quinta-feira, 23 de março de 2017

Será que Calvino criticou os pais da Igreja por estes terem sido contra a predestinação?(O Embuste Romanista Desmascarado)





Em seu artigo "Calvino critica os Pais da Igreja por serem contra sua doutrina da predestinação", um site católico ('Apologistas Católicos') procura, falsamente, truncando ou fazendo citações parciais dos pais da Igreja, insinuar que estes eram a favor do dogma do livre arbítrio, e por conseguinte, contrários a predestinação.

http://www.apologistascatolicos.com.br/index.php/patristica/controversias/799-calvino-critica-os-pais-da-igreja-por-serem-contra-sua-doutrina-da-predestinacao

Vejamos as citações truncadas, parcializadas ou falsas:

(a)1ª citação:

“Em suas Institutas Calvino fala como os padres aceitavam o livre arbítrio humano, com o titulo:

“Os pais da igreja mostram geralmente menos clareza, mas uma tendência a aceitar a liberdade da vontade. O que é o livre-arbítrio?” (2.2.4, pp. 258-261)”

Só que essa citação não aparece nas “Institutas, II; 2:4”, como vocês mesmos podem conferir:

http://www.protestantismo.com.br/institutas/joao_calvino_institutas2.pdf

(b)2ª citação:

“Calvino começa o texto com a seguinte declaração:

“Todos os escritores eclesiásticos reconheceram que tanto a solidez da razão no homem está gravemente ferida pelo pecado, quanto a vontade tem sido muito escravizada por maus desejos, ainda muitos deles chegaram a abordagem muito próxima dos filósofos. Alguns dos escritores mais antigos parecem-me exaltar as forças humanas a partir de um temor de que um reconhecimento distinto de sua impotência pudessem expô-los às zombarias dos filósofos com quem eles estavam disputando, e também forneciam a carne, já muito declinada do bem, um novo pretexto para a preguiça. Portanto, para evitar ensinar qualquer coisa que a maioria da humanidade pudesse considerar um absurda, eles fizeram com que seu estudo, em alguma medida, reconciliasse a doutrina da Escritura com os dogmas da filosofia, ao mesmo tempo, tornando-se seu cuidado especial para não fornecer qualquer ocasião para preguiça.”

A primeira parte também reflete o entendimento ortodoxo da condição caída da humanidade e do nosso continuo livre arbítrio e a capacidade de raciocinar. No entanto, Calvino criticou esta compreensão da condição humana alegando que os pais da igreja primitiva ao afirmar a razão humana chegaram “muito próxima dos filósofos”. Ele acreditava que os primeiros pais tomaram esta posição, a fim de evitar “as zombarias dos filósofos”. Então, ele alegou que os pais afirmavam o livre-arbítrio humano “para não dar ocasião para preguiça”. Ele escreveu:

“Certamente você ver por estas declarações que eles creditaram ao homem mais zelo pela virtude do que ele merecia, porque eles achavam que eles não poderiam despertar nossa indolência inata, ao menos eles argumentaram que nós pecamos por isso sozinhos.”

Comentário: (a)Calvino não está afirmando que os pais da Igreja ensinavam de modo explícito o livre arbítrio. O título da seção 4 deste capítulo 2 é “Os Patrísticos, ainda que UM TANTO AMBIGUAMENTE, esposam o livre arbítrio”. Por “ambíguo” se entende: “1 Que pode ter diferentes significados; anfibológico. 2 Duvidoso, incerto, indeciso”(Miachaellis Online). Deve se entender que Calvino está ensinando (Institutas, II; 2:4). Olhem a expressão: “Alguns dos escritores mais antigos PARECEM-ME exaltar as forças humanas...”. E por que Calvino diz isso? Simples demais.... Ele afirma que muitos pais da igreja, para não escandalizarem os pagãos, tentaram conciliar o pensamento bíblico com o pensamento filosófico(‘para evitar ensinar qualquer coisa que a maioria da humanidade pudesse considerar um absurda, eles fizeram com que seu estudo, em alguma medida, reconciliasse a doutrina da Escritura com os dogmas da filosofia...’).

Todavia, o contexto posterior, não mostra que Calvino está afirmando que os pais da igreja ensinaram que o homem ímpio possui livre arbítrio para as coisas espirituais:

“Diz Crisóstomo, em algum lugar: ‘Porquanto Deus pôs em nosso poder o bem e o mal, deu-nos o livre-arbítrio da escolha, e quando não queremos não nos força; quando, porém, queremos, nos abraça’. Igualmente: “Não raro, aquele que é mau, se for desejado, muda-se em bom; e aquele que é bom, por inércia, cai e se torna mau, porquanto o Senhor nos fez com uma natureza dotada do livre-arbítrio. Nem impõe ele necessidade. Pelo contrário, providos os remédios apropriados, tudo deixa ficar ao arbítrio do enfermo’. De novo: ‘Assim como nada jamais podemos fazer retamente, a não ser se ajudados pela graça de Deus, assim também, a menos que tenhamos de acrescentar o que é nosso, não poderemos alcançar o favor superno’. Ele, porém, dissera antes: ‘Para que não seja tudo do auxílio divino, importa ao mesmo tempo que algo tragamos nós’. E por isso a cada passo é-lhe corriqueira esta palavra: ‘Tragamos o que é nosso; o restante Deus suprirá’. Consistente com isso é o que Jerônimo diz: ‘Nosso é o começar, de Deus, porém, o terminar; nosso, oferecer o que podemos, dele prover o que não podemos’”(Institutas, II; 2:4)

Nessas citações de obras patrísticas, feitas por Calvino, não está sequer implícito, o livre arbítrio do ímpio em questões espirituais, mas sim em questões naturais, e nesse caso podemos dizer que este ‘livre arbítrio’ aqui, é ‘livre agencia’, com relação aquilo ligado a esfera moral:

“Destas afirmações vês, sem dúvida, que, mais do que era justo, ESSES PATRÍSTICOS PRODIGALIZARAM AO HOMEM O ZELO PARA COM A VIRTUDE, pois pensavam não poderem despertar de outra maneira o torpor a nós ingênito, a não ser que nos acusassem de pecar só em função dele. Com quão grande habilidade, porém, veremos em seguida o que foi feito por eles. Com efeito, dentro em pouco ficará patente que essas postulações às quais nos reportamos são de todo falsas”(Institutas, II; 2:4).

Esse pensamento de Calvino sobre o sentido de “livre arbítrio” dado pelos pais da igreja, se torna claro quando ele diz mais adiante:

“GERALMENTE ESSES GRANDES VULTOS ECLESIÁSTICOS COSTUMAM ATRIBUIR AO LIVRE DESÍGNIO DO HOMEM AS COISAS INTERMÉDIAS, QUE EVIDENTEMENTE NADA TEM A VER COM O REINO DE DEUS, mas atribuem a verdadeira justiça à graça especial de Deus e à regeneração espiritual”(Institutas, II; 2:5)

(c)3ª citação:

“A primeira parte também reflete o entendimento ortodoxo da condição caída da humanidade e do nosso continuo livre arbítrio e a capacidade de raciocinar. No entanto, Calvino criticou esta compreensão da condição humana alegando que os pais da igreja primitiva ao afirmar a razão humana chegaram “muito próxima dos filósofos”. Ele acreditava que os primeiros pais tomaram esta posição, a fim de evitar “as zombarias dos filósofos”. Então, ele alegou que os pais afirmavam o livre-arbítrio humano “para não dar ocasião para preguiça”. Ele escreveu:

“Certamente você ver por estas declarações que eles creditaram ao homem mais zelo pela virtude do que ele merecia, porque eles achavam que eles não poderiam despertar nossa indolência inata, ao menos eles argumentaram que nós pecamos por isso sozinhos”

Resposta: Só que nenhuma das citações que Calvino fez de Crisóstomo dizem respeito a condição caída da humanidade, mas de sua própria condição natural, como um ser portador de livre agencia, sendo capaz, de em sentido natural (não sobrenatural) escolher entre a prática do mal ou do bem. E como já dissemos, Calvino, ao citar os pais da Igreja, afirma que, nessas citações, estes aludem ao ‘livre arbítrio’ em questões naturais, e nesse caso podemos dizer que este ‘livre arbítrio’ aqui, é ‘livre agencia’, com relação aquilo ligado a esfera moral.

