV) fala "na estima exagerada em que Aristóteles era tido pelos hereges do período cristão inicial"(p.713).Isso nos faz lembrar as palavras de Hipólito de Roma[169-236], que afirma que um dos hereges que foram influenciados por Aristóteles, foi o gnóstico Basilides:

"Visto que, portanto, nos seis livros anteriores a este, previamente esclarecemos OPINIÕES HERÉTICAS, agora parece adequado NÃO FICARMOS CALADOS A RESPEITO DAS DOUTRINAS DE BASILIDES, QUE SÃO OS PRINCÍPIOS DE ARISTÓTELES, o Estagirita, E NÃO AQUELAS DE CRISTO. Mas mesmo que em uma ocasião anterior AS OPINIÕES PROPOSTAS POR ARISTÓTELES tenham sido elucidadas, não teremos nem mesmo agora o escrúpulo de colocá-las de antemão em uma espécie de sinopse, com o propósito de habilitar meus leitores, por meio de uma comparação mais próxima dos dois sistemas, PARA PERCEBER COM FACILIDADE QUE AS DOUTRINAS PROMOVIDAS POR BASÍLIDES SÃO NA REALIDADE OS TROCADILHOS ASTUTOS DE ARISTÓTELES"(Refutação a Todas as Heresias, VII:2).

Outros pais da Igreja também definem Basilides como um herege.

(1)Ireneu(130-200), por exemplo lista algumas das heresias dele:

(i)O homem foi criado pelos anjos(Contra Heresias, I; 24:1)

(ii)Reencarnação(Contra Heresias, I; 24:1; 25:4)

(iii)Jesus não foi gerado(Contra Heresias, I; 24:2)

(iv)Jesus não teve corpo físico(Contra Heresias, I; 24:2)

Esse ensino herético, por incrível que pareça, nos parece estar na 'teologia' de Tomás de Aquino, uma vez que chega a dizer que "aquilo que a Bem-aventurada Virgem recebeu dos seus pais não era matéria do corpo de Cristo"(Suma Teológica, VIII; Quest.31; Resp. Art.6)

(v)O deus dos hebreus era um dos anjos(Contra Heresias, I; 24:2)

(vi)Casar e procriar é diabólico(Contra Heresias, I; 24:2)

(vii)Algumas profecias do AT foram proferidas por Satanás(Contra Heresias, I; 24:2)

(viii)Os anjos criaram o primeiro céu(Contra Heresias, I; 24:3)

(ix)Os anjos criaram 365 céus(Contra Heresias; I; 24:3; II; 16:2; III; 35:1)

(x)Os anjos criaram todas as coisas(Contra Heresias, I; 24:4)

(x)Jesus não foi crucificado, mas Simão Cirineu(Contra Heresias, I; 24:4)

(xi)A salvação é somente para a alma, porque o corpo é corruptível(Contra Heresias. I; 24:5)

(xii)Os autores das profecias, os Principados, não se importam com as carnes oferecidas aos ídolos, tampouco com a libertinagem(Contra Heresias, I; 24:5)

Algumas ideias de Tomás de Aquino, parecem comportar este tipo de pensamento, tendo em vista que o mesmo chega a ensinar que as cédulas de dinheiro ganhas ilicitamente ou em simônia, "devem ser distribuídas em esmolas"(Suma Teológica, V; Quest.32, Resp. Art.7)

(xiii)Os autores das profecias se utilizam de magias e encantamentos(Contra Heresias, I; 24:5)

(xiv)Os profetas profetizaram em nome de deuses diferentes(Contra Heresias, II; 35:2)

Ireneu ainda menciona "aquele falso Pai inventado por Marcião, Valentim, Basílides, Carpócrates, Simão, ou os outros pseudognósticos"(Contra Heresias, IV; 6:4).

