quarta-feira, 27 de março de 2019

Foi Agostinho, um católico romano?




Fui marcado pelo mano Emanuel Leandro, sobre um post dos 'batistas fundamentalistas', de um post, onde eles se devotam a atacar a figura de Agostinho, sob os seguintes dizeres: "Agostinho base do calvinismo foi pai do catolicismo e horrível herege".


https://www.facebook.com/notes/igreja-batista-bíblica-tt-fundamentalista-independente-de-bhmg/agostinho-base-do-calvinismo-foi-pai-do-catolicismo-e-horrível-herege/554750221600124/?comment_id=554825094925970¬if_id=1553359424088577¬if_t=comment_mention


O artigo é uma tradução feita do site abaixo:

https://www.patheos.com/blogs/frankviola/shockingbeliefsofaugustine/?fbclid=IwAR0bOtHw6EJqceZiJ0NlyT6BgGLAs7-olwjtEZxZ3jyana_l9CFo089g3g0


Examinemos cada um de seus argumentos:


1º Argumento: "Agostinho acreditava que o propósito do casamento é a procriação, e que a luxúria [leia-se demonstração de prazer] durante o sexo - mesmo entre os crentes casados - estava errada.

"Em suas Confissões, Agostinho falou abertamente sobre sua batalha perdida com a luxúria sexual, durante sua juventude. Aos 32 anos, ele se tornou celibatário [para sempre]. Para Agostinho pessoalmente, ser cristão para ele significava abandonar [para sempre] o [direito de] casamento. Ele acreditava que todas as relações sexuais, mesmo dentro dos limites do casamento cristão, envolvem a concupiscência (desejo pecaminoso, luxúria [leia-se demonstração de prazer]). De qualquer maneira, ele não desprezava [totalmente] o casamento. Ele acreditava que [o casamento] era honrado e permissível. Mas, para ele, o celibato era melhor. Por baixo e sustentando suas opiniões sobre este assunto, estava a crença de Agostinho de que o propósito do sexo no casamento é [somente] a procriação. Mesmo assim, ele acreditava que era perdoável se as pessoas casadas desfrutassem de relações sexuais sem pretender procriação. Mas ele recomendou a abstinência sexual para casais se eles mutuamente concordassem com isso. Sua visão do sexo e do casamento tornou-se a base de uma grande parte do ensino oficial católico romano sobre o assunto." [Viola, aqui, fez fiel resumo de partes das Confissões (http://www.jknirp.com/aug3.htm) e de Of the Good of Marriage (De bono coniugali) (http://www.newadvent.org/fathers/1309.htm)]".



Resposta: Notem. Eles fazem a afirmação, mas não citam nenhuma declaração explícita de Agostinho, para documentar tal alegada afirmação. Apenas se limitam a citar algumas de suas obras, como 'De Bono Conjugali'(O Bem do Casamento).No dizer deles, Agostinho ensinava o celibato, bem como que o propósito do casamento se restringia a procriação. Agostinho, na mesma obra por eles citada, rejeita ambas as coisas, dizendo:


"Portanto, com relação ao bem do matrimônio, que o Senhor também confirmou no Evangelho, não somente em que Ele proibiu o afastamento de uma esposa, exceto por fornicação, mas também em que Ele foi convidado para um casamento, há boas razões para perguntar por que razão isso é bom. E isso não parece ser meramente por causa da geração de filhos, mas também por causa da própria união natural dos sexos opostos. Caso contrário, não seria mais chamado de casamento o caso de pessoas idosas, especialmente se elas tivessem perdido filhos ou não tivessem dado à luz a ninguém"(O Bem do Casamento, 3)

2º Argumento: "Agostinho acreditava que o uso da contracepção para previnir [a vinda de] filhos era perverter o propósito do casamento, [era] "cometer adultério no casamento" e "transformar a câmara da cama-matrimonial em um bordel".

Embora ele estivesse falando no contexto de uma certa doutrina, considere o que Agostinho diz sobre a prevenção do nascimento de crianças no casamento (a la contracepção).

"A doutrina de que a produção de crianças é um mal, diretamente se opõe ao próximo preceito, "Não adulterarás", pois aqueles que creem nessa doutrina, para que suas esposas não concebam, são levados a cometer adultério mesmo no casamento. Eles tomam esposas, como a lei declara, para a procriação de crianças; Mas deste medo errôneo de poluir a substância da divindade, suas relações com suas esposas não são de caráter lícito; e a produção de crianças, que é o fim adequado do casamento, eles procuram evitar. Como o apóstolo há muito previu a respeito de ti, tu, de fato, proíbes casar, porque tu buscas destruir o propósito do casamento. Tua doutrina converte o casamento em uma conexão adúltera, e a câmara da cama [matrimonial] em um bordel". [Against Faustus, Book XV, 7 in Nicene & Post-Nicene Fathers Series 1, Vol. IV.]"


Resposta: Triste ver como pessoas tentam denegrir a imagem de Agostinho, citando isoladamente uma parte de sua citação, para dar a entender que ele ensinava isso. Na realidade, Agostinho, nessas palavras, está refutando esse pensamento do maniqueu Fausto. Vejamos a citação anterior, propositalmente omitida:

"Mas você tem ensinado doutrina de demônios ao considerar seus pais como seus inimigos, porque a união deles os trouxe para os laços da carne e colocou grilhões impuros até mesmo em seu deus".

Daí notem a fraseologia usada por Agostinho: "aqueles que creem nessa doutrina"; "Eles tomam esposas"; "eles procuram evitar; "suas relações com suas esposas". Agostinho está se referindo a posição dos maniqueus, não a sua própria posição. Note que ele não diz "nós que cremos nessa doutrina"; nem "Nós tomamos esposas"; tampouco "Nós procuramos evitar", ou "nossas relações com nossas esposas". O descuido do autor deste artigo, é tão grande, que o mesmo não percebeu a frase onde Agostinho diz:

"Como o apóstolo há muito previu a respeito de ti, tu, de fato, proíbes casar, porque tu buscas destruir o propósito do casamento. Tua doutrina converte o casamento em uma conexão adúltera, e a câmara da cama [matrimonial] em um bordel".

Notem bem. Agostinho está dizendo que pelo fato dos maniqueus terem uma idéia do casamento meramente ligada ao prazer sexual, eles estavam corrompendo o propósito do casamento, que de acordo com o AT, em Gn 1:26-28, foi estabelecido primariamente para a procriação, embora não unicamente para este propósito(Pv 5:18;19). Todavia, o que Agostinho estava salientando é que a prática dos maniqueus, em usar do casamento, meramente para o prazer sexual, importava em adultério, uma vez que constituía uma deturpação do ensino primário que Deus deixou no Edén. Foi por este tipo de atitude, de considerar o casamento como mero meio de se obter prazer sexual, que Deus matou Onam e seu irmão(Gn 38:8-9). Nunca, em qualquer lugar das Escrituras, encontramos que o casamento seja um objeto para uso de mera gratificação dos sentidos, ou seja, usado apenas para a obtenção do prazer sexual, mas também para a procriação de filhos, como algo que se refere a alguém que é considerado um bem-aventurado(Sl 128:3-6). Aliás, o fato de que naqueles tempos do AT, a mulher não procriar, era considerado um estado de opróbio e grande desgraça(1 Sm 1:5-11).

3º Argumento: "Agostinho acreditava que se você [planejar algum dia] ensinar a Escritura, você terá que [antes] ter um conhecimento do mundo natural, matemática, música, ciência, história, artes liberais, e um domínio da dialética (a ciência do debate em disputa).

Isso excluiria a maioria dos pregadores e professores da Bíblia, hoje. Curiosamente, apesar de sua forte ênfase na necessidade de dominar assuntos acadêmicos, Agostinho podia ler muito pouco grego (a língua original do Novo Testamento) e zero hebraico."


Resposta: Note, tratar-se de uma afirmação barata, sem nenhuma prova documental, como as demais. Nada é apresentado aqui, para provar a afirmação acima. Agostinho, refutando esta falsa acusação, afirma:

"O apóstolo de alguma forma contradiz a si mesmo, quando, embora ele diga que os homens são feitos mestres pela operação do Espírito Santo, ele ainda lhes dá instruções de como e o que eles devem ensinar? Ou devemos entender que, embora o dever dos homens de ensinar até mesmo os mestres não cesse quando o Espírito Santo é dado, ainda assim, nem é ele que planta algo, nem aquele que rega, mas Deus que dá o crescimento?[1 Co 3:7]. Portanto, embora os homens santos sejam nossos ajudantes, ou mesmo santos anjos nos ajudem, ninguém aprende corretamente as coisas que pertencem à vida com Deus, até que Deus o capacite para aprender de Si mesmo, que Deus é assim tratado em o salmo: 'Ensina-me a fazer a tua vontade; porque tu és o meu Deus'. E assim o mesmo apóstolo diz ao próprio Timóteo, falando, é claro, como mestre a discípulo: 'Mas continue nas coisas que aprendeu e tenha sido assegurado, sabendo de quem você as aprendeu'[2 Tm 3:1]"(Da Doutrina Cristã; IV; 16:33).

"Concluímos, pois, afirmando que todo aquele que houver entendido ser o fim da lei 'o amor procedente de um coração puro, de uma boa consciência e de uma fé sem hipocrisia'(1 Tm 1:5), e quem refere toda a compreensão das divinas Escrituras a estes três disposições, poderá abordar com segurança o estudo dos Livros Sagrados"(Ibidem, I; 40:44).

"E o que é mais, o que não aprendeu em nenhuma outra parte, somente encontrará na admirável superioridade e profundidade destas Escrituras. Bem munido por essa formação e não estando paralisado por sinais desconhecidos, o leitor manso e humilde de coração, submisso ao jugo de Cristo, carregado com um fardo leve, fundado, enraizado e edificado no amor, poderá lançar-se ao exame e à discussão sinais ambíguos das Escrituras"(Ibidem, II; 43:63).


4º Argumento: "Agostinho acreditava que o batismo sacramental produz regeneração e graça.

"É este Espírito [Santo] quem torna possível a uma criança ser regenerada... Quando a criança é trazida para o batismo, é através deste Espírito que o bebê assim apresentado é renascido. Pois não está escrito, <> mas, João 3:5 <<... se algum homem não for nascido proveniente-de-dentro-d[a] água e (, ademais,) [proveniente- de-dentro-de o] Espírito (Santo), não pode entrar para o reino de Deus>> A água, portanto, manifestando exteriormente o sacramento da graça, e o Espírito efetuando interiormente o benefício da graça, ambos [em soma e conjunto] regeneram em um Cristo aquele homem que foi gerado em Adão " [Cartas 98:2 (412 dC)].

"O batismo lava tudo para longe, absolutamente todos os nossos pecados, sejam eles de ação, palavra ou pensamento, sejam eles o pecado original ou [os pecados] adicionados, se consciente ou inconscientemente contraídos" [Contra Duas Cartas dos Pelagianos 3:3:5 (AD 420)].".