(d)4ª citação:

“A rala opinião de Calvino sobre os pais gregos se mostra clara e limpa na seguinte frase:

"Além disso, mesmo que os gregos, acima do resto, e entre eles especialmente Crisóstomo, exaltam a capacidade da vontade humana, mas todos os antigos, salvo Agostinho, de algum modo diferem, vacilam, ou falam confusamente sobre este assunto, que quase nada pode ser determinado derivado de seus escritos.

A frase acima é pura dinamite. Primeiro, Calvino estava ciente da crença dos primeiros pais ("todos os antigos") sobre o livre arbítrio. Segundo, que ele acreditava que os padres da Igreja falavam “confusamente”, o que significa que para ele, não houve consenso patrístico no livre-arbítrio. Terceiro, nada de valor pode ser aprendido com os pais da igreja primitiva sobre esta matéria. Quarto, a única exceção entre os pais da igreja primitiva é, segundo ele, santo Agostinho.

Todas estas teses são muito interessantes, mas como qualquer conjunto de teses, precisam ser apoiadas em provas e argumentos. É decepcionante, portanto, ao descobrir que Calvino desdenha de fornecer qualquer elemento de prova. Por isso, nós não iremos listar exatamente as opiniões dos escritores individuais; mas nós escolheremos aleatoriamente de um ou outro, como a explicação do argumento parece exigir.(Institutas Livro II, Capítulo II)”

Resposta: Essa frase((Institutas, II; 2:4) de Calvino é apenas uma mera repetição de seu pensamento anterior no 3º parágrafo, dessa seção 4, onde ele diz “ESSES PATRÍSTICOS PRODIGALIZARAM AO HOMEM O ZELO PARA COM A VIRTUDE”. “Prodigalizar” significa “Gastar EXCESSIVA ou ruinosamente; ESBANJAR”. Nesse sentido, Calvino está meramente repetindo que os pais da igreja de forma excessiva, exaltam a capacidade da liberdade humana, mas com referência as coisas naturais ou morais, nunca espirituais. Evidentemente, quando falamos em “virtude”, estamos falando no “Hábito de praticar o bem, o que é justo; excelência moral; probidade, retidão”(Dicionário Michaellis Online). O assunto aqui não diz respeito as esferas espirituais. Portanto, o argumento do site papista é medíocre, ridículo e sem sentido, uma evidencia clara e insofismável de analfabetismo funcional. Aliás, qualquer um que ler as frases patrísticas citadas por Calvino, entenderá isso. Portanto, a frase usada pelos papistas não chega nem a ser ‘traco de massa’, tampouco um “peido de véia”. Nem espremendo, pode sair algum caldo de ‘livre arbítrio’, no sentido arminiano-papista.

(2)Mais citações truncadas, parciais em “Resposta a Calvino”

(a)1ª citação:

“Se Calvino não vai “listar mais exatamente as opiniões dos escritores individuais”, então eu vou. As citações seguintes são apresentadas para mostrar a amplitude e a profundidade de afirmação do livre-arbítrio humano da Igreja primitiva.

Inácio de Antioquia (110 d.C), um dos Padres Apostólicos, afirmou o livre-arbítrio humano:

“Visto, então, que todas as coisas têm um fim, é-nos colocada diante de nós a vida, fruto da nossa observância [aos preceitos de Deus], e a morte, como resultado da desobediência; todos – conforme a escolha que fizer – encontrarão seu próprio lugar, permitindo escapar da morte e optar pela vida. Observo que duas características diferentes são encontradas nos homens: a verdadeira moeda e a espúria. O verdadeiro fiel é o tipo verdadeiro de moeda, cunhada pelo próprio Deus. O infiel, por sua vez, é uma moeda falsa, ilegal, espúria, falsificada, cunhada não por Deus, mas pelo diabo. Não estou querendo dizer que existem duas naturezas humanas diferentes; existe apenas uma única humanidade que, às vezes, pertence a Deus, e outras vezes, ao diabo. Se alguém é verdadeiramente religioso, será também homem de Deus; mas, se não for religioso, será homem do diabo, não por sua natureza, mas por sua própria escolha.” (Epístola Aos Magnésios Versão Longa – Capítulo V)”

Resposta: (a)Pra começar. A frase inteira, pelo contexto, não é dirigida aos ímpios, incrédulos ou pagãos, mas “À IGREJA QUE ESTÁ EM MAGNÉSIA”(1:1), logo está descartado o livre arbítrio. (b)Outra coisa... Essa ‘versão longa’ parece mais uma paródia do texto original. Rsrsrs. (3)Esta versão não é muito confiável, e sequer temos a fonte de onde o autor papista a retirou. Mas aqui está o texto da epístola conforme encontrada no site papista norte-americano ‘new advent”:

http://www.newadvent.org/fathers/0105.htm

Se você traduzir o texto do inglês para o português não encontrará estas expressões:

“mas pelo diabo. Não estou querendo dizer que existem duas naturezas humanas diferentes; existe apenas uma única humanidade que, às vezes, pertence a Deus, e outras vezes, ao diabo. Se alguém é verdadeiramente religioso, será também homem de Deus; mas, se não for religioso, será homem do diabo, não por sua natureza, mas por sua própria escolha”

“fruto da nossa observância [aos preceitos de Deus], e a morte, como resultado da desobediência; todos – conforme a escolha que fizer –“

“permitindo escapar da morte e optar pela vida.”

“homens”

“Observo que duas características diferentes são encontradas nos homens: a verdadeira moeda e a espúria. O verdadeiro...”

Essa versão postada no site é um embuste. Agora a versão do 5º Capítulo da “Epístola Aos Magnésios” do livro “Padres Apostólicos” da Paullus, na realidade, nega o livre arbítrio do homem, quando afirma:

“As coisas tem fim, e duas coisas estão diante de nós: a morte e a vida, E CADA UM IRÁ PARA O SEU PRÓPRIO LUGAR... os fiéis trazem no amor a marca de Deus Pai, GRAVADA POR JESUS CRISTO”.

Note que ‘Inácio’ afirma aqui que existe já um lugar próprio para cada ser humano, mas não afirma que o homem escolhe o lugar da vida eterna. Ele ainda diz que a marca de Deus Pai, que os cristãos trazem em si, no amor, foi gravada neles, por Cristo, não por eles. Eles não se marcaram, mas foram marcados por Deus, através de Cristo.

(b)2ª citação:

“A Epístola a Diogneto, considerado parte do corpus dos padres apostólicos, afirmou o livre-arbítrio humano:

“Ao contrário, enviou-o com clemência e mansidão, como um rei que envia seu filho. Deus o enviou, e o enviou como homem para os homens; enviou-o para nos salvar, para persuadir, e não para compelir, pois em Deus não há violência.” (Mathetes - Epistola a Diogneto 7, 3).