(2)Caio, presbítero de Roma, que travou uma disputa com Proclo, um líder montanista entre 199-217 d.C, diz:

"São rejeitados também os que escreveram o novo Livro dos Salmos como Marcião, junto com Basilides e o fundador dos Catafrígios asiáticos"(Contra a Heresia de Artemon, 4)

(xvi)Tertuliano(160-230)é outro pai da Igreja a condenar Basilides. Diz ele que "posteriormente, surgiu o herege Basilides"(Contra Todas as Heresias, 1), e que este herege dizia "que por esses anjos 365 céus foram formados"(Ibidem, 1)e "que não foi Ele [Jesus] quem sofreu entre os judeus, mas sim Simão foi crucificado em seu lugar"(Ibidem, 1), e "a ressurreição da carne, ele fortemente impugna, afirmando que a salvação não foi prometida aos corpos"(Ibidem, 1).

(3)Cipriano(200-258) também denuncia Basilides como um herege, afirmando que ele, estando "manchado com os certificados de idolatria, e preso com a consciência de crimes perversos, não deve possuir o episcopado e administrar o sacerdócio de Deus"(Epístola aos Clérigos e ao Povo Residente na Espanha, 67:1), e que Basilides "foi a Roma e enganou Estêvão, nosso colega"(Ibidem, 67:5), e que "se Basilides pode enganar os homens, ele não pode enganar a Deus"(Ibidem, 67:5), e que "homens dessa espécie não podem nem governar sobre a Igreja de Cristo, nem devem oferecer sacrifícios a Deus"(Ibidem, 67:6) e que "alguns entre nossos colegas, queridos irmãos, que pensam que a disciplina piedosa pode ser negligenciada, e que precipitadamente mantêm comunhão com Basilides"(Ibidem, 67:9).

(4)As 'Constituições Apostólicas'(300 d.C) dizem:

"Posteriormente, também outros foram os autores de doutrinas absurdas: Cerinto, e Marcos, e Menandro, e Basilides, e Saturnilo"(IV; 2:8)

(5)Atanásio(296-373) diz:

"Mas que a impiedade de Sabélio e de Paulo de Samosata também seja anatematizada por todos, e a loucura de Valentim e Basilides, e a loucura dos Maniqueus"(Tomus ad Antiochenos, 3).

"E por ambos os lados Ário foi anatematizado como um adversário de Cristo, e Sabélio, e Paulo de Samosata, como homens ímpios, e Valentim e Basilides como estranhos à verdade, e Maniqueu como um inventor da maldade"(Ibidem, 6).

"Pois nenhum dos Anjos seria capaz de formar, uma vez que eles também são criaturas, embora Valentim, Marcião e Basilides pensem assim, e vocês são seus copistas; nem o sol, sendo uma criatura, jamais transformará o que não é no que é; nem o homem formará o homem, nem a pedra inventará a pedra, nem a madeira dará crescimento à madeira"(Diálogo com os Arianos, 2:21)

(6)Basílio de Cesaréia(330-379) pergunta: "Pergunte-lhes então se Basilides, que excomungou a Edício, é agora ortodoxo, por que, voltando da Dardânia, derrubou seus altares no território de Gangra e montou suas próprias mesas?"(Epístola 226)

(7)Cirilo de Jerusalém(313-386), diz:

"Basilides, de mau nome e caráter perigoso, um pregador de impurezas"(Leitura Catequtica, 6:17).

(8)Gregório de Nissa(335-394), diz:

"O judaizante tem se preocupado com um conjunto de noções, um familiarizado com o helenismo, com outros; enquanto o Anomœan, e o Maniqueu, com os seguidores de Marcião, Valentim e Basilides, e o resto na lista daqueles que se perderam na heresia"(Grande Catecismo, 1ª Parte - 'A Trindade')

(9)Jerônimo(342-420), diz que "a imunda heresia de Basilides grassou na Espanha e como uma pestilência devastou as províncias entre os pirenéus"(Epístola a Teodora, 75:3). Ele ainda diz:

"Agripa, de sobrenome Castor, um homem de grande erudição, escreveu uma forte refutação dos vinte e quatro volumes que o herege Basilides havia escrito contra o Evangelho... Basilides morreu em Alexandria no reinado de Adriano, e dele surgiram as seitas gnósticas"(Dos Homens Ilustres, 21), mencionando "o gnosticismo, isto é, com a heresia de Basilides"(Ibidem, 121).

Em outro lugar, menciona "o antigo herege Basilides"(Contra Vigilancio, 6).