Na mesma obra, Agostinho ainda diz:

"Agora, o Espírito regenerador é possuído em comum pelos pais que apresentam a criança e pela criança que é apresentada e nasce de novo; portanto, em virtude dessa participação no mesmo Espírito, a vontade daqueles que apresentam o bebê é útil para a criança".


Resposta: (a)Impressionante a ingenuidade do autor deste artigo, porque a própria citação trazida por este autor chega a negar que a criança é 100% regenerada pela água do batismo:

"É este Espírito [Santo] quem torna possível a uma criança ser regenerada... Quando a criança é trazida para o batismo, é através deste Espírito que o bebê assim apresentado é renascido"

(b)A segunda citação de Agostinho, mostra realmente de forma explícita que ele cria que o batismo regenerava, embora pela citação da obra da anterior, não simplesmente pela força da água, mas pelo uso da água unida ao Espírito. Todavia, se o fato de Agostinho ensinar que o batismo regenera e que o mesmo é um sinal de graça, isto é, um sacramento, fosse motivo para rejeitarmos todas as suas demais crenças (principalmente as do TULIP), então os próprios batistas fundamentalistas, deveriam deixar de serem batistas, porque os primitivos batistas também mantiveram ambas as crenças. Por exemplo, no “Credo Ortodoxo”(1678), escrito pelos batistas de Londres, lemos que os primitivos batistas criam que o batismo é um meio de graça, isto é, um sacramento, enquanto por outro lado, temos uma afirmação do historiador batista Henry C. Vedder, de que os primitivos batistas criam que o batismo regenerava:

Estes dois sacramentos, a saber, o Batismo e a Ceia do Senhor, são ordenanças da absoluta, soberana e santa instituição, designadas pelo Senhor Jesus Cristo, o único legislador, para serem continuadas em sua igreja, até o fim do mundo”(Credo Ortodoxo, 27º Artigo).

"Alguns, que concordaram com os seus irmãos em tudo, ainda não haviam aceitado a prática da imersão, e foram chamados Homens Velhos ou Aspersi, ao passo que os outros foram chamados Homens Novos ou Imersi, ‘porque foram sepultados no seu rebatismo’"(B. Rynes, ‘Mercurios Rusticis’, Londres, 1646, p.21, citado pelo historiador batista Henry C. Vedder, Breve História dos Batistas, Recife, 1934, p.234).

(c)O fato é que mesmo Agostinho não acreditava 100% que o batismo operava a salvação, chegando a dizer:

"Então novamente quando ouvimos: 'Aquele que crer e for batizado será salvo'(Mc 16:16); não compreendemos, é claro, quem acredita de tal modo como os demônios crêem e tremem; nem daqueles que recebem batismo como Simão Mago, que, embora pudesse ser batizado, não poderia ser salvo"(Sermão 21 sobre o Novo Testamento,16).

"Antes que fossem batizados Cornélio e os seus, veio o Espírito Santo, encheu-os e eles começaram a falar várias línguas"(Comentário do Salmo 96; 13)

5º Argumento: "Agostinho acreditava que o batismo sacramental é indispensável para o perdão dos pecados e salvação.

"Há três maneiras pelas quais os pecados são perdoados: no batismo, na oração e na maior humilhação da penitência; todavia, Deus não perdoa pecados, exceto aos batizados" (Sermões aos Catecúmenos sobre o Credo 7:15 [395 dC ]).

"[De acordo com] Tradição Apostólica... as igrejas de Cristo inerentemente esperam que sem batismo e participação na mesa do Senhor é impossível a qualquer homem alcançar quer o reino de Deus ou a salvação e a vida eterna. Este também é a o testemunho da Escritura" (Perdão E Os Justos Desertos Do Pecado, E O Batismo De Crianças 1:24:34 [412 dC]).

No entanto, ele permite exceções - que ele chamou de batismo de desejo ou de sangue (o martírio):

"Que o lugar do batismo é por vezes fornecido pelo sofrimento é suportado por um argumento substancial que o mesmo bendito Cipriano retira da circunstância de o ladrão, a quem, embora não batizado, foi dito, 'hoje mesmo estarás comigo, no paraíso ' [Lucas 23:43]. Considerando isto repetidas vezes, eu acho que não só o sofrimento pelo nome de Cristo pode fornecer aquilo que está faltando por meio do batismo, mas até mesmo a fé e a conversão de coração [ou seja, o batismo de desejo] se, talvez, devido às circunstâncias do tempo, não se pode ter o recurso para a celebração do mistério do batismo " (ibid., 4:22:29)."


Resposta:(a)Os primitivos batistas também mantiveram as mesmas crenças:

"O batismo é uma ordenança salvadora sem a qual ninguém pode estar seguro da salvação. A imersão é o ato que converte. A imersão e a regeneração são dois nomes bíblicos do mesmo ato”(P. E. Burrouch, O Povo Batista, p.128).

"Alguns, que concordaram com os seus irmãos em tudo, ainda não haviam aceitado a prática da imersão, e foram chamados Homens Velhos ou Aspersi, ao passo que os outros foram chamados Homens Novos ou Imersi, ‘porque foram sepultados no seu rebatismo’"(B. Rynes, ‘Mercurios Rusticis’, Londres, 1646, p.21, citado pelo historiador batista Henry C. Vedder, Breve História dos Batistas, Recife, 1934, p.234).

Devem todos os batistas terem todas as suas demais doutrinas negadas, por terem ensinado de modo semelhante a Agostinho?

(b)O fato é que mesmo Agostinho não acreditava 100% que o batismo operava a salvação, chegando a dizer:

"Então novamente quando ouvimos: 'Aquele que crer e for batizado será salvo'(Mc 16:16); não compreendemos, é claro, quem acredita de tal modo como os demônios crêem e tremem; nem daqueles que recebem batismo como Simão Mago, que, embora pudesse ser batizado, não poderia ser salvo"(Sermão 21 sobre o Novo Testamento,16).

"Antes que fossem batizados Cornélio e os seus, veio o Espírito Santo, encheu-os e eles começaram a falar várias línguas"(Comentário do Salmo 96; 13)

6º Argumento: "Agostinho acreditava que era permitido usar força contra os hereges.

"Agostinho de Hipona não apenas se absteve de dar uma base dogmática ao que havia se tornado a prática da Igreja, mas até declarou encontrar validade final à mesma na Escritura: 'é, realmente, melhor que os homens sejam levados a servir a Deus pela instrução do que pelo medo do castigo, ou pela dor. Mas, como os primeiros meios são melhores que os últimos, estes, portanto, não devem ser negligenciados; muitos devem ser levados de volta ao seu Senhor, como servos maus, pela vara do sofrimento temporal, porque eles alcançam o mais alto grau do desenvolvimento religioso.... O próprio Senhor ordena que os convivas sejam antes convidados e em seguida sejam compelidos à Sua Grande Ceia.' E Agostinho argumenta que 'se o Estado não tem o poder de castigar o erro religioso, não poderia punir um crime como assassinato.' Corretamente diz Neander sobre o ensino de Agostinho que ele contém o germe de todo o despotismo espiritual, da intolerância e da perseguição, até mesmo ao tribunal da inquisição' Não foi muito antes, que o último passo foi dado pela doutrina da perseguição da Igreja. Leão, o Grande, o primeiro dos papas, num estrito sentido do termo, retirou a inferência lógica das premissas a ele já providas pelos Pais da Igreja, ao declarar que a morte é a penalidade apropriada para a heresia" (Vedder, "Our New Testament", pp. 97/98)

"Por que, portanto, a Igreja não deveria usar a força para obrigar seus filhos perdidos a retornar? O próprio Senhor disse: "Sai pelos caminhos e valados, e força [-os] a entrar, ..." Portanto, [forçar] é o poder que a Igreja recebeu [para exercer] através do caráter religioso e da fé dos reis, os instrumentos pelo quais aqueles que se encontram nos caminhos e valados - isto é, nas heresias e cismas - são obrigados a entrar, e que eles não achem mal serem COMPELIDOS." [Augustine, The Correction of the Donatists,23]

O historiador alemão Neander escreveu que Agostinho instigou perseguições [e isso incluiu assassinatos] contra crentes donatistas que estavam lutando para manter as igrejas puras após a era apostólica. Pois ele interpretou Lucas 14:23 ("compele-os a entrar") como significando que Cristo requeria que a igreja [católica] usasse a força [e isso incluiu tortura e morte] contra os que considerasse heréticos. https://www.wayoflife.org/database/church_fathers_a_door_to_rome.html

Uma guerra visando preservar ou restabelecer a unidade da Igreja seria uma guerra santa e justa, uma "bellum Deo auctore", uma "guerra ["santa"] cujo autor seria o próprio Deus".

Ele também descobriu uma espertalhona e velhaca maneira de evitar que o clero católico recebesse a culpa pelo sangue nas mãos dele [o clero]: dissensão contra a Igreja Católica passaria a ser considerada dissensão contra o Estado, de modo que [obrigatoriamente] qualquer pessoa condenada pela Igreja seria presa, torturada e morta pelo Estado, sem nenhuma culpa ser lançada sobre a igreja católica !!! (Que monstro! Que patife! Que diabólico assassino maquiavélico!)

Séculos depois, tais ideias culminariam na atividade da Inquisição, que também exigia que a autoridade secular executasse as sanguinárias decisões do Romanismo. É por isso que Agostinho é explicitamente reconhecido, até mesmo por muitos católicos, como o pai da Inquisição, já que ele foi responsável pela adoção e introdução de métodos de tortura de Roma para os fins da Igreja Católica, muitas vezes a fim de assegurar a uniformidade [eliminação de todos que discordassem da Igreja]. Já em 385 dC, [temos] os primeiros registros de caça, prisão, tortura e execuções de verdadeiros crentes que, por fidelidade a Deus e Sua Palavra, não se dobravam ao Romanismo. As caça, prisão, tortura e execuções foram realizadas sob [a ordem d]o imperador Maximus a pedido dos bispos espanhóis que acusavam Prisciliano, bispo de Ávila, de feitiçaria, embora o seu verdadeiro crime parece ter sido concordar com [algumas] opiniões gnósticas. Juntamente com seus companheiros, Prisciliano foi julgado e torturado. Eles confessaram [para escapar das terribilíssimas, insuportáveis torturas] e [logo] foram executados. Agora, a Igreja já tinha precedentes tanto para caça às bruxas quanto para perseguir os hereges, tudo isto devido ao desmonte moral fornecido por Santo Agostinho.


É ou não é um fato que Agostinho foi um cruel promotor de violências, de assassinatos, de torturas, de guerras, tudo isso usando o estado como assassino alugado pelo Romanismo? É ou não é um fato que Agostinho foi quem montou a grande base para a Inquisição?"