Resposta: (a)Olhe o erro do autor papista. Ele diz que “A Epístola a Diogneto” pertence ao corpo literário dos pais apostólicos, mas a própria editora romanista Paullus o coloca no corpo literário dos “Pais Apologistas”:

http://www.paulus.com.br/loja/patristica-carta-a-diogneto-aristides-de-atenas-taciano-o-sirio-atenagoras-de-atenas-teofilo-de-antioquia-hermias-o-filosofo-vol-2_p_708.html

(b)Segundo, a citação em questão é a “Epistola a Diogneto, 7:4”, não o v.3. Aliás, o v.4 é uma resposta ao v.3, que diz:

“Talvez como alguém poderia pensar, será que o enviou para que existisse uma tirania ou para infundir-lhes medo e prostração?”(Epistola a Diogneto, 7:3)

(c)Agora, fala sério. Onde esta frase ensina o livre arbítrio? Realmente estamos lidando com um portador de analfabetismo funcional. Aliás, quando se fala em “compelir”, se está afirmando que Deus não constrange, força, ou obriga, até porque Deus, pelo seu Espírito, convence o homem de seu pecado(Jo 16:7). E é nesse sentido que o autor da mesma diz:

“ENVIOU-O PARA CHAMAR, e não para castigar; ENVIOU-O, FINALMENTE PARA AMAR, e não para julgar”(Epístola a Diogneto, 7:5).

E no fim, o autor diz:

“ISSO NÃO PARECE OBRA HUMANA. ISSO PERTENCE AO PODER DE DEUS E PROVA A SUA PRESENÇA”(Epistola a Diogneto, 7:9).

(c)3ª citação:

“Clemente de Roma (90-100 d.C) tem sido citado em apoio ao livre-arbítrio (ver Reconhecimentos 9, 30). No entanto, sérias dúvidas têm sido levantadas sobre a autenticidade dos Reconhecimentos (Patrologia de Quasten Vol. I, p. 61-62).”

Resposta: Os “Reconhecimentos” de Clemente não ensinam o dogma do livre arbítrio arminiano-papista, mas antes repetem a mesma coisa contida na Epistola a Diogneto, isto é, que Deus “NÃO NOS OBRIGA A PECAR”(Reconhecimentos, 9:30). Em outro lugar, na mesma obra, falando sobre o novo nascimento, ‘Clemente’, negando o livre arbítrio com relação a esfera espiritual, diz:

“Porque o nosso primeiro nascimento desce através do fogo da luxúria, e, portanto, PELO DECRETO DIVINO , ESTE SEGUNDO NASCIMENTO É INTRODUZIDO PELA ÁGUA, o que pode extinguir a natureza do fogo; E QUE A ALMA, ILUMINADA PELO ESPIRITO CELESTIAL, PODE LANÇAR FORA O TERROR DO PRIMEIRO NASCIMENTO ...”(Reconhecimentos, VII)

“Portanto, nossa mente está sujeita a erros em uma tripla maneira: a partir das coisas que vêm a nós através da prática do mal; ou a partir desses desejos, que o organismo naturalmente desperta em nós; OU DAQUELES PODERES HOSTIS QUE NOS COMPELEM PARA SI”(Reconhecimentos, XXXI).

Portanto, mesmo essas obras espúrias, atribuídas a Clemente, não servem como subsídio para o dogma do livre arbítrio num contexto papista-arminiano!

(d)4ª citação:

“Justino Martir (100-165 d.C), um aposlogista que foi educado na filosofia clássica antes de sua conversão, escreveu:

“De fato, do mesmo modo como no princípio nos fez do não ser, assim também cremos que àqueles que escolheram o que lhe é grato, concederá a incorruptibilidade e a convivência com ele, como prêmio dessa mesma escolha. Com efeito, ser criados no princípio não foi mérito nosso; mas agora ele nos persuade e nos conduz à fé para que sigamos o que lhe é grato, por livre escolha, através das potências racionais, com que ele mesmo nos presenteou.” (Apologia I, 10).”

Resposta: Dizer que alguém escolhe o que agrada a Deus, não é a mesma coisa que dizer que essa escolha é 100% oriunda desse alguém ou que tenha qualquer grau de porcentagem humana nessa escolha. Note que, segundo Justino, essa ‘livre escolha’ (no sentido que o homem não é forçado, coagido ou constrangido), isto é, esse “o sigamos”, é oriundo do próprio Deus “MAS AGORA ELE NOS PERSUADE E NOS CONDUZ A FÉ PARA QUE SIGAMOS O QUE LHE É GRATO”. Portanto, “aqueles que escolheram o que lhe é grato”, o fizeram, após serem persuadidos e conduzidos a fé pelo próprio Deus. A própria citação de Justino não favorece o dogma do livre arbítrio do ímpio para as coisas espirituais. Agora me diga... Quem persuade e conduz o homem para que este siga aquilo que agrada a Deus? Será o próprio homem? Realmente, os papistas são analfabetos funcionais.

(e)5ª citação:

“Atenágoras (Século II), outro apologista antigo, escreveu:

“Do mesmo modo, porém, que os homens têm livre-arbítrio podem optar pela virtude e pela maldade - pois se não estivesse em seu poder a maldade e a virtude, não honraríeis os bons nem castigaríeis os maus, quando uns se mostram diligentes e outros desleais naquilo que lhes confiais -, assim tam bém os anjos.”(Petição em Favor dos Cristãos - XXIV).”

Resposta: Onde Atenágoras ensina que o ímpio tem capacidade para desejar o bem espiritual, crer em Deus? ... O que ele apenas diz aqui, é que o homem é um ser moral, e livremente faz o bem ou o mal. E é só isso.. Em outros lugares, Atenágoras rejeita o dogma do livre arbítrio, afirmando:

“Desviando-se da grandeza de Deus E INCAPAZES DE REMONTAR PELO RACIOCÍNIO, pois não sentem simpatia pelo lugar celeste, se consomem e se afundam nas formas da matéria, divinizam as mudanças dos elementos, tão absurdo como alguém confundir o navio em que viaja com o piloto que o dirige”(Petição em Favor dos Cristãos, XXII)

“E isso acontece a uma alma, especialmente quando participa do espírito material e torna-se misturada com ele, e não olha para as coisas celestes e seu Criador, mas para baixo, para o terreno, como sendo agora mera carne e osso, e não espírito mais puro. Estes movimentos irracionais e fantásticas da alma, geram imagens de frenética idolatria. Quando, também, uma alma terna e sensível, que não tem conhecimento ou experiência de doutrinas mais sólidas, E NÃO CONTEMPLA A VERDADE NEM COMPREENDE O PAI E O CRIADOR, SE IMPRESSIONANDO COM OPINIÕES FALSAS sobre si mesma...”(Petição em Favor dos Cristãos, XXVII)

(f)6ª citação:

“Irineu de Lion (195 d.C), considerado o maior teólogo do segundo século, do mesmo modo afirmou que a capacidade do homem para a fé era baseada em seu livre-arbítrio:

“Agora todas essas expressões demonstram que o homem está em seu próprio poder no que diz respeito à fé” (Contra as Heresias 4.37.)”

Resposta: (a)Essa expressão, como citada aqui no site papista, não se encontra em ‘Contra Heresias’(IV; 37):

Mas, pode ser possível que essa seja uma paródia iníqua da tradução de Contra Heresias, IV; 37:5, onde, após citar Mt 9:29; 23:8,13; 23:37-38, concernente (não a salvação) à cura através da fé, Irineu diz:

“E todos os textos análogos que mostram o homem livre em relação a fé”(Versão da Paullus).