E em outro lugar, ainda diz:

"Esses hereges têm afinidades com o gnosticismo, que podem ser atribuídas aos ensinamentos ímpios de Basilides"(Epístola a Ctesiphon, 133:3).

E novamente:

"Basilides, o mestre da licenciosidade e da sensualidade mais grosseira"(Contra Joviniano, II:37).

(10)Leão Magno(+461 d.C) diz:

"Mas em todos eles está trabalhando aquele que, embora ele seja realmente o inimigo da iluminação, se transforma em um anjo de luz[2 Co 11:14]. É dele o ofício que inspira Basilides"(Sermão 16,4).

(11)Teodoreto(393-457), diz:

"Essas e outras passagens semelhantes foram cortadas das Escrituras divinas por Simão, Basilides, Valentim, Bardesanes, Marcião e o homem que recebeu o nome de sua heresia maníaca"(Epístola 104).

Ele ainda diz:

"Valentim, no entanto, Basilides, Bardesanes e Harmonio e seus seguidores, aceitam a concepção da Virgem e o nascimento; mas eles negam que Deus, o Verbo, tomou qualquer coisa da Virgem, mas fez como que um trânsito por ela como por um conduto, e apareceu para a humanidade apenas na aparência, e parecendo ser um homem, da mesma maneira como foi visto por Abraão e alguns outros dos antigos"(Epístola 145).

(12)Averróis, baseado em Aristóteles, endossa o panteísmo e um certo politeísmo, levando a Igreja a condenar a obra de Aristóteles

"Averróis [muçulmano] professou a maior estima por Aristóteles. A palavra do Estagirita era para ele a mais alta expressão da verdade em matéria de ciência e filosofia. Nessa exagerada veneração pelo filósofo, ele foi mais longe do que qualquer um dos escolásticos. De fato, nos estágios posteriores da filosofia escolástica foram os averroístas e não os seguidores de Aquino e Scotus que, quando acusados de subserviência à autoridade de um mestre, gloriavam-se no título de 'macaco de Aristóteles'. Averróis defendeu o princípio da dupla verdade, sustentando que a religião tem uma esfera e a filosofia outra. A religião, disse ele, é para a multidão iletrada; filosofia para poucos escolhidos. A religião ensina por sinais e símbolos; a filosofia apresenta a própria verdade. Na mente, portanto, do verdadeiramente iluminado, a filosofia substitui a religião. Mas, embora o filósofo veja que o que é verdadeiro em teologia é falso em filosofia, ele não deve, por isso, condenar a instrução religiosa, porque assim privaria a multidão do único meio de que dispõe para obter um conhecimento (simbólico) da verdade. A filosofia de Averróis, como a de todos os outros árabes, é o aristotelismo tingido de neoplatonismo. Nele encontramos a doutrina da eternidade da matéria como um princípio positivo do ser; o conceito de uma multidão de espíritos variando hierarquicamente entre Deus e a matéria e mediando entre eles; a negação da Providência no sentido comumente aceito; a doutrina de que cada uma das esferas celestes é animada; a noção de emanação ou extração, como um substituto para a criação; e, finalmente, a glorificação do conhecimento místico (racional) como a aspiração final da alma humana - em uma palavra, todos os elementos distintamente neoplatônicos que os árabes acrescentaram ao aristotelismo puro"(The Catholic Encyclopedia, Volume 2, p.391-392)

"No século XIII, a influência de Aristóteles foi grandemente aumentada com a tradução da sua obra do árabe para o latim. De igual importância era a disponibilidade de comentários árabes escritos por filósofos islâmicos de destaque. POR EXEMPLO, O TRABALHO DE AVERRÓIS[1126-1198] ERA MAIS HONRADO NO OCIDENTE DO QUE NA PÁTRIA DELE. SUA INFLUÊNCIA FOI SENTIDA MAIS DIRETAMENTE NAS OBRAS DE ALBERTO MAGNO E TOMÁS DE AQUINO. Foi na Universidade de Paris que Alberto Magno entrou pela primeira vez com os comentários de Averróis sobre Aristóteles. Porém, foi o aluno de Alberto, Tomás de Aquino, que produziu uma síntese do pensamento cristão e de aristotelismo. Mas o Aristotelismo ficou com má fama por causa de Averróis, QUE DEFENDIA A ETERNIDADE DO UNIVERSO, LEVANDO A IGREJA A CONDENAR A OBRA DE ARISTÓTELES E DE AVERRÓIS, EM 1277"(Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã, pp.116-117)

(13)Tomás de Aquino, Aristóteles, Basilides, Averroes e o Diabo!