Resposta: Se esse argumento serve para se rejeitar todas as doutrinas de Agostinho, também serve para se negar todas as doutrinas dos batistas, porque Harry Truman(1884-1972), o presidente que autorizou o lançamento da bomba atômica sobre Hirsohima(local onde existiam vários templos budistas) e matou 145.000 civis, era batista da Convenção Batista do Norte dos EUA. Centenas de pessoas mortas eram budistas. Durante o regime militar no Brasil, nenhum religioso, porém, parece superar a obediência irrestrita ao regime militar do que o pastor batista Roberto Pontuschka, capelão do Exército que à noite torturava os presos e de dia visitava celas distribuindo o Novo Testamento. O teólogo Leonildo Silveira Campos, que era seminarista na Igreja Presbiteriana Independente e ficou dez dias encarcerado nas dependências da Operação Bandeirante (Oban), em São Paulo, em 1969, não esquece o modus operandi de Pontuschka. “Um dia bateram na cela: ‘Quem é o seminarista que está aqui?’”, conta ele, 21 anos à época. De terno e gravata, ele se apresentou como capelão e disse que trazia uma 'Bíblia' para eu ler para os comunistas f.d.p. e tentar converter alguém. O capelão chegou a ser questionado por um encarcerado se não tinha vergonha de torturar e tentar evangelizar. Como resposta, o pastor batista afirmou, apontando para uma pistola debaixo do paletó: “Para os que desejam se converter, eu tenho a palavra de Deus. Para quem não quiser, há outras alternativas.”

Fonte: https://istoe.com.br/141566_OS+EVANGELICOS+E+A+DITADURA+MILITAR/

O fato de um batista torturar pessoas, torna todas as suas crenças falsas, ou torna todos as crenças de todos os batistas falsas?

7º Argumento: "Agostinho foi inspirador do antissemitismo (mortal ódio aos judeus que, através de Lutero, chegou a Hitler e ao Holocausto)

Em "Reply to Faustus the Manichean, book XII, verse 11", encontramos que seu autor, Agostinho, escreveu:

"...a Igreja [Romana] admite e solenemente declara que o povo judeu deve ser amaldiçoado, porque, depois de matar Cristo, os judeus continuaram a cultivar o solo de uma circuncisão terrestre [na carne], de um sábado terrestre [literal cessação de todos trabalhos, no 7º dia da semana], de uma páscoa terrestre [sacrifício de cordeiro, animal], enquanto a oculta força ou virtude de fazer Cristo conhecido, que tal cultivo [dantes] continha, não [mais] está cedida aos judeus enquanto eles continuam em impiedade e descrença, pois foi revelada no Novo Testamento. Enquanto eles não se voltarem para Deus, o véu que está sobre suas mentes na leitura do Velho Testamento não será tirado … o povo judeu, como Caim, continua arando a terra, na carnal observação da lei, que não lhe dá o fruto da sua força, porque eles não percebem nela a graça de Cristo."

Em Confissões 12.14, Agostinho escreveu:

"Quão dignos de todo o meu ódio são os inimigos da Escritura! Como eu desejo que vós os mateis (aos judeus) com vossa afiada espada de dois gumes, de modo que ninguém mais exista para se opor à vossa palavra! Alegremente eu desejaria que eles morressem para si mesmos e vivessem para vós!"

Em Adversus Judaeos (Contra os Judeus), Agostinho escreveu:

"A verdadeira imagem de [todo] o hebreu é Judas Iscariote, que vendeu o Senhor por [30 moedas de] prata. O judeu nunca poderá entender a Escritura, e para sempre carregará a culpa da morte de Jesus."


Resposta: (a)Se a opinião contrária aos judeus(contida nas obras de Agostinho [Contra os Judeus/Réplica a Fausto, o Maniqueu])importar em antissemitismo, então até os batistas serão acusados de antissemitismo. Por exemplo, em seu "Comentário de Romanos 11:22", John Gill(1697-1771), teólogo batista, diz dos judeus:

"Os judeus que tropeçaram em Cristo e seu Evangelho, e caíram pela incredulidade, Deus em estrita justiça e julgamento justo não apenas os destruíu, como depois sua nação, cidade e templo, e os espalhou pelo mundo para serem uma vergonha, falados, insultados, e amaldiçoados em todos os lugares; mas rejeitando-os como seu povo, quebrou seu pacto com eles, tirou seu Evangelho deles, deixou-os fora de um estado de igreja evangélica, exceto alguns, e abandonou-os geralmente à cegueira e dureza de coração; para que a ira chegue sobre eles ao máximo, tanto em relação às coisas civis como religiosas, e eles continuam vivendo como monumentos permanentes da severidade e justiça de Deus, para serem contemplados por nós Gentios com piedade e preocupação, e para excitar em nós o temor de Deus e cautela quanto à nossa conduta e comportamento no mundo e na igreja".

(b)Quanto a citação de "As Confissões"(XII:14), não existe lá a expressão 'aos judeus':

http://www.newadvent.org/fathers/110112.htm

8º Argumento: "Agostinho acreditava que a ceia do Senhor (a Eucaristia) era indispensável para salvação.

"De onde, no entanto, isso foi derivado, senão a partir dessa tradição primitiva, como eu suponho, e apostólica, pela qual as igrejas de Cristo sustentam que é um princípio inerente que, sem batismo e participação da ceia do Senhor, é impossível a qualquer homem atingir o reino de Deus ou a salvação e vida eterna?"[On Forgiveness of Sins and Baptism, 1:34 in Nicene & Post-Nicene Fathers Series 1, V, 28. E Perdão E Os Justos Desertos Do Pecado, E O Batismo De Crianças"


Resposta: (a)Se o fato de Agostinho crer que o batismo e a ceia serem necessários para a salvação tornam inválidos seus ensinos concernente ao TULIP, então o fato dos primitivos batistas defenderem que o batismo salva, torna inválido não só o batismo de todos os batistas, mas até todos os seus ensinos, visto que seu batismo representa um atestado de veracidade com relação a todas as suas crenças, como um carimbo que autentica as decisões de um soberano. (b)Ademais, posteriormente, Agostinho nega que a Ceia conferisse salvação, quando afirma que Judas participou da Ceia, e foi possuído pelo diabo, sendo alvo da condenação de Deus:

"E aqui, você vê, o bem foi provocado pelo que era mal, quando o mal foi recebido em um bom espírito. Por que, então, nos perguntamos se o pão de Cristo foi dado a Judas, para que assim ele fosse entregue ao diabo; quando vemos, por outro lado, que Paulo foi visitado por um mensageiro do diabo, que por tal instrumentalidade ele poderia ser aperfeiçoado em Cristo? Deste modo, tanto o bem era injurioso para o homem mau como o mal era benéfico para o bom. Tenha em mente o significado da Escritura:'Qualquer que comer do pão ou beber do cálice do Senhor indignamente, será culpado do corpo e do sangue do Senhor'(1 Co 11:27). E quando o apóstolo disse isso, ele estava lidando com aqueles que estavam tomando o corpo do Senhor, como qualquer outro alimento, em um espírito imprudente e descuidado. Se, então, ele é levado a tarefa de quem não discerne, isto é, não distingue dos outros tipos de comida, o corpo do Senhor, que condenação deve ser dele, que na forma de um amigo vem como um inimigo para a mesa dele! Se a negligência assim é visitada com culpa, qual deve ser a punição que cairá sobre o homem que vende a própria pessoa que o convidou para sua mesa! E por que o pão foi dado ao traidor, mas como uma evidência da graça que ele havia tratado com ingratidão?"(Tratado sobre o Evangelho de João, 62:1).

9º Argumento: "Agostinho acreditava que dar esmolas e perdoar os outros era indispensável para se receber o perdão de Deus.

Agostinho insistiu que a evidência da graça, [expressa] na doação de esmolas, propiciava [fazia expiação por] uma pessoa pelos seus pecados passados. Os pecados atuais ou contínuos não são desculpados pela doação regular de esmolas, mas a doação de esmolas é uma parte necessária do arrependimento adequado. De acordo com Agostinho, baseado nessa mesma virtude (Mateus 25: 31-36 [o Julgamento das Nações]) Jesus decide quem entrará no Reino. Para Agostinho, a doação de esmolas é multifacetada. Devemos, de [todo] coração, perdoar aos outros que pecaram contra nós. Este é o padrão de Jesus para o nosso próprio perdão, como descrito no Sermão da Montanha (Mateus 6:14-15).

"Devemos ter cuidado, no entanto, para que ninguém venha a supor que crimes indescritíveis, tais como eles cometem, aqueles que 'não possuirão o Reino de Deus' podem ser perpetrados diariamente e depois diariamente redimidos pela esmola. Naturalmente, a vida deve ser mudada para melhor, e as esmolas devem ser oferecidas como propiciação a Deus pelos nossos pecados passados. Mas ele [Deus] não é de alguma forma a ser comprado por suborno, como se tivéssemos sempre uma licença para cometer crimes com impunidade. Pois, "não concedeu a ninguém licença carta-branca para pecar" [Eclesiástico ou Sirac 15:20], embora, em sua misericórdia, ele [Deus] apaga os pecados já cometidos [no passado], se a devida compensação- indenização por eles não for negligenciada." [Agostinho, Handbook on Faith, Hope and Love19]"


Resposta: A alegada frase que supostamente atribui a Agostinho, no capítulo 19 desta obra a salvação pela esmola, não aparece no capítulo mencionado. A declaração é falsa:

http://www.newadvent.org/fathers/1302.htm

Na mesma obra, Agostinho diz:

"Mas, de fato, essa parte do gênero humano, a quem Deus promete a libertação e o reino eterno, pode ser restaurada pelos méritos de suas próprias obras? De modo algum!"(Manual de Fé, Esperança e Amor, 30).

10º Argumento: "Agostinho sustentou uma visão dualista do mundo, a qual foi fortemente influenciada pela filosofia pagã.