Contudo, em outro lugar, falando sobre o bem espiritual ou salvífico, ele diz:

“Por esta razão, portanto, o próprio Senhor, que é o Emanuel da Virgem(Is 7:14) é o sinal de nossa salvação, uma vez que foi o próprio Senhor que os salvou, PORQUE ELES NÃO PODIAM SER SALVOS POR SUA PRÓPRIA INSTRUMENTALIDADE e portanto, quando Paulo apresenta fraqueza humana, ele diz: Porque eu sei que lá habita na minha carne, não habita bem nenhum(Rm 7:18) MOSTRANDO QUE A COISA BOA DA NOSSA SALVAÇÃO NÃO VEM DE NÓS, MAS DE DEUS”(III: 20:3).

(g)7ª citação:

“Cipriano de Cartago (c. 200 / 210-258), o filho espiritual de Tertuliano e um dos Padres latinos, afirmou o livre-arbítrio humano. O seu Tratado 52 é intitulado “A liberdade de crer ou de não crer é colocado em livre escolha.”; Ele deu três passagens das Escrituras em apoio desse ensinamento: Deuteronômio 13, 19 , Isaías 1, 19, e Lucas 17, 21.”

Resposta: (a)Não existe o Tratado 52. Cipriano só escreveu 12 Tratados. É muita ignorância. (b)O alegado título se encontra no Tratado 12, 3º Livro, Capítulo 52. Só que esse título não prova que Cipriano estava ensinando o dogma papista-arminiano do livre arbítrio do ímpio em questões espirituais. O que ele está unicamente dizendo é que o homem é um agente livre quando crê ou quando se mantém incrédulo. Até porque todos esses textos mencionados por ele, pelo contexto, dizem respeito aos membros do povo de Deus, não aos ímpios. Isso também depõe contra a ideia deste pai da igreja estar se referindo ao livre arbítrio de uma maneira arminiana ou papista. Ademais, há outros capítulos que depõem contra a ideia do livre arbítrio como opinião deste pai da igreja. Por exemplo, no mesmo Tratado 12, 3º Livro, o título do capítulo 4 é: “Que não devemos nos orgulhar em nada, POIS NADA É PROPRIAMENTE NOSSO”. E no capítulo 19, lemos: “Que estamos NÃO PARA OBEDECER A NOSSA VONTADE, mas a vontade de Deus”. E no título do capítulo 24, lemos: “QUE É IMPOSSÍVEL ALCANÇAR O PAI, SENÃO POR SEU FILHO JESUS CRISTO”.

(h)8ª citação:

“Santo Atanásio de Alexandria (296-373 d.C) era conhecido por sua defesa da natureza divina de Cristo. Na sua obra sobre a vida de Santo Antonio §20 ele escreveu que a virtude humana depende da existência do livre-arbítrio humano:

“Portanto virtude precisou em nossas mãos de vontade prórpia, uma vez que está em nós e é formada de nós.” (Vida de Santo Antônio).”

Resposta: (a)A péssima tradução do inglês para o português, assassina o entendimento da frase. Atanásio está dizendo:

“Portanto, por si só, a virtude tem necessidade da boa vontade de nossas mãos, uma vez que está em nós e é formada a partir de nós”.

(b)A frase citada está no v.20. Contudo a frase anterior diz:

“Portanto tendo já começado e partido no caminho da virtude, esforcemo-nos mais para que possamos alcançar aquelas coisas anteriores. E que ninguém retroceda, como a esposa de Ló, até porque o Senhor disse: ‘Ninguém, que lança mão do arado e olha pra trás é apto para o reino dos céus’. E este retroceder nada mais é,a não ser se arrepender, para ser mais uma vez mundano. Mas não tenha medo de ouvir sobre a virtude, nem se espante junto ao nome. Porque ela não está longe de nós, nem existe, sem nós mesmos, mas está dentro de nós, e é acessível se estivermos dispostos. A fim de obter conhecimento, os gregos vivem longe do movimento da cruz, mas ainda não temos necessidade de nos afastarmos de casa por causa do reino dos céus, nem do movimento da cruz por uma questão de virtude. Porque o Senhor dantes disse: ‘O reino dos céus está dentro de vós’”.

Nesse sentido, o que Atanásio está querendo dizer, é que os cristãos (não os ímpios – caso estivesse falando em livre arbítrio dos irregenerados), devem se ater a prática da virtude, e quando falamos em “virtude”, estamos falando no “Hábito de praticar o bem, o que é justo; excelência moral; probidade, retidão”(Dicionário Michaellis Online).

(i)9ª citação:

“Orígenes de Alexandria (185-254 d.C) em sua obra De Principiis Prefácio §5 fez esta observação sobre a opinião geral da Igreja:

“Isto também está claramente definido no ensinamento da Igreja, que toda alma racional é possuidora de livre-arbítrio e vontade.”

Resposta: A citação acima, pelo contexto, com uma citação de Ef 6:12, diz respeito a alma do cristão. A parte omitida da citação do “prefácio” do “Tratado Sobre os Princípios”, diz:

“...e que para ela há um combate contra o diabo e seus anjos, e contra os seus poderes adversos, que querem carregar a alma com pecados, mas que, se nós nos conduzirmos por uma vida reta e prudente, conseguiremos nos livrar dessa mancha. Portanto, É PRECISO ENTENDER QUE NÃO ESTAMOS SUBMETIDOS À NECESSIDADE A PONTO DE SERMOS CONSTRANGIDOS DE QUALQUER MODO, MESMO QUANDO NÃO QUEREMOS, A FAZER O BEM, OU O MAL. De fato, se assumirmos nosso livre arbítrio, por mais que certos poderes nos ataquem para nos conduzir ao pecado, e outros para nos ajudar na salvação, NEM POR ISSO SOMOS OBRIGADOS A AGIR BEM, OU MAL – como opinam aqueles para os quais o movimento e o percurso dos astros são a causa dos atos humanos, não só daqueles que acontecem espontaneamente sem relação com o livre arbítrio, , mas também daqueles que estão em nosso alcance”(v)

Portanto, Orígenes aqui, meramente combate o Fatalismo, mostrando não somos governados for uma força cega e impessoal, como corpos celestes do Universo, ao mesmo tempo que realça que os homens são agentes livres.

(j)10ª citação:

“Assim como significativo é o fato de que a negação do livre arbítrio humano foi rejeitada como um ensinamento errôneo. O oposto do livre-arbítrio é “vontade com limitações de necessidade”, esta Vicente de Lerins (d. Antes 450) em seu Commonitório observa como herética, porque faz o pecado ser irresistível.