A 'The Catholic Encyclopedia'(Volume XIV, p.717), destaca "os elementos do ensino de Aristóteles que eram irreconciliáveis com Doutrina Cristã". A mesma 'The Catholic Encyclopedia"(Volume 2) diz que "Nele [Averroes] encontramos a doutrina da eternidade da matéria"(p.392),e que "Santo Tomás de Aquino usou o 'Grande Comentário' de Averróis como seu modelo"(The Catholic Encyclopedia, Volume 2, p.392). Aristóteles, dizia que a alma "não é uma substância distinta do corpo"(The Catholic Encyclopedia, Volume 1, p.716), e que diante da negação de Tomás, de que a alma racional é infundida ao embrião na hora da concepção, "muitos teólogos modernos abandonaram este último ponto do ensinamento de São Tomás e afirmam que uma alma totalmente racional é infundida no embrião no primeiro momento de sua existência"(The Catholic Encyclopedia, Volume 14, pp.155-156), e que no tocante a sua visão da soteriologia e predestinação, "alguns devem ser salvos e devem agradecer a Deus por quaisquer méritos que possam ter acumulado"(The Catholic Encyclopedia, Volume XIV, p.701). Ao que parece, esse pensamento de Aristóteles e Aquino, que não trata explicitamente alma e corpo, como distintos, é refutado pelas Escrituras(Zc 12:1). Da mesma forma ocorre com a doutrina que coloca salvação andando ao lado dos méritos(Ef 2:8-9).

Segundo Roma, "as causas que exerceram uma influência sobre São Tomás foram de dois tipos, natural e sobrenatural"(The Catholic Encyclopedia, Volume XIV, p.670), de formas que "os homens que treinaram São Tomás foram seus professores em Monte Cassino e Nápoles, mas acima de tudo Alberto Magno"(The Catholic Encyclopedia, Volume XIV,p.670)e que "os livros que exerceram a maior influência em sua mente foram a Bíblia, os decretos dos concílios e dos papas, as obras dos Pais Gregos e Latinos, especialmente de Santo Agostinho, as 'Sentenças' de Pedro Lombardo, os escritos dos filósofos, especialmente de Platão, Aristóteles e Boécio. Se esses autores fossem selecionados para menção especial, sem dúvida seriam Aristóteles, Santo Agostinho e Pedro Lombardo"(The Catholic Encyclopedia, Volume XIV,p.670), de formas que "Na 'Suma', ele cita 19 concílios, 41 papas e 52 Pais da Igreja"(The Catholic Encyclopedia, Volume XIV, p.670); e que "tudo o que havia de verdade nos escritos dos filósofos pagãos deveria ser tirado deles, como de 'possuidores injustos', e adaptado ao ensino da religião verdadeira"(The Catholic Encyclopedia, Volume XIV, p.670). Assim, Alberto Magno, 19 concílios, 41 papas, Agostinho, Lombardo, 52 pais da Igreja e a opinião de filósofos pagãos [cujo pensamento deve ser adaptado ao pensamento cristão] foram as primeiras influências naturais sobre Tomás de Aquino.