Tertuliano, o teólogo do terceiro século, acreditava que a fé e a filosofia humana não tinham pontos de contato. Essa ideia foi resumida em sua famosa pergunta: "O que Jerusalém tem a ver com Atenas?" O trabalho de Agostinho continha uma prolífica resposta. Agostinho mergulhou fortemente na tradição filosófica clássica do platonismo e neoplatonismo. Como tal, alguns historiadores disseram que Agostinho moldou a mente medieval mais do que qualquer outro autor isolado. De fato, as universidades europeias fundadas no século XII seguiram o mesmo currículo de ensino descrito no livro de Agostinho sobre a Doutrina Cristã. Em suma, seus escritos amalgamaram a Bíblia com o aprendizado e a cultura clássicos. Nesse contexto, alguns historiadores alegaram que Agostinho desfigurou as fronteiras entre o cristianismo e o paganismo, casando fé e filosofia e criando um mundo no qual o paganismo parecia desaparecer. (Alguns argumentaram que o paganismo realmente não desapareceu, foi apenas batizado em traje cristão.) Mesmo assim, as visões platônicas de Agostinho ressurgiram através de Tomás de Aquino, acrescentando a filosofia de Aristóteles à mistura cristã. Sendo fortemente influenciado pela seita dualista dos Maniqueístas (com quem passou 9 anos), Agostinho continuou a abraçar um ponto de vista dualista dentro de sua teologia. De acordo com Maniqueísmo, [tudo] material é mau, [tudo] espiritual é bom. A constituição física é inerentemente pecaminosa e impura, o espírito é luz e vida. Assim, os dois são colocados e colados um contra o outro, em vez de ver as coisas através de uma mentalidade hebraica, que vê a humanidade e o mundo em termos de totalidades [absolutos]. O dualismo de Agostinho o provocou a recuar [afastar-se] da sociedade para uma vida focada na busca do espiritual. (O pensamento dualista é o lugar onde temos a ideia do secular versus o espiritual.) Esse dualismo também influenciou algumas das visões teológicas de Agostinho. Particularmente suas visões no sexo. (Ou seja, que o desejo [e prazer] sexual é [intrinsicamente, inevitavelmente] pecaminoso, e que a luxúria [o sentir prazer] sexual na procriação transmite esse pecado)"


Resposta: A afirmação acima é barata, e não apresenta nenhuma fonte documental, mostrando alguma frase da própria lavra de Agostinho, mas é, ao que tudo indica, uma opinião do autor do artigo sobre o que Agostinho supostamente creria(note a frase: 'De fato, as universidades europeias fundadas no século XII seguiram o mesmo currículo de ensino descrito no livro de Agostinho sobre a Doutrina Cristã'). É uma afirmação espúria e apócrifa.

11º Argumento: "Agostinho acreditava que Uma pessoa pode cai da graça e perder sua salvação.

"Mas se alguém já regenerado e justificado recair, de sua própria vontade, em sua vida má, certamente esse homem não pode dizer: "Eu não recebi [a graça de Deus]"; Porque ele perdeu a graça que recebeu de Deus, e por sua livre escolha foi para o mal. " [Admonition and Grace [c. 427], 6,9; Jurgens, William A., editor and translator, The Faith of the Early Fathers, three volumes, Collegeville, Minnesota: Liturgical Press, 1970 and 1979, III, 157]

"O homem, portanto, foi tornado justo deste modo, para que, embora incapaz de permanecer em sua retidão sem a ajuda divina, poderia de sua própria mera vontade se afastar dele [de Deus]." [Enchiridion of Faith, Hope, and Love, chapter 107 in Nicene & Post-Nicene Fathers Series 1, Vol. III]

"Quando você tiver sido batizado, mantenha uma boa vida nos mandamentos de Deus para que você possa preservar seu batismo até o fim." [Sermon to Catechumens on the Creed 7:15, 8:16; Jurgens, William A., editor and translator, The Faith of the Early Fathers, three volumes, Collegeville, Minnesota: Liturgical Press, 1970 and 1979, III, 35]

"Afirmo, portanto, que a perseverança pela qual nós perseveramos em Cristo até o fim [das nossas vidas] é o dom de Deus, e chamo aquele [fim] de o final através do qual é terminada aquela vida na qual somente [nela] há perigo de queda. Portanto, é incerto se qualquer um tem recebido este dom, enquanto ele ainda está vivo. Porque, se ele cair antes de morrer [sem tempo de se arrepender, pedir perdão, se confessar, fazer a penitência e receber a absolvição], é óbvio que não se diz que ele tem perseverado; e isto é dito com a maior verdade. "(Agostinho, em Sobre o Dom da Perseverança)"


Resposta: (a)A 1ª citação, supostamente aludindo a obra 'A Correção e a Graça'(VI:9), não consta a expressão nos moldes como apresentados aqui. Agostinho não está falando na queda da graça salvífica. mas na queda na desobediência, isto é, no pecado. Contudo, Agostinho, após falar na possibilidade da queda na desobediência, diz:

"E, se ferido salutarmente pela correção, chora seu pecado e retorna as boas ou melhores obras antigas, então fica evidente a utilidade da correção"(VI:9)

Pelo contexto, omitido pelo autor arminiano, Agostinho está afirmando que o regenerado não pode dizer que não recebeu a graça da correção; enquanto que daquele de quem ele se refere como resistente à correção, falará que recebeu fé(o que não significa em si que ele menciona a fé salvífica, uma vez que até irregenerados, possuem fé [intelectual] no Senhor[Jo 8:30-34,36-44], mas não a graça da perseverança até o fim(VI:10).

(b)A frase da obra de Agostinho - 'Enquiridio'[Manual da Fé, Esperança e Amor, 107], não nega em lugar algum a perseverança dos santos, mas a afirma, primeiro, afirmando que ela é dependente da graça divina; segundo, ao afirmar que pelo própria vontade humana, o homem se torna perverso:

"O homem, portanto, foi criado reto para poder perseverar naquela retidão, não sem o socorro divino, mas por seu próprio arbítrio se tornou perverso"(Enquiridio'[Manual da Fé, Esperança e Amor, 107],Santo Agostinho; 'O Sermão da Montanha e Escritos sobre a Fé, p.425).

A 'tradução' feita pelos batistas fundamentalistas('poderia de sua própria mera vontade se afastar dele [de Deus]), apenas mostra que o homem justo pode se desviar de Deus, não que o homem justo possa se desviar de Deus para todo o sempre, ou que possa morrer desviado de Deus. Por isso, na mesma obra, Agostinho afirma ser impossível que o homem uma vez salvo por Cristo, possa ser alvo da morte eterna[condenação]:

"Porque para isso Cristo morreu e ressuscitou, para ser o Senhor dos vivos e dos mortos, e o reino da morte não reterá aquele pelo qual morreu quem é livre entre os mortos"(Manual da Fé, Esperança e Amor, 120)

(c)Quanto a citação da obra 'Explicação do Símbolo'([XV]; Santo Agostinho; 'O Sermão da Montanha e Escritos sobre a Fé, p.460), o que temos ali é uma exortação a perseverança na fé, considerando que o batismo é um ato de profissão e confissão de fé, 'guardar o batismo até o fim', equivaleria a guardar a
fé até o fim. Agostinho deixa isso bem claro, quando diz na mesma obra:

"Mas também a Igreja é santa, uma, verdadeira, católica, combatente de todos os hereges; pode combater, mas não pode ser derrotada. Todas as heresias dela saíram, assim como os ramos inúteis de uma videira, mas ela permanece na sua raiz, na sua videira, no seu amor. 'As portas do inferno não prevalecerão contra ela'(Mt 16:18)'"(Manual da Fé, Esperança e Amor, XIV).

(d)Sobre a suposta citação de 'O Dom da Perseverança', trata-se do capítulo 1, verso 1, e nele não se encontram as expressões 'sem tempo de se arrepender, pedir perdão, se confessar, fazer a penitência e receber a absolvição'. Todavia, é certo que Agostinho, pela expressão "cair em pecado antes da morte", está se referindo a morrer em impenitência(sem arrependimento). A frase na íntegra, diz:

"Se alguém vir a cair em pecado antes da morte, é sinal de que não perseverou; é sinal revestido da maior certeza"(I:1).

Mais adiante, ele repete o mesmo pensamento, quando diz:

"Portanto, não se pode afirmar que alguém tenha recebido o dom da perseverança, se não perseverou"(I:1).

Daí, Agostinho explica que apenas aqueles que foram eleitos por Deus, receberam o dom da perseverança final:

"Tratamos aqui da perseverança que conduz a pessoa a perseverar até o fim no amor a Cristo, e assim não se pode dizer que possui o dom da perseverança aquele que não perseverou até o fim"(I:1)

"Deus pôs esta graça naquele no qual, predestinado pela decisão daquele que tudo opera segundo o conselho de sua vontade, fomos feitos sua herança(Ef 1:11). Portanto, assim como opera para que possamos nos aproximar, também opera para não nos afastarmos"(O Dom da Perseverança"(VII:14).

"Estes dons de Deus, concedidos aos eleitos chamados segundo o desígnio e que consistem em começar a crer e perseverar na fé até o término desta vida, como provamos com tantos testemunhos de razão e de autoridade"(O Dom da Perseverança, XVII:47)

12º Argumento: "Agostinho rejeitou a leitura [o entendimento] literal da história da criação (Gênesis 1 e 2).

Em seu livro, The Literal Meaning of Genesis, Agostinho afirmou que os cristãos que viessem a entender a história da criação literalmente seriam um ridículo objeto de risadas e apareceriam como idiotas aos olhos dos não-crentes. [St. Augustine Volume 1: The Literal Meaning of Genesis (Ancient Christian Writers), ed. James H. Taylor.] Ao falar de uma criação literal em seis dias, Agostinho escreveu: "É muito vergonhoso e ruinoso, e a ser muito evitado, que ele [o não-cristão] deva ouvir um cristão falar tão idiotamente sobre estas questões, e como se, de acordo com escritos cristãos, ele [o não-cristão] poderia dizer que dificilmente poderia deixar de rir quando visse quão totalmente em erro eles [os cristãos] estão. Tendo em vista isso e mantendo-o constantemente em mente ao lidar com o livro do Gênesis, eu expliquei em detalhes e estabeleci para consideração os significados das passagens obscuras, tomando cuidado para alguém não afirmar precipitadamente o significado- interpretação de alguém em prejuízo do de outra e talvez melhor explicação"


Resposta: (a)Note, o autor arminiano cita supostamente o 'Comentário de Gênesis', de Agostinho, mas não cita capítulo do livro, para verificarmos a veracidade da citação, dificultando para o leitor checar as fontes. Contudo, achamos a citação. Ela está no "Comentário de Gênesis'(19:39-40), onde lemos:

"Acontece muitas vezes que um não cristão de tal modo conhece algo sobre a Terra, o Céu, os demais elementos deste mundo, o movimento e a conversão ou também a grandeza e a distância dos astros, os eclipses do sol e da lua, os círculos dos anos e dos tempos, as naturezas dos animais, das frutas, das pedras e as demais realidades semelhantes, que o defende por argumentos verdadeiros e pela experiência. Mas é muito vergonhoso, pernicioso e digno de se evitar ao máximo que um cristão fale desses assuntos como estando de acordo com as Escrituras cristãs, pois ao ouví-lo deliberar de tal modo que, como se diz, cometa erros tão absurdos, um infiel mal consegue segurar o riso. E o mal não está em que se zombe de um homem que cometa erros, mas que os de fora acreditem que nossos autores afirmem tais coisas. E assim, criticados e rechaçados como ignorantes. Quando em assuntos que conhecem perfeitamente aprenderem em erro a alguém do número dos cristãos afirmando sua falsa opinião a partir de nossos livros, de que modo vão acreditar naqueles Livros a respeito da ressurreição dos mortos, da esperança da vida eterna e do reino dos céus? Pensarão que foram escritos com falsidades, uma vez que eles mesmos puderam conhecer tais coisas por experiência e compreender com razões que excluem qualquer dúvida? As palavras não bastam para dizer quanto mal e quanta tristeza trarão para os irmãos sensatos os que presumem temerariamente, quando passarem a ser criticados e convencidos de sua insensata e falsa opinião por aqueles que não aceitam a autoridade de nossos Livros. Para defender o que disseram com a mais leviana temeridade e com falsidade deveras manifesta, eles se esforçam por citar os mesmos Livros sagrados ou também preferem muitas palavras, de memória, as quais julgam ter valor, como testemunho, não entendendo o que dizem, nem o que afirmam.