“Quem, antes de Simão Mago, duramente castigado pela reprimenda apostólica – e de quem provém a antiga enxurrada de torpezas que, por sucessão ininterrupta e oculta, tenha chegado até Prisciliano – se atreveu a dizer que Deus criador é o autor do mal, ou seja, de nossos delitos, de nossas impiedades, de nossos vícios? Este afirma que Deus, com suas próprias mãos, cria a natureza estruturada de maneira que, por movimento espontâneo e sob o impulso de uma vontade necessitada, não pode mais, não quer mais que pecar. Agitada e incendiada pelas fúrias de todos os vícios, se vê arrastada com ânsia inesgotável aos abismos de toda sorte de crimes. Exemplos como estes existem e não acabam mais, mas deixemo-los para sermos breves. Demonstram a todos com evidência que a atitude normal e comum de qualquer heresia é gozar-se nas novidades profanas e sentir repulsa pelos dogmas da antiguidade, até o ponto de naufragar na fé por causa de discussões de uma falsa ciência. Ao contrário, é próprio dos católicos guardar o depósito transmitido pelos Santos Padres, condenar as novidades profanas e, como muitas vezes repetiu o Apóstolo, descarregar o anátema sobre quem tem a audácia de anunciar algo diferente do que foi recebido.” (Comonitório capítulo XXIV)”

Resposta: (a)Vicente está afirmando que a ideia de que o homem não é diretamente responsável por seus pecados, mas que este peso recai sobre Deus, é uma heresia. E é mesmo. (b)A tradução do “Comonitório”, feita pelo papista, é simplesmente horrível, e atrapalha o raciocínio. Citemos o texto numa tradução de verdade:

“Que, antes de Simão Mago, que foi ferido pela repreensão do apóstolo, – e de quem provém o antigo antro de torpezas que, por sucessão ininterrupta e oculta, tenha chegado até o Prisciliano do nosso tempo, - que, eu digo, antes este Simão, o Mago, ousou dizer que Deus, o Criador, é o autor do mal, ou seja, das nossas maldades, impiedades, crimes, na medida em que ele afirma que ele criou com suas próprias mãos a natureza humana de tal tipo, que por sua própria iniciativa, e pelo impulso de sua vontade com limitações de necessidade, esta não pode fazer mais nada, não pode querer mais nada, exceto pecar, visto que agitada para lá e para cá, e incendiada pelas fúrias de todos os tipos de vícios, ela corre apressada ao lado da insaciável luxúria nos extremos máximos da inferioridade?”

(c)No dizer de Vicente, mesmo o homem, em sua natureza corrupta, não se restringe a apenas cometer atos que contrários a lei de Deus os ímpios, mas pode, apesar de estar morto espiritualmente, fazer o bem(Mt 7:9-11; Lc 18:2-5). Portanto, aqui Vicente não está apregoando o dogma do livre arbítrio arminiano-papista. Aliás, ele, se referindo aos incrédulos, diz:

“Os autores desta mesma doutrina são julgados católicos, os seguidores hereges; os professores são absolvidos, os discípulos condenados; os escritores dos livros serão filhos do Reino, os defensores deles terão sua parte no Inferno. PORQUE É TÃO LOUCO PARA DUVIDAR QUE A LUZ BENDITA ENTRE TODOS OS SANTOS BISPOS E MÁRTIRES, CIPRIANO, JUNTAMENTE COM O RESTO DE SEUS COMPANHEIROS, REINARÁ COM CRISTO; ou, que por outro lado, de modo sacrílego, como negar que os donatistas e as outras pragas, que se gabam da autoridade desse conselho para sua repetição do batismo, serão envidados ao fogo eterno com o diabo?”(Comonitório, 6:18)

“Mas alguém dirá, talvez, são lá, então, haver progresso na Igreja de Cristo? Certamente; todo o progresso possível. De modo que lá existe, homens tão invejosos, TÃO CHEIOS DE ÓDIO A DEUS, que tentariam proibir isto”(Comonitório, 23:54).

(l)11ª citação:

“Uma condenação semelhante pode ser encontrada em Metódio (311 d.C) na obra O Banquete das Dez Virgens:

“Agora aqueles que decidem que o homem não é dotado de livre-arbítrio e afirmam que ele é regido pelas necessidades inevitáveis do destino, e os seus comandos não escritos, são culpados de impiedade para com o próprio Deus, fazendo-o ser a causa e o autor dos males humanos.” (O Banquete das Dez Virgens - Capítulo 16).”

Resposta: (a)Em primeiro lugar, cita o que está no “Discurso VIII, Capítúlo 16”. (b)Em segundo lugar, Metódio está aludindo aqueles que creem que os astros governam a vida dos homens, como demonstra o contexto (os parágrafos anteriores):

“Se nenhuma ação for realizada sem um desejo anterior, e não há desejo sem um desejo, mas o Ser Divino não tem quer e, portanto, não tem nenhuma concepção do mal. E se a natureza das estrelas está mais próximo, com referência a de Deus, sendo melhor do que a virtude dos melhores homens, em seguida, da mesma as estrelas sequer produzem o mal, nem tampouco o desejam. E além do mais, cada um daqueles que estão convencidos de que o sol e a lua e estrelas são divinas, vão permitir que eles estejam longe dos maus e incapazes de ações humanas que brotam o sentido de prazer e dor; pois tais desejos abomináveis são inadequados para a natureza celestial. Mas se eles são por natureza isentos a partir desses e não desejam nada, como deveriam ser as causas dessas coisas nos homens que eles não decidiram por si mesmos, e das quais eles são isentos?”(i-ii)

(c)Em terceiro lugar, Metódio, está, como Orígenes e outros pais da igreja, combatendo o fatalismo, mostrando que Deus não rege todas as coisas por meio de um destino cego e impessoal. Justamente por isso, ele diz:

“Portanto, O DESTINO NÃO É A CAUSA DE TODAS AS COISAS”(O Banquete das Dez Virgens, VIII:16).

Posteriormente, ele repete:

“...aqueles que acreditam em destino não fazem distinção entre justiça e injustiça, entre a imundícia e nobreza, entre licenciosidade e temperança, o que é uma contradição”(& vi)

(m)12ª citação:

“João Crisóstomo, famoso por sua pregação e patriarca de Constantinopla, igualmente condenou a negação do livre arbítrio humano, em sua terceira homilia sobre a Timóteo:

“Tendo assim alargado sobre o amor de Deus que, não contente com misericórdia com um blasfemo e perseguidor, conferiu-lhe outras bênçãos em abundância, ele tem se guardado contra esse erro dos descrentes que tira o livre arbítrio, acrescentando que, ‘com fé e o amor que há em Cristo Jesus.’ ” (Homilia Sobre Timóteo III)”

Resposta: A citação é da 3ª Homilia sobre 1 Timóteo, no comentário do v.14. O assunto aqui diz respeito aos frutos reais ou evidências dessa graça, que são a fé e o amor. O sentido da expressão “ele tem se guardado contra esse erro dos descrentes que tira o livre arbítrio” se explica na expressão seguinte: “acrescentando que, com fé e o amor que há em Cristo Jesus”. Por meio dessa expressão, se entende que o homem, quando c rê e ama Cristo, não deixa de ser um agente livre. A expressão seguinte, omitida pelo site papista, diz:

“Unicamente dessa maneira, diz ele, nós também contribuímos. Nós temos crido que Ele é capaz de nos salvar”.

Mais adiante ele ainda diz:

“VAMOS, ENTÃO, AMAR A DEUS ATRAVÉS DE CRISTO. O que significa por meio de Cristo? QUE É ELE, e não a Lei, QUE NOS CAPACITOU PARA FAZER ISSO. OBSERVE QUE BENÇÃOS DEVEMOS A CRISTO, àquilo que a Lei direciona. E ele diz não apenas que a graça abundou, mas superabundou, em trazer de uma vez para a adoção aqueles que mereciam punição infinita. E observe mais uma vez que é usado do princípio ao fim. POIS NÃO SÓ A FÉ É NECESSÁRIA, MAS O AMOR. Uma vez que existem muitos ainda que creem que Cristo é Deus, que ainda não o amam, nem agem como aqueles que o amam”

Note... Qual é a maneira pela qual o homem contribui para demonstrar de forma visível as evidências reais da graça? Demonstrando fé e amor em relação a Cristo, mostrando uma crença que se externa ou comprova com obras. É só isso que se limita a dizer. Não há nenhuma vírgula em prol do livre arbítrio arminiano-papista nessa citação de Crisóstomo.