Algumas dessas citações contrariam algumas alegações dos modernos tomistas, que querem afirmar que expressões como "causa primária", usadas por reformadores símbolos de fé ou puritanos, são retiradas de Tomás de Aquino, que por sua vez, a retirou das falas de Aristóteles. Todavia, vemos essa expressão - 'causa primária', usada por pais da Igreja como Irineu[130-200]Contra Heresias, IV; 38:3); Alexandre de Lycopolis[+ 300 d.C](Dos Maniqueus, 6) e Agostinho[354-430](A Trindade, III:3). E afirmar que o uso dessa expressão implica numa citação direta de Aristóteles, é muito temerário, visto que Ireneu, que fez o primeiro uso dessa expressão, quando cita Aristóteles, o associa a membros de uma seita envolvida em "magia, encantamentos, feitiços, espiritismo, hipnotismo e outros truques"(Contra Heresias, I; 25:3), e que "eles foram enviados aos povos por Satanás para a injúria do nome da Igreja"(Ibidem). Segundo Ireneu, o ensino deles prevê a salvação pelas obras praticadas nas suas reencarnações(Contra Heresias, I; 25:4), além de dizer que o conceito de verdade ou de pecado, é relativo, e são determinados segundo o pensamento humano(Contra Heresias, I; 25:4), e isso representa um pensamento que se aproxima de Averroes, pois "Averróis defendeu o princípio da dupla verdade, sustentando que a religião tem uma esfera e a filosofia outra"(The Catholic Encyclopedia, Volume 2, p.391). Ainda segundo Ireneu, "eles se chamam gnósticos. Possuem umas imagens, algumas pintadas outras feitas de materiais diversos e dizem que reproduzem o Cristo e foram feitas por Pilatos quando Jesus estava com os homens. Coroam-nas e expôem-nas junto com aquelas de filósofos profanos, a saber, de Pitágoras, Platão, Aristóteles e outros e lhes prestam homenagens assim como fazem os pagãos"(Contra Heresias; I; 25:6). Certamente simpatizavam com Aristóteles. Diferente deles, Ireneu, contudo, diz: "Não participamos da doutrina, nem dos costumes nem da conduta deles"(Ibidem).Em outro lugar, ele diz:

"Usar contra a fé o esmiuçamento e a sutileza nas questões é próprio do argumento aristotélico"(Contra Heresias, II; 14:5).

Ademais, vale a pena salientar que é do conhecimento de todos os cristãos que a similitude entre as práticas/crenças cristãs com as pagãs, se deve não porque os judeus crentes copiaram-nas dos pagãos, mas dos pagãos as terem copiado dos primitivos judeus, considerando que a igreja cristã surgiu dentro do povo judeu crente(At 11:26), e esse povo judeu crente considera, tanto no AT, como no NT, Deus como a 'primeira causa'(Gn 1:1-2; Jó 26:13; 33:4: Jo 1:2; Jo 1:2-3; At 17:24-29; Rm 11:36), ou a causa primária de todas as coisas, uma vez que tudo vem dEle. Tendo conhecimento da cultura judaica, não seria difícil para os pagãos copiarem suas crenças ou práticas dos judeus. Por exemplo - os pagãos acreditavam em uma criação feita pelas divindades, e nem por isso é pagã a narrativa do Gênesis. Da mesma forma, os pagãos também acreditavam em um dilúvio, e nem por isso, o dilúvio é uma crença pagã. A razão é - os pagãos copiaram dos antigos hebreus essas crenças e as adapataram as suas próprias crenças. Assim, entendemos que se Aristóteles usou esse tipo de expressão, sem dúvida alguma, copiou antigos e primitivos costumes judeus.

Hipólito de Roma(160-236)afirma que "a interpretação falsa das Escrituras por Simão; é plágio de Heráclito e Aristóteles"(Refutação a Todas as Heresias, 6:4).

Jerônimo(342-420) chega a dizer:

"Não desejamos percorrer os campos da eloqüência, não recorremos às armadilhas dos especialistas em lógica ou as moitas de Aristóteles. Devemos citar as palavras reais da Escritura"(A Perpetua Virgindade da Bendita Maria, 2).

Tertuliano(160-230) diz:

"E de que forma ele vem? Além da pergunta que Valentim tem proposto muito recentemente - De onde vem Deus? O que ele resolve com a resposta: De entimese e ectroma. Infeliz Aristóteles! Quem inventou para esses homens a dialética, a arte de construir e derrubar; uma arte tão evasiva em suas proposições, tão rebuscada em suas conjecturas, tão dura em seus argumentos, tão produtiva de contendas - embaraçosa até para si mesma, retratando tudo, e realmente tratando de nada! De onde brotam essas 'fábulas e genealogias sem fim'[1 Tm 1:4] e 'questões inúteis'[Tt 3:9] e palavras que se espalham como um câncer?[2 Tm 2:17]. De tudo isso, quando o apóstolo queria nos restringir, ele expressamente nomeia a filosofia como aquela contra a qual ele gostaria que estivéssemos em guarda. Escrevendo aos Colossenses, ele diz: 'Vede que ninguém vos engane com filosofia e vãs mentiras, segundo a tradição dos homens e contrária à sabedoria do Espírito Santo'. Ele esteve em Atenas, e teve em suas entrevistas (com seus filósofos) familiarizado com aquela sabedoria humana que finge conhecer a verdade, enquanto ela apenas a corrompe, e ela mesma está dividida em suas próprias heresias múltiplas, pela variedade de suas seitas mutuamente repugnantes. O que realmente Atenas tem a ver com Jerusalém? Que concordância existe entre a Academia e a Igreja? O que há entre hereges e cristãos? Nossa instrução vem do pórtico de Salomão, que havia ensinado que o Senhor deve ser buscado com simplicidade de coração[Sb 1:1]. Fora com todas as tentativas de produzir um cristianismo mosqueado de composição estóica, platônica e dialética! Não queremos nenhuma disputa curiosa depois de termos Cristo Jesus, nenhuma inquirição depois de desfrutar o evangelho! Devido a nossa fé, não desejamos nenhuma crença adicional. Pois esta é a nossa explêndida fé, de modo que não há nada em que devemos acreditar fora dela"(Direito de Prescrição Contra os Hereges, VII).

A outra causa, que influênciou Tomás de Aquino, foi 'sobrenatural'. Ele recebeu ajuda do 'céu', não extamente do lugar que denominamos morada de Deus, dos anjos e santos falecidos; mas de espíritos de pessoas falecidas:

"Fatos narrados por pessoas que conheceram São Tomás em vida ou escreveram na época de sua canonização provam que ele recebeu ajuda do céu. Ao Padre Reginaldo ele declarou que havia aprendido mais na oração e na contemplação do que havia adquirido de homens ou de livros. Esses mesmos autores falam de visitantes misteriosos que vieram para encorajá-lo e estimulá-lo. A Santíssima Virgem apareceu para garantir-lhe que sua vida e seu testemunho eram aceitáveis a Deus, e que ele fosse severo em sua sagrada vocação. São Pedro e Paulo vieram ajudá-lo a interpretar uma obscura passagem de Isaías. Quando a humildade o levou a se considerar indigno do doutorado, um venerável religioso de sua ordem (supostamente São Domingos[1170-1221]) apareceu para encorajá-lo e sugeriu o texto para seu discurso de abertura. Seus êxtases foram mencionados. Suas sublimações na entidade espiritual do Rei Luís IX (São Luís[1214-1270]) e de visitantes ilustres são relatadas por todos os biógrafos. Portanto, se permitirmos um grande entusiasmo por parte de seus admiradores, devemos concluir que seu aprendizado tradicional não pode ser atribuído apenas a causas estruturais"(The Catholic Encyclopedia, Volume XIV, pp.670-671).

Não resta nenhuma dúvida de que Tomás de Aquino alegasse ter entrado em contato com pessoas falecidas. Várias autoridades da igreja romana atestam isso como fato. Podemos citar várias fontes romanistas, como prova desse fato. Estes 'fatos' são confirmados por vários de seus biógrafos(William de Tocco, 'História de São Tomás de Aquino' [1323]; Dominic Prummer[Fontes Vitae S. Thomae Aquinatis, Notis Historicis Et Criticis Illustrati]; Bernardus Guidonis[1261-1331]['Vida de São Tomás de Aquino']; Placid Conway[Saint Thomas Aquinas, of the order of preachers. A biographical study of the Angelic doctor"('São Tomás, Da Ordem dos Pregadores, Um Estudo Biográfico sobre o Doutor Angélico')]; Kenelm Foster['The Life of Saint Thomas Aquinas: Biographical Documents'], etc. Considerando que Jesus negou a possibilidade de um crente falecido entrar em comunicação com uma pessoa viva, para trazer-lhe alguma instrução divina(Lc 16:27-31), fica claro que Tomás de Aquino, sem dúvida alguma, esteve em comunicação com o próprio Diabo e com outros demônios.

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