Considerando e examinando, expliquei de muitas maneiras o Livro de Gênesis, quanto pude, e apresentei opiniões sobre as palavras registradas nele de modo obscuro para nosso uso, nada afirmando temerariamente a respeito de uma explicação com prejuízo de uma outra talvez melhor, a fim de que cada um escolha, de acordo com sua capacidade, o que puder compreender. Quando algo não possa entender, dê honra a Escritura de Deus e se tome de temor. Mas como as palavras da Escritura, de que tratamos, podem ser explicadas com muitas interpretações, reprimam-se os que, inchados pela literatura mundana, discutem as palavras ali consignadas para alimentar totalmente os corações piedosos, como algo escrito sem perícia e grosseiramente. Rastejam sobre a terra, desprovidos que estão de asas e escarnecem dos ninhos das aves com seu vôo de rãs. Mas, com mais perigo erram alguns irmãos fracos na fé, que, quando escutam esses ímpios dissertarem com sutileza e com loquacidade sobre os números dos corpos celestes ou sobre quaisquer questões sobre os elementos do mundo, se sentem aniquilados. Antepõe-nos a si mesmos suspirando e considerando-os importantes e retornam com repugnância os Livros da mais salutar piedade. E estes livros que deveriam beber como delícias, mal e mal os abordam com paciência, aborrecendo-se com a aspereza da semeadura e desejando avidamente as flores dos espinheiros. Pois não se aplicam em ver como o Senhor é bom, nem sentem fome em dia de sábado, e, por isso, mesmo tendo recebido licença do Senhor do sábado, são preguiçosos para colher as espigas e esfrega-las com as mãos e limpar as colhidas até se tornarem alimento"(Santo Agostinho, Comentário de Gênesis, Paulus, pp.45-47).

Ai está provado que o autor deste artigo não está dizendo a verdade. Não há nada no texto, onde Agostinho esteja se referindo aos seis dias literais de Gênesis. Agostinho está se referindo ao fato dos pagãos zombarem daqueles cristãos, fracos na fé, que, sem um conhecimento adequado das Escrituras, querem discorrer sobre temas como a Terra, o Céu, os demais elementos deste mundo, o movimento e a conversão ou também a grandeza e a distância dos astros, os eclipses do sol e da lua, os círculos dos anos e dos tempos, as naturezas dos animais, das frutas, das pedras e as demais realidades semelhantes. Agostinho não nega que Deus criou o mundo literalmente em seis dias, mas o afirma:

"Portanto, no número perfeito de dias, ou seja, seis, Deus concluiu as obras que fez"(Comentário de Gênesis, IV; 2:6)

13º Argumento: "Agostinho acreditava que Maria (mãe de Jesus) foi uma perpétua virgem.

Maria "permaneceu virgem ao conceber seu Filho, virgem ao dar à luz a Ele, uma virgem ao criá-Lo [vê-Lo crescendo e amadurecendo], virgem ao alimentá-lo em seu peito, sempre virgem". (Sermão 186)

"Hereges chamados Antidicomaritas são aqueles que contradizem a virgindade perpétua de Maria, e afirmam que, depois que Cristo nasceu, ela se ajuntou como um unidade [uma só carne] com o seu marido"(Heresias 56)"


Resposta: Nenhuma das frases provam que Agostinho ensinou a perpétua virgindade de Maria, nos moldes romanistas. Ambas estão apenas a afirmar que sempre foi virgem tanto durante o processo de gravidez, bem como após o resguardo, quando Jesus nasceu. Ninguém nunca afirmou que durante a gravidez ou imediatamente após Jesus nascer, Maria e José passaram a viver intimamente como marido e mulher, até porque a própria Maria cumpriu a lei de purificação após o nascimento de Jesus e também apresentou a sua oferta pelo pecado(Lc 2:22-24 comp. com Lv 12:6-8). O contexto de Lv 12:6-8, mostra que após o nascimento de seu filho, uma mulher seria considerada imunda "trinta dias"(Lv 12:4). A evidência é que, em obediência a lei de Deus, após o nascimento de Jesus, Maria não poderia ter nenhum contato sexual com Jesus, por ainda estar sob resguardo. Agora, fica evidente que Agostinho negou a perpétua virgindade de Maria. quando em sua obra "Da Santa Virgindade", diz, aludindo aos irmãos de Jesus:

"Está escrito no Evangelho, da mãe e irmãos de Cristo, isto é, a Sua parentela segundo a carne, que, quando a palavra tinha sido trazida até ele, e eles estavam fora do lugar, porque não podiam ir a Ele por causa da multidão, Ele deu a resposta: 'Quem é minha mãe? Ou quem são meus irmãos?'. E, estendendo a mão sobre os discípulos, Ele diz: 'Esses são meus irmãos: e quem tem feito a vontade de meu Pai, que o homem é para mim, irmão e mãe, e a irmã'. Como nos ensina, invés de preferir parentes segundo a carne, nosso pendor segundo o Espírito: de modo que os homens não são abençoados por esta razão, que eles não estão unidos a santos homens apenas pela proximidade da carne, mas que, por obediência e seguintes, que serão fiéis a sua doutrina e prática . Portanto, Maria é mais abençoada em receber a fé de Cristo, do que em conceber a carne de Cristo. Para um certo alguém que disse: Bem-aventurado o ventre, que levavam Você, Ele próprio deu a resposta, 'Sim, sim, bem aventurados são os que ouvem a Palavra de Deus , e a guardam'. Por fim, a seus irmãos, isto é, seus parentes segundo a carne, que não criam Nele. Que vantagem foi em ser parente? Assim também sua proximidade como uma mãe teria sido de nenhuma vantagem para Maria, se ela posteriormente não tivesse conduzido Cristo em seu coração de uma forma mais bendita do que na sua carne"(3).

14º Argumento: "Agostinho também acreditava que Maria jamais cometeu nenhum pecado.

"Temos que fazer exceção [concernente ao pecado original ser universal] quanto à Santa Virgem Maria, relativamente a quem eu gostaria, para se honrar ao Senhor, de não levantar a questão tocante ao assunto de ela ter pecado; porque, proveniente dEle, sabemos que abundância da graça para vencer o pecado em cada detalhe foi conferido sobre ela, que teve o mérito de concebê-Lo e criá-Lo, Ele, que, sem dúvida, não tinha pecado." (Agostinho, Sobre a Natureza e a Graça, XXXVI)


Resposta: Mais uma vez o arminiano cita fora do contexto a obra de Agostinho - 'A Natureza e a Graça'. Nela, Agostinho está afirmando que Pelágio afirma que a Virgem Maria foi "isenta do pecado"(XXXVI:42). Falando de Pelágio, Agostinho diz:

"Em seguida, o autor do livro menciona aqueles que conforme se conta, não somente não pecaram, mas viveram na justiça: Abel, Enoc, Melquisedeque, Abraão, Isaac, Jacó, Josué, Finéias, Samuel, Natan, Elias, José, Eliseu, Miquéias, Daniel, Ananias, Azarias, Misael, Ezequiel, Mardoqueu, Simeão, José, esposo de Maria'. Acrescenta as mulheres: Débora, Ana, mãe de Samuel, Judite, Ester, outra Ana, filha de Fanuel, Isabel, a própria mãe de nosso Senhor e Salvador, a respeito da qual ele disse: 'A piedade exige que a confessemos isenta de pecado'"(A Natureza e a Graça, XXXXVI:42).

A posição de Pelágio, segundo Agostinho, parece se referir a pessoas que não viveram uma vida de pecado, mas viveram na justiça. Todavia, me parece que o parecer de Agostinho, com relação a Virgem Maria, se refere a ela estar isenta do pecado (sexual) por causa dela ter ficado grávida por obra do Espírito Santo, gerando em seu ventre o Filho de Deus:

"Excetuo a Virgem Maria, sobre a qual, devido à honra do Senhor, não quero discutir, eis que sabemos que lhe foi concedido um grau mais elevado de graça para vencer totalmente o pecado, pois mereceu conceber e dar à luz aquele do qual não consta que tivesse pecado"(A Natureza e a Graça, XXXXVI:42).

A frase de Agostinho mostra que, para ele, Maria não foi concebida sem pecado, mas que recebeu graça (favor imerecido) para vencer o pecado. Alguém que não tivesse pecado, precisaria de graça? Ela recebeu 'graça', como também Noé(Gn 6:8), Moisés(Ex 33:17), Davi(At 7:45,46). Noé, Moisés e Davi foram concebidos sem pecado? Não. Logo, Maria também não foi. Ademais, alguém que não tivesse pecado, precisaria vencer o pecado? Não foi a tôa, que Agostinho disse:

"Resumindo: Maria, filha de Adão, morreu por causa do pecado"(Sermão II[3], sobre o Salmo 34).

15º Argumento: "Agostinho acreditava [no purgatório e] em orar em benefício dos mortos.

"Que deve haver algum fogo, mesmo após esta vida [do salvo], não é incrível, e pode ser examinado e [consequentemente a este exame] então: ou ser descoberto ou ser deixado escondido se alguns dos fiéis podem ser salvos (alguns mais lentamente e alguns mais rapidamente, segundo o maior ou menor grau com que amaram as coisas boas que perecem) por operação de um certo fogo purificador" (Manual de Fé, Esperança e Caridade 18:69 [421 dC]).

"Nós lemos nos livros dos Macabeus [2 Macc. 12:43] que sacrifício foi oferecido em favor dos mortos. Mas mesmo que isso não fosse encontrado em nenhum lugar dos escritos do Antigo Testamento, a autoridade da Igreja Católica, que é clara neste ponto, não tem peso pequeno, onde, nas orações do padre derramadas ao Senhor Deus em Seu altar, o elogio/ louvor/ defesa dos mortos tem o seu lugar" (O cuidado a ser tido em proporção 1:3 Dead [421 dC])"


Resposta: (a)A 1ª citação('Manual de Fé, Esperança e Amor') não consta na obra original como citada pelos batistas fundamentalistas. A citação original é:

"Não é incrível, todavia, que algo do gênero aconteça depois desta vida, e se pode indagar - bem como se isto é certo ou dúbio - se alguns fiéis sejam salvos por certo fogo purificador..."(Santo Agostinho; O Sermão da Montanha e Escritos sobre a fé, Paulus, p.389).