(n)1ª citação:

“Outra testemunha significativa para o livre arbítrio é Cirilo de Jerusalém (310-386 d.C), Patriarca de Jerusalém, no século IV. Em suas famosas leituras catequéticas, Cirilo repetidamente afirma o humano livre-arbítrio (Leituras 2.1-2 e 4.18, 21)

Resposta: (a)A “Leitura Catequética”(2:1-2)não ensina o dogma do livre arbítrio arminiano-papista, mas nega-o. Cirilo lá, citando Ec 7:29(numa referencia aos nossos primeiros pais), e outros textos, se refere ao nosso pecado lá no Éden, como um ato livre do homem, e que após esta queda, o homem está totalmente depravado, e portanto, não tem livre arbítrio para as coisas espirituais:

“A coisa terrível é o pecado, e doença mais dolorosa da alma é a transgressão, secretamente cortando seu sustentáculo, e tornando-se também a causa do fogo eterno; UM MAL DA PRÓPRIA ESCOLHA DE UM HOMEM, uma prole da vontade... PORQUE O PECADO INCINERA OS SUSTENTÁCULOS DA ALMA, [E QUEBRA OS OSSOS ESPIRITUAIS DA MENTE, E ESCURECE A LUZ DO CORAÇÃO]”(Leitura Catequética; 2:1)

(b)Na “Leitura Catequética”(4:18) Cirilo está combatendo o fatalismo e a astrologia, não, ensinando o livre arbítrio:

“Porque não está de acordo com teu nascimento que você peque, E NEM PELO PODER DO ACASO que você comete fornicação, nem, como alguns falam à toa, que a conjunção dos astros o força a entregar-se a lascívia? Por que você encolhe confessar suas próprias maldades e atribuir a culpa às estrelas inocentes? Não atentes mais, implorando, para os astrólogos“.

(c)A “Leitura Catequética”(4:21) não ensina o dogma do livre arbítrio do ímpio em esferas espirituais, mas, além de combater o fatalismo, também meramente afirma que o homem não é coagido por nenhuma força sobrenatural externa a ele:

“A alma é autogovernada. E, embora o diabo possa sugerir, ele não tem o poder de obrigar contra a vontade. Ele retrata o pensamento da fornicação: se você quer, você aceita; Se você não quer, você rejeita. Porque, se você fosse um devasso por necessidade, então, que causa fez Deus preparar o inferno? Se você fosse um praticante da justiça pela natureza e não pela vontade, então o que fez Deus preparar coroas de inefável glória?”.

(n)14ª citação:

“Da mesma forma, Gregório de Nissa (. 330-c 395), em suas leituras catequéticas, ensinou:

“Para Ele que fez o homem para a participação de Sua própria peculiar bondade, e incorporou nele os instintos de tudo o que era excelente, a fim de que seu desejo pudesse ser transportado por um movimento correspondente em cada caso a sua vontade, nunca teria privado o daquele mais excelente e precioso de todos os bens; Quero dizer o dom implícito em ser seu próprio mestre, e ter uma vontade livre.” (O Grande Catecismo – Leitura V)”

Resposta: Essa citação não prova o dogma do livre arbítrio no sentido arminiano-papista (em referencia às coisas espirituais), mas, condenando o fatalismo, mostra apenas que o homem, em suas ações, é um agente livre, sem ser coagido por nenhuma força impessoal externa a ele, conforme mostra a frase seguinte, omitida pelo papista

“Porque se a necessidade de qualquer forma fosse o mestre da vida do homem, a ‘imagem’ teria sido falsificada naquela parte particular, ao ser afastada devido a esta semelhança com seu arquétipo. COMO PODE A NATUREZA QUE ESTÁ SOB UM JUGO DE SERVIDÃO A QUALQUER TIPO DE NECESSIDADE, SER CHAMADA DE IMAGEM DE UM SER MESTRE?”.

Mais adiante, ele ainda diz:

“Nenhum crescimento do mal teve seu início na vontade divina. Em vez de estarem responsabilizando o nome de Deus como seu criador e pai. Pois o mal é, de alguma forma ou de outra, gerado internamente, surgindo na vontade no momento em que há um retrocesso da beleza da alma”

E ainda:

“Desde então, esta é a peculiaridade da posse de um livre arbítrio, que ele escolhe como ele gosta da coisa que agrada a ele, você vai descobrir que Deus não é o autor dos males presentes, vendo que Ele ordenou a sua a natureza deste modo visto que sendo livremente seu próprio mestre; mas que impudentemente preferiu escolher o pior invés do melhor”.

(o)15ª citação:

“João Damasceno (675-745 d.C), Um Padre da Igreja do oitavo século, escreveu a coisa mais próxima de uma teologia sistemática na Igreja primitiva, a Exposição da Fé Católica. Nela, ele explicou que Deus fez o homem um ser racional dotado de livre-arbítrio e, como resultado da queda, o livre-arbítrio do homem foi corrompido (Livro 3 Capítulo 14).”

Resposta: (a)O título do capítulo 14 é “EM RELAÇÃO A VONTADE E LIVRE ARBÍTRIO DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO”. Portanto, não se refere especificamente ao livre arbítrio do homem.

(b)A primeira referência do autor papista diz respeito a Adão e Eva antes da queda, como os únicos seres humanos que foram portadores do livre arbítrio, ainda que não em sentido absoluto.

(c)A segunda expressão diz respeito a total depravação do homem, quando esta liberdade para as coisas espirituais foi perdida.

(d)Mas quando João Damasceno fala em “livre arbítrio” do homem, não o menciona em relação às esferas espirituais, muito menos em livre arbítrio em um sentido absoluto:

“MAS O LIVRE ARBÍTRIO NÃO É NADA MAIS DO QUE VONTADE”.

“E ainda: se o homem foi feito à imagem da bendita e super-essencial Divindade. E, se a divina natureza é por natureza dotada de livre-arbítrio e vontade, segue-se que o homem, como sua imagem, é por natureza livre e volitivo. PORQUE OS PAIS DEFINIRAM LIBERDADE COMO VONTADE”.

Mas adiante, ele começa a falar do livre arbítrio do homem, como perdido, quando mencionando seu estado de escravidão da carne, sob o domínio de Satã, por meio de sua inclinação natural a carne, diz:

“Porque o homem é livre e tem livre-arbítrio por natureza, MAS ELE TAMBÉM TEM O ATAQUE DO DIABO PARA INCLINÁ-LO AO CORPO, e, portanto, através do ataque e da influência do corpo, a escolha vem a ser mais tardia do que o estado. Se então, Adão obedeceu de sua própria vontade e comeu do seu próprio vontade, CERTAMENTE EM NÓS A VONTADE É A PRIMEIRA A SOFRER. E se a vontade é a primeira a sofrer, e se o Verbo Encarnado não assumisse isto com o restante de nossa natureza , SEGUE-SE QUE NÓS NÃO TERÍAMOS SIDO LIBERTOS DO PECADO”.

No dizer de Damasceno, após a queda no Eden, o homem não é espiritualmente livre, mas é escravo da carne, de Satã e do pecado.