Agostinho não está aqui afirmando a existência de um purgatório, mas está especulando a respeito deste tipo de crença, sem referir-se a ela como uma doutrina cristã. Em outros lugares, deixa claro sue negação da crença de que após a morte, o cristão vai para o Purgatório, quando diz:

"Por conseguinte, sua e nossa passagem daqui para o Pai, da vida mortal para a vida eterna, da vida terrena para a vida celeste, da vida corruptível para a incorruptível, da convivência no meio de tribulações para a segurança perpétua"(Comentário do Salmo 68; 2)

(b)A 2ª citação('O Cuidado devido aos mortos') mostra de início, que a prática de sacrifício pelos mortos não está no AT('Mas mesmo que isso não fosse encontrado em nenhum lugar dos escritos do Antigo Testamento'). Todavia, os batistas fundamentalistas fazem uma tradução que não comporta o que está no original, que diz:

"Assim, nas preçes em que o sacerdote dirige suas orações ao Senhor Deus, junto do altar, é reservado espaço especial a encomendação dos mortos"(I:3).

http://www.newadvent.org/fathers/1316.htm

O texto menciona que os mortos são encomendados a Deus, não que são feitas orações em seu favor.

16º Argumento: "Agostinho foi um perseguidor e pai das gerações de perseguidores.

No início de seu ministério, Agostinho era contra qualquer forma de violência contra os que ele considerava heréticos. Depois, porém, talvez subornado ou pressionado por Roma, ele muda: "Agostinho de Hipona não apenas [astuta e covardemente] se absteve de dar uma base dogmática [favorável ou contrária] ao que havia se tornado a prática da Igreja [perseguição, tortura, assassinato], mas até declarou encontrar validade final à mesma perseguição, tortura, assassinato] na Escritura: 'é, realmente, melhor que os homens sejam levados a servir a Deus pela instrução do que pelo medo do castigo, ou pela dor. Mas, do mesmo modo como os primeiros meios são melhores que os últimos, estes [os últimos], portanto, não devem ser negligenciados; muitos [homens] devem ser levados de volta ao seu Senhor, como servos maus, pela vara do sofrimento temporal, porque eles alcançam o mais alto grau do desenvolvimento religioso.... O próprio Senhor ordena que os convivas sejam primeiramente convidados e, em seguida, [ordena que] sejam compelidos à Sua Grande Ceia.'

E Agostinho argumenta que 'se o Estado não tem o poder de castigar o erro religioso, também não poderia punir um crime tal como assassinato.' Corretamente diz Neander sobre o ensino de Agostinho que 'ele contém o germe de todo o despotismo espiritual, da intolerância e da perseguição, até mesmo ao tribunal da inquisição.' Não demorou muito [depois de Agostinho] até que o último passo foi dado pela doutrina da perseguição da Igreja. Leão, o Grande, o primeiro dos papas, num estrito sentido do termo, levou à frente a inferência lógica das premissas a ele já providas pelos Pais da Igreja, ao declarar que " (Vedder, "Our New Testament", pp. 97/98. Copiei de http://www.doffun.com/index.cfm?article_num=473)"Por que, portanto, a Igreja não deveria usar a força para obrigar seus filhos perdidos a retornar? ... O próprio Senhor disse: "Sai pelos caminhos e valados, e força[-os] a entrar, ..." Portanto, [forçar] é o poder que a Igreja recebeu [para exercer] através do caráter religioso e da fé dos reis, os instrumentos pelo quais aqueles que se encontram nos caminhos e valados - isto é, nas heresias e cismas - são obrigados a entrar, e que eles não achem mal serem compelidos." (Trechos de Augustine, The Writings Against the Manichaeans and Against the Donatists, http://www.ccel.org/ccel/schaff/npnf104.v.vi.viii.html).

O historiador alemão Neander escreveu que Agostinho instigou perseguições [e isso incluiu assassinatos]contra crentes donatistas que estavam lutando para manter as igrejas puras após a era apostólica. Pois ele interpretou Lucas 14:23 ("compele-os a entrar") como significando que Cristo requeria que a igreja [católica] usasse a força [e isso incluiu tortura e morte] contra os que considerasse heréticos. https://www.wayoflife.org/database/church_fathers_a_door_to_rome.html.Uma guerra para preservar ou restabelecer a unidade da Igreja seria uma guerra santa e justa, uma "bellum Deo auctore", uma "guerra ["santa"] cujo autor seria o próprio Deus". Ele também descobriu uma espertalhona e velhaca maneira de evitar que o clero católico recebesse a culpa pelo sangue em suas mãos: dissensão contra a Igreja Católica passaria a ser considerada dissensão contra o Estado, de modo que qualquer pessoa condenada pela Igreja seria presa, torturada e morta pelo Estado, sem nenhuma culpa ser lançada sobre a igreja católica !!! (que espertalhão patife!)Séculos depois, tais ideias culminariam na atividade da Inquisição, que também exigia que a autoridade secular executasse as sanguinárias decisões do Romanismo. É por isso que Agostinho é explicitamente reconhecido, até mesmo por muitos católicos, como o pai da Inquisição, já que ele foi responsável pela adoção e introdução de métodos de tortura de Roma para os fins da Igreja Católica, muitas vezes a fim de assegurar a uniformidade [eliminação de todos que discordassem da Igreja] Agora procure e leia uns 10 livros tais como Augustine In Defense of Torturing Heretics http://egregores.blogspot.com.br/2010/10/augustine-in-defense-of-torturing.html

Já em 385 dC, [temos] os primeiros registros de caça, prisão, tortura e execuções de verdadeiros crentes que, por fidelidade a Deus e Sua Palavra, não se dobravam ao Romanismo, realizadas sob o imperador Maximus a pedido dos bispos espanhóis que acusavam Prisciliano, bispo de Ávila, de feitiçaria, embora o seu verdadeiro crime parece ter sido concordar com [algumas] opiniões gnósticas. Juntamente com seus companheiros, Prisciliano foi julgado e torturado. Eles confessaram [para escapar das terribilíssimas, insuportáveis torturas] e foram executados. Agora, a Igreja já tinha precedentes tanto para caça às bruxas quanto para perseguir os hereges, tudo isto devido ao desmonte moral fornecido por Santo Agostinho. Pergunto somente aos homens e mulheres de bem, aos crentes mais puros e cheios do Espírito Santo, crentes que não reverenciam nomes de homens: É ou não é um fato que Agostinho foi um cruel promotor de violências, de assassinatos, de torturas, de guerras, tudo isso usando o Estado como assassino alugado pelo Romanismo? É ou não é um fato que Agostinho foi quem montou a grande base para a Inquisição ?..."


Resposta: (a)A frase atribuída a Agostinho, de sua obra 'Escritos contra os Maniqueus e os Donatistas', em nenhum lugar dá margem para a idéia de perseguição aos hereges, mas de força-los a receberem a fé cristã:

"Portanto, se o poder que a Igreja recebeu por nomeação divina no devido tempo, através do caráter religioso e da fé dos reis, seja o instrumento pelo qual aqueles que são encontrados nas estradas e sebes - isto é, nas heresias e cismas - são compelidos a entrar, então não deixem que eles sejam culpados por serem compelidos, mas considerem se são tão obrigados".

http://www.ccel.org/ccel/schaff/npnf104.v.vi.viii.html?fbclid=IwAR1kr-cu8elkoDpnrsLaWbfiVTfUdAMF2ifPDHMx5HSmdpNE86xWogv6FL8

(b)Agora, se a pregação da conversão pelo uso da força humana, apregoada por Agostinho, servisse para se rejeitar todas as suas posições que serviram como bases para a TULIP, então da mesma forma poderíamos dizer que o uso da pregação da conversão pelo uso da força, feito pelos anabatistas do século XVI(um dos pais do arminianismo batista), serviria para se rejeitar todas as crenças e práticas dos batistas arminianos, que deles descenderam? O erudito batista Timothy George cita os anabatistas que “saquearam igrejas e mataram inocentes”(Teologia dos Reformadores, p.276). Para estes anabatistas, de acordo com Timothy, todos aqueles que recusavam o rebatismo “deviam ser mortos”(Ibidem, p.256). O ódio também havia encontrado guarida no coração dos anabatistas, que amaldiçoavam todos os seus adversários (Ibidem,p.166).

Também é um embuste querer incutir na mente das pessoas que o pacifismo era uma marca de todos os anabatistas. Mesmo aqueles que eram considerados eruditos entre eles, rejeitaram o pacifismo. De acordo com o historiador batista Justo Anderson, Baltazar Hubmaier(1480-1528), um dos famosos anabatistas, defendia “a necessidade da espada”(Historia de Los Bautistas, Tomo II, p.41). Outro famoso líder anabatista, Melchior Hoffman, de acordo com o historiador Justo Gonzalez, afirmava que “Seria necessário os filhos de Deus pegarem em armas contra os filhos das trevas”(A Era dos Reformadores, p.102).

Carter Lindberg, historiador norte americano e professor emérito de História da Igreja na Boston University School of Theology, aludindo ao movimento anabatista, diz:

"O anabatismo primitivo era um movimento religioso que não se opunha a fazer uso da espada em favor de sua causa"(As Reformas Na Europa, p.243)

James M. Stayer, historiador da reforma alemã e do anabatismo, em seu livro "Anabaptists and the Sword"(Os Anabatistas e a Espada), afirma:

"Uma análise das concepções anteriores da Reforma sobre a espada secular fez mais do que estabelecer um contexto histórico e ideológico para as crenças anabatistas"(p.27)

"Os irmãos suíços constituíram a primeira seita anabatista. Em última análise, foi o que definiu o ensino anabatista sobre a espada"(Ibidem, p.93)

"Os Irmãos Suiços consideraram campanhas reais e políticas, bem como alternativas, quando desenvolveram seus pensamentos sobre a espada"(Ibidem, p.93)

Aludindo a rejeição de diversos grupos anabatistas à política pacifista do anabatista Miguel Sattler, o autor diz:

"Por conseguinte, no que diz respeito ao ensino sobre a Espada, a autoridade de Miguel Staler e da Confissão de Schleitheim não foram automaticamente aceitas na Morávia, na Áustria, no sul do Alemanha ou no centro da Alemanha. As idéias de Thomas Muntzer tiveram grande influência contínua nessas regiões, apesar de seu pedido de cruzada apocalíptica ter sido desacreditado pelo fracasso"(p.136)

Gerald J. Mast, ‎ Professor assistente de ensino da Universidade de Pittsburgh e membro da Sociedade Histórica Menonita; e J. Denny Weaver, Professor emérito de Religião na Bluffton University, Bluffton, Ohio, afirmam:

"A rejeição a espada não é simplesmente um ponto de debate para apontar ´posteriormente alguém listado com todos os itens concordados pelos anabatistas. Porque os anabatistas entenderam que a igreja era uma encarnação visível de todo o evangelho que contrastava com rebeldes cegados pela sociedade circundante"(Defenseless Christianity: Anabaptism for a Nonviolent Church, p.59)

E. Belfort Bax, jornalista inglês, afirma, aludindo ao anabatista Melchior Hoffmann:

"Algum tempo após a sua recepção no corpo anabatistas em Strasburg, Hoffmann, enquanto na maioria dos outros pontos aceitando a doutrina predominante dos Irmãos, destruiu completamente da doutrina da não-resistência, mantendo em teoria pelo menos, o direito dos eleitos de usar a espada contra as autoridades mundanas, 'os ímpios', 'os inimigos dos santos'"(Rise and Fall of the Anabaptists, p.104).

Malcolm B. Yarnell, ministro batista, afirma:

"Apesar da maioria dos anabatistas rejeitarem a violência, alguns estranhos entretanto colocaram cruzados revolucionários como Thomas Muntzer, Bernard Hothmann e Hans Romer no grupo com os anabatistas principais"(The Anabaptists and Contemporary Baptists: Restoring New Testament, pp.71,72)

E o Rev. Philippe Landes, ministro presbiteriano, também declara:

“Na Alemanha, na Suiça e em outras partes da Europa os anabatistas foram combatidos pelos reformadores e o sangue de alguns deles foi derramado pelo poder civil, especialmente na guerra dos camponeses e por ocasião do célebre desastre de Munster. Havia nesse tempo muita intolerância por parte de todas as correntes religiosas. Quando um partido galgava o poder, procurava eliminar os adversários. As lutas eram de vida e morte. Os chefes de Estado tinham o direito legal de impor sua religião. E,quando os anabatistas subiam ao poder, temporariamente como aconteceu nas guerras dos camponeses e no caso de Munster, também eram violentos e sanguinários"(Estudos Bíblicos Sobre o Batismo de Crianças, p.111).

De fato, a intolerância era um fato comum durante o tempo da Reforma, sendo que todos os grupos religiosos, como já foi defendido,, eram dotados de intolerância.

Os anabatistas eram tão intolerantes, como qualquer outro grupo religioso da época. No 3º Volume de “As Grandes Religiões”(1973, São Paulo), lê-se que “durante o ano de 1528, em Eslingen (na Suiça), um grupo de anabatistas violentos preparava-se para instaurar o reino de Deus através da força”(p.507). Ora, tal atitude, seria uma demonstração de um espírito cristão?(Zc 4:6).

Thomas Muntzer(1490-1525), considerado por muitos como o primeiro líder do movimento anabatista, apelou para a violência e ódio, para conseguir seus objetivos. O 3º Volume de “As Grandes Religiões”, revelando o perfil de intolerância e ódio de Thomas Muntzer. declara:

:“Em 1525, os camponeses de Muhlhausen desejavam autonomia. Nesse contexto, Muntzer publicou um vigoroso manifesto revolucionário endereçado aos mineiros. Apelando à sua consciência cristã, escreveu: ‘Se vocês se recusarem a sofrer por Deus, serão consequentemente mártires do diabo’. Logo foram formados grupos de combate nos arredores de Frankenhausen. Embora Muntzer não tivesse aspiração de liderança militar, acabou por assumir esse papel. Evocando o exemplo de Gideão e considerando-se seu herdeiro espiritual, organizou um batalhão de trezentos homens: ocupavam as posições de vanguarda na marcha de milhares de camponeses mal armados e mal preparados para a luta. As forças governamentais, desproporcionalmente maiores, estavam equipadas para uma verdadeira batalha. É provável que os príncipes se tivessem compadecido da multidão transtornada pelos ensinamentos do profeta de Zwickau. E quisessem mesmo poupar-lhes a vida quando enviaram emissários com propostas de rendição e entrega do líder. Mas a decisão de Muntzer de lutar contra os príncipes, aliada à esperança escatológica de que o Cristo seria entronizado numa nova era de felicidade, impossibilitou tal negociação. E a certeza da vitória se fortalecera com a aparição do arco-íris – símbolo do movimento e sinal de aliança de Deus com os eleitos (Gn 9:9-15). Melanchthon, ao escrever uma biografia de Thomas Muntzer, reconstituiu os discursos que o líder revolucionário teria proferido a seu exército. São palavras que demonstram o ânimo de Muntzer e o clima emocional em que se encontraram seus seguidores: 'Ataquemos fortemente os inimigos, não temais o fogo de suas armas, pois vos defenderei de todas as balas que eles vos lançarem'. Sim, Deus está conosco, pois nos enviou um sinal. Não vedes esse arco-íris? Isso quer dizer que Deus nos ajudará porque carregamos nas bandeiras o mesmo símbolo, e porque Ele ameaça com seu juízo e sua punição o príncipe criminoso’. A batalha então realizada resultou em um verdadeiro massacre dos seguidores de Munzer. Aproximadamente 8000 camponeses preparavam-se para a luta, orando e cantando hinos que invocavam a presença do Espírito Santo. As tropas governamentais, diante da recusa de negociações, atacaram a multidão impiedosamente. A vitória foi rápida. Os cronistas da época estimam que 5000 homens foram massacrados em poucas horas. Os sobreviventes fugiram, escondendo-se em vilas mais próximas. Thomas Munzer foi capturado. É ainda Melanchthon quem conta: ‘Quando ele chegou diante dos príncipes, estes lhe perguntaram porque reunira aqueles pobres camponeses, levando-os à miséria. Respondeu, ainda arrogante, que agira bem e que a sua intenção era castigar os príncipes porque se opunham ao Evangelho”(pp.502-503)

Ainda falando dos anabatistas, o 3º Volume de “As Grandes Religiões”, declara:

“Ao tomarem de assalto a prefeitura e a praça do mercado, os adeptos da nova corrente religiosa conseguiram a liberdade de pregação. Muitos luteranos e católicos ricos, temendo a situação que se anunciava, fugiram de Munster levando seus bens. Os anabatistas convidaram famílias inteiras das cidades vizinhas para se juntarem a eles na espera do fim glorioso dos tempos. Anunciavam que, exceto Munster, a Terra inteira seria destruída antes da Páscoa. Munster seria a nova Jerusalém. Movidos por intenso ardor religioso, expulsaram todos os luteranos e católicos remanescentes, confiscando-lhes os bens”(p.508).

Assim, de acordo com essa obra circular (‘As Grandes Religiões’), os anabatistas eram tão violentos e intolerantes quanto qualquer outro grupo religioso da época. O ódio e a intolerância do anabatista Thomas Munzer e de seus seguidores torna patente e evidente tal afirmação. Munzer se esquecera de que os verdadeiros cristãos tinham que lutar contra a carne e o sangue (Ef 6:12), e incitou os seus 8000 seguidores a isso. Munzer se esquecera que as armas dos cristãos não eram carnais(2 Co 10:4). Ao incitar todos os seus liderados a atacar os seus ‘inimigos’, Munzer instigou-os ao ódio (Lc 6:35; Mt 5:44). Munzer queria ‘castigar os príncipes com a espada’ somente porque eles se opunham ao ‘evangelho’. Será essa a regra ensinada por Jesus?(Mt 10:4).

Carl Bangs(arminiano), Professor Associado de Filosofia e Religião na Olivet Nazarene College, Bourbonais, Illinois de 1953-1961, e Professor Associado, e Professor de Teologia Histórica da St. Paul's School of Theology, Kansas City, Missouri entre 1961-1988., aludindo aos anabatistas do século XVi, principalmente de Hans de Ries, diz:

"Tudo isso para dizer: os anabatistas rejeitaram o tipo de teoria da predestinação que estava sendo promovida pelos mais rígidos calvinistas entre os reformados"(Arminius - A Study in the Dutch Reformation, p.170).

Temos ouvido falar de Hubmaier, por parte de Roger Olson(arminiano), como o ‘arminiano antes de Arminio’ em uma de suas postagens. Ele expande isso em “The Story of Christian Theology”(1999), onde ele dedica o capítulo 26 a discutir sobre os anabatistas; e lá, comentando sobre Hubmaier, o Dr. Olson escreve:

“O que o Hubmaier estava proclamando como base do livre arbítrio é o que outros teólogos chamam de graça preventiva -a graça resistida de Deus que chama, condena e habilita. Hubmaier também afirmou que a eleição e a predestinação de Deus se baseavam na sua presciência de que os indivíduos responderão à sua graça. Ele se opôs firmemente à predestinação incondicionalo monergismo de Agostinho, Lutero, Zuínglio e Calvino: ‘Seria um Deus pérfido que convidaria todas as pessoas para uma ceia, oferecesse sua piedade a todos com exaltado fervor e ainda não quer que eles venha(Lc 14: 16ss; MT 22:2). Isso seria um falso Deus que diria com a boca: ‘Venha aqui’, mas pensaria secretamente no coração: ‘Fique lá’(p 422).

O Dr. Olson acrescenta:

"Esta é basicamente a mesma teologia da salvação que os seguidores holandesesseguidores de James Armíniomais tarde desenvolveram no início do século".

Mas, os batistas, também não endossaram 100% nenhuma idéia de tolerância para com os que pensavam diferente deles em qualquer área da vida, crendo que através do poder político, se poderia instalar uma esfera espiritual saudável entre os cristãos. O historiador batista Justo Anderson, afirma:

Outro acontecimento político que afetou os batistas foi o Protetorado de Oliver Cromwell(1649-1660). Em geral, a grande maioria dos batistas o aprovavam em sua decisão de executar o rei Carlos I e de tomar o poder pela força”(Historia de Los Bautistas, Tomo II, pp.97,98).

Ainda de acordo com o historiador batista Justo Anderson, o exército de Cromwell, que era composto de “congregacionais e batistas”(Historia de Los Bautistas, Tomo II, pp.97,98), “excluíu a cem presbiterianos e prendeu mais cinquenta”(Ibidem, p.105).

Ainda falando em conversão à força, e do uso do Estado, para aplicar esta idéia, vale a pena relembrar que durante o regime militar no Brasil, nenhum religioso, porém, parece superar a obediência irrestrita ao regime militar do que o pastor batista Roberto Pontuschka, capelão do Exército que à noite torturava os presos e de dia visitava celas distribuindo o Novo Testamento. O teólogo Leonildo Silveira Campos, que era seminarista na Igreja Presbiteriana Independente e ficou dez dias encarcerado nas dependências da Operação Bandeirante (Oban), em São Paulo, em 1969, não esquece o modus operandi de Pontuschka. “Um dia bateram na cela: ‘Quem é o seminarista que está aqui?’”, conta ele, 21 anos à época. De terno e gravata, ele se apresentou como capelão e disse que trazia uma 'Bíblia' para eu ler para os comunistas f.d.p. e tentar converter alguém. O capelão chegou a ser questionado por um encarcerado se não tinha vergonha de torturar e tentar evangelizar. Como resposta, o pastor batista afirmou, apontando para uma pistola debaixo do paletó: “Para os que desejam se converter, eu tenho a palavra de Deus. Para quem não quiser, há outras alternativas.”

Fonte: https://istoe.com.br/141566_OS+EVANGELICOS+E+A+DITADURA+MILITAR/

O fato de um batista torturar pessoas, torna todas as suas crenças falsas, ou torna todos as crenças de todos os batistas falsas?