(p)16ª citação:

“São João Climaco (579-649), um Padre do Deserto do século VII, em seu clássico espiritual, A Escada da Ascensão Divina, escreveu:

“Dos seres racionais criados por Ele e honrados com a dignidade do livre-arbítrio, alguns são Seus amigos, os outros são Seus verdadeiros servos, alguns são sem valor, alguns estão completamente afastados de Deus, e outros, embora criaturas fracas, são Seus adversários” (Degrau 1.1).”

Resposta:(a)Esta expressão, ao aplicar “livre arbítrio” tanto a justos como a ímpios, se refere ao livre arbítrio em esferas morais ou naturais, não sobrenaturais ou espirituais. As expressões “alguns são sem valor (i.e, inúteis), ALGUNS ESTÃO COMPLETAMENTE AFASTADOS DE DEUS, e outros... SÃO SEUS ADVERSÁRIOS”, mostram que o homem ímpio, não tem nenhuma capacidade para as coisas espirituais. Por isso, posteriormente, ele diz:

“O homem sem religião é um mortal de natureza racional, QUE POR SUA LIVRE VONTADE VIRA AS COSTAS SOBRE A VIDA E PENSA EM SEU PRÓPRIO CRIADOR, O ETERNO, COMO INEXISTENTE. O homem sem lei é aquele que considera a lei de Deus à sua própria maneira depravada, e cogita combinar fé em Deus com a heresia que se opõe diretamente a Ele”(A Escada da Ascensão Divina, 1:4).

Portanto, para João Clímaco, o homem ímpio, tanto não tem nenhum livre arbítrio para as coisas espirituais, que é um ateu, que não deseja a vida, que olha para a Palavra de Deus de uma maneira corrompida, tentando unir fé com heresia.

17.As falsas opiniões sobre outros pais da Igreja:

“Uma pesquisa com os primeiros escritos cristãos mostram o seguinte: (1) a doutrina do livre-arbítrio humano foi ensinada pelos Padres Apostólicos (Inácio de Antioquia e na Carta a Diogneto), (2) que foi afirmado pelos apologistas (Justino Mártir e Atenágoras), (3), foi ensinado pelos principais Padres da Igreja, como Irineu de Lion, Atanásio, o Grande, e Gregório Magno, (4) que foi ensinado pelo Padres latinos (Cipriano de Cartago), (5), foi ensinado por Padres sírios (João Damasceno), (6), foi ensinada pelos Padres do Deserto (João da Escada), e (7), foi afirmado pelo Patriarca de Jerusalém Cirílo em suas leituras catequéticas. É inexplicável, para não mencionar indesculpável, Calvino ter recusado a participar deste amplo consenso patrístico. Calvino em contraste dependia exclusivamente em um pai igreja mais tardio, Agostinho de Hipona. Além disso, o ensinamento de Agostinho não concorda com ele, além do mais suas explicações sobre livre-arbítrio humano foram escritas em resposta à heresia pelagiana e não para apresentar uma posição equilibrada.”

Resposta: (a)Essa afirmação sobre Inácio, Carta a Diogneto, Justino, Atenágoras, Irineu, Atanásio, e Gregório Magno, Cipriano, João Damasceno, João da Escada(João Clímaco) e Cirilo, não passam de afirmações gratuitas e baratas, sem nenhuma veracidade, como já demonstramos nesse nosso artigo.

(b)Dizer que, sobre a rejeição ao livre arbítrio, entre os pais da Igreja, Calvino dependia somente de Agostinho, é outra afirmação barata e gratuita, como já demonstramos. Aliás,, o próprio Calvino desmente isso, visto que em suas “Institutas”(II), ele, ainda no contexto da rejeição ao livre arbítrio, no Livro II, Capítulo 9 (“OUTROS PATRÍSTICOS AO LADO DE AGOSTINHO”), menciona entre outros pais, Cipriano, Euquério, Crisóstomo.

(c)Agora, dizer que Agostinho não concorda com Calvino com relação a rejeição ao livre arbítrio, é uma piada de quinta categoria. Até porque Calvino cita infinitas declarações de várias obras de Agostinho, em rejeição ao dogma do livre arbítrio(Institutas, II; 2:8)

(d)Dizer que as opiniões de Agostinho sobre o livre arbítrio eram uma opinião particular restrita apenas a questão pelagiana, sem constituírem uma opinião equilibrada dele, é realmente a maior de todas as piadas. Se isso procedesse, ele não teria repetido essas opiniões em diversas de suas obras. Ademais, autoridades da igreja romana reconhecem que mesmo em sua luta contra o pelagianismo, a opinião de Agostinho era considerada tão equilibrada, que a igreja romana o tem como o guia espiritual:

“Finalmente, AGOSTINHO SE TORNOU O GUIA ESPIRITUAL na luta contra o Pelagianismo”(B. Altaner & A Stuiber, Patrologia, p.415)

18. A falsa alegação de que os pais da igreja nas regiões da Gália, Itália, Ásia Menor, África do Norte, Síria, Constantinopla, Alexandria, Antioquia e Jerusalém ensinaram o livre arbítrio:

“Mesmo que se pudesse admitir que Santo Agostinho cria na predestinação calvinista seria um caso isolado e único, pois os testemunhos patrísticos sobre livre arbítrio podem ser encontrado em todo o mundo antigo: Gália, Itália, Ásia Menor, África do Norte, Síria, para não mencionar o grande vê de Constantinopla, Alexandria, Antioquia e Jerusalém. Assim, o argumento de Calvino também falha em razão da onipresença da crença no livre arbítrio em todos os lugares. Na melhor das hipóteses ele poderia ser apenas considerado como uma opinião pessoal, mas não o ensino católico e universal da Igreja.”

Resposta: (a)Na Itália, Clemente de Roma(30-100), bispo de Roma, negou o livre arbítrio(Epístola aos Coríntios, Prefácio & 32:3); na Gália(França), Irineu(130-200), que nasceu na Ásia menor, negou o livre arbítrio(Contra Heresias, III; 20:3); Quadrato, que segundo os eruditos papistas B. Altaner e A. Stuiber “residia na Ásia Menor”(Patrologia, p.72), negou o livre arbítrio(Epístola a Diogneto, IX:1); Tertuliano(160-230), na África, negou o livre arbítrio(Da Alma, 39); Taciano(+ 170 d.C), na Síria, negou o livre arbítrio(Discurso Contra os Gregos, 16); Crisóstomo, em Constantinopla, negou o livre arbítrio(Homília 29 Sobre Genesis); Orígenes(182-254), em Alexandria, negou o livre arbítrio(Tratado Sobre os Princípios – Prefácio, v); Inácio(30-107), que segundo os romanistas, sendo discípulo dos apóstolos, viveu em Antioquia(Patrologia, p.57), negou o livre arbítrio(Epístola a Igreja de Esmirna, IV); Cirilo de Jerusalém, em Jerusalém, negou o livre arbítrio”(Leitura Catequética; 2:1). Portanto, diante do testemunho universal em favor da negação ao livre arbítrio, a opinião de Calvino representa a opinião de toda a igreja durante séculos.

19. A citação truncada das Institutas 2.2.9 =

“Degradação dos pais da igreja por Calvino, não era um improviso ou no calor do momento uma hipérbole. Calvino quis dizer o que ele escreveu. Por uma questão óbvia, ele repetiu este ponto novamente no capítulo 2.2.9 (pp. 266-267).