17º Argumento: "Agostinho aceitou que juízes devem tomar os acusados [de quaisquer crimes previstos na lei] e os mandar torturar mesmo até a morte.

E somente se compadeceu do remorso que alguns juízes poderiam sentir, simpatizou com eles, e os consolou. City of God, Book XIX, chap. 6. https://lawandreligionforum.org/2013/09/13/reflections-from-the-city-of-god-on-the-dilemmas-of-the-judge/"

Resposta: Esta afirmação acima, é totalmente falsa. Em sua obra "A Cidade de Deus"(Livro XIX), Agostinho condena os juízes que fazem uso do tormento contra acusados. Ele diz:

"Que dizer dos juízos que os homens fazem dos homens, atividade que não pode faltar nas cidades, por mais em paz que estejam? Já pensamos alguma vez em quais, quão miseráveis e quão dolorosos são? Julga quem não pode ler na consciência de quem é julgado. Daí nasçe com frequência a necessidade de se recorrer com tormentos a testemunhas inocentes para declararem a verdade de causa alheia. Que direi do tormento que se faz o acusado sofrerem sua própria causa? E, que, quando para saberem se é culpado o atormentam e, sendo inocente, se lhe impõe penas certas por crime incerto, não porque se descobre que o cometeu, mas porque se ignora que o cometeu? A ignorância do juiz, é com frequência, a desventura do inocente. E o que é mais intolerável, mais de chorar e mais digno, se fora possível, de ser banhado em torrentes de lágrimas, é que, ordenando o juiz torturar o réu, para não fazer por ignorância, inocente morrer, sucede-lhe, por causa da miséria de tal ignorância, matar o torturado e inocente a quem torturara a fim de não mata-lo inocente. Se, de acordo com a doutrina dos referidos filósofos, o réu preferisse fugir da vida a suportar por mais tempo semelhantes tormentos, diria haver cometido crime que não cometeu Ei-lo já condenado e morto e o juiz sem saber se deu morte culpado ou a inocente., havendo-o torturado a fim de por ignorância não matar inocente. Torturou-o para conhecer-lhe a inocência e matou-o sem conhece-la. Nessas trevas da vida civil, juiz que seja sábio se sentará ou não no tribunal? Sentar-se-á, sem dúvida, porque a isso o constrange e o obriga a sociedade humana, a qual ele considera crime abandonar"(6)(Santo Agostinho; A Cidade de Deus, Parte II, Editora Vozes, 466-467).

Falando em atormentar, durante o regime militar no Brasil, nenhum religioso, porém, parece superar a obediência irrestrita ao regime militar do que o pastor batista Roberto Pontuschka, capelão do Exército que à noite torturava os presos e de dia visitava celas distribuindo o Novo Testamento. O teólogo Leonildo Silveira Campos, que era seminarista na Igreja Presbiteriana Independente e ficou dez dias encarcerado nas dependências da Operação Bandeirante (Oban), em São Paulo, em 1969, não esquece o modus operandi de Pontuschka. “Um dia bateram na cela: ‘Quem é o seminarista que está aqui?’”, conta ele, 21 anos à época. De terno e gravata, ele se apresentou como capelão e disse que trazia uma 'Bíblia' para eu ler para os comunistas f.d.p. e tentar converter alguém. O capelão chegou a ser questionado por um encarcerado se não tinha vergonha de torturar e tentar evangelizar. Como resposta, o pastor batista afirmou, apontando para uma pistola debaixo do paletó: “Para os que desejam se converter, eu tenho a palavra de Deus. Para quem não quiser, há outras alternativas.”

Fonte: https://istoe.com.br/141566_OS+EVANGELICOS+E+A+DITADURA+MILITAR/

O fato de um batista torturar pessoas, torna todas as suas crenças falsas, ou torna todos as crenças de todos os batistas falsas?

18º Argumento: "Roma falou, o caso está concluído" (Roma locuta est, Causa Finita est) (Sermões, Livro I). Agostinho refere-se ao Papa"

Resposta: A alegada expressão, não aparece em nenhum dos sermões de Agostinho, tampouco no Sermão 1:

http://www.newadvent.org/fathers/160301.htm

A grande verdade é que se trata, segundo dizem os romanistas, de uma paráfrase que se atribui ao Sermão 131(10), onde ele, aludindo ao exame que o bispo de Roma fez das decisões de dois concílios(Mileve e Cartago), disse:

“Os dois concílios enviaram seus decretos à Sé Apostólica e os decretos voltaram rapidamente. A causa está terminada; seria que o erro fosse tão rapidamente terminado".

O que Agostinho disse com esta expressão é que a igreja de Roma apenas ratificou e referendou a decisão de dois concílios da igreja, não que a igreja de Roma tivesse qualquer primazia sobre as demais igrejas; tampouco que a igreja de Roma fosse católica. Aliás, Agostinho nunca usou este termo 'igreja católica romana'. Creio que era basicamente isso que Agostinho queria dizer (que a Igreja de Roma não estava acima das demais igrejas, nem tinha primazia sobre nenhuma delas, nem sobre qualquer grupo de cristãos em qualquer parte do mundo), quando disse que qualquer concílio da Igreja tinha autonomia para julgar qualquer questão referente a fé, colocando em pé de igualdade e de autoridade o Concílio de Bagai e o Concílio da Igreja de Roma:

"Se o tribunal de Bagai te inocentou, quanto mais a ele a Sé Apostólica?"(Comentário do Salmo 36; 21)

De formas, que nunca colocou a Igreja de Roma, em sua época, como a mais importante, dentro da igreja universal(católica):

"Quem é honrado na lembrança de Pedro, senão aquele que morreu por nós? Somos cristãos, não petrinos. Embora gerados pelo irmão do defunto, temos o nome daquele que morreu. Nascidos através do primeiro, mas para o segundo. Eis que Roma, Cartago, mais e mais cidades são filhas dos reis. E deleitaram o rei, rendendo-lhe honra. E todos constituem uma só rainha"(Comentário do Salmo 44; 23).

Agostinho sempre deixou claro que o único cabeça da Igreja é Cristo:

"Mas desde então, na base de que o Mediador entre Deus e os homens, o homem Jesus Cristo, se tornou Cabeça da Igreja, eles são Seus membros"(Tratado sobre o Evangelho de João, 108:5).

19º Argumento: "Não há salvação fora da igreja" (Salus extra Ecclesiam non est) (De Baptismo. IV, cxvii.24). Agostinho refere-se à Igreja Católica Apostólica Romana."

Resposta: A verdadeira frase deste livro de Agostinho, diz:

"E, portanto, qualquer que seja o homem que pertença à Igreja, não há nenhum benefício de salvação para eles fora da igreja".

http://www.newadvent.org/fathers/14084.htm

Foi isso que Agostinho ensinou aqui. Segundo ele, você pertencer a igreja, mas estar fora dela, não goza nenhum benefício da salvação. Por exemplo, estando fora da igreja, ele estaria privado de receber as três marcas da verdadeira igreja: (a)A fiel pregação do Evangelho; (b)A correta administração dos sacramentos; e (c)A aplicação da disciplina. Alguém fora da igreja, equivale a uma brasa fora da fogueira, se esfriando na fé. Mas ainda que se admita a tradução 'Fora da Igreja não há salvação", ainda assim não há nenhuma prova de que Agostinho estivesse se referindo a igreja católica romana. Ele não disse: "Fora da igreja católica romana não há salvação', se tivesse dito a frase segundo aquela tradução. As confissões de fé históricas das igrejas reformadas mantém esse mesmo pensamento:

"Fora dessa Igreja não há nem vida nem felicidade eterna. Portanto, detestamos completamente a blasfêmia dos que sustentam que os homens que vivem segundo à equidade e a justiça serão salvos, não importando que religião professem. Pois, visto que sem Cristo não há vida nem salvação"(Confissão de Fé Escocesa [1560],XVI).

"Cremos que essa santa assembléia e congregação é a assembléia dos remidos e, que fora dela não há salvação"(Confissão de Fé Belga, 1561, XXVIII).

"Fora da Igreja de Deus não há salvação. Consideramos a comunhão com a verdadeira Igreja de Cristo coisa tão elevada que negamos que possa viver perante Deus aqueles que não estiverem em comunhão com a verdadeira Igreja de Deus, mas dela se separam. Pois, como não havia salvação fora da arca de Noé, quando o mundo perecia no dilúvio, igualmente cremos que não há salvação certa e segura fora de Cristo, que se oferece para o bem dos eleitos na Igreja; e por isso ensinamos que os que querem viver não podem separar-se da Igreja de Cristo"(Segunda Confissão Helvética [1566], XVII)

"A Igreja Visível, que também é católica ou universal sob o Evangelho (não sendo restrita a uma nação, como antes sob a Lei) consta de todos aqueles que pelo mundo inteiro professam a verdadeira religião, juntamente com seus filhos; é o Reino do Senhor Jesus, a casa e família de Deus, fora da qual não há possibilidade ordinária de salvação"(Confissão de Fé de Westminster[1543-1649], XXV:2).

"Esta santa assembleia é a congregação daqueles que são salvos e fora dela não há possibilidade ordinária de salvação"(Declaração de Fé da Aliança das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil, 2015, XVIII:4).

Nesse sentido, também se pode entender, que estar fora da igreja, de uma forma irrevogável, significa estar fora da comunhão com o Cabeça desta Igreja, que é o cabeça do Corpo, que é Cristo. Nesse sentido, quem morrer fora do Corpo de Cristo, morre fora da comunhão com o Cabeça deste Corpo, que é Cristo, e nesse sentido, entendemos que não há salvação fora da igreja.

Por fim, dizer que Agostinho é "o pai do catolicismo e horrível herege', sem citar fontes, nem provar nada, é só um exercício de futilidade. Ademais, dizer que Agostinho endossa todo o corpo de doutrinas romanistas, é outra futilidade, senão vejamos:

1. Ele negou a Tradição, ensinando a suficiência das Escrituras(Da Doutrina Cristã, 2:9)
2. Ele negou os apócrifos(A Cidade de Deus, 18:36).
3. Negou que Maria fosse mãe de Deus(Tratado Sobre o Evangelho de João, VIII).
4. Ele negou a imaculada conceição de Maria(Sermão 2, sobre o Salmo 34)
5. Ele negou a perpétua virgindade de Maria(Da Santa Virgindade,3).
6. Ele negou o papado de Pedro(Comentário do Salmos 118)
7. Ele negou a transubstanciação(Da Doutrina Cristã, III, 16).
8. Ele negou a intercessão dos santos falecidos(Homília 1 sobre 1 João, 8)
9. Ele negou os sete sacramentos, afirmando a existência apenas de dois sacramentos - batismo e Ceia(Da Doutrina Cristã, III; 9:13).


Pelo pleno restabelecimento da verdade!!!


"Porque nada podemos contra a verdade, senão pela verdade"(2 Co 13:8 ACF).







Nenhum comentário:

Postar um comentário