"Talvez eu pareça ter trazido um grande prejuízo em cima de mim quando eu confesso que todos os escritores eclesiásticos, exceto Agostinho falaram de maneira tão ambígua ou diversamente sobre este assunto que nada certo pode ser adquirido a partir de seus escritos..... Mas eu não quis dizer nada mais do que eu queria de forma simples e sincera para aconselhar a piedade popular;. para que se fossem depender de opiniões daqueles homens nesta matéria, eles sempre tropeçariam na incerteza ao mesmo tempo esses autores ensinam que o homem, despojado dos poderes da livre vontade, se refugia na graça. em outro momento eles fornecem, ou parecem fornecer, ele com sua própria armadura. " (Institutas 2.2.9)”

Resposta: (a) Por “ambíguo” se entende: “1 Que pode ter diferentes significados; anfibológico. 2 Duvidoso, incerto, indeciso”(Michaellis Online). O que Calvino faz aqui, é lembrar sua opinião em (Institutas, II; 2:4), onde ele não estava afirmando explicitamente que os pais da Igreja ensinavam de modo explícito o livre arbítrio, mas que eles pareciam exaltar as forças humanas. Ele havia afirmado que muitos pais da igreja, para não escandalizarem os pagãos, tentaram conciliar o pensamento bíblico com o pensamento filosófico(‘para evitar ensinar qualquer coisa que a maioria da humanidade pudesse considerar um absurda, eles fizeram com que seu estudo, em alguma medida, reconciliasse a doutrina da Escritura com os dogmas da filosofia...’), ao mesmo tempo que ainda afirma que mesmo diante desse modo ambíguo de falar, ainda assim se entende nesses pais da igreja o entendimento de que nessa questão eles atribuem o louvor de tudo que é bom ao Espírito Santo. E é justamente essa mesmo amálgama teológico que Calvino explica novamente aqui na citação omitida desonestamente pelo site papista, que pode

“Eu, porém, outra coisa não tive em vista, a não ser que quis, com candidez e em boa fé, o que demandam as mentes piedosas, as quais, se nesta matéria esperam a orientação desses, sempre flutuarão incertas. Com efeito, ORA ENSINAM QUE O HOMEM, DESPOJADO DOS PODERES DO LIVRE ARBÍTRIO, SÓ NA GRAÇA SE REFUGIA, ORA OU O INVESTEM, OU PARECEM INVESTIR, DE SUAS PRÓPRIAS ARMAS. Contudo, se aqui eu inserir algumas opiniões deles, nas quais isto é ensinado claramente, não é difícil de provar como transparece NA PRÓPRIA AMBIGUIDADE DESSE MODO DE FALAR, ESTIMADA A VIRTUDE HUMANA EM NADA ou ao mínimo possível, TEREM ELES CONFERIDO AO ESPÍRITO SANTO TODO O LOUVOR DE TODO O BEM”(Institutas, II; 2:9)

20. O uso do “argumentun ad repetition”:

“A recusa de Calvino a fornecer evidência de apoio a sua afirmação, é angustiante. O que temos aqui não é erudição, mas o dogmatismo.

A dependência quase exclusiva de Calvino sobre Agostinho de Hipona é alheio ao método teológico dos primeiros cristãos como descrito no Comonitório de São Vicente de Lenris: “O que tem sido crido em todos os lugares, sempre, e por todos” “ubique quod, quod semper, quod ab omnibus.” (Comonitório - Capítulo 2.6).”

Resposta: (a)Calvino, tem não só a Bíblia em seu favor, mas o testemunho dos pais da igreja de todas as regiões da Terra, como já demonstramos. O site papista tenta vencer o oponente pelo cansaço, se valendo sempre do uso do argumentun ad nauseam ou ‘argumentum ad repetition’. Aliás, eles já estão acostumados com esses seus mantras em suas ladainhas religiosas, comumentes chamadas de “rezas”, ‘terços’, etc. É a velha tática dos fariseus

21. A Conclusão Papista:

“CONCLUSÃO

Mas algumas perguntas difíceis precisam ser feitas sobre o método teológico de Calvino. Primeiro, foi Calvino mais sábio do que a série de todos os primeiros Padres da Igreja? Será que os discípulos dos Apóstolos e seus sucessores deixaram a bola cair? Ou seja, em vez de guardar cuidadosamente o depósito Apostólico, eles descuidadamente deixaram-no ser modificado para seguir suas próprias idéias pessoais ou para agradar suas congregações? Essa doutrina correta desapareceu e foi substituída por uma heresia? A resposta a estas perguntas é: Não. A história mostra que, na sua luta com os problemas e questões levantadas pelos filósofos gregos e várias heresias, eles procuraram ser fieis a Sagrada Tradição. Além disso, a história mostra os primeiros cristãos dispostos a morrer pela fé, em vez de recorrer a um compromisso com a heresia. Quanto mais se toma o tempo para ler e aprender o que os pais da igreja acreditavam e ensinavam, mais confiança tem-se que o Espírito Santo, de fato, fazer jus à promessa de Cristo para ensinar e liderar a Igreja em toda a verdade.”

Resposta: (a)A sabedoria de Calvino, em sua rejeição ao livre arbítrio, foi uma mera continuação da sabedoria dos pais da igreja durante séculos, sempre em torno da rejeição ao dogma pelagiano do livre arbítrio. (b)O dogma do livre arbítrio, apregoado pelos pelagianos, católicos e arminianos, foi condenado como ‘heresia’ por Zózimo(+ 418 d.C), bispo de Roma e pelo Concílio de Cartago em 418 d.C , e da mesma forma, esse dogma, endossado pelos pelagianos e semi-pelagianos, foi condenado como ‘heresia’ pelo Concílio de Orange em 529 d.C.

A igreja romana afirma que o bispo de Roma(‘o papa’) é infalível em matéria de fé, quando ensina para a igreja. Nesse caso, podem chamar o ‘infalível’ papa Zózimo de “mentiroso”? Da mesma forma, a igreja romana afirma que a opinião do Magistério da Igreja"(bispos e concílios)é uma fonte de revelação divina e salvação junto a Bíblia(Pe. Luiz D’Elboux, Doutrina Católica Compendiada Hoje Para Adultos, p.301). Nesse caso podem chamar uma fonte de revelação divina e salvação (Concílios de Cartago e de Orange) de “mentirosa” e “falsa”?

22. A Calúnia contra Calvino:

“As Institutas 2.2.4 e 2.2.9 fornecem enormes insights sobre método teológico de Calvino. Lá nós achamos que, apesar de sua familiaridade com os pais da igreja primitiva e sua disposição em citá-los, Calvino estava, de fato, muito longe do método patrístico. Ele não tinha nenhum interesse em aprender o consenso patrístico em questões específicas. Para um cristão ortodoxo esta atitude é alarmante. Mas ainda mais chocante foi destruir o consenso dos pais da igreja, alegando que seus ensinamentos eram confusos e contraditórios. Ele não dá nenhuma evidência de apoio a sua alegação. Não podemos lhe inferir deficiência intelectual, mas obstinação arrogante.”

Resposta: (a)Calvino, como provamos com a citação inteira e sem cortes de Institutas, II; 2:9, se valeu do consenso dos pais da igreja, ao afirmar que, mesmo em meio a ambiguidade de suas frases, eles estimaram a virtude humana “EM NADA”. Precisamos ainda falar mais alguma coisa? (b)Calvino falou que eles eram “ambíguos”, no sentido de tentarem harmonizar a doutrina bíblica com os dogmas da filosofia. Qual é o problema em alguém ser sincero, ainda mais tendo conhecimento de causa sobre a matéria que se discute(“SUA FAMILIARIDADE COM OS PAIS DA IGREJA PRIMITIVA”)?

Assim, mais uma vez, os inimigos da fé reformada são pegos novamente na violação do 9º mandamento.

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